Por Lucas Berlanza - Instituto Liberal
Anote em sua agenda: 14 de julho. Nesse dia, Ricardo Pessoa,
da UTC, prestará seu depoimento bombástico acerca das verbas irregulares
fornecidas a políticos, especialmente uma vultosa soma empregada na campanha
eleitoral petista que reelegeu Dilma Rousseff. O TSE já investiga essas
irregularidades denunciadas, que podem levar à cassação da chapa triunfante em
2014. 21 de julho. Terá acabado o prazo para a presidente apresentar sua defesa
junto ao Tribunal de Contas da União, justificando o injustificável descumprimento
da Lei de Responsabilidade Fiscal – e um descumprimento BILIONÁRIO. A tendência
parece ser desfavorável à petista, que ainda tem, como sintetiza a IstoÉ em
excelente matéria, uma ação de investigação judicial contra ela em curso no
mesmo TSE por abuso da máquina do governo em benefício próprio nas eleições e
uma representação na Procuradoria Geral da República pelo crime de extorsão
(também com base nas palavras de Ricardo Pessoa, dando conta de que pagou
propina à campanha presidencial sob ameaça de ter obras canceladas).
É quase um self-service. Quem quer que o governo caia tem
inúmeras opções à disposição – todas elas legais, plenamente respaldadas em
bases constitucionais, sem precisar de nenhum “tanque nas ruas” ou bombardeio
ao Palácio do Planalto. Basta escolher, trilhando o caminho que se demonstrar
politicamente, tecnicamente e circunstancialmente mais viável. Esse amontoado
de recursos se aglutina em um momento em que Dilma não consegue ter dois dígitos de
aprovação no país, a crise econômica se acentua e, em suas aparições públicas,
a “mandatária” vomita asneiras atrás de asneiras, chegando a despertar pena
por, possivelmente, estar manifestando sintomas de demência. Isso tudo é apenas
a mais cristalina realidade de um regime que apodrece às escâncaras. No
entanto, a gestão moribunda ainda tenta, em demonstrações de franco desespero,
se agarrar a delírios de força. José Serra, na convenção nacional do PSDB,
comentou que, comparado ao governo atual, o de João Goulart, deposto em 1964, tinha
uma “solidez granítica”. Segundo Dilma, no entanto, tudo está sob absoluto
controle.
O vice-presidente, o peemedebista Michel Temer, já havia
afirmado, na mesma semana, que “não temos crise política”. Indicado há algum
tempo como articulador da presidência, ele, entretanto, seria beneficiado com o
cargo de Dilma em caso de impeachment. Isso, pelo visto, não é suficiente para
que deixe de dizer besteiras. Da própria Dilma, naturalmente, nós esperaríamos
uma tentativa de “pôr panos quentes” no buraco que se abre sob seus pés. Não
apenas ela fracassa, como usa recursos simplesmente tão patéticos quanto seu
próprio governo para tentar proteger sua posição. Em entrevista à Folha de São
Paulo, ela declarou, com convicção, que não cairá. “Eu não vou cair. Eu não
vou, eu não vou.” A repetição é bastante sugestiva: Dilma está tentando
convencer, primeiramente, a si mesma, da veracidade das palavras que externa.
“Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a
cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E VENHA TENTAR, VENHA TENTAR
(destaque meu). Se tem uma coisa que eu não tenho medo, é disso. Não conte que
eu vou ficar nervosa, com medo. Não me aterrorizam.”
Após o desafio a que tentem derrubá-la, como se um grande
golpe macabro estivesse sendo tramado nas sombras por inimigos invisíveis para
injustiçá-la, Dilma deprecia o recurso da delação premiada mais uma vez –
aquele mesmo cuja formatação atual ela mesma sancionou em seu governo anterior
-, fazendo nova referência ao seu período como guerrilheira detida pelo regime
militar. Como não cansaremos de sustentar, o que a “companheira Estela” fez
naquele período não é e nunca foi um motivo de orgulho. Fazer parte da
militância armada do marxismo-leninismo é “apenas” uma das maiores manchas em
sua trajetória de infelicidades sem fim. A quem Dilma quer desafiar? Diz ela
que tudo isso vem de uma “oposição um tanto quanto golpista” (sic). Isso está
rigorosamente longe da verdade. Acaso ela quer desafiar a maioria absoluta do
país que despreza seu governo carcomido? Quer desafiar os poderes da República?
Quer desafiar as investigações do TSE, da Lava Jato, do juiz Sergio Moro?
Caminhando trêmula e abobalhada, carregando nas costas um verdadeiro cadáver
vivo, Dilma parece brincar de Carnaval, e faz de seu réquiem uma marchinha –
mais especificamente, aquela que diz: “daqui não saio, daqui ninguém me tira”.
Os compositores Paquito e Romeu Gentil, porém, imaginavam que sua divertida
obra animaria a folia do povo carioca, e não seria usada, no artigo deste pobre
diabo, como representativa de teimosia tão fúnebre.
Bravatas. Socialistas e populistas acuados, aspirantes a
tiranetes e incompetentes crônicos, tentam ostentar bravura e se exibir, cheios
de si, quando sentem que os golpes – golpes, sim, bem dados, e democráticos –
lhes são desferidos pela gente civilizada. Dilma sabe que a areia da ampulheta
está caindo e, se isso não for o fim dos problemas que os brasileiros ainda
terão que enfrentar pela frente, será, inegavelmente, virar a página de um
ciclo vergonhoso. Apenas aguardamos.
Aguardamos também outro bravateiro, o criador de Rousseff, o
“Brahma”, Luiz Inácio Lula da Silva, cumprir suas ameaças. Em publicação no
Twitter do Instituto Lula, ele, que já se demonstrou “chegado” a um belicismo
quando ameaçou colocar o “exército de Stédile nas ruas”, ostentou novos
devaneios de grandeza: “não vou me matar, não vou sair do país, eu vou para a
rua. Se quiserem me derrubar, vão ter que me derrubar na rua”. Pode vir, Lula.
Venha para a rua! O Brasil decente não tem medo de você. Em 16 de agosto,
depois das datas que apontamos ao começo, os movimentos populares marcaram nova
manifestação por todo o país. Esse Brasil decente está convocado. Se Lula for
às ruas com sua patrulha dos trinta e cinco reais, ou algumas dezenas de
baderneiros do MST, é fato: vamos engolí-lo novamente.
Fonte: A Verdade Sufocada
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