sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O discurso confuso de Dilma. Ou: Fala tumultuada, governo atrapalhado


O aumento salarial de 43% é um prêmio ao esforço da turma que, depois de transferir a Petrobras do noticiário econômico para o político, quer colecionar manchetes na seção de polícia


TCU Vai Tornar Indisponíveis Os Bens De Graça Foster


A Comissão da Calúnia
Carta do General Santa Rosa


Marcos Valério contou em 2012 que PT lhe pediu R$ 6 milhões para chantagista.

Conforme noticiado pelo Jornal O Estado de São Paulo, neste fim de semana, a Polícia Federal apreendeu no escritório da contadora do doleiro Alberto Youssef contrato de empréstimo de 2004 no valor de R$ 6 milhões entre Marcos Valério e uma empresa de Ronan, empresário de Santo André.

Dilma Rousseff deu ordens a Cardozo e outros ministros para realizarem ação coordenada na tentativa de desqualificar o depoimento prestado por Valério. “Mas qual terá sido o procedimento tomado por aquele que um dia vangloriou-se de não ignorar nem engavetar as denúncias que recebe?

Segundo o depoimento de Valério em 2012, o dinheiro serviria para encerrar suposta chantagem sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o então secretário da Presidência, Gilberto Carvalho, e o então ministro da Casa Civil, José Dirceu.


Oval Nacional - Deflação da inflação, Roberto Jefferson volta pra casa e Oi e Tim


Marina acena com Fábio Barbosa e Aécio confirma Armínio Fraga para Fazenda, enquanto Dilma se perde

 
Fábio Barbosa, ex-presidente do Santander, da Federação dos Bancos e atual presidente do Conselho de Administração do grupo Abril, é o nome cotado como favorito, nos bastidores, para assumir o Ministério da Fazenda em um eventual governo Marina Silva. Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, já foi anunciado, antecipadamente, por Aécio Neves, como o escolhido para comandar a Economia, caso consiga vencer o mito Marina e a máquina Dilma – que tem no ministro Guido Mantega, motivo de chacotas no mercado, como seu ponto fraquíssimo.

Todos já sabem que transmitir a imagem de capacidade de gestão econômica, com previsão de crise para 2015, é um fator fundamental para assegurar o apoio político – e principalmente financeiro – do “deus mercado” na hora em que a eleição começa a se decidir. Esta é a desvantagem maior de Dilma – que não consegue transmitir segurança. Marina já tem sua imagem desenhada, religiosamente, como salvadora da pátria. E Aécio Neves, que seria o candidato favorito do tal mercado, não consegue decolar. Fica apenas na promessa de que os votos cairão do céu – imagem messiânica mais próxima do estilo Marina.

O eleitorado quer mudança. Só não consegue expressar que mudança deseja. Os candidatos também não conseguem captar a mensagem. A eleição não empolga a maioria que continua apática como de costume. O clima é de torcida de futebol: uns contra os outros. Os discursos não indicam caminhos viáveis, concretos e seguros para o Brasil. As entrevistas e debates televisivos nada acrescentam e só confirmam o despreparo dos candidatos para lidar com as simples questões do dia-a-dia: carestia, cartorialismo, banqueiragem, corrupção e incompetência de gestão da coisa pública.

Com alto risco de fraude eleitoral, vão se eleger os mesmos clãs políticos de sempre, com falsa renovação: entram novas figuras para fazer as mesmas coisas dos antecessores. O cenário para o ano que vem é de mesmice, com uma crise que pode ou não ser violenta. O que se fará para evitá-la. Ninguém sabe...

Ficamos igual ao pessoal da orquestra do Titanic. Vamos tocando e dançando, enquanto o navio afunda... Quem sobreviver se deu bem...

Tudo tranquilo    

 

Mitomania política

Pelo menos na indução das pesquisas de opinião, que ouvem uns dois mil eleitores, num universo eleitoral de 142 milhões de pessoas, o brasileiro entra na empolgação de votar no “mito”.

Foi sempre assim com o “ex-operário” Lula.

