Por Armando Luiz Malan de Paiva Chaves
Que significa a expressão politicamente correto, tão usada,
frequentemente, nos dias de hoje, pelos interessados em promovê-la?
É um eufemismo, criado pelos atuais donos do poder, com o
objetivo de dar uma roupagem aparentemente correta àpolítica de ludibriar a
opinião pública. Consiste em iniciativas que contrariam a tradição social e os
princípios pelos quais sempre se orientou a sociedade. São argumentos e temas
que se contrapõem a costumes historicamente ancorados na distinção consciente
entre o bem e o mal.
O artifício é engendrado para justificar e induzir ao
“aggiornamento” individual e coletivo, visando ao aceite de atitudes e
procedimentos anteriormente rejeitados pela maioria da coletividade.
A lastimável constatação é que seus efeitos nocivos se estão
irradiando e contaminando parcelas significativas da população mais instruída,
seja por adesão, seja por omissão, seja por acomodação.
No campo da educação, vemos pais e mães aceitando que seus
filhos, muito antes da puberdade, recebam tratamento de adultos no aprendizado
da genética dos sexos, da sexualidade e, pior, da homossexualidade a ser
adotada como escolha.
Quando mais crescidos, são postos a estudar História com
viés político, que deforma os fatos ao sabor de ideologias e reduz a pó os
valores históricos – epopeias, vultos insignes e heróis – da nacionalidade.
Exemplo recente, que dispensa comentários, é uma escola pública de Salvador, BA,
ser rebatizada, pelo então Governador, hoje Ministro da Defesa, com o nome do
líder assassino Carlos Marighela, promotor da violência terrorista. Relegado ao
lixo do esquecimento, foi apagado o nome de seu anterior patrono, Presidente
Emílio Garrastazu Médici.
No campo dos costumes, tornaram-se legalmente aceitas a vida
conjugal de duas pessoas do mesmo sexo e o direito de criar filhos – adotados
ou gerados por inseminação. É vista também como regular a preparação desses
filhos para a vida: terão de dizer aos colegas de escola que seus pais são dois
homens ou duas mulheres.
A cor da pele, sem exigência outra de comprovação que não a
declaração do próprio, passou a ser passaporte para matrícula no ensino
superior. Ao contrário, a baixa condição financeira da família, que deveria ter
prevalência sobre a raça, depende de ser legalmente atestada para dar o mesmo
direito. E ficam frustrados, a ver navios, aqueles que não podem invocar nenhum
desses argumentos, ainda que, nas provas vestibulares, tenham obtido maior grau
para aprovação. Será essa a Igualdade de direitos politicamente
correta à luz da Lei Maior?
A moralidade se vê confundida, se não ameaçada, por
procedimentos de homens públicos que explicam falcatruas financeiras em
benefício próprio como dinheiro de “caixa dois”: mesmo não sendo legal, são
desculpadas com o argumento de “todo o mundo faz”. Veja-se o mensalão. E, no
recente colapso institucional, econômico e moral do petrólão, os destinatários
de recursos pagos pelas empreiteiras buscam inocentar-se alegando que foram
destinados aos partidos políticos, comprovados por contas regulares
apresentados à Justiça Eleitoral. Em provável continuação dos desmandos que
confrangem a sociedade brasileira, mais um escândalo, envolvendo o BNDES em
empréstimos secretamente concedidos a nações estrangeiras, começa por vir a
furo.
O politicamente correto não é apenas
um “aggiornamento” cultural. É um caminho escolhido para submeter a
sociedade à lassidão, às concessões morais, à subserviência mental, com a
finalidade de fazer dela um joguete passivo das transformações que levarão o
país ao socialismo, primeiro estágio do comunismo.
As lições de cárcere do ativista comunista italiano Antonio
Gramsci, que rejeitou a conquista do poder pela força e recomendou a submissão
da sociedade por uma via a que o politicamente correto está
umbilicalmente ligado, demonstram com nitidez onde pretendem chegar os atuais
dirigentes do país.
Quem se debruçar sobre as resoluções do Foro de São Paulo –
agremiação que reúne representantes do socialismo comunista da América Latina –
não terá dúvida de que pretendem implantar sua doutrina e de que já palmilharam
boa parte do caminho, inclusive no Brasil.
O combate ao politicamente correto não
é atribuição de policiais, das Forças Armadas, do Judiciário ou do Ministério
Público. É responsabilidade intransferível do cidadão afinado com seus princípios,
formação moral, conceito de família, ética, convicção religiosa e patriotismo.
O confronto ocorrerá sempre que venha a termo, em seu conhecimento, qualquer
ideia, procedimento ou propaganda que induza ao desvirtuamento dos valores que
aprova e defende.
Ao combate, pois, cidadão, cidadã. O futuro de seus filhos e
netos, o futuro da sociedade, o futuro do Brasil dependem de sua disposição
aguerrida de lutar.
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Armando Luiz Malan de Paiva Chaves é
General de Exército