Por Políbio Braga
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
Dilma revela que chimpanzés e orangotangos não são fofoqueiros
No fim da entrevista publicada pela Folha nesta
terça-feira, a presidente Dilma Rousseff diz o seguinte:
“Li um livro muito interessante sobre fofoca: Sapiens,
Uma Breve História da Humanidade. E uma das coisas que ele diz, sabe qual é?
Que nós humanos criamos vínculos sociais. E uma das coisas que mais unia era
fofoca. Uma coisa que nos distingue, que chimpanzé não faz. Orangotango não
faz. Fazemos nós só”.
O palavrório em dilmês castiço contém três revelações
relevantes:
Primeira: Confusa com o presente e assustada com o
futuro, a descobridora da mulher sapiens continua refugiada no tempo das
cavernas.
Segunda: Naquele tempo, fofoca era um instrumento de
união entre parentes e vizinhos.
Terceira: Ao contrário de homens e mulheres, pelo
menos duas espécies de macaco não fazem fofocas.
Agora só falta Dilma esclarecer se isso acontece porque
chimpanzés e orangotangos são mais gentis e educados que seus primos
fofoqueiros ou simplesmente porque os bichos não falam.
Por enquanto, fofocar sem palavras é coisa que nem um
Aloizio Mercadante consegue.
Sem renda e crédito, não há consumo que cresça
O total de dinheiro emprestado pelos bancos parou de
crescer. Para ser mais preciso, de um ano para cá cresceu 0,3%, se descontada a
inflação. Quer dizer, praticamente nada. Como o total da renda tem caído
também, assim como a confiança dos consumidores no futuro, percebe-se o tamanho
do problema. Com renda, confiança e crédito em queda, não há como o consumo
crescer.
Na outra recessão mais recente, a de 2009, a renda caiu
rapidamente depois do estouro da crise de 2008, nos Estados Unidos. Houve muita
demissão. Mas a economia brasileira em geral estava em boa forma. O crescimento
crédito dos bancos privados mergulhou para zero também, mas os bancos públicos
emprestaram mais, pois também tinham o colchão do governo para arrumar dinheiro
extra para emprestar.
Agora, o governo está na pindaíba, e o crédito nos bancos
públicos, BNDES, Caixa e Banco do Brasil, cresce ainda, mas cada vez mais
devagar, não o suficiente para compensar a retranca dos bancos privados. O
total de crédito na economia não recuava tanto assim desde 2003.
As taxas de juros também estão além da lua. Em 2008, os
juros básicos estavam tão altos como agora. Mas caíram rapidamente, em seis
meses, ajudando a atenuar a recessão de 2009, que foi rápida e pequena. Agora,
os juros vão continuar a subir até pelo menos o início de 2016.
As taxas para o consumidor estão ainda mais assustadoras. Os
juros no cheque especial estão em 247% ao ano, na média. Não estavam tão altos
assim desde 1995, quando o país ainda saía da hiperinflação. Faz 20 anos. Com
juros de 247% ao ano, quem toma emprestado 1.000 reais no cheque especial, em
um ano estará devendo quase 3.500. Não dá nem para pensar. Quem entrou no
cheque especial, tem de tentar arrumar um empréstimo consignado, mais barato,
ou até familiar, para sair disso, que é desgraça certa.
Se o crédito não cresce e os salários no total caem, como se
sai deste buraco? A queda da inflação pode ajudar um pouco, a partir do final
do ano. O real desvalorizado pode ajudar a gente a produzir mais aqui, em vez
de comprar importados. Mas o mais importante mesmo é que venha um aumento de
investimento das empresas, que depende muito da arrumação da confusão política
e das contas do governo na pindaíba. Ainda está longe de acontecer.
As manchetes que são escondidas... E o espetáculo da mediocridade
Manchetes nos grandes portais na terça-feira: "Na CPI,
Youssef e Costa confirmam propinas para Aécio e Sérgio Guerra".
"Youssef diz que Lula e Dilma sabiam do esquema Lava
Jato".
Nada disso está nas principais manchetes de jornais dessa
quarta-feira... Empate.... O debate público, alimentado e alimentador de tanto,
e tão pouco, é medíocre.
O governo é medíocre e, junto com o país, segue afundando. A
aliança de oposição se porta de forma medíocre. Como mostra na Câmara ao votar
contra seu próprio ideário.
Nas ruas, em meio a multidões que exercem o direito de se
manifestar, essa oposição se deixa comandar por Revoltados e similares, ainda
mais medíocres.
O debate público visível reproduz uma lógica que paralisa o
país. A lógica binária, do "ou isso, ou aquilo", que há uma década
reduz 200 milhões de habitantes a 20 figuras, se tanto.
Nas manchetes, tais figuras se revezam num debate tão imoral
quanto a imoralidade: quem roubou, ou rouba, mais. Ou menos.
Dos atores que pontificam sobre corrupção nas manchetes, boa
parte não resiste às próprias biografias.
Milhões embarcam nesse alarido redutor de tudo, que é
hipócrita e profundamente revelador da dimensão da mediocridade.
Empreiteiros que operam Brasil afora, também junto a
governadores e prefeitos, estão presos. No debate público se procura mapear o
que há de sistêmico nas ações corruptas e corruptoras? Não.
Cada lado desse mundo binário, e suas torcidas, supõe
desmoralizar apenas "O Inimigo". Aos olhos da multidão, avacalham-se
mutuamente.
Para tanto, e tão pouco, esse debate conta com estrelas de
ocasião. Esse contubérnio de egos produz reveladora tomografia.
Uma gente que buscava o palco anunciando-se de
"esquerda" -quando isso era moda- hoje serve, e serve-se à direita
mais extrema.
Gente que servia a direita quando isso era modo de vida,
agora fatura num arremedo de esquerda.
O país?... Sem um súbito surto de grandeza, individual ou
coletiva, não tenhamos ilusões.
Sem romper esse circuito de interesses medíocres, o que se
seguirá é apenas mais do mesmo... Mais mediocridade.
Dilma libera "emendão" para retadar impeachment
Com Temer fora da articulação política e com oposição
costurando uma estratégia pro-impeachment restou ao governo abrir a carteira
para evitar nova rebelião no Congresso.
Os indignados de Catanduva mostraram à presidente sem rumo a cara do Brasil real
Cerca de 300 moradores da cidade saíram às ruas em protesto
contra
o governo federal. 25 de agosto de 2015
Incluída na rota dos comícios com plateia garantida pela
inauguração de algum ajuntamento incompleto do Minha Casa, Minha Vida, a cidade
de Catanduva (120 mil habitantes, a 400 quilômetros de São Paulo) não
desperdiçou a chance de mostrar a Dilma Rousseff e sua turma, nesta
terça-feira, a cara do país real. O comércio fechou as portas já de manhã.
Centenas de manifestantes marcharam pelas ruas cantando o Hino Nacional ou
resumindo a indignação e a esperança da
resistência democrática na palavra de ordem que contagia o país: “Fora, Dilma”.
O vídeo reafirma que a farsa acabou.
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