sábado, 19 de julho de 2014

O Correto Uso do Papel Higiênico

Por João Ubaldo Ribeiro
"in memoriam"
 
O título acima é meio enganoso, porque não posso considerar-me uma autoridade no uso de papel higiênico, nem o leitor encontrará aqui alguma dica imperdível sobre o assunto. Mas é que estive pensando nos tempos que vivemos e me ocorreu que, dentro em breve, por iniciativa do Executivo ou de algum legislador, podemos esperar que sejam baixadas normas para, em banheiros públicos ou domésticos, ter certeza de que estamos levando em conta não só o que é melhor para nós como para a coletividade e o ambiente.

Por exemplo, imagino que a escolha da posição do rolo do papel higiênico pode ser regulamentada, depois que um estudo científico comprovar que, se a saída do papel for pelo lado de cima, haverá um desperdício geral de 3.28 por cento, com a consequência de que mais lixo será gerado e mais árvores serão derrubadas para fazer mais papel. E a maneira certa de passar o papel higiênico também precisa ter suas regras, notadamente no caso das damas, segundo aprendi outro dia, num programa de tevê.

Tudo simples, como em todas as medidas que agora vivem tomando, para nos proteger dos muitos perigos que nos rondam, inclusive nossos próprios hábitos e preferências pessoais. Nos banheiros públicos, como os de aeroportos e rodoviárias, instalarão câmeras de monitoramento, com aplicação de multas imediatas aos infratores.

Nos banheiros domésticos, enquanto não passa no Congresso um projeto obrigando todo mundo a instalar uma câmera por banheiro, as recém-criadas Brigadas Sanitárias (milhares de novos empregos em todo o Brasil) farão uma fiscalização por escolha aleatória. Nos casos de reincidência em delitos como esfregada ilegal, colocação imprópria do rolo e usos não autorizados, tais como assoar o nariz ou enrolar um pedacinho para limpar o ouvido, os culpados serão encaminhados para um curso de educação sanitária. Nova reincidência, aí, paciência, só cadeia mesmo.

Agora me contam que, não sei se em algum estado ou no país todo, estão planejando proibir que os fabricantes de gulodices para crianças ofereçam brinquedinhos de brinde, porque isso estimula o consumo de várias substâncias pouco sadias e pode levar a obesidade, diabetes e muitos outros males. Justíssimo, mas vejo um defeito. Por que os brasileiros adultos ficam excluídos dessa proteção?

O certo será, para quem, insensata e desorientadamente, quiser comprar e consumir alimentos industrializados, apresentar atestado médico do SUS, comprovando que não se trata de diabético ou hipertenso e não tem taxas de colesterol altas. O mesmo aconteceria com restaurantes, botecos e similares.

Depois de algum debate, em que alguns radicais terão proposto o Cardápio Único Nacional, a lei estabelecerá que, em todos os menus, constem, em letras vermelhas e destacadas, as necessárias advertências quanto a possíveis efeitos deletérios dos ingredientes, bem como fotos coloridas de gente passando mal, depois de exagerar em comidas excessivamente calóricas ou bebidas indigestas. O que nós fazemos nesse terreno é um absurdo e, se o estado não nos tomar providências, não sei onde vamos parar.

Ainda é cedo para avaliar a chamada lei da palmada, mas tenho certeza de que, protegendo as nossas crianças, ela se tornará um exemplo para o mundo. Pelo que eu sei, se o pai der umas palmadas no filho, pode ser denunciado à polícia e até preso. Mas, antes disso, é intimado a fazer uma consulta ou tratamento psicológico. Se, ainda assim, persistir em seu comportamento delituoso, não só vai preso mesmo, como a criança é entregue aos cuidados de uma instituição que cuidará dela exemplarmente, livre de um pai cruel e de uma mãe cúmplice. Pai na cadeia e mãe proibida de vê-la, educada por profissionais especializados e dedicados, a criança crescerá para tornar-se um cidadão modelo.

E a lei certamente se aperfeiçoará com a prática, tornando-se mais abrangente. Para citar uma circunstância em que o aperfeiçoamento é indispensável, lembremos que a tortura física, seja lá em que hedionda forma — chinelada, cascudo, beliscão, puxão de orelha, quiçá um piparote —, muitas vezes não é tão séria quanto a tortura psicológica. Que terríveis sensações não terá a criança, ao ver o pai de cara amarrada ou irritado? E os pais discutindo e até brigando? O egoísmo dos pais, prejudicando a criança dessa maneira desumana, tem que ser coibido, nada de aborrecimentos ou brigas em casa, a criança não tem nada a ver com os problemas dos adultos, polícia neles.

Sei que esta descrição do funcionamento da lei da palmada é exagerada, e o que inventei aí não deve ocorrer na prática. Mas é seu resultado lógico e faz parte do espírito desmiolado, arrogante, pretensioso, inconsequente, desrespeitoso, irresponsável e ignorante com que esse tipo de coisa vem prosperando entre nós, com gente estabelecendo regras para o que nos permitem ver nos balcões das farmácias, policiando o que dizemos em voz alta ou publicamos e podendo punir até uma risada que alguém considere hostil ou desrespeitosa para com alguma categoria social.

