domingo, 12 de julho de 2015

Procuro boas notícias, mas não acho


Laudato Si’: Regozijo na esquerda, perplexidade e crítica entre os que querem o bem dos pobres

Por Luis Dufaur

Francisco I em Sarajevo onde um imprevisto quebrou sua férula
Francisco I em Sarajevo onde um imprevisto 
quebrou sua férula
Passados poucos dias da publicação da muito aguardada encíclica sobre o meio ambienteLaudato Si’ do Papa Francisco I, a expectativa vem deixando o lugar ao desinteresse, à decepção e, com inusitada força, à crítica pela imersão em matérias que não corresponde à Igreja se pronunciar.

Sem dúvida, os assessores do Papa Francisco se esforçaram para manipular realidades materiais, científicas e econômicas para encaixa-las num cenário passível de um juízo moral ou religioso.

Porém, o recurso foi mal sucedido e a Laudato Si’ parece ser ter virado contra a intenção original. O resultado tem sido uma crítica nutrida por parte de fontes católicas que desaprovam a distorcida intromissão na seara científica e econômica.

Do lado do ambientalismo radical e da teologia da libertação não faltaram carregados elogios ideológicos que duraram poucos dias.

Do lado católico, especialmente daqueles profundamente interessados pelo bem dos homens e especialmente dos pobres, vieram notáveis contravapores.

Fazemos votos para que elas ajudem a corrigir o tom verde-vermelho que assumiu a malograda redação final da Laudato Si’.

Nessa perspectiva reproduzimos a continuação uma dessas críticas formulada pelo jornalista Miguel Angel Belloso, diretor da revista ‘Actualidad Económica’ de Madri, vice-presidente do Observatório do Banco Central Europeu, membro da Fundação de Estudos Financeiros e do Conselho Econômico e Social da Comunidade de Madri.

Um Papa pessimista e injusto 

Miguel Angel Belloso, diretor de ‘Actualidad Económica’ 
de Madri, vice-presidente do Observatório do Banco 
Central Europeu, membro da Fundación de Estudios 
Financieros e do Consejo Económico y Social de la 
Comunidad de Madrid.
Sempre considerei a fé como um motor de esperança e de alegria. Professei também uma grande admiração pelos papas João Paulo II e Bento XVI. 

Nenhum deles deixou de assinalar os grandes desafios que a humanidade enfrenta, mas ambos mostraram uma grande confiança no indivíduo e contemplavam o mundo com o otimismo próprio do crente. 

Em muito pouco tempo, o Papa Francisco impulsionou uma revolução na Igreja.

A sua nova encíclica, "Laudato si", a sua carta pastoral "Evangelii gaudium", assim como as suas frequentes intervenções nos foros públicos refletem um pessimismo ontológico perturbador. 

Segundo Francisco, o mundo está a desmoronar-se à nossa volta sem que façamos qualquer coisa para o evitar. Os pobres são cada vez mais pobres. As desigualdades são maiores do que nunca e os bens necessários para sustentar a vida humana são cada vez mais inacessíveis. 

Mas estas ideias, lançadas sem o acompanhamento de um único dado, como se fossem um dogma de fé, não resistem à mais pequena análise empírica e estão completamente erradas. 

Se já é duvidoso do ponto de vista científico que estejamos em presença de uma mudança climática originada pelo homem, e não por circunstâncias relacionadas com a natureza do planeta, é falso que o crescimento econômico aumente a degradação do meio ambiente.

Num editorial publicado no Catholic Herald Philip Booth escreve: 

"Como é habitual, as análises de Francisco sobre o estado econômico do mundo são tremendamente pessimistas

“É correto dizer-se que a poluição origina mortes prematuras e muitos argumentam que as mudanças climáticas estão por trás dos efeitos nocivos. 

“Mas, por outro lado, o cenário subjacente é umincremento colossal da esperança de vida e da saúde como consequência do desenvolvimento econômico. E em muitas zonas do mundo, o ambiente está a melhorar espetacularmente."

Francisco I recebe ao líder do MST, João Pedro Stédile
Francisco I recebe ao líder do MST, João Pedro Stédile
Assim é: se se quiser abordar com honestidade o problema, este não reside nos países ricos mas naqueles onde não funciona a economia de mercado ou não existe liberdade nem democracia. 

