“Até o final deste mês, o impeachment será votado porque o
Congresso Nacional sabe da responsabilidade que hoje recai sobre os ombros da
instituição e sabe que, se não votar o impeachment, ficará desacreditado com a
opinião pública”, diz Lula no início do vídeo. “Acho que o Congresso Nacional
tem clareza de que nós vivemos uma crise profunda de governo e que somente com
a saída do governo é que nós iremos resolver alguns problemas da nação”.
O falatório de agosto de 1992 se aplica ao Brasil deste
setembro de 2015, uma reedição ampliada e mais apavorante do país devastado por
Fernando Collor. São incontáveis as semelhanças entre a agonia do cangaceiro
quarentão e a derrocada do neurônio solitário. Começam pela conjunção de
inépcia administrativa, cegueira política e corrupção em escala industrial.
Passam pela inexistência de planos que possam abrandar a hostilidade das ruas e
do Congresso. E conduzem à certeza de que a solução do impasse exige a imediata
substituição da figura que ocupa a Presidência.
É compreensível que o camelô de empreiteira agora considere
coisa de golpista o que há 23 anos vendia como único remédio capaz de curar a
nação enferma. Impeachment bom é o que afasta do poder um governante inimigo.
Vira golpe quando o alvo do instrumento constitucional é um poste que,
instalado no Palácio do Planalto para guardar a cadeira presidencial
expropriada pelo padrinho, desabou antes da hora e interditou o avanço da nação.
Há um poste em ruínas no meio do caminho. Como ensinou no
século passado o chefão do PT, para removê-lo basta o guindaste da lei.