sexta-feira, 29 de agosto de 2014
Marcos Valério contou em 2012 que PT lhe pediu R$ 6 milhões para chantagista.
Conforme noticiado pelo Jornal O Estado de São Paulo, neste
fim de semana, a Polícia Federal apreendeu no escritório da contadora do
doleiro Alberto Youssef contrato de empréstimo de 2004 no valor de R$ 6 milhões
entre Marcos Valério e uma empresa de Ronan, empresário de Santo André.
Dilma Rousseff deu ordens a Cardozo e outros ministros para
realizarem ação coordenada na tentativa de desqualificar o depoimento prestado
por Valério. “Mas qual terá sido o procedimento tomado por aquele que um dia
vangloriou-se de não ignorar nem engavetar as denúncias que recebe?
Segundo o depoimento de Valério em 2012, o dinheiro serviria
para encerrar suposta chantagem sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, o então secretário da Presidência, Gilberto Carvalho, e o então ministro
da Casa Civil, José Dirceu.
Fonte: A Direita Brasileira em Ação
Marina acena com Fábio Barbosa e Aécio confirma Armínio Fraga para Fazenda, enquanto Dilma se perde
Fábio Barbosa, ex-presidente do Santander, da Federação dos
Bancos e atual presidente do Conselho de Administração do grupo Abril, é o nome
cotado como favorito, nos bastidores, para assumir o Ministério da Fazenda em
um eventual governo Marina Silva. Armínio Fraga, ex-presidente do Banco
Central, já foi anunciado, antecipadamente, por Aécio Neves, como o escolhido
para comandar a Economia, caso consiga vencer o mito Marina e a máquina Dilma –
que tem no ministro Guido Mantega, motivo de chacotas no mercado, como seu
ponto fraquíssimo.
Todos já sabem que transmitir a imagem de capacidade de
gestão econômica, com previsão de crise para 2015, é um fator fundamental para
assegurar o apoio político – e principalmente financeiro – do “deus mercado” na
hora em que a eleição começa a se decidir. Esta é a desvantagem maior de Dilma
– que não consegue transmitir segurança. Marina já tem sua imagem desenhada,
religiosamente, como salvadora da pátria. E Aécio Neves, que seria o candidato
favorito do tal mercado, não consegue decolar. Fica apenas na promessa de que
os votos cairão do céu – imagem messiânica mais próxima do estilo Marina.
O eleitorado quer mudança. Só não consegue expressar que
mudança deseja. Os candidatos também não conseguem captar a mensagem. A eleição
não empolga a maioria que continua apática como de costume. O clima é de
torcida de futebol: uns contra os outros. Os discursos não indicam caminhos
viáveis, concretos e seguros para o Brasil. As entrevistas e debates
televisivos nada acrescentam e só confirmam o despreparo dos candidatos para
lidar com as simples questões do dia-a-dia: carestia, cartorialismo,
banqueiragem, corrupção e incompetência de gestão da coisa pública.
Com alto risco de fraude eleitoral, vão se eleger os mesmos
clãs políticos de sempre, com falsa renovação: entram novas figuras para fazer
as mesmas coisas dos antecessores. O cenário para o ano que vem é de mesmice,
com uma crise que pode ou não ser violenta. O que se fará para evitá-la.
Ninguém sabe...
Ficamos igual ao pessoal da orquestra do Titanic. Vamos
tocando e dançando, enquanto o navio afunda... Quem sobreviver se deu bem...
Tudo tranquilo
Mitomania política
Pelo menos na indução das pesquisas de opinião, que ouvem
uns dois mil eleitores, num universo eleitoral de 142 milhões de pessoas, o
brasileiro entra na empolgação de votar no “mito”.
Foi sempre assim com o “ex-operário” Lula.
A farsa histórica se repete agora com a “ex-seringueira”
Marina, viúva política do Eduardo Campos, que tem DNA de petista radical chic,
apesar da carinha de moça pobre e um visual calvinista (não do estilista Calvin
Klein, mas do teólogo João Calvino).
