terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O governo Dilma começou a semana desmilinguindo-se a olhos vistos


O impacto político de Nelson Barbosa no ministério da Fazenda


Os inventores da Ditadura do Latinório vão logo aprender que toga não é japona


STF Nelson Jr. STFA maioria dos integrantes do Supremo Tribunal Federal aproveitou a sessão convocada para deliberar sobre o processo de impeachment para revogar o equilíbrio entre os Poderes. Na cabeça de oito dos 11 bacharéis em Direito indicados pela Presidência da República e aprovados pelo Senado depois de uma sabatina com cara de chá de senhoras, os três Poderes são independentes, mas só o Judiciário não é dependente de outro. Já o Executivo e o Legislativo dependem do que dá na telha do Poder que manda nos dois e não obedece a nenhum.

Declamando criativas interpretações de normas constitucionais, verbetes de dicionário e citações em Latim, o bloco majoritário fez o diabo. Prorrogou por tempo indeterminado a sobrevida da presidente agonizante, redesenhou o Congresso para subordinar a Câmara do renegado Eduardo Cunha ao Senado do patriota Renan Calheiros, rebaixou 513 representantes do povo a capinhas de 81 representantes das 27 unidades federativas e deixou claro que, sem o endosso dos senadores, decisões dos deputados valem tanto quanto palpites da mulher do cafezinho. Fora o resto.

Não faz tanto tempo assim que os ministros eram escolhidos entre os melhores e mais brilhantes, e efetivamente compunham o corpo de elite do universo jurídico brasileiro. Também assolado pela Era da Mediocridade, o STF foi ficando parecido com os vizinhos de praça. Com o advento da Era da Canalhice, o estrago foi consumado pela aplicação ostensiva do parágrafo único adotado pela seita lulopetista para preencher vagas no STF: a escolha deve atender aos interesses do Planalto. Ponto.

Só podia dar no que deu. Ainda que se disfarçassem de turista em dia de visitação pública ao prédio em Washington, certos juízes seriam barrados na portaria da Corte Suprema americana. Lá o esquema de segurança é severo com figuras esquisitas, e isso é o que não falta na similar brasileira. Essa gente de toga fala muito, e fala coisas estranhas. Escreve demais. e escreve coisas tão difíceis que nem sobra tempo para pensar, conversar com gente normal, saber o que vai pelo Brasil de verdade, em tudo diferente da Pasárgada onde moram e decidem o que pode e o que não pode, o que é certo e o que é errado.

Um ministro do STF não precisa afligir-se com o desemprego em expansão nem com a inflação descontrolada. Não sucumbe a surtos de indignação quando confrontado com as cifras da roubalheira ou com os devastadores efeitos da incompetência. Não chega a perder o sono com a desfaçatez da seita que pariu a maior crise da história republicana. Nunca tem pressa: entre o começo e o fim da sessão, por exemplo, mais 5 mil trabalhadores foram demitidos, mas os sábios supremos seguiram escandindo sílabas como quem está desvendando o mistério da Santíssima Trindade. Eles ignoram que a paciência da plateia acabou.

“Japona não é toga”, lembrou em outubro de 1964 o então presidente do Senado, Auro Moura Andrade, para barrar a investida autoritária de chefes militares dispostos a violentar a Constituição. Com quatro palavras, Auro ensinou que cabia ao Supremo Tribunal Federal, não às Forças Armadas, lidar com questões constitucionais ─ pela simples e boa razão de que general não é juiz. É hora de  inverter a ordem dos substantivos para adaptar a frase aos tempos modernos ─ e transformá-la em advertência aos oniscientes de araque.


Antes que tentem proclamar a Ditadura do Latinório, os superdoutores precisam aprender que toga não é japona. A lição será assimilada em poucos segundos se for ministrada durante as manifestações que a portentosa oposição real está devendo a si mesma. A voz das ruas também cura surdez seletiva.

O saldo do ano


A recepção do mercado ao nome de Nelson Barbosa


”Uma SESSÃO pra lá de SUSPEITA”


Uns dizem que o Supremo comportou-se como um autêntico tribunal bolivariano. Outros, que o STF exorbitou da sua competência constitucional e invadiu os poderes inerentes ao Legislativo. Terceiros acrescentam, ainda, que ao dar pleno poder de decisão ao Senado, a mais alta instância do poder judiciário desmereceu o regimento da Câmara quando por várias vezes fez valer o seu próprio.

