Por Nivaldo Cordeiro
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
Na paisagem eleitoral, falta o porta-voz dos indignados com os fora da lei no poder
Dilma Rousseff perde o sono em dia de pesquisa e perde o
controle dos nervosos em noite de debate. É compreensível que se apavore ao
imaginar-se conversando com um jornalista independente. Ao escapar do encontro
com o excelente William Waack, a fugitiva do Jornal da Globo poupou o cérebro
baldio do colapso que seria inevitavelmente consumado pelas perguntas que aguardavam
a entrevistada. Confiram:
- Os últimos índices oficiais de crescimento indicam que o país entrou em recessão técnica. A senhora ainda insiste em culpar a crise internacional, mesmo diante do fato de que muitos países comparáveis ao nosso estão crescendo mais?
- A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel artificialmente para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?
- A forma como é feita a contabilidade dos gastos públicos no Brasil, no seu governo, tem sido criticada por economistas, dentro e fora do país, e apontada como fator de quebra de confiança. Como a senhora responde a isso?
- A senhora prometeu investir R$ 34 bilhões em saneamento básico e abastecimento de água até o fim do mandato. No fim do ano passado, tinha investido menos da metade, segundo o Ministério das Cidades. O que deu errado?
- Em 2002, o então candidato Lula prometeu erradicar o analfabetismo, mas não conseguiu. Em 2010, foi a vez da senhora, em campanha, fazer a mesma promessa. Mas foi durante o seu mandato que o índice aumentou pela primeira vez, depois de quinze anos. Por quê?
- A senhora considera correto dar dentes postiços para uma cidadã pobre, um pouco antes de ser feita com ela uma gravação do seu programa eleitoral de televisão?
O que há com Aécio Neves que até agora não formulou nenhuma
dessas perguntas ─ claras, concisas e contundentes ─ em debates na TV ou no
horário eleitoral? O que espera o terceiro colocado nas pesquisas (e em quda)
para acrescentar à sequência de interrogações dezenas de outras amparadas no
colosso de casos de polícia protagonizados pelo governo em decomposição? Por
que não força a candidata à reeleição a afundar agarrada a respostas bisonhas e
álibis mambembes? Para continuar sonhando com o segundo turno, Aécio deve
gastar muito mais chumbo com a presidente sem rumo do que com Marina. É Dilma a concorrente a ser batida.
A onda cavalgada por Marina parece exibir força e fôlego
suficientes para alcançar a praia do Planalto. É na onda antipetista, de dimensões
igualmente impressionantes, que Aécio Neves talvez consiga surfar. Aí reside a
chance derradeira. O PT está cada vez mais grisalho e enrugado. Sumiu o Lula
que instalava postes em qualquer gabinete. Quase todos os companheiros
candidatos a governador estão mal no retrato. Alguns resfolegam na zona do
rebaixamento. Em São Paulo, por exemplo, Alexandre Padilha, produzido e
dirigido pelo chefe supremo, nem chegou aos dois dígitos.
Até agora, os milhões de indignados com os fora da lei no
poder não têm porta-voz na temporada de caça ao voto. Nenhum candidato à
Presidência ou a governos estaduais traduz o que vai pela mente e pela alma
dos humilhados e ofendidos por 12 anos
de corrupção, descaramento, cinismo, inépcia, parcerias obscenas, cafajestagem,
arrogância, agressões à liberdade e ao Estado Democrático de Direito, fora o
resto.
Na paisagem eleitoral, falta o candidato da indignação.
Talvez haja tempo para que Aécio Neves se transforme no que desde sempre
deveria ter sido e não foi.
Suplicy pagou passagem da namorada com dinheiro público, mas na campanha fala de honestidade
Por ucho.info
(Foto: Ucho Haddad)
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Face lenhosa – No Brasil, assim como em inúmeras partes do
planeta, a política é o eterno exercício da mentira. Até porque, nove entre dez
políticos creem na teoria esdrúxula de Joseph Goebbels, chefe da propaganda
nazista, de que uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade.