Novo “Tribunal” de “Justiça”
O besteirol da candidata-presidenta Dilma ganhou uma nova
pérola ontem, com o comentário sobre a decisão tomada pela maioria dos
ministros do “Tribunal” de Contas da União de não bloquear os bens da
“Presidente” da Petrobras, Maria das Graças Foster, por causa do escândalo
Pasadena, um prejuízo de US$ 792 milhões.
Dilma festejou a “justiça” do TCU:
“Acho que se fez justiça. Se a maioria do TCU decidiu se fez
justiça, porque é uma questão de justiça. Eu sempre afirmei que a Graça Foster
tinha sido objeto disso pelos seus méritos, porque é uma pessoa íntegra e
competente, uma pessoa capaz e uma pessoa extremamente dedicada. Fico feliz com
essa informação”.
Detalhe sempre importante: O TCU não é tribunal, porque não
faz parte do judiciário, e nem faz Justiça, pois é um mero órgão auxiliar do
Poder Legislativo para fins de fiscalização do poder público, com ministros
indicados pelo Poder Executivo e pela classe política...
Negligência punível
Ex-ministra das Finanças supostamente negligente em uma
fraude política de 403 milhões de Euros é investigada pela Justiça.
Isto acontece na França, onde mora muito bem o Chico
Buarque...
O alvo é Christine Lagarde, embora seja a super-poderosa
diretora gerente do Fundo Monetário Internacional.
Se fosse no Brasil, dificilmente, a moça tomaria no TCU, por
exemplo...
Bronca Brizolista
Tradução
Liberdade apenas para os petistas
"Um Outro Mundo É Possível"
Assistindo às
presidenciáveis no debate promovido pela Band, percebi que vivemos sob a
influência de uma ideologia escancaradamente reacionária. Seus adeptos,
encilhando-se a fórmulas superadas, se dedicam, por todos os modos, a puxar as
rédeas da humanidade e da civilização. Lembrei-me dos Fóruns Sociais Mundiais e
de seu slogan - "Um outro mundo é possível". Sim, sim, escrevi eu à
época. Um novo Big Bang, uma nova Criação, um novo Paraíso com maçãs para
todos.
Foi em nome dessa ideologia que, em abril de 2000, muitos
saíram às ruas a vociferar contra o Descobrimento. Quando o MST invade uma
propriedade rural, eles chamam de ocupação. Quando se referem ao desembarque
dos portugueses em Porto Seguro, falam em invasão. Por algum motivo obscuro
ainda não escolheram Cabral, primeiro invasor, como patrono do MST. É claro que
se os portugueses tivessem tocado direto para as Índias, nosso país seria hoje
o que são as tribos que se mantiveram sem contato com a civilização. Vale
dizer: viveríamos lascando pedra.
Essa ideologia, se pudesse, acabaria com o imenso usucapião
denominado Brasil. Os negros voltariam à África, os brancos seriam banidos para
a Europa e os índios promoveriam uma continental desapropriação do solo e das
malfeitorias aqui implantadas. Alerta: os defensores de tão escabrosa
geopolítica se aborrecerão terrivelmente se você apontar o racismo embutido em
tais conceitos.
Como não poderia deixar de ser, a ideologia em pauta é
contra a globalização. Para evitá-la, teríamos que retornar às cavernas de
origem e combater o nomadismo como um fenômeno perigoso, precursor do
famigerado neoliberalismo.
Ela é, também, contra o grande capital, o que não significa
ser favorável ao pequeno capital pois o capital é um bem que degenera enquanto
cresce... Melhor e menos suspeito seria não ter capital algum. Idêntico
raciocínio leva a rejeitar a grande empresa e a grande lavoura. Se essa
ideologia tivesse poder há mais tempo, estaríamos plantando com as mãos,
tocando tambor para chover, trocando mercadorias e desinventando o dinheiro.
Malthus teria razão e o planeta providenciaria menos 4 bilhões de almoços por
dia.
Essa ideologia é contra a democracia representativa, a
pesquisa genética, as privatizações, o mercado, a tecnologia. No fundo, deve
ser contra, até mesmo, quem agride a natureza lascando suas pedras. Cuidado,
porém. Mais alguns passos para trás e a gente vira ameba.
_____________
* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor,
titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais
e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da
utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.