A China, por exemplo, é dos mais contaminantes. 

Durante a maior parte do século XX, os Estados comunistas foram os que tiveram mais poluição e um ambiente mais degradado, enquanto os capitalistas limpavam a atmosfera de elementos tóxicos

Há solução para os problemas do meio ambiente mas esta não se encontra na ecologia, que com o pretexto de tornar-nos a vida mais agradável apoia o intervencionismo político e quer travar o progresso técnico e o desenvolvimento econômico.

A solução depende de que cada vez maiores partes do mundo se incorporem no mercado e se orientem para ele.

Um estudo recente do Banco Mundial indica que o número de pessoas que vivem com menos de 1,25 dólares por dia – o limiar da pobreza – diminuiu em mais de 30% desde 1981, e um relatório da Universidade de Oxford, que corrobora outro similar da ONU – pouco suspeita de ser capitalista –, confirma esta descida dramática e augura que a pobreza será completamente erradicada nos países em desenvolvimento nos próximos 20 anos se os progressos se mantiverem ao ritmo atual. 

Associação Americana para o Avanço da Ciência também assinala que a esperança de vida aumentou sustentadamente desde há 200 anos, devido à diminuição das doenças cardiovasculares nos países ricos e à menor mortalidade infantil nos pobres. 

Se fizermos comparações estatísticas entre os países mais orientados para o mercado e os menos, comprovaremos que são os primeiros os que providenciam melhores condições aos desfavorecidos. 

O que melhora os níveis de vida é a industrialização e o livre comércio e não as economias dirigidas ou autossuficientes. 

E são também aqueles que impulsionam as migrações das zonas rurais para as cidades, que não são os lugares sujos e desagradáveis que Charles Dickens descrevia, mas antes uma oportunidade para ganhar um salário mais alto e viver confortavelmente. 

Nos países emergentes, mil milhões de pessoas entrarão na incipiente classe média nas próximas duas décadas, de modo que a desigualdade global também está a diminuir. 

Apesar de os meios de comunicação sugerirem o contrário, o número de conflitos civis e de guerras está no ponto mais baixo da história, segundo a ONU.

Estes são os dados, mas é como se a verdade fosse uma inconveniência para Francisco e para o conjunto da esquerda.


Francisco I e o ditador comunista cubano Raúl Castro
Francisco I e o ditador comunista cubano Raúl Castro
Francisco é um Papa decididamente político, um socialista convencido de que se a humanidade exibe resultados tão desastrosos é porque os seus dirigentes renunciaram ao seu papel executivo, que bem orientado daria lugar a um mundo melhor do que o governado pela força espontânea dos indivíduos atuando livremente no mercado.

Muitas das opiniões da sua última encíclica são inaceitáveis, inapropriadas ou infundadas. 

Engana-se quando diz que a salvação dos bancos foi feita à custa da população, pois a falência foi evitada para garantir as poupanças dos mais necessitados. 

A imaginária submissão da política aos poderes financeiros, às multinacionais ou à tecnocracia destila um aroma a um esquerdismo antiquado que não resiste a um único assalto: mesmo nos países mais livres e democráticos, o peso do Estado e a intervenção dos políticos na vida econômica são tão perniciosos como dispensáveis. 

Francisco chega a ser ofensivo ao assegurar que a propriedade privada não pode estar acima do bem comum, quando é precisamente ela que o origina. 

Só o que se considera próprio estimula o cuidado e a atenção das pessoas para o preservar e enriquecer, quer seja uma quinta ou uma reserva de elefantes, enquanto o público, como mostra a experiência, é habitualmente pasto da negligência e do saque dos que, não se sentindo envolvidos, o maltratam e exploram por o considerarem alheio.

Nesta desastrosa encíclica, Francisco segue a narrativa segundo a qual o chamado neoliberalismo despojou o mundo das suas naturais abundância e bondade. 

A partir desta concepção nostálgica e pessimista incita os governos à ação para reverter as perdas materiais das últimas décadas. 

Mas nem estas foram tão grandes nem a ação do governo é o meio mais conveniente para procurar o bem comum. 

Os católicos tiveram muito azar com este Papa

Converteu-se num poderoso aliado das teses errôneas da esquerda que nunca proporcionaram o bem-estar geral e sustenta umas posições infelizes que casam muito mal com o seu papel de líder religioso mundial.

