Recebido por email - Autor desconhecido
Na noite de 1º Set 2012 foi assassinado o Coronel Reformado
do Exército Julio Miguel Molina Dias, quando chegava em sua residência, em
Porto Alegre.
Curiosamente, na residência da vítima foram encontrados
alguns documentos da época da dita-mole, que serviram para dar folego à ação da
Comissão Nacional da Verdade.
Digo curiosamente por que o militar foi morto na rua mas,
contrariando a prática, foi feita uma "busca" de indícios dentro de
sua casa. Tal busca deveria ter sido feita pelo delegado chefe da investigação,
seus assistentes imediatos e peritos do IGP (Instituto-Geral de Perícias), mas
a ação foi praticada por ninguém menos que pelo Chefe de Polícia Civil e um
Delegado.
O isolamento do local deveria ter sido feito pela Brigada
Militar e ninguém mais deveria ter acesso ao mesmo, a não ser depois do
trabalho legal ser encerrado. Na ampla divulgação que a imprensa fez sobre a
apreensão de documentos na casa do coronel, nem brigadianos nem peritos são
citados. Também não se sabe onde estavam exatamente tais documentos, se num
cofre, se numa pasta preta, se numa prateleira, se numa gaveta chaveada, se no
armário da cozinha, se em meio a um álbum de recordações. Nada disso está
definido. Mas ficou claro que um repórter, possivelmente convidado especial
folheou os documentos, junto com o delegado, sem a presença de peritos.
Reforçando o ineditismo da "busca" em que foram encontrados os
documentos comprometedores, cerca de vinte armas existentes no imóvel não foram
confiscadas, tendo a "apreensão" se limitado aos documentos. Posteriormente,
o Exército realizou o recolhimento das armas e dois policiais-militares foram
presos, acusados pela morte atribuída a um assalto mal sucedido - e não se
falou mais no assunto.
Dos documentos supostamente recolhidos na casa do militar
assassinado, o destaque maior foi dado aos que tratavam sobre o desaparecido
deputado Rubens Beyrodt Paiva e ao incidente ocorrido no Riocentro, em maio de
1981.
Coevos a esse crime, houve pouca divulgação de alguns outros
fatos curiosos:
1. Dois “assessores” da chamada comissão da verdade, se
achavam na cidade com a missão de “observar e levantar dados”, sobre a vítima
do atentado. É de se acrescentar para não deixar dúvidas, que os “assessores”,
são membros da Comissão.
2. São desconhecidas a identidade do Juiz que assinou o
mandato para a busca no lar da família do Coronel Molina, dos peritos que a
acompanharam, e o relatório sobre o que chamaram de "apreensão",
feita na casa da vitima. Não há necessidade de ser criminologista para saber
que a investida à residência da vítima, nenhuma relação tinha com o seu
assassinato. Mas o resultado da “busca”, sem testemunha e sem relatório de
apreensão, ocupou mais espaço na imprensa do que as notícias referentes ao
crime. A morte do Cel Molina passou a segundo plano e, quando autoridades se
referiam a ele, era para incrimina-lo por mortes que se deram antes mesmo dele
ter assumido cargo no DOI/CODI/II Ex, numa acintosa manipulação da verdade, que
por sinal já é comum neste país.
3. Naturalmente, o Chefe de Polícia, autoridade maior
presente, na incursão ao lar do Coronel Molina, deveria entregar o material
“apreendido” à autoridade de Polícia Judiciária responsável pela apuração dos
fatos. Mas NÃO! O subserviente cidadão correu célere para entregar o fruto de
sua arrecadação ao vergonhoso Governador do RGS, político de péssimos
antecedentes e sem competência alguma em investigação policial. Que de súbito,
mas nem tanto, para não levantar suspeitas de envolvimento, levou alegre a
fagueiro o produto advindo (dizem) da casa do Cel Molina para… quem? e porquê?
Para os protagonistas citados no início dessas considerações: a dupla de
“assessores da 'comessão' das verdades”.
Esse encaminhamento inusitado dos documentos
"encontrados" ou "apreendidos" em nada resultou além da
intensa gritaria na imprensa, e mais recentemente, serviu para reforçar a
acusação de que o incidente do Riocentro foi planejado por militares.
No final de março, em depoimentos à Comissão da Verdade, o
Coronel Reformado Paulo Malhães afirmou que o deputado Rubens Paiva foi morto
em uma dependência clandestina no Rio de Janeiro, colocando um ponto final ao
drama da família do desaparecido. Em dois depoimentos, o militar também relatou
outras mortes de militantes adversários do governo então vigente.
No passado dia 25 de abril (sexta-feira), três bandidos
invadiram o sítio em que o Coronel Paulo Malhães morava, em Nova Iguaçu,
enquanto ele estava fora. Ao chegar com sua esposa, o casal e o caseiro teriam
sido dominados pelos malfeitores que permaneceram por várias horas no local. Ao
saírem, levando joias, cerca de R$ 700,00 e algumas armas (uma pistola 9mm, um
revólver .38, espingardas, e até uma submetralhadora) o militar estava morto.
O laudo preliminar do exame determinante da causa da morte
do militar indicou que ele morreu por
"edema pulmonar, isquemia do miocárdio, miocardiopatia hipertrófica
e evolução de estado mórbido (doença)", isto é, o Coronel Malhães não foi
morto, mas morreu por causa de seus problemas de saúde.
Durante o tempo em que os meliantes estiveram dominando o
casal, teriam feito referências ao passado dele como agente da repressão. A
viúva teria relatado, ainda, que os bandidos comunicavam-se por rádio com
alguém que cobrava a morte de Malhães.
Em uma sinistra coincidência, no dia seguinte, um sábado,
acionado sabe-se lá por quem, um juiz federal autorizou a apreensão de
documentos e mais provas na casa do militar assassinado.
Já na terça-feira, dia 29, a polícia dava o caso por
resolvido, com a acusação contra o caseiro, dois irmãos deste e mais um
comparsa a ser identificado.
Se fizermos um exercício de imaginação, podemos inferir que
se há alguém imbuído da missão de vingar os tão propagandeados crimes da
ditadura, seus métodos estão sendo aperfeiçoados. As falhas detectadas no
episódio de Porto Alegre estão sendo corrigidas.
O local do crime foi determinado no interior da casa do
morto, evitando a estranheza de uma busca extemporânea por documentos.
A morte já não ocorreu com uso de armas de fogo, o que pode
juridicamente fazer com que os assassinos respondam somente pelo crime de
roubo, já que a vítima simplesmente morreu por causas naturais.
A "busca" realizada por ordem judicial poderá
render o surgimento de muitos novos documentos incriminadores contra os
"terríveis e sanguinários torturadores" que evitaram a libertação
"deçepaíz" das garras do capitalismo fascista e opressor ainda no
século passado.
Abstraindo-se opiniões vinculadas a crenças políticas, penso
que o ideal é o total esclarecimento desse fato, mas isso deve ocorrer de forma
minimamente lógica e honesta.
Por enquanto, só resta recomendar aos possíveis alvos de
algum revanchismo violento - além de se desfazerem de todo e qualquer material
que os possam incriminar ou a seus colegas de luta - que redobrem a vigilância
e usem radicalmente seu direito de legítima defesa. Se alguém deve chorar, que
sejam as mães dos bandidos!