A outra eleição
Por Merval Pereira - O Globo
Sobrou até para o Pastor Everaldo. Ele vinha bem, ali entre
3% e 4% das intenções de voto, e tinha planos de até dobrar essas intenções
para se tornar um eleitor de peso no segundo turno da eleição presidencial.
Veio o fenômeno eleitoral Marina Silva e tirou os votos evangélicos do pastor,
um efeito colateral da verdadeira limpa que Marina fez, acrescentando nada
menos que 20 pontos aos 9 que Eduardo Campos tinha na última pesquisa Ibope:
Dilma e Aécio perderam 4 pontos cada; os candidatos nanicos perderam 3 pontos
no seu conjunto; a taxa de votos nulos ou em branco caiu 6 pontos; e a de
indecisos, outros 3 pontos.A questão parece ser que Dilma e Aécio se prepararam
para uma eleição e estão disputando outra, que mudou radicalmente desde a morte
de Campos, há 13 dias. Não atribuo esse crescimento de Marina à comoção
popular, embora a morte trágica de Campos tenha dado a ela uma exposição
nacional maior naqueles dias do que terá em toda a campanha eleitoral, com os
poucos minutos que tem de propaganda oficial.
Embora sejam números semelhantes, o crescimento do candidato
Paulo Guerra em Pernambuco, nada menos que 18 pontos nos últimos dias,
dando-lhe condições de aspirar a vencer a eleição para governador, nada tem a
ver com os 20 pontos que Marina acrescentou à sua candidatura.
Em Pernambuco, a comoção com a morte de Campos e a
politização proposital de seu enterro pela família, numa homenagem à sua
memória política, vão se transformar possivelmente na vitória do candidato que
o ex-governador havia escolhido para sucedê-lo. Com relação a Marina, sua
votação me parece fruto do despertar de um eleitorado que estava em busca de um
candidato que se identificasse com o desejo de mudança registrado em todas as
pesquisas.
Mudança, sobretudo, de relação política entre o Palácio do
Planalto e o Congresso, e deste com os cidadãos-eleitores. A busca é tão clara
que o candidato tucano Aécio Neves apareceu em pesquisas anteriores em empate
técnico com a presidente Dilma num possível segundo turno, e hoje aparece
perdendo por seis pontos, o que o coloca a dois pontos apenas desse empate,
mesmo estando em terceiro lugar.
Já a candidata Marina está a um ponto do empate técnico no
primeiro turno com a presidente, e aparece na frente 9 pontos no segundo turno.
Creio que, se ela tivesse conseguido organizar seu partido, estaria desde o
início disputando o segundo lugar com Aécio, e haveria mais tempo para que a
escolha fosse feita de maneira racional, como propõem os tucanos.
A presidente Dilma montou toda sua campanha eleitoral no
contraponto com o PSDB, tentando diluir seus fracassos nos 12 anos de governos
petistas. Já Aécio Neves preparou-se para discutir os quatro anos de Dilma, e
mostrar-se como a escolha segura para quem queria dar um fim aos anos de PT no
poder. A mudança segura.
Enquanto seu contraponto era Eduardo Campos, ia no caminho
certo, e tinha até condições de vencer num segundo turno - e continua tendo,
como mostra a pesquisa Ibope -, mas agora está às voltas com uma concorrente
que traz consigo a marca do novo, fantasiosa embora, pois Marina está na
política há muito tempo, já foi vereadora, senadora, ministra de Estado, já
esteve em três partidos diferentes (PT,PV e PSB) e prepara sua Rede para mais
adiante.
Mas conseguiu, nesse tempo todo, manter-se fiel a seus
princípios éticos na política, a ponto de dar a sensação a seus seguidores de
que ela nunca esteve envolvida na política tradicional, que rejeita. Por isso,
desconstruí-la será tarefa árdua para Dilma e Aécio.
É possível que boa parte da base aliada da presidente comece
a debandar, em busca de salvar-se na candidatura Aécio, se a vitória de Marina
no segundo turno deixar de ser uma onda que vem e vai para se transformar em
uma possibilidade real. Esses partidos só estão com Dilma porque consideravam inevitável
sua vitória, e devem estar lamentando não terem desertado antes, como fizeram
alguns setores do PMDB, do PP, do PTB.
