“Aumento real do custo de vida” ou “perda do poder de
compra”. O nome que quiserem dar ao fenômeno inflacionário, de depreciação do
sempre irreal Real, é a maior preocupação de Dilma Rousseff em seu nada fácil
plano reeleitoral. O discurso dela ontem, ampliando o bolsa família,
reajustando a tabela do Imposto de Renda em 4,5% (como de costume abaixo da
inflação de 5,91% do ano passado) e o aumento do salário mínimo, são
indicativos de que a economia, não tão bem quanto propagandeada oficialmente
pelo governo, é sua dor de cabeça – maior até que as habituais denúncias
cabeludas de corrupção.
Foi uma linda peça de marketagem o discurso da Presidenta,
em cadeia de rádio e televisão, para exaltar o Dia do Trabalho. O publicitário
João Santana e o Secretário de Comunicação da Presidência, Thomas Traumann,
merecem um Oscar de efeitos especiais. A parte em que Dilma ressaltou o
“combate incessante e implacável à corrupção foi tocante: “Isso não vai nos inibir
de apurar mais, denunciar mais e mostrar tudo à sociedade, e lutar para que
todos os culpados sejam punidos com rigor. O que envergonha um país não é
apurar, investigar e mostrar. O que pode envergonhar um país é não combater a
corrupção, é varrer tudo para baixo do tapete. O Brasil já passou por isso no
passado e os brasileiros não aceitam mais a hipocrisia, a covardia ou a
conivência”.
Na mesma linha de discurso da Presidenta-candidata, seu
mentor, o Presidentro Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a festança em que
recebeu o título de cidadão honorário de Santo Andre (ABC), no final da noite
de ontem, para desenhar a mesma imagem ficcional de um governo petista
combatente da corrupção. Lula voltou a culpar “o preconceito arraigado na mente
de uma elite que não muda” pelos ataques a ele e ao PT.
O velho discurso canhoto de luta de classes foi reeditado
pelo chefão $talinácio (como diria Agamenon Mendes Pedreira): “Eles que não
gostam de nós, que têm preconceito contra o PT, que não gostam de mim, é por causa
disso. Não é pelas coisas erradas que nós fazemos, é pelas coisas certas.
Porque o Prouni e o Fies permitem que a filha da empregada doméstica possa ser
médica, que o filho do pedreiro possa ser engenheiro, que o filho do jardineiro
possa ser advogado”.
O jornalista escroque Agamenon também deve ter ficado PT da
vida com outra mania de Lula, repetida sempre que as coisas não andam bem para
o lado do seu grupo político: os ataques à imprensa. Ao reclamar que a mídia
anda construindo uma imagem negativa do Brasil nesta fase pré-Copa do Mundo da
Fifa, Lula cometeu até uma ironia esquisita, exigindo que os meios de
comunicação “falem a verdade”: “As pessoas ficam assistindo a televisão falando
bem de nós, e como falam bem. Eu até acho que a imprensa é chapa-branca de
tanto falar bem da Dilma”.
Abusando da capacidade ficcional de sempre, Lula voltou a
mandar um recado à oposição de que não teme manifestações contra ele, Dilma ou
o governo, principalmente durante a Copa, que é seu xodó de marketing: “Quem imagina
que nessa altura do campeonato, com 68 anos, dos quais 38 fazendo protesto, eu
vou ter medo de protesto? A Dilma com 20 anos, a 'bichinha' tava presa, foi
torturada, tomou choque pra tudo quanto é lugar, por protestar. Ela agora vai
ter medo de protesto?
Eu vejo as pessoas tentando justificar... dizendo que vai
entrar R$ 2 bilhões, 3 bilhões, 4 bilhões. Não importa quanto vai entrar. A
Copa do Mundo é um estado, um momento de encontro de civilizações em que o
Brasil precisa mostrar a sua cara".
Nesse ponto final, Lula tem alguma razão. O problema,
justamente, será a cara do Brasil que será vista: a inventada pela marketagem
ou a verdadeira, cheia de problemas para os quais não há vontade política de
resolver ao longo da História?
Discursagem
Bolsonaro na disputa?