Não parece estar longe o dia em que a maioria das piadas será clandestina e quem contar piadas vai virar uma espécie de conspirador, reunido com amigos pelos cantos e suspeitando de estranhos. Temos que ser protegidos até da leitura desavisada de livros. Cada livro será acompanhado de um texto especial, uma espécie de bula, que dirá do que devemos gostar e do que devemos discordar e como o livro deverá ser comentado na perspectiva adequada, para não mencionar as ocasiões em que precisará ser reescrito, a fim de garantir o indispensável acesso de pessoas de vocabulário neandertaloide.

Por enquanto, não baixaram normas para os relacionamentos sexuais, mas é prudente verificar se o que vocês andam aprontando está correto e não resultará na cassação de seus direitos de cama, precatem-se.


Fonte: Alerta Total


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João Ubaldo Ribeiro (1941-2014) continua um imortal escritor, embora tenha morrido ontem. Texto publicado no site de O Globo em 18 de Julho de 2014. Foi o último artigo escrito pelo João, antes de ser convocado por Deus para a Seleção Acadêmica do Céu, ainda jovem, aos 73 anos. Infelizmente, ficaremos sem o livro sobre Histórias de Bar, que ele vinha preparando há dois anos...

Direito e Justiça Em Foco - Jornalista Jorge Serrão


DEMOCRACIA? VULGARMENTE O NOME É OUTRO.


O preceptor de um jovem imperador chinês acompanhava seu divino discípulo num passeio pelo campo. Em certo momento, avistando um grupo de animais, resolveu verificar o conhecimento da criança e indagou: “Que animais são aqueles?”. O menino observou atentamente a cena e disse que eram carneiros. “O Filho do Sol respondeu com exatidão”, admitiu o mestre. “Contudo, devo acrescentar que esse tipo específico de carneiro é mais conhecido como porco”.

 Lembro-me dessa estória frequentemente ao acompanhar notícias sobre as incessantes idas de nossos governantes a Cuba e ao observar a iconografia vermelha dos eventos promovidos pelos partidos e movimentos de esquerda. Deixando de lado os retratos de Lênin, as foices e os martelos – por demais óbvios – bem como as louvações ao MST e seus métodos e os aplausos às FARC, atenho-me, especificamente, ao mais disseminado de tais símbolos: a estampa de Che Guevara.

Todo mundo sabe que Guevara foi um guerrilheiro comunista, com atuação internacional. E todo mundo sabe que ele não era ator, nunca foi a Hollywood, não cantava, não jogava bola, não dançava funk nem era de pagode, nunca apareceu em novelas da Globo e jamais disputou eleições. Ele era exatamente isto: um guerrilheiro comunista com atuação na América Central, na América do Sul e na África. Por conseqüência, assim como ninguém pode ser admirador de Pelé detestando futebol, todo culto a Che Guevara só pode significar uma adoração aos objetos de sua ação: o comunismo e a revolução como instrumento para chegar ao comunismo. Outras explicações para o mesmo fato precisariam ser buscadas num divã de analista de linha freudiana.


Nessas circunstâncias, todo aquele que ande por aí exibindo sua veneração a Che Guevara, ou que, não sendo cubano, desfralde a bandeira de Cuba (gesto equivalente), pode falar quanto quiser sobre democracia. Nesse caso, porém, o interlocutor, seguindo a prudente fórmula do mestre chinês, deverá observar: O dileto amigo tem toda razão em expressar suas convicções democráticas pois democracia faz bem. Devo adverti-lo, contudo, para o fato de que esse tipo específico de democracia que tanto o seduz é vulgarmente denominado totalitarismo.

O que é a intrigante e ameaçadora "dualidade de poderes"?

Leo Daniele*
Sempre é bom recordar: o comunismo tomou o poder na Rússia em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial. Como foi que isso se deu?

É interessante analisá-lo em câmara lenta. Numa primeira fase, houve uma dualidade de poderes. Na capital da Rússia estava o poder oficial, mas havia no front um poder paralelo que ia aos poucos ganhando força. Assim se estabeleceu a dvoevlastié (dualidade de poderes), a respeito da qual Lênin escreveu um estudo. (1) Infelizmente este foi pouco divulgado, exceto nas misteriosas células vermelhas, pois difundi-lo seria abrir o jogo.

Os dois poderes estavam em luta aberta, até que a dualidade de poderes deixou de convir ao comunismo, que havia ganhado força. Mudou-se então a palavra de ordem para “todo poder aos sovietes”; terminando assim a dualidade e iniciando a unicidade absoluta da ditadura vermelha no país.

Hoje, em países como a Colômbia, a guerrilha ocupa regiões inteiras. - Seria uma repetição da tristemente famosa dvoevlastié (2) que precedeu a tomada do poder na Rússia pelo comunismo?

No Brasil, um pouco por toda parte, a organização social interna vai sendo minada pela incrível expansão da violência urbana. E não raro, os bandidos estão melhor armados que as polícias!