Mas talvez aí seja tarde demais para reverter a situação que
se desenha no horizonte.
Fonte: A VerdadeSufocada
Unasul – União das Nações Sul-Americanas
Por Carlos I. S. Azambuja
Em 23 de maio de 2006, presidentes e representantes dos 12
países da América do Sul assinaram em Brasília, o tratado de criação da União
das Nações Sul-americanas (Unasul).
O projeto para a criação da Unasul foi apresentado pela
primeira vez durante uma reunião em 2004, na cidade de Cuzco, no Peru.
Inicialmente o projeto foi denominado de Casa (Comunidade Sul-Americana de
Nações), mas posteriormente foi rebatizado durante a Primeira Reunião
Energética da América do Sul, realizada em 2007 na Venezuela.
A Unasul funcionará com uma presidência temporária e
rotativa Atualmente a presidência é da Bolívia.
A Unasul se organiza a partir de alguns órgãos
deliberativos: um Conselho de Chefes de Estado e de Governo que se reunirão
anualmente, um Conselho de Ministros de Relações Exteriores e um Conselho de
Delegados que se reunirão semestralmente. Além disso, existe o plano para a
criação de um Parlamento único da Unasul.. A Unasul ainda contará com uma
secretaria permanente que se localizará em Quito, capital equatoriana.
Um dos principais objetivos do tratado é tentar desenvolver,
na América do Sul, uma coordenação política, econômica e social. Com a Unasul,
se pretende adotar mecanismos financeiros conjuntos e ainda avançar na
integração física, energética, de telecomunicações, além de projetos em
conjunto nas áreas de ciência e de educação. Segundo o Itamaraty, os objetivos
da Unasul são "o fortalecimento do diálogo político entre os Estados
membros e o aprofundamento da integração regional".
Os países que compõem a Unasul têm opiniões e objetivos
diversos sobre os objetivos reais que Unasul poderá alcançar. Para o ministro
das Relações Exteriores do Chile, Alejandro Foxley, o seu país tem três
principais interesses: energia, infra-estrutura e uma política comum de
inclusão social. Já o chanceler boliviano, David Choquehuanca, afirmou que a
Bolívia espera que a Unasul não se limite apenas ao comércio e trate da também
da "união dos povos".
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou durante o
encontro que a Unasul é um Tratado muito importante para o continente e que
esse Tratado fortalecerá os governantes do hemisfério sul. "Somos todos
governos de esquerda, temos muito em comum, e nos comprometemos a dinamizar
toda a união da América do Sul", declarou Chávez.
Para o presidente Lula, a "América do Sul unida mexerá
com o tabuleiro do poder no mundo, não em benefício próprio, mas de
todos." Lula ainda afirmou que a Unasul poderá fortalecer os países da
região frente às nações desenvolvidas. Durante o encontro declarou que
"estamos transformando em realidade o sonho integrador dos nossos
libertadores. O Tratado nos lembra que a integração sul-americana é essencial
para o fortalecimento da América Latina e Caribe. Nasce sobre o signo do
pluralismo".
Segundo Lula, a Unasul deve ser construída como parte dos
projetos de desenvolvimento de cada país e em benefício de todos. Defendeu que
"nossa América do Sul não será mais um mero conceito geográfico. A partir
de hoje é uma realidade política, econômica e social, com funcionalidade
própria".
Mesmo que nos últimos anos a integração entre os países da
América do Sul tenha se aprofundado em alguns aspectos, existem muitos
problemas que dificultam uma integração efetiva. Uma das principais
dificuldades é a assimetria econômica. O Brasil representa quase metade do PIB
que compõe a Unasul. Segundo apontam dados da Cepal (Comissão Econômica para
América Latina e Caribe), o Produto Interno Bruto (PIB) dos 12 países da
América do Sul alcançou 2,5 trilhões de dólares em 2006. Contudo, só o PIB do
Brasil foi de 1,06 trilhão de dólares em 2006, e em 2007 foi de US$ 1,3
trilhão.
Além dessa assimetria econômica, na América do Sul os
governantes apresentam diferentes visões políticas e diferentes interesses e
aliados internacionais. Tal pluralismo político mantém uma integração profunda
da região apenas como um objetivo distante.