A farsa histórica se repete agora com a “ex-seringueira” Marina, viúva política do Eduardo Campos, que tem DNA de petista radical chic, apesar da carinha de moça pobre e um visual calvinista (não do estilista Calvin Klein, mas do teólogo João Calvino).

Novo “Tribunal” de “Justiça”

O besteirol da candidata-presidenta Dilma ganhou uma nova pérola ontem, com o comentário sobre a decisão tomada pela maioria dos ministros do “Tribunal” de Contas da União de não bloquear os bens da “Presidente” da Petrobras, Maria das Graças Foster, por causa do escândalo Pasadena, um prejuízo de US$ 792 milhões.

Dilma festejou a “justiça” do TCU:

“Acho que se fez justiça. Se a maioria do TCU decidiu se fez justiça, porque é uma questão de justiça. Eu sempre afirmei que a Graça Foster tinha sido objeto disso pelos seus méritos, porque é uma pessoa íntegra e competente, uma pessoa capaz e uma pessoa extremamente dedicada. Fico feliz com essa informação”.

Detalhe sempre importante: O TCU não é tribunal, porque não faz parte do judiciário, e nem faz Justiça, pois é um mero órgão auxiliar do Poder Legislativo para fins de fiscalização do poder público, com ministros indicados pelo Poder Executivo e pela classe política...

Negligência punível

Ex-ministra das Finanças supostamente negligente em uma fraude política de 403 milhões de Euros é investigada pela Justiça.

Isto acontece na França, onde mora muito bem o Chico Buarque...

O alvo é Christine Lagarde, embora seja a super-poderosa diretora gerente do Fundo Monetário Internacional.

Se fosse no Brasil, dificilmente, a moça tomaria no TCU, por exemplo...

Bronca Brizolista


Tradução


Liberdade apenas para os petistas


PT: É difícil renunciar subitamente a um grande ódio


Dilma e as investigações da Polícia Federal


"Um Outro Mundo É Possível"

Assistindo às presidenciáveis no debate promovido pela Band, percebi que vivemos sob a influência de uma ideologia escancaradamente reacionária. Seus adeptos, encilhando-se a fórmulas superadas, se dedicam, por todos os modos, a puxar as rédeas da humanidade e da civilização. Lembrei-me dos Fóruns Sociais Mundiais e de seu slogan - "Um outro mundo é possível". Sim, sim, escrevi eu à época. Um novo Big Bang, uma nova Criação, um novo Paraíso com maçãs para todos.

Foi em nome dessa ideologia que, em abril de 2000, muitos saíram às ruas a vociferar contra o Descobrimento. Quando o MST invade uma propriedade rural, eles chamam de ocupação. Quando se referem ao desembarque dos portugueses em Porto Seguro, falam em invasão. Por algum motivo obscuro ainda não escolheram Cabral, primeiro invasor, como patrono do MST. É claro que se os portugueses tivessem tocado direto para as Índias, nosso país seria hoje o que são as tribos que se mantiveram sem contato com a civilização. Vale dizer: viveríamos lascando pedra.

Essa ideologia, se pudesse, acabaria com o imenso usucapião denominado Brasil. Os negros voltariam à África, os brancos seriam banidos para a Europa e os índios promoveriam uma continental desapropriação do solo e das malfeitorias aqui implantadas. Alerta: os defensores de tão escabrosa geopolítica se aborrecerão terrivelmente se você apontar o racismo embutido em tais conceitos.

Como não poderia deixar de ser, a ideologia em pauta é contra a globalização. Para evitá-la, teríamos que retornar às cavernas de origem e combater o nomadismo como um fenômeno perigoso, precursor do famigerado neoliberalismo.

Ela é, também, contra o grande capital, o que não significa ser favorável ao pequeno capital pois o capital é um bem que degenera enquanto cresce... Melhor e menos suspeito seria não ter capital algum. Idêntico raciocínio leva a rejeitar a grande empresa e a grande lavoura. Se essa ideologia tivesse poder há mais tempo, estaríamos plantando com as mãos, tocando tambor para chover, trocando mercadorias e desinventando o dinheiro. Malthus teria razão e o planeta providenciaria menos 4 bilhões de almoços por dia.