Considerado pelo Partido dos Trabalhadores como um
“aloprado” útil, que entra em cena quando a legenda enfrenta dificuldades
enquanto permanece na mira dos adversários, Eduardo Suplicy, ao contrário do
que diziam os “companheiros”, conseguiu legenda para tentar novo mandato no
Senado Federal.
Suplicy protagonizou espetáculos pífios no Senado, como suas
cantorias bizarras e a cueca vermelha que vestiu sobre a calça a pedido de
Sabrina Sato, que à época integrava a equipe do humorístico “Pânico Na TV”. É
verdade que o Senado da República já viveu dias melhores, principalmente nos
quesitos conhecimento e capacidade dos parlamentares, mas é preciso que um
senador, por mais imbecil que seja, saiba a importância da Câmara Alta no
processo político e democrático. Mesmo que o rolo compressor do Palácio do
Planalto seja acionado com frequência.
Na circense campanha que faz em São Paulo, na tentativa de
cabalar votos entre os eleitores paulistas, Eduardo Suplicy é o segundo
colocado nas pesquisas, atrás apenas do tucano José Serra, que deve conquistar
a única vaga paulista no Senado que está em disputa.
Para convencer seu eleitorado, Suplicy adotou a estratégia
de “vender” aos incautos sua honestidade. Tanto é assim, que seu material de
campanha insiste em destacar a ética e o respeito que o senador petista devota
ao dinheiro público.
É fato que cada um acredita naquilo que lhe convier, mas não
se pode ignorar a realidade dos fatos, até porque honestidade na seara política
é mercadoria raríssima. Apenas para desmontar o discurso oportunista de
Suplicy, o senador usou parte da verba de seu gabinete para levar sua namorada
a Paris. Descoberto, Eduardo Suplicy exibiu sua conhecida expressão de sonso e
disse que devolveria o dinheiro aos cofres do Senado.
A devolução do dinheiro surrupiado do bolso do contribuinte
não ilide o crime. É o mesmo que matar alguém a facada e diante da constatação
do crime querer minimizar o estrago retirando a faca cravada no cadáver. Na
ocasião, Suplicy alegou que desconhecia a proibição do uso do dinheiro público
para tal fim.
Ora, se um senador da República desconhece as regras básicas
da vida pública, começando pela moralidade, que deixe o cargo para quem sabe o
que isso significa. A grande questão é como encontrar alguém no Brasil que
saiba o significado de moralidade, uma vez que a extensa maioria dos políticos
faz na vida pública aquilo que diariamente faz na privada.
Dilma acusa Marina de ser igualzinha a Fernando Collor, que disputa a reeleição para o Senado com o apoio da acusadora
Depois de avisar que só é possível presidir o Brasil com o
apoio da maioria do Congresso, o programa de Dilma Rousseff no horário
eleitoral desta terça-feira descambou para o terrorismo de chanchada. A
coligação que apoia Marina Silva, vaticinou o locutor, não conseguirá eleger
uma bancada parlamentar suficientemente numerosa para garantir a aprovação dos
planos e projetos do governo. Assim, a candidata do PSB pode até chegar à
Presidência. Mas não chegará ao fim do mandato.
Especialista em mensagens oblíquas, o marqueteiro João
Santana evocou dois exemplos para dar à conversa fiada ares de aula de História e associar Marina Silva a um
napoleão de hospício e a um colecionador de falcatruas. Segundo a peça
eleitoreira, foi a falta de sustentação parlamentar que provocou tanto a
renúncia de Jânio Quadros quanto o impeachment de Fernando Collor. Como atesta
o vídeo, o primeiro apareceu com nome, sobrenome e fotografia. O segundo não
deu as caras na tela.
O comercial do PT limitou-se a reproduzir a primeira página
da Folha que noticia o desfecho da crise de 1992: Vitória da Democracia: IMPEACHMENT! Quem foi vencido pela democracia? Cadê o nome
e a foto da vítima do impeachment? A resposta para as omissões escandalosas
está na foto abaixo. Dilma e Collor hoje são bons amigos. Senador por Alagoas,
o aventureiro despejado do Planalto pelo impeachment disputa a reeleição com o
apoio ostensivo da presidente da República.
