Por José Maria e Silva
Apesar de já exercer um grande controle ideológico sobre o
conteúdo dos meios de comunicação, a esquerda quer asfixiá-los economicamente,
consolidando o sonhado controle totalitário da imprensa.
Se a presidente Dilma Rousseff for reeleita, a imprensa
brasileira corre um grande risco de passar pelo que estão passando os veículos
de comunicação da Venezuela e da Argentina.
A censura aos meios de comunicação – disfarçada com o
eufemismo de “controle social da mídia” – volta a rondar o País. Segundo
reportagem da “Folha de S. Paulo”, publicada na quarta-feira, 28, a presidente
Dilma Rousseff, caso reeleita para um segundo mandato, pretende propor a
regulação econômica dos meios de comunicação, encampando parcialmente a
proposta original do Partido dos Trabalhadores que, historicamente, é
defensor do controle total da mídia e, desde o primeiro governo de Luiz Inácio
Lula da Silva, tentou pôr em prática esse ideal marxista-leninista, que
caracteriza todos os governos socialistas da história – amigos de primeira hora
da imprensa quando estão na oposição e seus mais figadais inimigos quando
assumem o poder.
É certo que nenhum governo – socialista ou liberal, de
direita ou de esquerda – gosta de imprensa livre e se pudesse calaria todas as
críticas ao poder, transformando os veículos de comunicação em meras
assessorias dos palácios. Mas há uma diferença substancial entre a pressão
sobre a imprensa exercida por um governo que se deixa guiar pelas regras do
capitalismo e outro que atende à ideologia socialista. No sistema capitalista,
mesmo em ditaduras, o governo central costuma exercer pressões pontuais contra
os meios de comunicação, censurando um ou outro assunto que não é de seu
interesse. Já num regime socialista, a pressão é total e o controle dos meios
de comunicação se dá nos mínimos detalhes, asfixiando completamente a liberdade
de expressão, que passa a ser monopólio do partido que está no poder.
No Brasil, a esquerda já esteve prestes a exercer esse poder
totalitário sobre a imprensa, antes mesmo de Franklin Martins, o então ministro
da Comunicação Social de Lula, propor o controle dos meios de comunicação. O
que salvou o Brasil de não ter uma espécie de versão midiática e múltipla da
Santíssima Trindade, com as “Folhas”, os “Globos”, os “Estadãos”, os “Zero
Horas” e os “Populares” constituindo um só “Granma”, foi, sem dúvida, o advento
da internet, que abriu espaço para o pensamento liberal e de direita
absolutamente alijado dos veículos de comunicação tradicionais. Somente depois
que pensadores de direita começaram a fazer tremendo sucesso na internet, como
é o caso notório do filósofo Olavo de Carvalho, foi que a imprensa sentiu a
necessidade de abrir espaço para alguns deles, ainda que na condição de mero
contraponto ao esquerdismo do noticiário em geral.
Talvez seja por isso que Dilma Rousseff, segundo acredita
ingenuamente a “Folha de S. Paulo” (ou finge acreditar), não pensa em controlar
o conteúdo dos meios de comunicação. Na prática, o conteúdo já está controlado
há muito. Eu não preciso assistir ao oligofrênico noticiário de televisão para
saber que o “Jornal Nacional”, por exemplo, parece ser editado pelos espíritos
de Michel Foucault, no campo dos costumes, saúde e segurança pública, e de
Paulo Freire, no campo da educação. Prova disso é que a única voz do noticiário
em horário nobre da televisão que tentou destoar desse pensamento marxista
pós-moderno – a jornalista Rachel Sheherazade – foi sistematicamente
perseguida pelas patrulhas de esquerda até se tornar, provavelmente, a primeira
bonequinha de luxo em forma de âncora da TV mundial.