Essa ideologia é contra a democracia representativa, a pesquisa genética, as privatizações, o mercado, a tecnologia. No fundo, deve ser contra, até mesmo, quem agride a natureza lascando suas pedras. Cuidado, porém. Mais alguns passos para trás e a gente vira ameba.

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* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

A outra eleição

Por Merval Pereira - O Globo

Sobrou até para o Pastor Everaldo. Ele vinha bem, ali entre 3% e 4% das intenções de voto, e tinha planos de até dobrar essas intenções para se tornar um eleitor de peso no segundo turno da eleição presidencial. Veio o fenômeno eleitoral Marina Silva e tirou os votos evangélicos do pastor, um efeito colateral da verdadeira limpa que Marina fez, acrescentando nada menos que 20 pontos aos 9 que Eduardo Campos tinha na última pesquisa Ibope: Dilma e Aécio perderam 4 pontos cada; os candidatos nanicos perderam 3 pontos no seu conjunto; a taxa de votos nulos ou em branco caiu 6 pontos; e a de indecisos, outros 3 pontos.A questão parece ser que Dilma e Aécio se prepararam para uma eleição e estão disputando outra, que mudou radicalmente desde a morte de Campos, há 13 dias. Não atribuo esse crescimento de Marina à comoção popular, embora a morte trágica de Campos tenha dado a ela uma exposição nacional maior naqueles dias do que terá em toda a campanha eleitoral, com os poucos minutos que tem de propaganda oficial.

Embora sejam números semelhantes, o crescimento do candidato Paulo Guerra em Pernambuco, nada menos que 18 pontos nos últimos dias, dando-lhe condições de aspirar a vencer a eleição para governador, nada tem a ver com os 20 pontos que Marina acrescentou à sua candidatura.

Em Pernambuco, a comoção com a morte de Campos e a politização proposital de seu enterro pela família, numa homenagem à sua memória política, vão se transformar possivelmente na vitória do candidato que o ex-governador havia escolhido para sucedê-lo. Com relação a Marina, sua votação me parece fruto do despertar de um eleitorado que estava em busca de um candidato que se identificasse com o desejo de mudança registrado em todas as pesquisas.

Mudança, sobretudo, de relação política entre o Palácio do Planalto e o Congresso, e deste com os cidadãos-eleitores. A busca é tão clara que o candidato tucano Aécio Neves apareceu em pesquisas anteriores em empate técnico com a presidente Dilma num possível segundo turno, e hoje aparece perdendo por seis pontos, o que o coloca a dois pontos apenas desse empate, mesmo estando em terceiro lugar.

Já a candidata Marina está a um ponto do empate técnico no primeiro turno com a presidente, e aparece na frente 9 pontos no segundo turno. Creio que, se ela tivesse conseguido organizar seu partido, estaria desde o início disputando o segundo lugar com Aécio, e haveria mais tempo para que a escolha fosse feita de maneira racional, como propõem os tucanos.

A presidente Dilma montou toda sua campanha eleitoral no contraponto com o PSDB, tentando diluir seus fracassos nos 12 anos de governos petistas. Já Aécio Neves preparou-se para discutir os quatro anos de Dilma, e mostrar-se como a escolha segura para quem queria dar um fim aos anos de PT no poder. A mudança segura.

Enquanto seu contraponto era Eduardo Campos, ia no caminho certo, e tinha até condições de vencer num segundo turno - e continua tendo, como mostra a pesquisa Ibope -, mas agora está às voltas com uma concorrente que traz consigo a marca do novo, fantasiosa embora, pois Marina está na política há muito tempo, já foi vereadora, senadora, ministra de Estado, já esteve em três partidos diferentes (PT,PV e PSB) e prepara sua Rede para mais adiante.

Mas conseguiu, nesse tempo todo, manter-se fiel a seus princípios éticos na política, a ponto de dar a sensação a seus seguidores de que ela nunca esteve envolvida na política tradicional, que rejeita. Por isso, desconstruí-la será tarefa árdua para Dilma e Aécio.

É possível que boa parte da base aliada da presidente comece a debandar, em busca de salvar-se na candidatura Aécio, se a vitória de Marina no segundo turno deixar de ser uma onda que vem e vai para se transformar em uma possibilidade real. Esses partidos só estão com Dilma porque consideravam inevitável sua vitória, e devem estar lamentando não terem desertado antes, como fizeram alguns setores do PMDB, do PP, do PTB.

