Dilma Rousseff remeteu ao Congresso Nacional a proposta
orçamentária para o ano vindouro, prevendo déficit primário. Um fato inédito,
que é a própria expressão da irresponsabilidade fiscal. A presidente lavou as
mãos no combate à inflação e na manutenção da credibilidade internacional do
Brasil. Seu ministro da Fazendo virou um palhaço digno de risadas em praça
pública. Caminhamos para o caos.
O mercado financeiro reagiu muito mal à decisão do governo
de lançar a proposta orçamentária do ano que vem já prevendo um rombo do
orçamento de trinta bilhões e meio de reais. Isso foi um atestado de que o
governo não consegue mesmo viabilizar um mínimo de ajuste das contas públicas
que garanta alguma meta fiscal.
A presidente está fazendo a maior força para quebrar o
Brasil de vez. Em tempos de crise ela espanca a lei e avisa que vai gastar 30
bilhões a mais do que tudo o que é possível arrecadar. A “bola quadrada” para
esse jogo foi parar no Congresso. Entenda.
Pela primeira vez o governo envia ao Senado proposta
orçamentária com déficit para a União de 30,5 bilhões de reais. O colunista
Reinaldo Azevedo afirma: "O PT quebrou o Brasil".
O colunista de VEJA J.R. Guzzo comenta a pressão do Palácio
do Planalto para o Congresso aprovar o Orçamento com déficit bilionário. Na
pauta da conversa com Augusto Nunes, Guzzo analisa também o clima de ódio cada
dia mais acirrado no país.
O Ministro Gilmar Mendes foi o relator das contas do PT no
TSE. Ele recomendou a aprovação, mas fez ressalvas. Se coisas novas
aparecessem, ele se encarregaria de enviar isso para a PGR. Pois é, a Lava Jato
trouxe coisas novas.
O papa Francisco tem sempre alguma novidade. Desta vez, ele
encaminhou uma carta aos organizadores do Ano do Jubileu, que a Igreja Católica
abrirá em dezembro. Será um ano reservado à misericórdia. E é com base na
misericórdia que o papa recomenda que os padres concedam a absolvição às
mulheres que praticaram o aborto. Mas só se elas estiverem arrependidas. Vejam
bem. O papa não deu nenhum passo na direção do reconhecimento do direito da
mulher, de interromper uma gravidez indesejada.
Ele e a Igreja continuam a acreditar que o aborto é um
grande pecado. Mas, até agora, a mulher que dissesse ao confessor que tinha
abortado, ela corria o risco de excomunhão. O que mudou é que o pecado pode ser
absolvido.
É mais ou menos a mesma tolerância que o papa Francisco tem
demonstrado com os homossexuais. Não apoia, não estimula, mas compreende que na
comunidade gay muita gente seja sinceramente devota do catolicismo.
Mas vejamos o aborto. Um relatório das Nações Unidas
informou há dois anos que são 23 os países em que a gravidez pode ser
livremente interrompida. Na América Latina é o caso apenas do Uruguai, de Cuba
e da Guiana. Na União Europeia é o caso de quase todos os países, com a exceção
da Irlanda e da Polônia, onde o catolicismo é muito forte.
Vejamos o Brasil. O Sistema Único de Saúde registra 205 mil
internações anuais de mulheres, que tiveram complicações depois de um aborto
malfeito. Uma ONG que acompanha a questão calcula que os abortos sejam por aqui
685 mil por ano. Com o perdão que eu peço ao papa Francisco, não é uma questão
religiosa ou moral. É uma questão de saúde pública.
Por que é, então, que não legalizam o aborto? Precisaria
passar pelo Congresso. Mas a bancada evangélica não permitiria que o Brasil
fosse tão longe. É assim que o mundo gira.