Comissão da Verdadeira História: Sequestro do embaixador americano
Por Ernesto Caruso
Participaram da ação: Franklin de Souza Martins (Waldir) -
DI/GB; Cid Queiroz Benjamin (Vitor) - DI/GB; Fernando Paulo Nagle Gabeira
(Honório) - DI/GB; Cláudio Torres da Silva (Pedro) - DI/GB; Sérgio Rubens de
Araújo Torres (Rui ou Gusmão) - DI/GB; Antônio de Freitas Silva (Baiano) -
DI/GB; Joaquim Câmara Ferreira (Toledo) - ALN; Virgílio Gomes da Silva (Jonas)
- ALN; Manoel Cyrillo de Oliveira Netto (Sérgio) - ALN; Paulo de Tarso
Venceslau (Geraldo) - ALN; Helena Bocayuva Khair (Mariana) - MR-8; Vera Silvia
Araújo de Magalhães (Marta ou Dadá) - MR-8; João Lopes Salgado (Dino) - MR-8;
José Sebastião Rios de Moura (Aníbal) - MR-8.
Fonte: A Verdade Sufocada
Defesa avalia reprimenda a Comandante Militar do Sul por incitar tropas a derrotarem “inimigos internos”
Perto de ser tirada do poder, a comandanta-em-chefa Dilma
Rousseff sofreu a primeira demonstração pública de descontentamento com a
situação nacional feita por um Oficial General de quatro estrelas, em serviço
ativo, e no comando de um dos mais importantes cargos do nosso Exército. O
Comandante Militar do Sul, General de Exército Antônio Hamilton Martins Mourão,
aproveitou um comentário no final da ordem do Dia do Comandante do Exército em
25 de agosto (Dia do Soldado), em Porto Alegre, para mandar um recado:
"Eu não poderia deixar de complementar a Ordem do Dia
do Exmo Sr. Gen Peri. Dirijo-me aos meus Oficiais, Subtenentes, Sargentos,
Cabos e Soldados, da ativa e da reserva. Ainda temos muitos inimigos internos
que impedem o nosso caminho rumo ao progresso e à democracia. Mas se enganam
aqueles que nos imaginam desprevenidos ou
despreparados. ELES QUE VENHAM!". No que a tropa, devidamente
treinada, respondeu de bate pronto: "SERÃO DERROTADOS".
O recado militar ganha repercussão, circulando nos e-mails de
generais da ativa e da reserva, com o título “Atenção à manobra”. As palavras
do General Mourão foram ouvidas, na solenidade, pelo Chefe do Estado-Maior
Conjunto das Forças Armadas, General de Exército De Nardi. Desde ontem, no
Ministério da Defesa, já se especula sobre uma “reprimenda ao General crítico”
que o ministro Celso Amorim encomendaria ao Comandante do Exército, General
Enzo Peri. No Palácio do Planalto, a recomendação é não colocar lenha no
episódio para não fomentar o ambiente para uma crise militar em final de
governo.
A mensagem do General Mourão foi interpretada como uma
advertência direta à Comissão da Verdade e ao Procurador Geral da República,
Rodrigo Janot, pela recente manifestação em defesa de uma reinterpretação, na
prática, da Lei de Anistia de 1979, para adequá-la aos tratados internacionais
do Brasil sobre direitos humanos. O jogral do General, mandando os inimigos
virem, com a tropa respondendo que serão derrotados é uma prova direta da
desmoralização final do governo do PT.
Em conversas reservadas, os militares já se preocupam,
seriamente, com o novo governo que se desenha pela via da indução das pesquisas
eleitorais. Nas Forças Armadas, uma eventual vitória de Marina Silva é vista
como “um grande atraso, um retrocesso institucional” – na visão de vários
oficiais generais da ativa. Mesmo que Marina, cautelosamente, já tenha repetido
em entrevistas que não mexerá na Lei de Anistia, os militares a consideram “uma
incógnita radical que pode acelerar a marcha do Brasil a uma hegemonia de
esquerda autoritária e populista, pela via de conselhos populares e grupos de
protesto organizados”.
