domingo, 9 de agosto de 2015

A missa negra celebrada para salvar o moribundo apressou a extrema-unção


1438887974932O dia e a hora da encenação, o elenco bisonho, o roteiro mambembe, o mestre-de-cerimônias repulsivo, a arrogância dos parteiros da obra – tinha tudo para dar errado o programa partidário de 10 minutos exibido pelo PT na noite desta quinta-feira. E deu. Mas o que se viu superou as previsões mais catastróficas do mais radical antipetista.

As agressões ao Brasil indignado começaram com a entrada em cena de José de Abreu. Cicerone do passeio pelo lixão do PT, o rei de lixão de novela puxou o desfile de ameaças e insinuações belicosas. “O caminho do pessimismo nos leva a lugares bem sombrios e o alçapão mais perigoso é o que nos lança no conflito, com final sempre trágico para todos”.

Um porta-voz do bloco da barba abriu o cortejo de figurantes escalados para recitar cretinices sobre coisas que ignoram. “Durante seis anos, os governos do PT conseguiram retardar a chegada da crise econômica no (sic) Brasil”, mentiu. “Hoje o país vive problemas passageiros em (sic) economia”, mentiu a representante da elite branca. “E tem gente tentando se aproveitar disso para criar uma crise política”, mentiu o terceiro destaque do grupo de jovens robotizados.

O espetáculo do cinismo estava quase na metade quando irrompeu o bordão ilustrado por imagens de políticos oposicionistas: “Não se deixe enganar por aqueles que só pensam em si mesmos”. E então chegou a vez da trinca de protagonistas. Cada vez mais parecido com um agente funerário que furta o relógio do defunto, Rui Falcão invadiu a tela para repetir a tapeação do momento.

“Tem gente dizendo que só existe crise no Brasil, mas as manchetes provam que há crise em toda a parte”, mentiu o presidente do PT, amparado por dois recortes de jornal. O primeiro noticiava um soluço na bolsa de valores da China, cujo PIB vai crescer além de 6% neste ano. O segundo tratava do agravamento da crise da Grécia, uma espécie de Brasil da Europa.

Além de gregos e brasileiros, só estão aflitos com crises os russos e os venezuelanos. O resto do mundo está muito melhor que o paraíso tropical castigado pela alta da inflação, pela ampliação do desemprego e pela paralisia nos investimentos, fora o resto. Nada disso foi mencionado no programa, que também contornou cuidadosamente a corrupção de dimensões amazônicas, a segunda prisão de José Dirceu ou a destruição da Petrobras.

“Eu sei que a crise já chegou na nossa casa”, fingiu condoer-se Lula já na primeira linha do palavrório. (Não na dele: o chefão de tudo não sabe o que é problema financeiro desde que virou gigolô de empreiteira). Mas tudo vai melhorar, prometeu o mágico de picadeiro que não para de pensar “naqueles que mais precisam”. (O tempo que sobra é consumido na proteção a parentes e amigos multimilionários, como o filhote Lulinha ou os quadrilheiros do Petrolão).

A Ópera dos Malandros foi encerrada por Dilma Rousseff: “Quem pensa que nos falta (sic) ideias está muito enganado”, gabou-se a recordista de impopularidade sem apresentar uma única ideia. Ao som da lira do delírio, os idiotas no poder despediram-se dos espectadores zombando dos 71% de brasileiros exaustos de ladroagem e incompetência. Em vez de pedir desculpas ao país que presta, o exército brancaleônico preferiu chamar para a briga a imensidão de descontentes.


O maior panelaço da história do Brasil foi o ensaio geral para o resposta dos afrontados, que virá em 16 de agosto. A missa negra celebrada para salvar o governo moribundo apressou a extrema-unção. A data do enterro será determinada pelo povo nas ruas.

LULA Vs RENATO DUQUE


A crise se chama Dilma e só acaba quando ela sair


A instabilidade econômica e as exportações


Ministros defendem que Dilma reconheça erros; situação do governo piora de forma irrversível


dilma_rousseff_556Luz vermelha – A presidente Dilma Rousseff solicitou a seus ministros petistas que encontrassem alternativas para conter a crise política até o próximo dia 16, quando protestos contra o governo estão convocados em todo o País. Três ministros defenderam que a presidente faça uma declaração pública reconhecendo erros cometidos durante sua gestão.

O pedido da petista foi feito durante reunião de emergência convocada por ela na quinta-feira (6). Dilma acredita que se nada for feito antes dos protestos há risco de a situação tornar-se irreversível. Porém, não se sabe até agora o que poderia ser feito.

Uma das alternativas citadas foi a de diminuir o tamanho da equipe ministerial. Entretanto, reduzir cargos também significa diminuir o poder de barganha que o governo tem para negociar apoio no Congresso Nacional junto aos partidos da chamada base aliada.
De acordo com relatos de quem participou do encontro, ministros não falaram abertamente sobre o risco de um pedido de impeachment, contudo, nos bastidores, nenhum deles descarta o cenário.

Na quinta, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tornou regimentalmente possível a apreciação das contas de Dilma de 2014, aprovando as contas de Collor, FHC e Lula. Vale ressaltar que as contas da petista deverão ser rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União. Diante desse cenário “sombrio”, Dilma convocou uma nova reunião, provavelmente no próximo domingo (9).

A reunião da presidente com os ministros ocorreu um dia depois de o vice-presidente Michel Temer admitir a gravidade da crise publicamente e manter o apelo por um esforço conjunto contra o agravamento dos problemas.

Além disso, pesquisa Datafolha publicada nesta quinta mostra que Dilma é a presidente mais impopular da história, desde o início da avaliação, em 1990. Apenas 8% aprovam o seu governo.

Para piorar a situação, o governo sofreu derrota acachapante na Câmara na madrugada desta quinta, quando até seu próprio partido votou em favor de uma “pauta bomba” que prevê aumento de gastos com servidores.

Antes do encontro com os ministros, Dilma recebeu Temer, que na quarta telefonara a ela antes de dar a declaração pública dizendo que alguém precisaria reunificar todos. No telefonema, ele disse que iria pedir “união de todos”. Dilma concordou, porém, para ministros, a fala acabou “passando do ponto”.

Na reunião emergencial, Temer reiterou a Dilma que seu objetivo era o de transferir responsabilidade da crise para o Congresso. O comando do PMDB e os demais líderes aliados já avisaram o governo que as bancadas estão incontroláveis na Câmara.


A aposta, por isso, deverá se concentrar na tentativa de aproximação com o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), que se encontrou com Dilma nesta quinta. Ele e Cunha culpam o governo pelo que chamam de influência sobre o Ministério Público, que os investiga na Operação Lava-Jato. (Danielle Cabral Távora)

O PSDB faz bem ou faz mal em apoiar a convocação dos brasileiros para os protestos do dia 16/08 ?