Percebo muito de factível nas críticas dos analistas. Acrescento que essa sessão, jogando por terra a autorização da Câmara para abertura de um processo de impeachment contra a presidente da República, certamente ficará tristemente marcada na história daquela casa pela desilusão que causou a cerca de 93% de brasileiros, segundo pesquisa, que anseiam ver questionado o comportamento do governo petista. Irá para os anais da casa também como a mais suspeita de todas quantas já assistimos.

E bota suspeição nisso. Ficou no ar a clara impressão de que as cartas estavam marcadas. Isso é muito preocupante, pois no Supremo, mesmo que com um pé atrás, estavam depositadas nossas expectativas de mudanças atendendo com rigor aos preceitos legais. Difícil crer, agora, que o Senado aprove o prosseguimento da ação.

Recordemos que no primeiro dia da sessão plena, o ministro relator da matéria, Luiz Edson Fachin, em alentado relatório de quase duas horas, para surpresa geral, aprovou ponto por ponto a proposta do Congresso. Ora, Fachin é aquele mesmo que só teve seu nome aprovado para o STF em face do empenho total da máquina do Executivo, o que foi visto até como a caracterização de interferência indevida de um Poder em outros.

A partir dali, a certeza da aprovação do que o Congresso deliberara foi tanta que o comentarista político Merval Pereira chegou a afirmar num jornal da noite tudo indicar que a tese seria acatada por unanimidade pelos magistrados. Que nada, o primeiro a votar no dia seguinte, o ministro Luís Roberto Barroso, famoso por sua atuação no processo do Mensalão, sempre favorável aos réus petistas, rebateu ponto por ponto as teses de Fachin. Ninguém entendeu.

A partir daí, na realidade, passou a relator da matéria, pois os votos seguintes, nos aspectos essenciais, seguiram os seus. E todos, antes de rechaçar o trabalho de Fachin, parece que combinado, teciam misteriosos elogios ao seu relatório qualificando-a como excepcional, “verdadeira obra de arte”. Houve um que até elogiou sua “perfeita dicção”, qualidade que ele não possui mesmo! Ora, como um trabalho tão perfeito pode ser rejeitado de ponta a ponta! Falsidade ou acerto prévio?

Outro disse que concordava com o relator em tudo, “menos em quatro pontos apenas”. Rematado cinismo, pois eram exatamente os pontos que, uma vez rejeitados, tornavam nulo o trabalho do Congresso e jogavam para o espaço a autorização para a abertura do processo de impeachment.

O mais estranho, porém, aumentando a perplexidade que tomou conta de todos, foi o voto de Dias Toffoli, este, indubitavelmente, o mais ligado ao petismo seguindo quase que na íntegra o voto de Fachin, sobretudo no essencial. Mas percebam que quando Toffoli votou o destino do pleito da Câmara já estava sacramentado.


Coerentes com o que era lógico só os votos de Gilmar Mendes e de um ou outro ministro mais próximo ao petismo. No mais, ficou uma sensação de prévio acerto, se isso é possível, condenável sob todos os aspectos, mais ainda quando se trata do judiciário.

Relembrar é preciso:
Em 1988 DILMA faliu a Prefeitura de Porto Alegre... Competência para destruir!


Lula: O Ogro Pilantrópico


O ogro é uma figura mitológica voraz e insaciável, cuja particularidade é devorar tudo e a todos. A palavra ogro vem do latim, orcus, que significa inferno. Filantrópico vem de filantropia, o ato de se fazer caridade, ajudar o próximo sem desejar nada em troca. O vosso Dr. Lula, devoto da luta de classes, não é propriamente um filantropo, mas, sim, como sabido, um pilantra ambulante, tipo refinado na arte de passar a perna na patuleia ignara (o que vem fazendo, sem pudor, há mais de três décadas). Por oportuno, vamos tratar de algumas facetas deste assombroso personagem.     