Existem muitas pendências entre diferentes países na América
do Sul. Chile e Peru têm uma disputa territorial pendente desde a Guerra do
Pacífico, no século XIX. Esta questão ainda está em andamento no Tribunal
Internacional de Haia. A Bolívia também reivindica do Chile uma saída para o
mar, perdida na mesma guerra do Pacífico.
O conflito mais recente na região envolveu a Venezuela,
Equador e Colômbia que travaram, em março, uma disputa envolvendo as Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Tal crise foi provocada pela ação
militar da Colômbia contra as Farc em território equatoriano. Essa desavença
também ainda não foi totalmente superada. Trata-se de mais uma disputa regional
que impede qualquer integração real.
Diante desses conflitos uma questão importante que também
está na pauta da Unasul é a criação de um Conselho de Defesa. A proposta para a
criação desse Conselho partiu do presidente Lula. Segundo ele: "É hora de
fortalecer nosso continente na área da defesa. Devemos articular uma visão de
defesa na região fundada em valores e princípios comuns, como o respeito à
soberania. Por isso, determinei ao meu Ministro da Defesa para que realizasse
consulta com todos os países da América do Sul sobre o Conselho Sul-Americano
de Defesa. Creio que devemos discutir essa iniciativa aqui". Essa proposta
pela criação do Conselho de Defesa ganhou força depois da crise que envolveu
Venezuela, Colômbia e Equador.
O então Ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que o
projeto do Conselho já está definido, sendo que ele teria o objetivo de
organização, comunicação e colaboração entre os países. Contudo, o Conselho não
pretenderia desenvolver uma estrutura de integração militar.
O então presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, foi contrário
à proposta do presidente Lula e argumentou que a região já conta com a OEA
(Organização dos Estados Americanos) e aludiu às divergências com países
vizinhos, entre os quais o Brasil e a Venezuela, em torno da classificação de
grupos armados ilegais como terroristas, principalmente as Farc. Diante do
impasse, a discussão sobre a criação do Conselho foi adiada.
De qualquer forma, tal projeto, longe de procurar garantir a
soberania da América Latina, parece poder servir de um grande pretexto para
altos investimentos na lucrativa indústria armamentista e criar mais uma força
intervencionista internacional, tal como tem sido os chamados "capacetes
azuis" da ONU, que, sob o comando do Brasil, atuam no Haiti.
A Unasul esqueceu-se de um dado fundamental: qual a sua
proposta real para os trabalhadores? Diante da atual crise econômica mundial
que se torna cada vez mais grave, diante da crise de alimentos e da inflação
crescente, qual o programa da Unasul para os trabalhadores da América do Sul?
Para a classe operária não existe nada além de promessas vazias e de discursos
com frases feitas. Fala-se em "união dos povos", "inclusão
social", "crescimento econômico", etc, todas essas promessas não
passam, no entanto, de ilusões para os trabalhadores.
Segundo setores da esquerda radical, nem a Unasul, nem
Chávez, nem Morales, nem Lula representam uma alternativa para a melhoria das
condições de vida da classe trabalhadora latino-americana.
DIVERGÊNCIAS
Colômbia
Assinou polêmico acordo militar com os Estados Unidos e
recebe críticas dos governos de esquerda da América Latina
Venezuela
Alega ser vítima de um plano de ataque militar colombiano
com o apoio dos EUA
Peru
Acusa Chile de espionagem e de armamentismo
Chile
Diz que problemas com o Peru devem ser resolvidos de forma
bilateral, não por meio da Unasul
Equador
Acusa serviço de inteligência colombiano de tê-lo espionado,
assim como à Venezuela e Cuba.
Posteriormente, após outra reunião da Unasul, o jornal O
Estado de São Paulo publicou a seguinte matéria:
"O Brasil bolivariano do PT mostra a sua cara. Novo
presidente da Unasul é um traficante, assassino e caçado pela Interpol. Sua
escolha teve apoio de Dilma.
O fugitivo da Justiça, Dési Bouterse, recebeu
todo o apoio de Dilma para presidir a Unasul bolivariana. Não é este o
primeiro bandido apoiado pelo Brasil do PT. E Dilma não quer ser
espionada pelos Estados Unidos.
