Por Paulo G. M. de Moura
Na eleição que se encerra fatos inusitados passaram ao largo
da percepção dos comentaristas e cientistas políticos que interpretam a
política para veículos de comunicação. Milhões de pessoas saíram às ruas nas
principais cidades do país para apoiar Aécio no segundo turno. Gente sem
partido querendo mudança. Há algo em comum entre esse povo que carregou Aécio
nos braços no chão da rua em passeatas inéditas em véspera de eleição e o
espírito das manifestações de junho de 2013.
Fecharam-se as urnas. Aécio reconheceu a derrota e declarou
que o desafio de Dilma é reconciliar-se com a fatia da sociedade que não
aguenta mais o PT. A reação dessas pessoas sem partido nas redes sociais foi
crítica a Aécio e elogiosa à declaração do senador Aloysio Nunes Ferreira que
recusou a conciliação.
Em 01/11/2014 milhares de pessoas voltaram às ruas em São
Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Belém, exigindo auditoria na
apuração das eleições e garantia da investigação do escândalo do petrolão. Em
meio à multidão uma minoria, também presente nas redes sociais, portava
cartazes pedindo a intervenção militar para remover o PT do poder.
Imediatamente a grande mídia, já alinhada com o governo
eleito, destaca esses manifestantes da multidão e tenta caracterizar as manifestações
libertárias como sendo mobilizações golpistas de minorias isoladas.
O foco aqui é a preocupação com essa minoria que pensa que a
Intervenção das Forças Armadas (FFAA) é o atalho para destituir o petismo do
poder. Não existe atalho para uma tarefa dessa magnitude.
Quem deseja destituir o PT do poder de forma definitiva e
eficaz, deve se convencer do erro que é pedir a“Intervenção Militar
Constitucional” mesmo sem que o PT rompa a Ordem Constitucional de forma
inequívoca e comprovada. Isso por que:
As FFAA aprenderam com o golpe militar de 1964. O preço da
destituição de um presidente eleito pela força desgasta e os resultados que
produz são danosos à democracia e à imagem das FFAA. O resultado da remoção da
esquerda do poder pela força em 1964 foi sua volta ao poder em 2002, com fortes
riscos de sua perpetuação;
Ao contrário do que ocorreu na Venezuela, onde Chávez, um
militar, cooptou seus pares para seu projeto de poder, no Brasil a esquerda não
penetrou nas FFAA, muitos menos nas escolas de formação dos militares
profissionais. E isso faz muita diferença.
Não sou porta-voz das FFAA. O que digo não é opinião. É
informação e análise lógica.
Isto posto, convém que esses golpistas de araque saibam que
as FFAA nada farão que fira a Ordem Constitucional. Ou seja, se não for
comprovado que o PT fraudou a eleição de 2014, as FFAA não darão um golpe
contra a presidente eleita. Se não for comprovado que o PT financiou suas
campanhas de 2010 e 2014 com dinheiro proveniente de contas no exterior
abastecidas por dinheiro roubado dos brasileiros, as FFAA nada farão contra o
governo do PT.
Ou seja, o foco de quem quer derrotar o PT é provar que
houve fraude na eleição. Difícil. E/ou, que o PT é financiando ilegalmente com
dinheiro roubado dos cofres públicos, depositado no exterior e repatriado para
financiar a eleição de Dilma. Mais fácil. Alguma dúvida?
Se o PT tentar impedir a investigação do petrolão, ou tentar
impedir sua divulgação, valendo-se pra isso de procedimentos ilegítimos,
ascender-se-á o sinal amarelo nas FFAA. A ruptura da Ordem Constitucional por
parte do PT é o que determina a atitude das FFAA. Esse recado já foi dado a
Lula.
Não é por outra razão que o PT quer desmilitarizar as
polícias estaduais e centralizar o policiamento ostensivo militarizado nas mãos
do governo federal. Não é por outra razão que o PT defende o desarmamento dos
cidadãos idôneos que desejam possuir ou portar armas para defesa pessoal. O PT
não quer adversários armados.
O PT já dispõe de milícias“desarmadas” tais como o MST e os
Black Blocs. Armar essa gente é fácil e rápido. O PT sabe que a os segmentos da
sociedade que se opõem ao seu poder são desorganizados, desarmados e que têm
entre seus integrantes gente burra o suficiente para propor a reedição do golpe
de 1964. Em breve veremos os Black Blocs e as milícias do MST nas ruas
agredindo os opositores do petismo. Foi assim em todos os regimes fascistas e
comunistas.
Tudo o que o PT precisa é que essa minoria burra siga
culpando os nordestinos pela vitória da Dilma. A vitória de Dilma se definiu em
Minas Gerais e no Rio de Janeiro, inclusive com votos de parte da "elite
branca" do sul. Tudo o que o PT precisa é que aqueles que a ele se opõem
defendam o separatismo e o ódio aos nordestinos e um golpe militar.
O que justifica que um opositor do PT que vive no sul se
oponha aos antipetistas nordestinos que lá combatem o PT em situação de estado
de sítio? Por que abandoná-los ao jugo petista?
As FFAA jamais moverão uma palha em favor de quem joga
brasileiros contra brasileiros, nordestinos contra sulistas, pobres contra
ricos, negros contra brancos, mulheres contra homens, homossexuais contra
heterossexuais, muçulmanos contra cristãos, evangélicos contra católicos. A
razão de ser das FFAA é defender a unidade nacional.
Tudo o que o PT deseja é que, aqueles que a ele se opõem
defendam a intervenção militar e a ruptura do processo democrático. Assim fica
fácil, e rápido, isolar-nos e conquistar a opinião pública. Difícil para o PT,
seria enfrentar o povo nas ruas tal como ocorre na Venezuela, sem ter milícias
armadas atirando em manifestantes e correndo o risco de ver as FFAA irem para a
rua defender o povo e a democracia contra um partido-máfia que busca se
perpetuar no poder pela força. O modelo de oposição que o PT precisa e merece é
o que o povo venezuelano pratica contra Maduro: ativismo intenso nas mídias
sociais e multidões pacíficas nas ruas até o regime cair de podre.
Fonte: A Verdade Sufocada