Controle da mídia já existe
Um exemplo desse controle que a esquerda exerce no
imaginário dos jornalistas pode ser encontrado na própria matéria da “Folha de
S. Paulo” que trata do controle social da mídia. Eis como se inicia a
reportagem assinada pelos jornalistas Valdo Cruz e Andreia Sadi: “A presidente
Dilma Rousseff continua contra a adoção de algum tipo de controle de conteúdo
da imprensa, como defendem lideranças do PT, mas já cedeu em parte a seu
partido e vai encampar, num eventual segundo mandato, a proposta de regulação
econômica da mídia”.
Ora, desde quando a “Folha de S. Paulo”, com seu estilo
telegráfico e direto, em que cada frase constitui um parágrafo, subverte as
normas de redação jornalística que ela própria defende e inicia uma matéria com
uma oração assessória tomando o lugar do assunto principal? O normal seria a
matéria ter começado assim: “A presidente Dilma Rousseff já cedeu em parte a
seu partido e vai encampar, num eventual segundo mandato, a proposta de
regulação econômica da mídia”.
Só depois de feito esse dever de casa do bom repórter da
“Folha”, que segundo o Manual de Redação do jornal deve ser sempre direto,
aí, sim, os jornalistas que assinam a matéria poderiam acrescentar a informação
secundária de que Dilma Rousseff continua contra o controle de conteúdo da
mídia proposto pelo PT. Mesmo assim, jamais deveriam afirmar isso com tanta
certeza como fizeram os repórteres, pois repórter, como o nome diz, reporta o
que vê e ninguém vê o que vai por dentro de uma pessoa a ponto de saber, com
toda certeza, se ela é contra algo ou não. O correto seria apenas relatar a
posição de Dilma a partir de uma visão externa, que é a perspectiva do
repórter, e não afirmá-la com absoluta certeza a partir de uma visão onisciente
que lhe entra cabeça adentro, como se o repórter fosse Deus ou ficcionista.
Ou seja, os repórteres da “Folha”, se agissem com a devida
imparcialidade, jamais poderiam afirmar que “a presidente Dilma Rousseff
continua contra a adoção de algum tipo de controle de conteúdo da imprensa” e,
sim, que “a presidente Dilma afirmou que continua contra” ou que uma
determinada fonte fez essa afirmação a respeito dela. Muito provavelmente, os
dois repórteres da “Folha” agiriam assim se estivessem noticiando um fato
relativo aos tucanos José Serra ou Fernando Henrique Cardoso: primeiro, o
destaque para o fato novo, que impacta o leitor, mesmo que ele seja negativo
para o protagonista da reportagem, como é de praxe no jornalismo; só depois a
informação secundária, que pode atenuar a afirmação anterior e ser favorável ao
entrevistado, mas não tem o mesmo impacto da novidade e não merece o mesmo
destaque. Afinal, qualquer aluno de jornalismo sabe que, entre um “Fulano
continua assim ou assado” e um “Fulano fará isso”, a notícia, obviamente, é a
ação e não o estado que já existia antes.
Outro exemplo ainda mais sintomático do controle de conteúdo
que a esquerda já exerce nos meios de comunicação brasileiros pode ser
encontrado na mesma edição da “Folha de S. Paulo”, numa entrevista com o
cientista político russo Aleksandr Dugin, de 52 anos, professor da Universidade
Estatal de Moscou. O repórter Guilherme Celestino, que entrevistou Dugin,
inicia a entrevista com a seguinte pergunta: “Os brasileiros não conhecem o
senhor, poderia falar um pouco sobre sua carreira e teoria?” Ao tratar
Aleksander Dugin como absoluto desconhecido no Brasil, o repórter se esquece
de que o cientista político russo protagonizou um longo debate com o filósofo
Olavo de Carvalho na internet, de março a julho de 2011, fartamente
compartilhado e comentado nas redes sociais, que resultou no livro “Os EUA e a
Nova Ordem Mundial” (Vide Editorial, 2012, 240 páginas), cuja versão
eletrônica se encontra entre os 100 livros mais vendidos da Amazon na área de
política, ocupando atualmente a 31ª posição.