Antes de mais nada convém anotar que o ogro do ABC não seria mais que fenômeno passageiro caso não fosse incensado pela mídia amestrada, dia e noite, desde que pintou no pedaço. Diga-se, de passagem, que a imprensa cabocla, totalmente dominada pelo ativismo esquerdista, encampa, por tradição, todo tipo de fanático ou picareta capaz de entoar a cantilena comunista (seja leninista ou gramsciana).

No histórico, essa gente nunca vacilou em  alardear a “liderança carismática” do ogro pilantrópico, logo reconhecido como um “quadro genuíno” a ser cooptado a todo custo. Além de astuto, ambicioso e ignorante, o operário relâmpago seria capaz, segundo o comparsa Leonel Brizola, de “pisar o pescoço da própria mãe para chegar ao poder”.

A figura foi um achado para as hordas comunistas, aparentemente esfaceladas pelos milicos. Cevado nos antros da teologia da libertação e da “intelectuária orgânica” da USP, o títere de pronto foi enviado para a Alemanha Oriental, onde recebeu tratamento de choque em cursilhos ministrados pela  ortodoxia da STASI. No regresso, mostrou-se afiado no vociferar da decoreba vermelha. Daí a fundar um partido “hegemônico” e chegar ao poder, “pisando o pescoço da própria mãe”, foi um passo. Em seguida, para mantê-lo, o ogro “fez o  diabo” e armou com mão de ferro o Estado Socialista do PT, hoje considerado o mais corrupto do mundo, embora atravesse fase agônica.

O exemplo de como a imprensa amestrada venera ídolos de pés de lama verificou-se quando o puxa-saco Roberto D’Ávila, outro membro da patota, entrevistou o companheiro Lula na Globo News, uma emissora a serviço da desinformação. Nela, o ogro pilantrópico, no momento às voltas com inúmeras denúncias da operação Lava-jato, mentiu adoidado, distorcendo os fatos mais notórios ao sabor da sua completa amoralidade. Diante das câmeras, com irrefreável lógica de botequim, o ogro atropelou como quis o falso entrevistador que, de resto, manteve-se fiel ao hábito de “levantar a bola” para o arremate dos companheiros de viagem.

Lula vociferou tal qual a figura do fingidor histérico, tipificado na patologia como o doente que diz uma coisa que sabe que é mentira e a sustenta, publicamente, na maior cara de pau. Escondido no bunker do Instituto Lula, onde armou a entrevista-farsa, o ogro mentiu desvairado, o quanto pôde, para eventuais telespectadores, sempre rodeado pelos cupinchas da CUT, UNE e MST, claque cativa e bem remunerada. Em determinado instante, Lula, um sujeito rico com milhões de reais investidos em especulações financeiras, chefe de família dona de 17 empresas capitalistas, garantiu que ninguém apareceu quando era presidente para lhe oferecer sequer “uma pêra”. Em ato falho, porém, sofismou em defesa própria: no Brasil, “... aquele cara que parece um santo, na verdade é um bandido. O que parece bandido é um santo”. É preciso mais?

Na dura realidade, no País conflagrado pelo socialismo petista, as chamadas instituições oficiais afundam na desídia e na dissolução, o desemprego ultrapassa a casa dos 10%, a inflação galopa em dois dígitos, o PIB desaba, o descrédito externo avança e a dengue, a zika e a chikungunya massacram a população carente. Numa reação previsível, a maioria indignada, mesmo descrente, manifesta nas ruas sua repulsa contra o governo corrupto ostentando o boneco ladravaz de Lula, símbolo da miséria física e moral que estigmatiza a nação.

Enquanto isso, nos palácios de Brasília, a caricata Dilma Rousseff, factotum de Lula, se aferra ao poder contra a vontade de 84% da população. Com o governo falido pelo roubo público, ela informa que o País atravessa crise passageira e promete mundos e fundos, inaugurando obras inexistentes em viagens dispendiosas nas quais se vende como vítima de golpes tramados pelos adversários políticos.

Quer dizer: estamos ferrados.


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Ipojuca Pontes é Jornalista, Escritor, autor teatral e cineasta.

Incêndio danifica Museu da Língua Portuguesa

Por VEJA

Um pigmeu entre gigantes


No início do mês passado, fui convidado pelo Comandante do Exército, Gen Villas Bôas, a acompanhá-lo em uma visita oficial ao Regimento de Dragões da Independência, onde um Oficial da Reserva (R2) seria recepcionado.

