O empresário Mário Góes, ligado ao ex-diretor da Petrobras
Renato Duque, em audiência na Justiça Federal
(Reprodução/VEJA)
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Acusado de operar propinas para ex-diretor da Petrobras,
empresário Mário Góes se lamenta e diz que está 'ficando cada vez mais fraco'
Acusado de ser o operador de propinas de Renato Duque,
ex-diretor de Serviços da Petrobras indicado pelo PT, o empresário Mário
Frederico Mendonça Góes, de 74 anos, chorou durante audiência da Operação Lava
Jato na última terça-feira. Preso preventivamente, Góes seria interrogado pelo
juiz federal Sérgio Moro, mas preferiu ficar em silêncio por orientação de seus
advogados. Frente a frente com o juiz, ele embargou a voz e apelou: "Eu
estou ficando fraco cada vez mais. Eu tenho problema, eu operei a coluna
lombar. Eu tenho problema cervical. Para ficar sentar sentado é muito
complicado, tenho que ficar deitado".
"Eu estava com a minha vida normal. Não estou
reclamando de jeito nenhum das pessoas do sistema carcerário. Dentro da
legalidade, sou tratado com dignidade. Mas é diferente, minhas comidas... Eu
não consigo. Tenho colite, diverticulite, uma série de problemas digestivos.
Isso vai me consumindo um pouco", disse Góes. Ele responde à ação penal
por corrupção e lavagem de dinheiro com Renato Duque e o ex-tesoureiro do PT
João Vaccari Neto.
"O senhor pode tomar uma água se quiser", ofereceu
o juiz Sérgio Moro.
"Eu vivia para minha família e meu trabalho. Não gosto
nem de viajar muito, só viajo para perto", lamentou-se. "Para eu me
defender fica cada dia mais difícil, porque são coisas muito técnicas que
estamos tratando aqui. Eu tenho condições de ajudar a descobrir, ver, mostrar e
esclarecer, mas me sinto cada vez menos capaz de fazer as coisas. Foram feitos
exames e eu não sei o resultado, mas meu coração dispara à noite, sinto umas
coisas estranhas."
A defesa de Góes tenta tirá-lo do Complexo Médico-Penal do
Paraná e pleiteia que ele cumpra a prisão preventiva em regime domiciliar, no
Rio de Janeiro, com uso de tornozeleira eletrônica com argumento de que o
lobista tem saúde fragilizada. "O paciente tem quadro hipertensivo,
colite, diverticulite, é diabético, sofre de uma série de problemas ortopédicos
que recomendam acompanhamento constante, alimentação adequada, acompanhamento
de natureza psiquiátrica."
"Eu trabalho há mais de 50 anos, minha companhia tem
mais de 28 anos, tenho um trabalho sério realizado durante muitos anos.
Infelizmente, não sou mais uma criança e entendo que tem acusações que tenho
que me defender e no decorrer do processo tudo será esclarecido", afirmou
Góes.