No meio militar, a previsão é de um ano de 2015 com “crises
de vários tipos”.
Done for you
O economista chefe do Itaú-Unibanco, Ilan Goldfajn, e o economista
Caio Megale, assinam um paper a investidores internacionais, em inglês,
advertindo que a “estratégia do comitê de política monetária do Banco Central
do Brasil não contempla uma redução da taxa selic em um futuro próximo:
“No entanto, a inflação perto do limite superior da meta,
aumentos adicionais dos preços administrados previstos para 2014 e 2015 e uma
depreciação provável do real nos próximos trimestres parecem não deixar espaço
para uma menor taxa de juros no futuro próximo, em nosso ponto de vista. Assim,
mantemos o nosso apelo de que a taxa Selic será mantida em 11% até o final de
2015”.
O recado parece feito para você, investidor de fora, que
deseja continuar faturando alto com os juros no Brasil...
Desgraça dos juros
O vice-presidente do Sinditêxtil-SP (Sindicato das
Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo), Francisco José
Ferraroli dos Santos, acredita que, após o péssimo resultado do PIB, com
recessão técnica, e o aumento da inflação, não há mais espaço para a utilização
da política de juros altos, que foi mantida ontem pelo Copom do BC do B:
“Os juros altos são um remédio inútil contra a inflação,
além de contribuírem para o enfraquecimento da economia nacional. Outros
fatores agravantes desta situação são os impostos e taxas demasiadamente
onerosos, inclusive incidentes sobre investimentos e folha de pagamentos; os
fretes, cada vez mais atrasados e caros, majorados pela precariedade dos
transportes e a burocracia exacerbada. Precisamos definir estratégias de longo
prazo, desonerar efetivamente a produção, remover o controle artificial da
inflação e oferecer ao mercado um cenário claro e transparente para estimular
os investimentos produtivos”.
O triste é que nenhum dos candidatos à Presidência deixa clara
a intenção de baixar os juros e mexer com rentabilidade dos bancos – grandes
gargalos para a economia brasileira voltar a ser viável e produtiva para quem
trabalha e investe...
Propaganda sem graça
O Tribunal Superior Eleitoral decidiu, na sessão desta
quarta-feira, multar a presidente da Petrobras, Graça Foster, em R$ 212 mil,
por propaganda veiculada pela estatal de economia mista dentro do período
vedado pela lei eleitoral e com caráter eleitoral.
Graça Foster vai recorrer da decisão ao próprio TSE, com
embargos declaratórios, contra a punição pela publicidade da Petrobras que
tinha o seguinte texto:
"A gente faz tudo para evoluir sempre. Por isso,
modernizamos nossas refinarias e hoje estamos fazendo uma gasolina com menos
teor de enxofre. Um combustível com padrão internacional que já está nos postos
do Brasil inteiro. Para levar o melhor para quem conta com a gente todos os
dias: você".
Novidade
A multa máxima de 100 mil Ufirs foi aplicada à pessoa física
da presidente da estatal e não à Petrobras.
Os ministros Luiz Fux, João Otávio Noronha e o presidente do
TSE, Dias Tóffoli, concordaram com Gilmar Mendes que era preciso elevar o valor
da multa, para que tivesse um “efeito educativo”.
Os ministros Admar Gonzaga, Luciana Lóssio e Maria Thereza
até tentaram aliviar o valor para menos...
Quebradeira
Projeto torna hediondo crime praticado contra agente público
A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 7043/14, do
deputado Mendonça Prado (DEM-SE), que torna hediondo o homicídio praticado
contra qualquer agente do Estado, tanto no exercício de suas funções quanto em
razão de suas atividades. A proposta altera a Lei de Crimes Hediondos
(8.072/90).
“Uma das formas que temos de cercear a sensação de
impunidade vigente é combater a violência contra os agentes estatais, lembrando
que são eles que atuam na vanguarda de proteção social”, argumenta Prado. “Já
não aceitamos os ataques a aqueles que laboram incansavelmente para a proteção
da sociedade”, afirma o autor.