Como foi Olavo de Carvalho quem apresentou Dugin ao público
brasileiro, em artigo publicado no jornal “O Globo”, em 26 de abril de 2003,
portanto, há 11 anos, a impressão que fica é que, no Brasil, um pensador só
passa a existir se for descoberto por um intelectual de esquerda. O fato de Dugin
ter outro livro publicado em português – “A Grande Guerra dos Continentes” –
também não foi levado em conta pelo repórter. É certo que esse livro foi
lançado por uma editora alternativa, a Antagonista, que parece ter encerrado
suas atividades no início de 2012, mas a obra continua no catálogo da Vide
Editorial e também pode ser encontrada em versão eletrônica na Amazon. Tudo bem
que a maioria dos brasileiros não lê livros de ciência política e jamais ouviu
falar de Dugin, mas, quando um jornal apresenta um pensador, evidentemente não
está pensando nas massas, caso contrário não seria apenas Aleksandr Dugin o
desconhecido – o jornalista Clóvis Rossi, que integra a nobreza editorial da
“Folha”, também não existe para a esmagadora maioria dos brasileiros, que não
tem o hábito de consumir artigos políticos, a não ser que venham embalados pela
retórica midiática de um Arnaldo Jabor.
Fingimento editorial na imprensa
Esses dois casos pinçados da “Folha de S. Paulo” estão longe
de ser uma exceção. Em todo o resto da imprensa, a regra é a mesma – o
pensamento de esquerda é dominante e o que não é de esquerda entra apenas como
contraponto, numa espécie de fingimento editorial, espécie de faz de conta de
que existe pluralidade ideológica nos veículos de comunicação. E se não fosse a
força da internet, que fez surgir uma espécie de direita virtual no País, nem
esse contraponto ideológico existiria e a parte de opinião da grande imprensa
seria fatiada apenas entre articulistas como Luís Fernando Veríssimo, Vladimir
Safatle, Leonardo Sakamoto ou Eliane Brum. O controle ideológico da esquerda
é tão forte que nem mesmo alguns críticos do governo petista escapam dele. A
jornalista Miriam Leitão é um exemplo. Em que pese não poupar críticas a
determinadas decisões econômicas do governo federal, sendo execrada por isso
nas hostes petistas, ela costuma, em questões de comportamento, alinhar-se com
o ideário de esquerda, fazendo, por exemplo, uma irracional defesa das cotas
raciais esboçadas pelo tucanato e impostas pelo petismo.
Todavia, o controle de esquerda sobre a mídia brasileira
beira a censura é no noticiário geral, fora da sessão de opinião dos jornais.
Pouco adianta uma “Veja” ter Reinaldo Azevedo ou Rodrigo Constantino, uma
“Folha” ter Luiz Felipe Pondé ou João Pereira Coutinho, uma “Época” e um
“Globo” terem Guilherme Fiúza ou um “Estadão” ter Denis Rosenfield, se fora de
suas respectivas editorias de opinião, em praticamente todo o noticiário dessas
publicações, predomina a ideologia esquerdista. Diariamente, o público que lê
jornal, ouve rádio ou vê televisão é submetido ao pensamento único de esquerda
de forma imperceptível – geralmente por meio de especialistas oriundos das
universidades, que supostamente falam com neutralidade sobre o assunto em
questão, mas quase sempre não passam de ideólogos disfarçados de cientistas.