(Fonte: Diario de Notícias, Lisboa, 26 junho 2015).

P.S.: no dia 8 de julho (2015) o presidente da Bolívia Evo Morales presenteou o Papa Francisco com um crucifixo entalhado sobre o símbolo anticristão da foice e o martelo, informou a imprensa internacional

O símbolo comunista presidiu perseguições que fizeram centenas de milhares de mártires no mundo, e mais de cem milhões de assassinatos no século XX, conforme dados do Livro Negro do Comunismo. Ver também: O maior crime da História

“Tal vez, tem razão quando falam de ‘opio do povo’ porque nós desencarnamos nossa fé”, escreveu esse teólogo libertário segundo Infovaticana

A deficiente gravação do som permitiu encontradas interpretações das palavras do pontífice nesse momento. 

O Pe. Lombardi S.J., porta voz da Sala Stampa da Santa Sé e membro da comitiva vaticana esclareceu que “o papa não teve nenhuma reação particular a isso e nem me disse de manifestar reação particular diante disso”, noticiou a CNN em espanhol

O Pontífice recebeu sorridente o presente e o levou consigo.

Por sua vez, o líder do MST, João Pedro Stédile, declarou à Folha

“Os capitalistas têm lá o G7, o Obama, a Angela Merkel. Os trabalhadores têm quem? Chávez morreu, Fidel está doente. O Francisco tem assumido esse papel de liderança, graças a Deus. Ele tem acertado todas”.



A renúncia de Dilma é o melhor caminho


Bergoglio, o dito papa Francisco, não me representa! Ou: O sangue de Cristo e de 150 milhões de vítimas do comunismo


O cardeal argentino Jorge Bergoglio recebe de Morales o símbolo do comunismo com o Cristo: sujando as mãos com o sangue de 150 milhões de crucificados
O Cardeal argentino Jorge Bergoglio recebe de Morales 
o símbolo do comunismo com o Cristo: sujando as mãos 
com o sangue de 150 milhões de crucificados
Sou católico, mas o papa Francisco não me representa. Sei que, em certa medida, a afirmação soa absurda, mas vou fazer o quê? Eu poderia fazer uma graça e dizer que, existindo, como existe, um papa emérito, Bento XVI, tenho a chance de escolher. Mas, evidentemente, isso não contenta. O chefe da Igreja Católica, infelizmente, é o argentino Jorge Bergoglio. Quem recorrer ao arquivo poderá constatar que ele nunca me encantou.

Evo Morales, o protoditador da Bolívia, presenteou o sumo pontífice com uma monstruosidade herética: a foice e o martelo do comunismo, onde estava o Deus crucificado. Bergoglio fez um muxoxo protocolar, mas sujou as mãos no sangue de 150 milhões de pessoas. Ao fazê-lo, (re)rencruou as chagas de Cristo e se alinhou, lamento ter de dizer isto, com aqueles que O crucificaram.

“Ah, o papa não tem nada com isso! Não tinha como saber o que faria aquele picareta!” Ah, não cola! A Igreja Católica de Roma está banida da China, por exemplo. Ficou na clandestinidade na União Soviética e nos países da Cortina de Ferro. Inexiste na Coreia do Norte e enfrenta sérias dificuldades em Cuba. Um delinquente político e intelectual como Morales não pode ofender moralmente mais de um bilhão de católicos com aquela expressão demoníaca. O papa que recusasse a ofensa. Mas ele não recusou. E foi além.

Em Santa Cruz de la Sierra, nesta quinta, Bergoglio fez um discurso que poderia rivalizar com o de Kim Jong-un, aquele gordinho tarado que tiraniza a Coreia do Norte. Atacou o capitalismo, um “sistema que impôs a lógica dos lucros a qualquer custo, sem pensar na exclusão social ou na destruição da natureza”, segundo ele. E foi além: “Digamos sem medo: queremos uma mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema já não se aguenta, os camponeses, trabalhadores, as comunidades e os povos tampouco o aguentam. Tampouco o aguenta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia são Francisco”.

É de embrulhar o estômago. Em primeiro lugar, esse papa, com formação teológica de cura de aldeia, não tem competência teórica e vivência prática para cuidar desse assunto. Em segundo lugar, os movimentos que hoje lutam pela preservação do planeta são exclusivos de regimes democráticos, onde vige o capitalismo. Ou este senhor poderia fazer essa pregação na China, por exemplo, onde o capitalismo de estado é gerido pelo Partido Comunista?