O comunicado final da mais recente reunião de cúpula da
União de Nações Sul-Americanas (Unasul) enfatizou o compromisso com
"valores comuns como a democracia, o Estado de Direito, respeito absoluto
pelos direitos humanos e a consolidação da América do Sul como uma zona de
paz". Se é assim, nada justifica a entrega da presidência ao Suriname,
governado pelo notório Dési Bouterse.
A ficha corrida do presidente surinamês é extensa. Ele foi
ditador entre 1980 e 1987, após um sangrento golpe militar, e de 1990 a 1991,
também depois de uma quartelada. É acusado de diversas violações de direitos
humanos, em especial o assassinato de opositores - no caso mais rumoroso, que
gerou protestos no mundo todo, 15 jovens que haviam criticado a ditadura foram
torturados e mortos pelos soldados de Bouterse na calada da noite. Em sua
defesa, Bouterse diz que não foi ele quem "puxou o gatilho".
Em 2000, o ex-ditador foi condenado in
absentia pela Justiça da Holanda a onze anos de prisão sob acusação
de tráfico de cocaína. Telegramas vazados peloWikiLeaks mostram que Bouterse
permaneceu no negócio das drogas pelo menos até 2006, organizando remessas de
cocaína colombiana para a Europa, via Brasil, e há relatos de ex-colaboradores
segundo os quais ele forneceu armas às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(Farc) em troca de cocaína.
Há uma ordem de prisão contra Bouterse emitida pela
Interpol, razão pela qual ele só consegue viajar por lugares que ignoram essa
ordem e o reconhecem não como criminoso condenado, mas como chefe de Estado.
Bouterse, por exemplo, esteve recentemente no Brasil, como convidado da
presidente Dilma Rousseff, para prestigiar a visita do papa Francisco.
O ex-ditador, que nunca deixou de ser a figura mais
influente do Suriname, tornou-se presidente em julho de 2010, em eleição
indireta - ele foi escolhido pelo Parlamento graças a uma aliança com o partido
de Ronnie Brunswijk, que um dia foi o principal inimigo de Bouterse e hoje é o
homem mais rico do Suriname. Brunswijk também foi condenado na Holanda por
tráfico de drogas.
Uma vez de volta ao poder, Bouterse nomeou o filho, Dino -
outro narcotraficante condenado, inclusive no Suriname -, para chefiar a unidade
de combate ao terrorismo no país. Dino esteve diversas vezes na Venezuela para
apoiar Nicolás Maduro na sucessão do caudilho Hugo Chávez e também para
negociar com as Farc a troca de armas por cocaína, segundo o jornal venezuelano
El Nacional.
Foi justamente Dino o pivô do maior constrangimento da
Unasul até a presente data. Poucas horas antes de seu pai tomar posse na
presidência da entidade, na presença dos principais chefes de Estado do
continente, ele estava sendo preso no Panamá portando cerca de 10 quilos de
cocaína e um lança-granadas. Extraditado para os Estados Unidos, ele poderá
pegar prisão perpétua.
Nada disso foi o bastante para constranger os dignitários
sul-americanos reunidos em Paramaribo, a capital surinamesa. Nenhum presidente considerou
a hipótese de rever a nomeação de Bouterse. Como se nada tivesse acontecido, a
Unasul desejou "sucesso" ao ex-ditador condenado por narcotráfico.
Na mesma ocasião, como a comprovar a total desmoralização da
Unasul, os presidentes renderam homenagem a Hugo Chávez, ressaltando "a
dor do vazio que sua ausência nos deixou", qualificando-o como
"símbolo de uma geração de estadistas" e exaltando seu "impulso
visionário" para a criação da entidade.
Seria apenas cômico, não fosse a Unasul, ao menos no papel,
a principal iniciativa de integração continental. O Brasil poderia ter evitado
o vexame estrelado por Bouterse, se seu governo não estivesse ideologicamente
atado a compromissos que fazem da Unasul um palanque bolivariano".
Fonte: Alerta Total
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Carlos I. S. Azambuja é Historiador.
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