Dificilmente o Partido Progressista, que integra a base
governista de Dilma Rousseff, vai permitir que Jair Bolsonaro saia candidato à
Presidência da República.
O deputado federal, que eletriza os setores conservadores e
deixa PT da vida a esquerda, deverá se contentar com sua reeleição à Câmara dos
Deputados.
Bem que Bolsonaro na disputa ajudaria a tirar o comodismo de
todas as candidaturas de esquerda – como as de Dilma, Aécio Neves, Eduardo
Campos e Randolfe Rodrigues e outros menos votados...
Sugestão
O desafio é a nossa energia – para patrocinar...
No discurso em cadeia de rádio e televisão, Dilma tentou
transmitir a imagem de que não teme a CPI da Petrobras – que, aliás, tem tudo
para acabar em pizza, pois será presidida por um peemedebista e relatada por um
petista.
Indiretamente, Dilma mandou um recadinho não só aos
políticos de oposição, mas principalmente aos grandes meios de comunicação que
são dependentes e viciados nas milionárias verbas de publicidade da estatal de
economia mista, para que parem de usar a empresa para ataques políticos ao
governo:
“A Petrobras é a maior e mais bem-sucedida empresa
brasileira. É um símbolo de luta e afirmação do nosso país. É um dos mais
importantes patrimônios do nosso povo. Por isso a Petrobras jamais vai se
confundir com atos de corrupção ou ação indevida de qualquer pessoa. O que
tiver de ser apurado deve e vai ser apurado com o máximo rigor, mas não podemos
permitir, como brasileiros que amam e defendem seu país, que se utilize de
problemas, mesmo que graves, para tentar destruir a imagem da nossa maior
empresa. Repito aqui o que disse há poucos dias em Pernambuco: não transigirei,
de nenhuma maneira, em combater qualquer tipo de malfeito ou atos de corrupção,
sejam eles cometidos por quem quer que seja. Mas igualmente não vou ouvir
calada a campanha negativa dos que, para tirar proveito político, não hesitam
em ferir a imagem dessa empresa que o trabalhador brasileiro construiu com
tanta luta, suor e lágrimas”.
Recuperar é preciso...
Energia cara
O professor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de
Infraestrutura (CBIE), adverte que o leilão de energia A-0, realizado pela
Agência Nacional de Energia Elétrica e tão festejado pela turma da Dilma, mais
uma vez mostra que o governo administra o setor elétrico com medidas de curto
prazo:
“O leilão não resolve o problema da crise energética no
longo prazo nem descarta a necessidade de racionamento, porque não traz energia
nova ao sistema. É um leilão que resolve um problema financeiro e fiscal. Vai
permitir que o Tesouro e a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica)
coloquem menos dinheiro este ano do que colocariam se não tivesse o leilão. Mas
não resolve a questão do racionamento”.
Adriano Pires avisa que, na verdade, foi contratada a venda
cara de energia para os próximos anos, o que pode acabar sobrando para o
consumidor...
O desafio é entregar a energia leiloada...
O preço médio do MW comercializado no A-0 foi de R$ 268,
pequeno deságio contra o preço teto que era de R$ 271 para a eletricidade
gerada a partir de térmicas e R$ 262 para a das hidrelétricas.
Mas a grande questão é se os vencedores terão capacidade de
entregar a energia necessária, já que ontem foram negociados 2.046 megawatts,
enquanto as distribuidoras precisam de 3,2 mil megawatts.
Poder Capimunista
As “estatais” novamente mandaram nos destinos do leilão –
que durou apenas 18 minutos.
Petrobras, Furnas e Eletronorte entraram com 68% da energia
vendida.
Quanta Geração, Tractebel, Votener, BTG Pactual, EDP e
Itiquira, junto com uma térmica movida a biomassa de São Borja, compõem o time
do setor privado.
Padilha repetitivo...
Melhor trocar de pai de santo...
A Petrobras entrou no negócio com suas térmicas movidas a
gás natural: Barbosa Lima Sobrinho (RJ), Euzébio Rocha (SP), Governador Leonel
Brizola (RJ) e Luís Carlos Prestes (RS).
Apenas para comprovar como a fase da Petrobras anda
esquisita, a manutenção na refinaria Brizola provocou uma interrupção de
fornecimento que gerou uma pane elétrica na Refinaria de Duque de Caxias.