Pior: o papa está numa jornada que inclui o Equador e a Bolívia, duas protoditaduras que, na pegada da Venezuela, instrumentalizam o discurso anticapitalista para dar força a milícias que violam direitos individuais e que não reconhecem a propriedade privada como motor do desenvolvimento.

Evocando um igualitarismo pedestre, disse Sua, não mais minha, Santidade: “A distribuição justa dos frutos da terra e do trabalho humano é dever moral. Para os cristãos, um mandamento. Trata-se de devolver aos pobres o que lhes pertence”. A fala agride a lógica por princípio. Se o tal “que” pertencesse aos pobres, pobres não seriam. A fala repercute a noção essencialmente criminosa de que toda a propriedade é um roubo. Como esquecer que essa concepção de mundo de que fala o papa já governou quase a metade do mundo e produziu atraso, miséria e morte?

Eu já tinha tido cá alguns engulhos quando, recentemente, o cardeal argentino resolveu se meter a falar sobre a preservação da natureza, com uma linguagem e uma abordagem que lembravam o movimento hippie da década de 60. Ele voltou ao ponto: “Não se pode permitir que certos interesses — globais, mas não universais — submetam Estados e organismos internacionais e continuem destruindo a Criação”.

Como? O homem destruindo a Criação? O catolicismo de Francisco, na hipótese benevolente, se esgota numa leitura pobre do Gênesis. Na não benevolente, é apenas uma expressão do trogloditismo de patetas terceiro-mundistas como Rafael Correa, Evo Morales, Nicolás Maduro e Cristina Kirchner.

O próximo papa, por favor!

O governo Dilma é um cadáver insepulto



A presidente Dilma Rousseff tenta manter a falsa ilusão de 'gerentona' inabalável mas, de acordo com o historiador Marco Antonio Villa, "a renúncia é uma das cartas de triunfo" da presidente. Na conversa com o colunista de VEJA Augusto Nunes, Villa pontua o governo só se mantém no poder graças a partidos inexpressivos.

Assessoria da CNBB defende os réus da Lava Jato e Petrolão


Após quase um ano de abençoado silêncio, rompendo longa tradição de frequentes edições trimestrais ou quadrimestrais, a assessoria da CNBB emitiu nova Análise de Conjuntura. Eu estava convencido de que a cúpula da entidade houvesse apontado a porta da rua à equipe, após a produção do texto relativo a agosto de 2014. Naquele documento, em incisiva defesa da candidatura presidencial governista, os redatores se enredaram em previsões sobre a realidade nacional que conseguiram ser tão falsas e enganosas quanto as da candidata petista. Para os assessores da Conferência, naqueles dias, a única coisa que fazia mal ao Brasil era o sombrio discurso da oposição e as previsões de um certo ente maligno, filho do demônio com a Madame Mim, que atende pelo nome de mercado.

Pois eis que as análises de conjuntura renascem das lixeiras. Foram, ao menos recicladas? Não. Vêm no mesmo tom de sempre, classificando como retrógrado tudo que significa progresso e de progressista todo retrocesso. Num ponto discordam do governo, mas não das posições históricas do petismo: colocam-se contra a responsabilidade fiscal e as medidas tomadas para reduzir o gasto do Estado. Querem jantar num Brasil à grega!

Afirmam haver no país um ambiente hostil aos direitos humanos. Esquecem, como tantos falsos defensores desses direitos, que os direitos humanos fundamentais - vida, liberdade e propriedade - são os mais furiosamente atacados por aqueles a quem defendem, homicidas, estupradores, sequestradores e assaltantes, de todo tipo e idade, de cujas vítimas não se ocupam. Sustentam que o desemprego cresce por conta de uma perversidade inerente à natureza do empreendedorismo e do capital privados, e não pelo desastre econômico e fiscal em que o governo, irresponsavelmente, lançou o país.