Tratava-se de atender ao pedido de alguém que tivera o privilégio de aprender as táticas elementares da Cavalaria e de conviver, por algum tempo, no salutar ambiente de um regimento e de ter feito contato com os valores, as virtudes e os princípios que norteiam a vida castrense.

O Exército como um todo e a Cavalaria em especial, são instituições apaixonantes e marcantes para quem tem a oportunidade de conhecê-los mais de perto.

Neste contexto, para aqueles que cursaram o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo (CPOR/SP), no tempo em que a Cavalaria era a cavalo, sobressai de importância o antigo 17º Regimento de Cavalaria, sediado em Pirassununga (SP), hoje mecanizado e aquartelado em Amambai (MT).

Foi para relembrar seus tempos no “17”, onde estagiou, que o 2º Ten Cav (R2) Ricardo Lewandowski, hoje Presidente do STF,  solicitou uma visita ao quartel do “1º de Dragões”. Nada mais justo e lógico para quem conheceu o agradável sabor da vida agitada e alegre de um Regimento de Cavalaria.

O roteiro da visita incluiu uma magnífica demonstração do treinamento aplicado aos cavalos e aos Dragões para habilitá-los ao emprego nas operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

O Ten Lewandowski, como era de se esperar, ficou realmente muito impressionado com o que viu em termos de motivação, capacitação, destreza, disciplina, coragem e vigor físico da tropa e dos animais.

A visita foi encerrada com um almoço no Salão Nobre do Regimento, ocasião em que o Gen Villas Bôas presenteou o visitante com uma placa de madeira na qual estava fixado um estribo.

O Comandante do Exército fez questão de frisar que se tratava do estribo do lado esquerdo, o do “lado de montar”, e alertou o homenageado, agora não mais o Tenente de Cavalaria, mas o Ministro Presidente do STF, para o fato de que o do lado direito estará sendo empunhado pelo Exército Brasileiro, para evitar que a sela vire no momento de montar, garantindo a firmeza na tomada de assento na sela.

Complementando, o Comandante justificou o sentido figurado da gesto, dizendo ao Ministro que ele, no exercício de suas elevadas funções judiciais, terá sempre o Exército à sua direita, vigilante e atento, para garantir o cumprimento da lei e o respeito à ordem pública e aos preceitos constitucionais.

O Ministro recebeu e entendeu a mensagem, agradeceu a lembrança e disse, com ênfase, em seu discurso de agradecimento, que a Suprema Corte brasileira, a exemplo das FFAA,  é uma instituição de Estado e não de governo, ou seja, comprometida, antes de tudo, com o Brasil e não com governos de ocasião!

Hoje, depois de ter assistido à tramoia dos integrantes daquele supremo tribunal de justiça para favorecer, no processo de impeachment, o governo que o aparelhou, sinto-me autorizado a pensar que houve falha na avaliação do Aluno e do Tenente Lewandowski nos indicadores relacionados ao compromisso com a verdade, fundamento da moral cavalariana e do Exército de Caxias!


Se, por um momento, encontrei no Presidente do STF identidade no amor e na admiração à Cavalaria, hoje, rechaço este sentimento, porquanto, de fato, enquanto esteve entre nós, no CPOR e no “17”, não passou de um pigmeu entre gigantes, o que justifica ele ter imaginado que, voltando a um quartel, na posição que ocupa, poderia equiparar-se àqueles que o devem ter humilhado com sua imensa superioridade moral!

Olavo de Carvalho, Bolsonaro e os erros de Narloch sobre a imigração


O que esperar do sujeito que advogou o plantio de MACONHA como solução para a pobreza do sertão nordestino?