A paralisação produziu monóxido de carbono de alta toxidade
que, por causa da inversão térmica no inverno, ficou em uma camada de ar a 300 metros de altura,
sem chegar ao solo.
Troco do Barbosão?
Só falta agora a petralhada reclamar que o presidente do
Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, tenha promovido uma retaliação ao
discurso lusitano do Presidentro Lula, para tomar a decisão de mandar que o
ex-deputado José Genoino (PT-SP) volte para a Penitenciária da Papuda, em
Brasília:
“Determino o imediato retorno do apenado ao sistema
prisional do Distrito Federal, onde deverá cumprir sua pena. A defesa do
apenado não demonstrou a presença dos requisitos necessários à modificação do
seu regime prisional. Mais: todas as conclusões da junta médica oficial são
desfavoráveis à pretensão da defesa. Com efeito, o resultado da perícia
oficial, formada por renomados cardiologistas da cidade, indica, claramente, a
ausência de doença grave que constitua impedimento para o cumprimento da pena
no regime semiaberto. Os dois laudos fornecidos pela junta médica oficial
afirmam taxativamente que o quadro clínico do condenado não apresenta a
gravidade alegada pela sua defesa, tampouco se caracteriza como obstáculo intransponível
ao cumprimento da pena que lhe foi aplicada pelo plenário do Supremo Tribunal
Federal em estabelecimento carcerário adequado ao regime de pena que lhe foi
imposto”.
Genoíno deve se apresentar ao Centro de Internamento e
Reeducação (CIR), mesma ala da Papuda onde está hospedado o reeducando José
Dirceu, outro pobre injustiçado.
Vida na cadeia
Vai passar mal de novo?
Em novembro, o petista chegou a ser preso na Papuda, mas
passou mal dias depois e obteve autorização para cumprir pena em uma casa que
alugou em Brasília.
Ele sofre de problemas cardíacos e foi submetido a uma
cirurgia em julho de 2013.
Genoino pegou quatro anos e oito meses de prisão por
corrupção ativa e ficará em regime semiaberto.
O reeducando petista pode obter autorização judicial para
trabalhar durante o dia e voltar para a cadeia à noite.
Guerra boa no PMDB paulista
Paulo Skaf, presidente da Fiesp que deseja concorrer ao
Palácio dos Bandeirantes, não tem vida fácil na disputa pela indicação interna
no PMDB.
Seu opositor, o empresário Fernando Fantuzzi, acaba de
conseguir o apoio a sua pré-candidadura de dois peemedebistas históricos:
Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon.
Skaf, que tem o apoio da máquina partidária, anda PT da vida
com as ações de marketing do Fantuzzi – que até tanque de guerra já colocou na
Avenida Paulista, para mostrar que está mesmo a fim de briga...
Os apoios
O senador gaúcho Pedro Simon avisou a Fantuzzi: “Estou
torcendo por você”
E o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos foi mais longe:
“Importantíssima a candidatura majoritária do PMDB histórico
em São Paulo”.
Quer andar nos carros do Senna?
O designer Adhemar Cabral faz uma homenagem à memória de
Ayrton Senna da Silva – assassinado pela peça que escapou da suspensão de seu
carro, 20 anos atrás, no circuito italiano de Imola.
Cabral fez réplicas da Lotus com que Ayrton venceu seu
primeiro Grande Prêmio na Fórmula 1, em 1985, em Portugal, e da McLaren MP 4/8
pilotada por Senna quando venceu o GP Brasil pela segunda vez, em 1993.
O designer promete viajar pelo Brasil, permitindo que as
pessoas possam dirigir as réplicas que desenvolveu:
“Quem é fã de velocidade, automobilismo e, claro, do Senna,
vai sentir na pele e no coração o que é pilotar um carro de Fórmula 1. No
próprio carro do Ayrton então, tenho certeza que muitos não vão segurar as
lágrimas”.
Vagabundeando
Hoje comemora-se, mundialmente, o Dia do Trabalho.
No Brasil, dia perfeito para a vagabundagem...
E mais um feriadão prolongado na Terra do Nunca...