Acima e além de tudo isso, o que mais impressiona no texto, elaborado para iluminar o discernimento dos senhores bispos, é a contradição entre uma breve condenação à corrupção, com louvores ao jornalismo investigativo e o que vem depois: obcecada defesa dos réus e investigados nos processos do petrolão e da operação Lava Jato. Nisso, superam o próprio PT! Condenam o que chamam "politização do judiciário" e criticam a "condenação midiática". Falam em agressão aos princípios da "presunção de inocência" e do "devido processo legal". Renegam o instituto da delação premiada (objeto de "pressão sobre acusados") e falam em "rito sumário de condenação".

Proclamam estar em curso uma ruptura de princípios jurídicos fundamentais. Só faltou dizerem que o juiz Sérgio Moro é que deveria estar preso. E arrematam: "Tais práticas, realizadas com os holofotes da grande mídia brasileira, transformam réus confessos em heróis". Inacreditável, leitor? Está tudo aqui.

Quem são os autores dessa extraordinária peça? São quatro padres e quatro leigos. Dos primeiros nada sei exceto aquilo que assinaram. Dois dos leigos são membros da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB, e quem é do ramo sabe, portanto, em que time jogam. Dos outros dois, um foi braço direito de Gilberto Carvalho na Secretaria de Articulação Social da Presidência da República e o outro foi candidato a deputado federal pelo PT do Distrito Federal em 2010. Assim está e permanece a CNBB, com concordância de muitos, leniência de outros tantos e discordância de poucos senhores bispos, tomada por dentro e por fora, para tristeza e constrangimento do mundo católico brasileiro.


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Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

O vídeo comprova que Jaques Wagner descobriu a cura da insônia: Tome Dilma

Por Augusto Nunes - VEJA


Quando fala de improviso, Dilma Rousseff é uma piada involuntária. Quando lê o discurso, é um sonífero mais poderoso que um prato de Rivotril. A prova está no vídeo da BandNews que mostra o que aconteceu durante o  palavrório da presidente numa reunião da VII Cúpula do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), realizada nos dias 8 e 9 de julho em Ufá, na Rússia.

Enquanto Dilma capricha no microfone, a turma atrás da oradora luta contra o sono. Com a bravura exigida de quem comanda os chefes das Forças Armadas, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, tenta subjugar as pálpebras sublevadas ─ que, feito cortina de teatro mambembe, sobem e descem lentamente. Depois de meio segundo acima da pupila, encobrem os olhos de vez.

A seita lulopetista agora já sabe como dormir mesmo sob tempestades de notícias desesperadoras: Contra insônia, veja e ouça a presidente lendo um discurso. Mas tome Dilma com moderação. Uma dose excessiva leva ao estado de coma.

Réquiem para o mandato de Dilma

Por Lucas Berlanza - Instituto Liberal

Anote em sua agenda: 14 de julho. Nesse dia, Ricardo Pessoa, da UTC, prestará seu depoimento bombástico acerca das verbas irregulares fornecidas a políticos, especialmente uma vultosa soma empregada na campanha eleitoral petista que reelegeu Dilma Rousseff. O TSE já investiga essas irregularidades denunciadas, que podem levar à cassação da chapa triunfante em 2014. 21 de julho. Terá acabado o prazo para a presidente apresentar sua defesa junto ao Tribunal de Contas da União, justificando o injustificável descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal – e um descumprimento BILIONÁRIO. A tendência parece ser desfavorável à petista, que ainda tem, como sintetiza a IstoÉ em excelente matéria, uma ação de investigação judicial contra ela em curso no mesmo TSE por abuso da máquina do governo em benefício próprio nas eleições e uma representação na Procuradoria Geral da República pelo crime de extorsão (também com base nas palavras de Ricardo Pessoa, dando conta de que pagou propina à campanha presidencial sob ameaça de ter obras canceladas).

É quase um self-service. Quem quer que o governo caia tem inúmeras opções à disposição – todas elas legais, plenamente respaldadas em bases constitucionais, sem precisar de nenhum “tanque nas ruas” ou bombardeio ao Palácio do Planalto. Basta escolher, trilhando o caminho que se demonstrar politicamente, tecnicamente e circunstancialmente mais viável. Esse amontoado de recursos se aglutina em um momento em que Dilma não consegue ter dois dígitos de aprovação no país, a crise econômica se acentua e, em suas aparições públicas, a “mandatária” vomita asneiras atrás de asneiras, chegando a despertar pena por, possivelmente, estar manifestando sintomas de demência. Isso tudo é apenas a mais cristalina realidade de um regime que apodrece às escâncaras. No entanto, a gestão moribunda ainda tenta, em demonstrações de franco desespero, se agarrar a delírios de força. José Serra, na convenção nacional do PSDB, comentou que, comparado ao governo atual, o de João Goulart, deposto em 1964, tinha uma “solidez granítica”. Segundo Dilma, no entanto, tudo está sob absoluto controle.