Mas talvez aí seja tarde demais para reverter a situação que se desenha no horizonte.



Mentiras de Dilma no Debate - Petrobras


Marina Não Explica Na TV Lambanças De Avião Que Servia Campos


Programa Fernando Pimentel "sincero" - Eleições Minas Gerais


Eduardo Bolsonaro diz que no 2º turno vota no MACOLA


Unasul – União das Nações Sul-Americanas

Por Carlos I. S. Azambuja

Em 23 de maio de 2006, presidentes e representantes dos 12 países da América do Sul assinaram em Brasília, o tratado de criação da União das Nações Sul-americanas (Unasul).

O projeto para a criação da Unasul foi apresentado pela primeira vez durante uma reunião em 2004, na cidade de Cuzco, no Peru. Inicialmente o projeto foi denominado de Casa (Comunidade Sul-Americana de Nações), mas posteriormente foi rebatizado durante a Primeira Reunião Energética da América do Sul, realizada em 2007 na Venezuela.

A Unasul funcionará com uma presidência temporária e rotativa Atualmente a presidência é da Bolívia.

A Unasul se organiza a partir de alguns órgãos deliberativos: um Conselho de Chefes de Estado e de Governo que se reunirão anualmente, um Conselho de Ministros de Relações Exteriores e um Conselho de Delegados que se reunirão semestralmente. Além disso, existe o plano para a criação de um Parlamento único da Unasul.. A Unasul ainda contará com uma secretaria permanente que se localizará em Quito, capital equatoriana.

Um dos principais objetivos do tratado é tentar desenvolver, na América do Sul, uma coordenação política, econômica e social. Com a Unasul, se pretende adotar mecanismos financeiros conjuntos e ainda avançar na integração física, energética, de telecomunicações, além de projetos em conjunto nas áreas de ciência e de educação. Segundo o Itamaraty, os objetivos da Unasul são "o fortalecimento do diálogo político entre os Estados membros e o aprofundamento da integração regional".

Os países que compõem a Unasul têm opiniões e objetivos diversos sobre os objetivos reais que Unasul poderá alcançar. Para o ministro das Relações Exteriores do Chile, Alejandro Foxley, o seu país tem três principais interesses: energia, infra-estrutura e uma política comum de inclusão social. Já o chanceler boliviano, David Choquehuanca, afirmou que a Bolívia espera que a Unasul não se limite apenas ao comércio e trate da também da "união dos povos".

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou durante o encontro que a Unasul é um Tratado muito importante para o continente e que esse Tratado fortalecerá os governantes do hemisfério sul. "Somos todos governos de esquerda, temos muito em comum, e nos comprometemos a dinamizar toda a união da América do Sul", declarou Chávez.

Para o presidente Lula, a "América do Sul unida mexerá com o tabuleiro do poder no mundo, não em benefício próprio, mas de todos." Lula ainda afirmou que a Unasul poderá fortalecer os países da região frente às nações desenvolvidas. Durante o encontro declarou que "estamos transformando em realidade o sonho integrador dos nossos libertadores. O Tratado nos lembra que a integração sul-americana é essencial para o fortalecimento da América Latina e Caribe. Nasce sobre o signo do pluralismo".

Segundo Lula, a Unasul deve ser construída como parte dos projetos de desenvolvimento de cada país e em benefício de todos. Defendeu que "nossa América do Sul não será mais um mero conceito geográfico. A partir de hoje é uma realidade política, econômica e social, com funcionalidade própria".

Mesmo que nos últimos anos a integração entre os países da América do Sul tenha se aprofundado em alguns aspectos, existem muitos problemas que dificultam uma integração efetiva. Uma das principais dificuldades é a assimetria econômica. O Brasil representa quase metade do PIB que compõe a Unasul. Segundo apontam dados da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), o Produto Interno Bruto (PIB) dos 12 países da América do Sul alcançou 2,5 trilhões de dólares em 2006. Contudo, só o PIB do Brasil foi de 1,06 trilhão de dólares em 2006, e em 2007 foi de US$ 1,3 trilhão.