Todo o noticiário sério sobre segurança pública, por
exemplo, é contaminado pelo pensamento do filósofo Michel Foucault, onipresente
no discurso dos especialistas, que glorificam o banditismo, a pretexto de
defender os direitos humanos, e espezinham as forças policiais, acusando-as até
de crimes que não cometeram. O cientista político uspiano Paulo Sérgio
Pinheiro, por exemplo, ao criticar os que pediam justiça no caso do menino João
Hélio, arrastado e morto por assaltantes nas ruas do Rio de Janeiro em
fevereiro de 2007, perpetrou a seguinte frase: “Nas semanas após o crime
bárbaro, muitas chacinas, algumas balas perdidas de revólver de policiais
acertam casualmente uma moradora no gueto. Mal são notadas: compaixão e clamor
só para vítimas de fora dos guetos”. A vítima “fora dos guetos” a que ele se
refere, como se lamentasse a comoção pública que uma vítima suscita, era
justamente o menino João Hélio, uma inocente criança de apenas 6 anos, tratado
pelos bandidos como “boneco de Judas”, após ficar enganchado no cinto de
segurança do carro roubado e ser arrastado pela distância de sete quilômetros,
enquanto seu corpo ia se desfazendo pelo caminho.
Panfleto ideológico travestido de notícia
Esse artigo de Paulo Sérgio Pinheiro, escrito em parceria
com Marcelo Daher, integrante do Alto Comissariado da ONU, assim como Pinheiro,
foi publicado na “Folha de S. Paulo” em 10 de abril de 2007, e nele os autores
aproveitam para criticar a polícia, ao dizer que “algumas balas perdidas de
revólver de policiais acertam casualmente uma moradora no gueto”. Ora, se a
bala é reconhecidamente perdida como é que Paulo Sérgio Pinheiro e seu parceiro
de surrealismo podem ter certeza de que ela partiu do revólver de um policial?
Nesta simples frase, destituída até de bom senso, que dirá do rigor científico
que se espera de um catedrático, Paulo Sérgio Pinheiro, que foi ministro de
Direitos Humanos do governo Fernando Henrique Cardoso, revela todo o seu
preconceito ideológico contra a polícia, oriundo das leituras de Foucault no
Núcleo de Estudos da Violência da USP, fundado por ele em parceria com o
sociólogo Sérgio Adorno.
Mas a notória parcialidade de Paulo Sérgio Pinheiro, que
chega a conspurcar o cadáver de uma criança com sua esconsa ideologia dos
direitos humanos, não o impede de ser chamado a pontificar nas matérias
noticiosas sobre segurança pública, como se fosse uma autoridade científica
neutra pairando com a verdade dos fatos sobre as paixões dos parentes de
vítimas da criminalidade. No mesmo ano em que não teve dúvida em atribuir as
balas perdidas aos revólveres dos policiais, como se bandido não atirasse e não
errasse o alvo, Paulo Sérgio Pinheiro criticou o governo do Rio pela política
de confronto nas favelas e sua crítica foi tratada pelo blogueiro Jorge Antonio
de Barros, o “repórter do crime” do jornal “O Globo”, como “tão contundente
quanto autorizada”, pelo fato de Pinheiro ser “um dos fundadores do Núcleo de
Estudos da Violência da USP e um dos pesquisadores mais gabaritados no
assunto”.
Ora, como sabia Descartes, o primeiro dever de um
pesquisador gabaritado, que busca a verdade, é partir da dúvida, especialmente
quando os fatos não são claros. Mas não é assim que agem os ideólogos
travestidos de cientistas que dão declarações em reportagens de rádio, TV e
jornal, muitas vezes fechando a notícia com a última palavra sobre o assunto
abordado. Essa onipresença dos acadêmicos de esquerda em reportagens sobre
educação, segurança, saúde e cidadania, sempre disfarçados de cientistas
neutros e portadores da verdade, transforma o que deveria ser uma matéria
jornalística, com a devida pluralidade de opiniões, num panfleto ideológico
travestido de notícia. Com isso, o público é adestrado a pensar como a esquerda
sobre a maioria dos assuntos humanos, mesmo que politicamente abomine o PT.