Em tais situações, estabelece-se de certa forma  algo ao modo da dvoevlastié russa, uma crônica dualidade de poderes. Há um poder paralelo difuso, que ordinariamente não tem caráter institucional nem se localiza em parte alguma como poder (por enquanto!), mas que mina a estabilidade do País.

Afirma o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, em matéria reproduzida  na revista Catolicismo de julho de 2014: “Fica assim instituído um sistema paralelo de poder, que consagra na prática uma ditadura do Executivo, na pessoa do Secretário-Geral da Presidência da República, atualmente o ex-seminarista Gilberto Carvalho, quem habitualmente faz a ponte entre o governo e a CNBB” (Comunicado do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, em 22 de junho de 2014).

O que resultará daí? O futuro a Deus pertence. Como diz o Comunicado supra, o decreto nº 8.243 vai operar uma “transformação radical nas instituições do Estado de Direito”, e poderá abrir as portas para “a tão almejada fórmula do atropelo e do arbítrio, típica dos regimes bolivarianos”.

Deus nos livre de uma dvoevlastié nacional, mas que ela não está distante é um fato!



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*Leo Daniele é escritor e colaborador da ABIM - Agência Boa Imprensa

Referências: 
1. V. I. Lênin, La Dualidad de Poderes, Obras escogidas, Ed. Progreso, Moscou, 1970, 2, p. 40 ss.
2. Ver François-Xavier Coquin, La Révolution Russe, PUF, Paris, 1974, p. 37 ss.

Começou o calvário para a campanha eleitoral de Dilma


Vão mentir de novo


CNV convoca 16 agentes

Por Evandro Éboli

Comissão da Verdade convoca 16 agentes da repressão para depor sobre mortes e torturas Entre os convocados está o general reformado José Antônio Nogueira Belham, que comandou o DOI

BRASÍLIA — A Comissão Nacional da Verdade convocou 16 agentes da repressão envolvidos em mortes, torturas e desaparecimentos de opositores do regime militar para prestarem esclarecimentos em Brasília. Esses depoimentos vão ocorrer entre os dias 21 a 25 de julho. A convocação é uma prerrogativa da comissão. Entre os convocados está o general reformado José Antônio Nogueira Belham, que comandava o Destacamento de Operações e Informações (DOI), do I Exército, em janeiro de 1971, quando o deputado federal Rubens Paiva foi morto por integrantes do DOI. Com a convocação, eles estão obrigados a depor.

Entre os convocados, sete atuaram em ações das Forças Armadas na Guerrilha do Araguaia. Sebastião Curió, militar que comandou ações no Araguaia, não foi convocado neste momento. A comissão tentará ouvi-lo em agosto. Dos 16 convocados, 11 receberam a Medalha do Pacificador com Palma, uma das principais honrarias do Exército Brasileiro. Foram chamados para depor o ex-sargento do Exército, Jurandyr Ochsendorf e Souza, que, segundo a comissão, participou da farsa montada pelo Exército envolvendo o resgaste de Rubens Paiva. O ex-médico militar e general reformado Ricardo Fayad, que atuou na Casa de Morte de Petrópolis, está entre os convocados.

O coordenador da Comissão da Verdade, Pedro Dallari, afirmou que os convocados estão citados em documentos relacionados a graves violações.

— A Comissão da Verdade deseja dar a eles a oportunidade de darem suas versões sobre os fatos antes da finalização do relatório da comissão, que será divulgado em dezembro — disse Dallari.

Oschsendorf e Fayad já haviam sido convocados anteriormente, mas não compareceram. Alegaram problemas médicos.

Segundo a comissão, os ex-agentes convocados também tem explicações a dar sobre a prisão, tortura e morte de brasileiros no Estádio Nacional, no Chile e também a operações contra integrantes da Ação Libertadora Nacional (ALN), que culminaram nas mortes de Iuri e Alex Xavier Pereira.



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Observação do site A Verdade Sufocada:

Santa inocência ! Pensaram que queríam levar ao conhecimento dos brasileiros as ações terroristas, os crimes que os camaradas cometeram?...
O relatório da CNV já estava pronto há muitos anos...
Esperavam apenas chegar ao poder para montar o circo e levar os que impediram que tomassem o poder pela força, à execração popular!

Esperemos que os agentes convocados se preparem e mostrem a nação brasileira porque tiveram que pegar em armas para lutar contra inimigos da liberdade, assaltantes, sequestradores, assassinos e terroristas. Digam os nomes, as organizações a que pertenciam e o que pretendiam! 

Painel - Questão Indígena

Por André Puccinelli



André Puccinelli critica Cimi e Funai em relação a questão indígena

Por Kátia Abreu



Kátia Abreu fala sobre conflitos entre indígenas e produtores rurais

Por Luana Ruiz Silva



Avaliação e Indenização de Propriedades Invadidas



Luana Ruiz Silva - Advogada Especialista em conflitos agrários




Debate com Procurador da FUNAI




Terra Indígena Iguatemipegua

Filho do Hamas - Testemunho de um ex-muçulmano: Mosab Hassan Yousef





Direitos Humanos e a desumanização coletiva