Além dessa assimetria econômica, na América do Sul os governantes apresentam diferentes visões políticas e diferentes interesses e aliados internacionais. Tal pluralismo político mantém uma integração profunda da região apenas como um objetivo distante.

Existem muitas pendências entre diferentes países na América do Sul. Chile e Peru têm uma disputa territorial pendente desde a Guerra do Pacífico, no século XIX. Esta questão ainda está em andamento no Tribunal Internacional de Haia. A Bolívia também reivindica do Chile uma saída para o mar, perdida na mesma guerra do Pacífico.

O conflito mais recente na região envolveu a Venezuela, Equador e Colômbia que travaram, em março, uma disputa envolvendo as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Tal crise foi provocada pela ação militar da Colômbia contra as Farc em território equatoriano. Essa desavença também ainda não foi totalmente superada. Trata-se de mais uma disputa regional que impede qualquer integração real.

Diante desses conflitos uma questão importante que também está na pauta da Unasul é a criação de um Conselho de Defesa. A proposta para a criação desse Conselho partiu do presidente Lula. Segundo ele: "É hora de fortalecer nosso continente na área da defesa. Devemos articular uma visão de defesa na região fundada em valores e princípios comuns, como o respeito à soberania. Por isso, determinei ao meu Ministro da Defesa para que realizasse consulta com todos os países da América do Sul sobre o Conselho Sul-Americano de Defesa. Creio que devemos discutir essa iniciativa aqui". Essa proposta pela criação do Conselho de Defesa ganhou força depois da crise que envolveu Venezuela, Colômbia e Equador.

O então Ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que o projeto do Conselho já está definido, sendo que ele teria o objetivo de organização, comunicação e colaboração entre os países. Contudo, o Conselho não pretenderia desenvolver uma estrutura de integração militar.

O então presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, foi contrário à proposta do presidente Lula e argumentou que a região já conta com a OEA (Organização dos Estados Americanos) e aludiu às divergências com países vizinhos, entre os quais o Brasil e a Venezuela, em torno da classificação de grupos armados ilegais como terroristas, principalmente as Farc. Diante do impasse, a discussão sobre a criação do Conselho foi adiada.

De qualquer forma, tal projeto, longe de procurar garantir a soberania da América Latina, parece poder servir de um grande pretexto para altos investimentos na lucrativa indústria armamentista e criar mais uma força intervencionista internacional, tal como tem sido os chamados "capacetes azuis" da ONU, que, sob o comando do Brasil, atuam no Haiti.

A Unasul esqueceu-se de um dado fundamental: qual a sua proposta real para os trabalhadores? Diante da atual crise econômica mundial que se torna cada vez mais grave, diante da crise de alimentos e da inflação crescente, qual o programa da Unasul para os trabalhadores da América do Sul? Para a classe operária não existe nada além de promessas vazias e de discursos com frases feitas. Fala-se em "união dos povos", "inclusão social", "crescimento econômico", etc, todas essas promessas não passam, no entanto, de ilusões para os trabalhadores.

Segundo setores da esquerda radical, nem a Unasul, nem Chávez, nem Morales, nem Lula representam uma alternativa para a melhoria das condições de vida da classe trabalhadora latino-americana.

DIVERGÊNCIAS

Colômbia

Assinou polêmico acordo militar com os Estados Unidos e recebe críticas dos governos de esquerda da América Latina
 
Venezuela

Alega ser vítima de um plano de ataque militar colombiano com o apoio dos EUA
 
Peru

Acusa Chile de espionagem e de armamentismo
  
Chile

Diz que problemas com o Peru devem ser resolvidos de forma bilateral, não por meio da Unasul
 
Equador

Acusa serviço de inteligência colombiano de tê-lo espionado, assim como à Venezuela e Cuba.
 
Posteriormente, após outra reunião da Unasul, o jornal O Estado de São Paulo publicou a seguinte matéria:

"O Brasil bolivariano do PT mostra a sua cara. Novo presidente da Unasul é um traficante, assassino e caçado pela Interpol. Sua escolha teve apoio de Dilma.