Quantos pastores evangélicos, sempre que vão criticar a ditatura gay, não fazem
questão de deixar claro que também são contra a "homofobia", sem
perceber que aceitar e usar o absurdo conceito de "homofobia" – que
não tem qualquer lastro científico da forma como é usado – já é ser vítima, sem
o saber, da própria ditadura gay que querem denunciar?
Controle do que já está controlado
Em síntese, o governo petista quer controlar o que já está
controlado. Inclusive do ponto de vista político. Afinal, qual o grande grupo
de mídia do Brasil que se opõe à ideologia de esquerda? O oligarca José Sarney,
que detém um império de comunicação no Maranhão filiado à Rede Globo e é aliado
de primeira hora de Lula? A própria Rede Globo, cuja teledramaturgia parece
sair das páginas de Michel Foucault, promovendo toda sorte de devassidão moral
defendida pela esquerda, desde a promiscuidade gay até a liberação das drogas,
passando pelo culto sem limites à juventude, que destrói a autoridade paterna e
docente? Os sindicatos de jornalistas que já são vergonhosamente totalitários,
defendendo todos os atentados à liberdade de expressão que a esquerda comete ou
intenta cometer, como é o caso da censura à jornalista Rachel Sheherazade, sem
contar o silêncio da própria Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) diante
das prisões de jornalistas em Cuba?
Se a presidente Dilma Rousseff for reeleita, a imprensa
brasileira corre um grande risco de passar pelo que estão passando os veículos
de comunicação da Venezuela e da Argentina. E não adianta achar – como os
ingênuos tucanos – que o Brasil é institucionalmente mais estável do que seus
vizinhos e que não corre o risco de submergir a uma ditatura institucional nos
moldes do PRI mexicano ou do bolivarianismo de Hugo Chávez. Se o governo
petista quiser quebrar a espinha dorsal dos grandes veículos de comunicação,
ele tem o amparo dos artigos 220 e 221 da Constituição para agir assim. E não
será um Supremo cada vez mais bolivariano que conseguirá lhe dizer não. O
Congresso Nacional pode até tentar, mas com credibilidade zero, pois estará
advogando em causa própria, já que os oligarcas estaduais, presentes ou bem
representados no Senado e na Câmara, estão entre os maiores donos de concessões
de rádio e TV pelo País afora.
Mas se o PT não conseguir vencer essa guerra contra os
grandes conglomerados de comunicação, a tendência é que ressuscite o Conselho
Nacional de Jornalistas para atingir a parte mais fraca – os profissionais de
comunicação. E, se isso ocorrer, o que é bem provável, os Marinhos, os Frias,
os Mesquitas, os Sirotskys, os Câmaras, vão lavar as mãos, sem dúvida alguma.
Então, nesse dia, os raros jornalistas de direita terão de se aposentar, pois a
tendência é que o conselho profissional dos jornalistas – dado o histórico da
Fenaj – seja tão ideológico quanto o Conselho Federal de Psicologia e persiga o
profissional da área que não rezar pela sua cartilha. Essa tragédia contra a
liberdade de expressão e a democracia só será evitada se a grande imprensa
abrir seu noticiário – e não só as páginas de opinião – para o pensamento de
direita, descobrindo e ouvindo intelectuais que não pensam como o PT também
sobre os assuntos do dia a dia. Caso contrário, a grande imprensa pode até
conservar a chave do cofre, mas perderá de vez a autonomia editorial,
tornando-se mero boneco de ventríloquo dos chefes de quarteirão do pensamento.
Post scriptum – Jamais me deixei enganar por Joaquim
Barbosa. Sua renúncia precoce e injustificável ao Supremo mostra que eu estava
certo em todas as críticas que fiz ao ministro – o Brasil não nasceu para
heróis. E Barbosa é a maior prova disso. Ainda volto ao assunto.
Publicado no Jornal Opção.
Fonte: Mídia Sem Máscara
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José Maria e Silva é sociólogo e jornalista.
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