O vice-presidente, o peemedebista Michel Temer, já havia afirmado, na mesma semana, que “não temos crise política”. Indicado há algum tempo como articulador da presidência, ele, entretanto, seria beneficiado com o cargo de Dilma em caso de impeachment. Isso, pelo visto, não é suficiente para que deixe de dizer besteiras. Da própria Dilma, naturalmente, nós esperaríamos uma tentativa de “pôr panos quentes” no buraco que se abre sob seus pés. Não apenas ela fracassa, como usa recursos simplesmente tão patéticos quanto seu próprio governo para tentar proteger sua posição. Em entrevista à Folha de São Paulo, ela declarou, com convicção, que não cairá. “Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou.” A repetição é bastante sugestiva: Dilma está tentando convencer, primeiramente, a si mesma, da veracidade das palavras que externa. “Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E VENHA TENTAR, VENHA TENTAR (destaque meu). Se tem uma coisa que eu não tenho medo, é disso. Não conte que eu vou ficar nervosa, com medo. Não me aterrorizam.”

Após o desafio a que tentem derrubá-la, como se um grande golpe macabro estivesse sendo tramado nas sombras por inimigos invisíveis para injustiçá-la, Dilma deprecia o recurso da delação premiada mais uma vez – aquele mesmo cuja formatação atual ela mesma sancionou em seu governo anterior -, fazendo nova referência ao seu período como guerrilheira detida pelo regime militar. Como não cansaremos de sustentar, o que a “companheira Estela” fez naquele período não é e nunca foi um motivo de orgulho. Fazer parte da militância armada do marxismo-leninismo é “apenas” uma das maiores manchas em sua trajetória de infelicidades sem fim. A quem Dilma quer desafiar? Diz ela que tudo isso vem de uma “oposição um tanto quanto golpista” (sic). Isso está rigorosamente longe da verdade. Acaso ela quer desafiar a maioria absoluta do país que despreza seu governo carcomido? Quer desafiar os poderes da República? Quer desafiar as investigações do TSE, da Lava Jato, do juiz Sergio Moro? Caminhando trêmula e abobalhada, carregando nas costas um verdadeiro cadáver vivo, Dilma parece brincar de Carnaval, e faz de seu réquiem uma marchinha – mais especificamente, aquela que diz: “daqui não saio, daqui ninguém me tira”. Os compositores Paquito e Romeu Gentil, porém, imaginavam que sua divertida obra animaria a folia do povo carioca, e não seria usada, no artigo deste pobre diabo, como representativa de teimosia tão fúnebre.

Bravatas. Socialistas e populistas acuados, aspirantes a tiranetes e incompetentes crônicos, tentam ostentar bravura e se exibir, cheios de si, quando sentem que os golpes – golpes, sim, bem dados, e democráticos – lhes são desferidos pela gente civilizada. Dilma sabe que a areia da ampulheta está caindo e, se isso não for o fim dos problemas que os brasileiros ainda terão que enfrentar pela frente, será, inegavelmente, virar a página de um ciclo vergonhoso. Apenas aguardamos.


Aguardamos também outro bravateiro, o criador de Rousseff, o “Brahma”, Luiz Inácio Lula da Silva, cumprir suas ameaças. Em publicação no Twitter do Instituto Lula, ele, que já se demonstrou “chegado” a um belicismo quando ameaçou colocar o “exército de Stédile nas ruas”, ostentou novos devaneios de grandeza: “não vou me matar, não vou sair do país, eu vou para a rua. Se quiserem me derrubar, vão ter que me derrubar na rua”. Pode vir, Lula. Venha para a rua! O Brasil decente não tem medo de você. Em 16 de agosto, depois das datas que apontamos ao começo, os movimentos populares marcaram nova manifestação por todo o país. Esse Brasil decente está convocado. Se Lula for às ruas com sua patrulha dos trinta e cinco reais, ou algumas dezenas de baderneiros do MST, é fato: vamos engolí-lo novamente.