Atualmente, são considerados hediondos os crimes de
homicídio qualificado ou homicídio praticado por grupo de extermínio, de
latrocínio, de extorsão qualificada, de extorsão mediante sequestro, de
sequestro, de estupro, entre outros, todos esses devidamente tipificados no
Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40), tentados ou consumados.
Tramitação
O projeto foi apensado ao PL 3131/08, do Senado, que agrava
as penas dos crimes cometidos por ou contra agente do Estado e foi rejeitado
pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. As propostas
tramitam em regime de prioridade e ainda serão analisadas pela Comissão de
Constituição e Justiça e de Cidadania; e pelo Plenário.
Íntegra da proposta:
Liberalismo ou Aeroportos!
Bate-papo na FGV organizado pelos alunos liberais, sobre o
cenário político e econômico do Brasil.
Por que será que Marina parou de crescer? Como é possível que, com a rejeição que tem, Dilma não caia? E Aécio joga seu futuro nos resultados de Minas Gerais.
Por TVEJA
Amigas e amigos do blog, os esses temas que estão aí no
título não são os únicos que Joice Hasselmann e eu debatemos no programa Aqui
Entre Nós, de TVEJA.
Clique e veja a nossa conversa, sempre em tom informal.
E não perca amanhã, quinta-feira, às 20h30, ao vivo: o
grande J. R. Guzzo, ex-diretor de Redação de VEJA por 15 anos e, hoje,
articulista agudo, preciso e ferino da revista, estará abordando com Joice o
atual cenário político.
Fonte: Ricardo Setti - VEJA
Discutindo o momento político brasileiro
Palestra realizada no dia 14 de agosto no seminário
promovido pela Westchester Financial
Group em São Paulo.
O bicho vai pegar em quem?
Por Arnaldo Jabor
Marina pode ser o olho de um furacão que, claro, jamais
conseguirá renovar a velha política sólida; mas ela pode criar um 'caos' na
vida política.
O Brasil se move por acaso. Os rumos da História, se é que
tem rumos, tendem a se enrolar em si mesmos e só fatos, traumas inesperados
disparam a mutação. Que quer dizer essa frase? Que não são apenas as “relações
de produção” que explicam nossa marcha, mas os detalhes, as ínfimas causas, as
bobagens casuais e tragédias intempestivas fazem o Brasil andar.
Getúlio deu um tiro no peito e adiou a ditadura por dez
anos. Jânio tomou um porre e pediu o boné, um micróbio entrou na barriga do
Tancredo e mudou nossa vida, encarando o Sarney por cinco anos, o Collor foi
eleito por sua pinta de galã renovador e acabou “impichado” por suas
maracutaias. Roberto Jefferson mostrou sua carteirinha de corrupto, se
denunciou junto com os mensaleiros e mudou a paisagem política. E agora Marina
Silva pode ser presidente, em vez da Presidenta.
Com a população mal-informada em sua maioria (não falo dos
miseráveis e analfabetos, mas de gente de terno e gravata) sobre as complexas
questões da política e da economia, a emoção e a catarse movem o país.
Agora, estamos na expectativa; somos o país do eterno
suspense: Marina vai ser eleita ou não? Será que o efeito “tragédia” vai se
evaporar? A grande mudança seria, claro, a social-democracia apta a desfazer as
boquinhas e os pavorosos erros com que o PT nos brindou. Aécio, se eleito, pode
trazer a agenda correta. Mas, se Marina ganhar, teremos um outro tipo de
mudança, uma virada para um “novo” desconhecido, uma virada psicológica e
cultural inesperada. Não adianta analisar Marina com os instrumentos de análise
costumeiros.
Agora em vez dos óbvios vexames do PT, estamos diante do
mistério Marina.
Marina é “sonhática” ou não? Marina é populista? Marina é de
esquerda ou não? Nada. No entanto, amigo leitor, Marina pode ser o olho de um
furacão que, claro, jamais conseguirá renovar a velha política sólida; mas ela
pode criar um “caos” na vida política. Talvez até um “caos progressista” pelo
avesso. Que é isso que quero dizer? Marina pode vir a bagunçar mais a bagunça
existente, mas poderá ser uma “bagunça crítica”, que pode trazer uma espécie de
“destruição criadora” nesta zorra instalada.