O fugitivo da Justiça, Dési Bouterse, recebeu todo o apoio  de Dilma para presidir a Unasul bolivariana. Não é este o primeiro bandido apoiado pelo Brasil do PT. E Dilma não quer ser espionada pelos Estados Unidos.
 
O comunicado final da mais recente reunião de cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) enfatizou o compromisso com "valores comuns como a democracia, o Estado de Direito, respeito absoluto pelos direitos humanos e a consolidação da América do Sul como uma zona de paz". Se é assim, nada justifica a entrega da presidência ao Suriname, governado pelo notório Dési Bouterse.
 
A ficha corrida do presidente surinamês é extensa. Ele foi ditador entre 1980 e 1987, após um sangrento golpe militar, e de 1990 a 1991, também depois de uma quartelada. É acusado de diversas violações de direitos humanos, em especial o assassinato de opositores - no caso mais rumoroso, que gerou protestos no mundo todo, 15 jovens que haviam criticado a ditadura foram torturados e mortos pelos soldados de Bouterse na calada da noite. Em sua defesa, Bouterse diz que não foi ele quem "puxou o gatilho".
 
Em 2000, o ex-ditador foi condenado in absentia pela Justiça da Holanda a onze anos de prisão sob acusação de tráfico de cocaína. Telegramas vazados peloWikiLeaks mostram que Bouterse permaneceu no negócio das drogas pelo menos até 2006, organizando remessas de cocaína colombiana para a Europa, via Brasil, e há relatos de ex-colaboradores segundo os quais ele forneceu armas às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em troca de cocaína.
 
Há uma ordem de prisão contra Bouterse emitida pela Interpol, razão pela qual ele só consegue viajar por lugares que ignoram essa ordem e o reconhecem não como criminoso condenado, mas como chefe de Estado. Bouterse, por exemplo, esteve recentemente no Brasil, como convidado da presidente Dilma Rousseff, para prestigiar a visita do papa Francisco.
 
O ex-ditador, que nunca deixou de ser a figura mais influente do Suriname, tornou-se presidente em julho de 2010, em eleição indireta - ele foi escolhido pelo Parlamento graças a uma aliança com o partido de Ronnie Brunswijk, que um dia foi o principal inimigo de Bouterse e hoje é o homem mais rico do Suriname. Brunswijk também foi condenado na Holanda por tráfico de drogas.
 
Uma vez de volta ao poder, Bouterse nomeou o filho, Dino - outro narcotraficante condenado, inclusive no Suriname -, para chefiar a unidade de combate ao terrorismo no país. Dino esteve diversas vezes na Venezuela para apoiar Nicolás Maduro na sucessão do caudilho Hugo Chávez e também para negociar com as Farc a troca de armas por cocaína, segundo o jornal venezuelano El Nacional.
 
Foi justamente Dino o pivô do maior constrangimento da Unasul até a presente data. Poucas horas antes de seu pai tomar posse na presidência da entidade, na presença dos principais chefes de Estado do continente, ele estava sendo preso no Panamá portando cerca de 10 quilos de cocaína e um lança-granadas. Extraditado para os Estados Unidos, ele poderá pegar prisão perpétua.
 
Nada disso foi o bastante para constranger os dignitários sul-americanos reunidos em Paramaribo, a capital surinamesa. Nenhum presidente considerou a hipótese de rever a nomeação de Bouterse. Como se nada tivesse acontecido, a Unasul desejou "sucesso" ao ex-ditador condenado por narcotráfico.
 
Na mesma ocasião, como a comprovar a total desmoralização da Unasul, os presidentes renderam homenagem a Hugo Chávez, ressaltando "a dor do vazio que sua ausência nos deixou", qualificando-o como "símbolo de uma geração de estadistas" e exaltando seu "impulso visionário" para a criação da entidade.

Seria apenas cômico, não fosse a Unasul, ao menos no papel, a principal iniciativa de integração continental. O Brasil poderia ter evitado o vexame estrelado por Bouterse, se seu governo não estivesse ideologicamente atado a compromissos que fazem da Unasul um palanque bolivariano".


Fonte: Alerta Total


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Carlos I. S. Azambuja é Historiador.