Para falar em termos de “contradições negativas” que eles
tanto amam, o caos que Lula, Dilma e o PT criaram na vida nacional pode ter
sido o gatilho para uma revisão em busca de um modelo melhor. Se Marina vencer,
será sabotada continuamente pelos vagabundos que se instalaram no Estado, será
confrontada pelas barreiras fisiologistas dos parlamentares, talvez quebre a
cara tentando. Mas, mesmo que fracasse, teremos um “caos mais moderno”, tirando
do poder a velha cartilha regressista dos nossos bolivarianos. Mesmo que ela se
perca na selva dos meliantes da política, não será mais irracional que os
atuais governantes. O súbito surgimento inconcebível dessa moça da floresta e
suas abstratas declarações são uma prova encarnada do delírio político do país.
Com a queda do avião, houve uma grande reviravolta trágica que resultou em uma
comédia de erros. Ninguém sabe o que vai nos acontecer.
Podemos decifrar, analisar, comprovar crimes ou roubos, mas
nada se move, porque a maior realização deste governo foi justamente a desmontagem
da Razão. Se bem que nunca antes nossos vícios ficaram tão explícitos, nunca
aprendemos tanto de cabeça para baixo. Já sabemos que a corrupção no país não é
um “desvio” da norma, não é um pecado ou crime; é a norma mesmo, entranhada nos
códigos e nas almas. O caudilhismo sindicalista de Lula serviu para entendermos
melhor nossa deformação. Os comentaristas ficam desorientados diante do nada
que os petistas criaram com o apoio do povo analfabeto. Os conceitos críticos
como “democracia, respeito à lei, ética”, viraram insuficientes raciocínios
contra um cinismo impune. Lula com seu carisma de operário sofredor nos
decepcionou, revelando-se um narcisista egoísta e despreparado, enquanto o
melhor governo que tivemos, do FHC, ficou no imaginário da população como um
fracasso, movido pela campanha de difamação sistemática e pela babaquice dos
tucanos que não se defenderam. Os petistas têm mania da ideologia da contramão.
Fizeram tudo ao contrário do óbvio, movidos por uma ridícula utopia
revolucionária, quando na realidade só fizeram avacalhar o país.
Meu Deus, que prodigiosa fartura de novidades fecundas como
um adubo sagrado, belas como nossas matas, cachoeiras e flores. Ao menos,
estamos mais alertas sobre a técnica do desgoverno que faz pontes para o nada,
viadutos banguelas, estradas leprosas, hospitais cancerosos, esgotos à flor da
terra, tudo como plano de aceleração do crescimento. Fizeram tudo para a
reestatização da economia, incharam a máquina pública, invadiram as agências
reguladoras, a Lei de Responsabilidade Fiscal, em busca de um getulismo tardio,
com desprezo pelas reformas, horror pela administração e amor aos mecanismos de
“controle” da sociedade, esta “massa atrasada” que somos nós. A esquerda
psicótica continua fixada na ideia de “unidade”, de “centro”, ignorando a
intrincada sociedade com bilhões de desejos e contradições. Acham que a
complexidade é um complô contra eles, acham a circularidade inevitável da vida
uma armação do neoliberalismo internacional.
Os petistas têm uma visão de mundo deturpada por conceitos
acusatórios: luta de classes, vitimização, culpados e inocentes, traidores e
traídos. Petistas só pensam no passado como vítimas ou no futuro como
salvadores e heróis. O presente é ignorado, pois eles não têm reflexão crítica
para entendê-lo. Reparem que Dilma na TV só fala do que “vai fazer”, se for
eleita. Por que não fez antes, nos 12 anos da incompetência corrosiva? A
solução é mentir: números falsos, contabilidade falsa. Antigamente, se mentia
com bons álibis; hoje, as tramoias e as patranhas são deslavadas; não há mais
respeito nem pela mentira. É isso aí, amigos, o bicho vai pegar. Em quem?
Fonte: A Verdade Sufocada
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