As discussões políticas das redes sociais giraram, na semana passada, em torno de um debate público entre Leandro Narloch (jornalista e autor da série best seller "História Politicamente Incorreta") e Olavo de Carvalho (também jornalista, além de filósofo, professor e autor do — igualmente — best seller “O Mínimo que você Precisa Saber para Não Ser um Idiota”). Para entender a querela entre esses dois autores tão populares, é preciso remontar a acontecimentos que são anteriores a ela e envolvem também Jair Bolsonaro. Tudo começou na quinta-feira, dia 17 de setembro de 2015, quando o deputado, durante uma entrevista ao Jornal Opção, usou a expressão “escória do mundo” em uma declaração sobre imigrantes haitianos, iranianos e bolivianos (escute a entrevista inteira aqui https://goo.gl/WTrgA9). Na quarta-feira seguinte, 23 de setembro de 2015, Narloch publicou, em seu blog na Veja, o texto “Deixe a escória entrar, Bolsonaro. Pois faremos com ela um grande país”, no qual ele retruca o deputado, comparando os fluxos migratórios comentados por Bolsonaro com outros fluxos migratórios que aconteceram há algumas décadas, nos quais vieram para o Brasil alemães, japoneses e italianos. A resposta dada a Bolsonaro por Narloch encontrou muitas críticas nas redes sociais, o que obrigou o jornalista a retomar o tema em um segundo texto, publicado a 25 de setembro de 2015, com o título de “A livre imigração é uma bandeira da esquerda ou da direita?”. Mais recentemente, a 5 de dezembro de 2015, foi publicado no Youtube um vídeo com um trecho de uma aula do “Curso Online de Filosofia”, popularmente conhecido como COF, no qual o professor Olavo critica Narloch (veja aqui https://goo.gl/W4faa5) apontando as diferenças entre os atuais fluxos migratórios e os que aconteceram no passado. Tendo tomado conhecimento do conteúdo do vídeo, Narloch publicou, a 9 de dezembro de 2015, um terceiro texto sobre o mesmo tema, com o título de “O erro de Olavo de Carvalho sobre a imigração”, dessa vez retrucando ao filósofo.


Ocorre que, desde o primeiro texto, Narloch incorre em erros de raciocínio que seriam vergonhosos se tivessem sido cometidos em uma redação de um aluno de segundo grau. E, a cada texto novo, no lugar de conseguir refutar as críticas que lhe foram sendo feitas, só conseguiu aumentar cada vez mais o desarranjo no qual havia se metido. Assim, o escopo desse artigo é destrinchar cada uma dessas confusões cometidas pelo blogueiro, além de aproveitar a ocasião para dissipar de uma vez por todas todo o embuste que a esquerda (de uma maneira geral) e os libertários (pelo menos aqueles que se sentem representados por Leandro Narloch) criam para induzir abordagens nefastas no que diz respeito a forma com a qual os países devem tratar os fluxos migratórios. O primeiro texto produzido por Narloch será abordado sob três grupos distintos de consequências oriundas do adentramento de grandes massas humanas em uma determinada nação: [01] aspectos econômicos, [02] aspectos políticos e [03] aspectos culturais. O segundo texto de Narloch será tomado como adendo do primeiro e ilustrará apenas a questão política. Por fim, o terceiro texto de Narloch será abordado apenas no sentido de comprovar que, mesmo com os apontamentos realizados por Olavo de Carvalho, o blogueiro continuou insistindo em erros idênticos aos que ele havia incorrido nos textos anteriores.

I. Aspectos econômicos

Narloch diz:

"Eu, Bolsonaro e quase todos os brasileiros que eu conheço são descendentes de gente miserável que chegou ao Brasil aceitando qualquer subemprego. Em poucas gerações, essa gente enriqueceu mais que os nativos".

Deixando de lado o erro gramatical que evidencia o alcance da ação macabra de Paulo Freire (a primeira pessoa do plural do presente do indicativo do verbo “ser” é “SOMOS”, então fica "Eu, Bolsonaro e quase todos os brasileiros que eu conheço SOMOS"...), o jornalista da Veja aqui alega que os imigrantes europeus que vieram para o Brasil no século passado, e dos quais ele e o deputado seriam descendentes, chegaram a estas terras na mesma condição em que agora chegam os haitianos. Tal alegação é um convite para uma pequena aula de ontologia:

Vocês sabem a diferença primordial entre lidar com uma cadeira e lidar com a palavra "cadeira"? É simples: Quando se lida com um sintagma que REPRESENTA um fato/circunstância/objeto, o caráter ontológico em questão é arquetípico, quando se lida com um fato/circunstância/objeto em si mesmo, sem mediação do signo, o caráter é manifesto. Isso significa dizer que um sintagma ou qualquer outro signo ISOLA uma característica especifica do ente e descarta as demais. A manifestação do ente, necessariamente, ultrapassa o recorte ontológico estabelecido pelo signo. Ficou difícil? Eu desenho: se alguém diz "camisa", você pensa em uma camisa. Ok. Mas ela é de que cor? Ela é de manga comprida ou curta? Ela é de algodão ou poliéster? Ela é velha ou nova? Estampada ou lisa? O significado da palavra “camisa” não tem massa, não tem cheiro e não tem cor. Uma camisa “real” precisa, necessariamente, ser confeccionada a partir de um material específico, ter uma determinada massa, uma cor específica. Deu para entender? A turma dos libertários tem a mania de raciocinar não em cima de fatos, mas em cima de recortes bem limitados que eles fazem ao bel prazer sobre esses fatos. 

Voltemos para os imigrantes... embora seja verdade que os imigrantes europeus chegaram ao Brasil desprovidos de posses e, portanto, em situação de pobreza, tais pessoas eram oriundas de sociedades relativamente bem estruturadas e relativamente abundantes (embora estivessem passando por um problema naquele momento; caso contrário, não precisariam ter emigrado). Podem ter chegado ao nosso país sem dólares, sem barras de ouro ou pedras preciosas, mas formavam uma massa composta de profissionais liberais, artesãos, agricultores, que introduziram na nossa cultura uma coisinha sem valor que o pessoal da área de administração chama de "know how", ou seja, o conjunto de conhecimentos necessários para produzir determinado bem ou prestar determinado serviço. Mesmo tendo chegado ao Brasil sem objetos valiosos, não significa que não trouxeram valor consigo. Como eram pessoas acostumadas a viver em relativa abundância, não tardou até que a vida que passaram a construir aqui manifestasse a abundância que estava DENTRO delas. 

Que me conste, embora possa haver exceções (quem não se deixa embriagar pelos recortes ontológicos sabe que elas existem), a massa vinda do Haiti não é composta de artesãos, comerciantes ou mesmo de pessoas que dominem técnicas de plantio e consigam elevar a produtividade do agronegócio brasileiro. Tanto os imigrantes europeus quanto os imigrantes haitianos chegaram, ao Brasil, pobres; mas não "pobres da mesma forma". A realidade tem essa "coisa" de extrapolar as construções abstratas. Realmente é um troço muito chato. Ainda mais que sobra para mim o trabalho de escrever um texto gigante, com uma pequena introdução aos fundamentos da ontologia, para desmontar o cipoal que Narloch construiu em tão poucas linhas.

Ele segue:

"Em Londres, judeus e sikhs eram os grupos mais pobres no começo do século 20. Hoje são os mais ricos. Nos Estados Unidos, chineses e irlandeses sofriam tanta discriminação quanto os negros. Muitas empresas anunciavam empregos com a sigla NINA (No Irish Need Apply, “'rlandeses não devem se candidatar”). Hoje chineses e irlandeses são mais ricos que a média dos americanos. No Brasil, imigrantes sírios e libaneses construíram o melhor hospital do país".

Percebam que, conforme aparece na esquematização do pensamento de Narloch, o entendimento que fica representado é o de que a característica que habilitou determinado grupo de seres humanos a construir "o melhor hospital do país" não foi a de "domínio da medicina", nem a de "domínio da administração", nem a "capacidade fora do comum para realizar negócios e atender a demandas colocadas pela sociedade", mas apenas o fato de “serem imigrantes". Mais uma vez ele fala em "camisa" e esquece que existem camisas de manga longa, camisas de maga curta e que, muitas pessoas também chamam camisetas de “camisa”, sem contar as camisetas regatas, próprias para a prática esportiva. Narloch lida com o sintagma “imigrante” como a aprendiz de feiticeiro que cria o feitiço e se faz enfeitiçar: o encantamento o faz esquecer dos detalhes sórdidos que o mundo real insiste em impor para acabar com as abstrações tão legais construídas na melhor das boas intenções (afinal, não pega nada bem levantar questões que possam, de alguma forma, prejudicar a imagem daqueles que querem entrar no Brasil. Não é verdade?).

No fantástico mundo do samba da ontologia psicodélica enfeitiçada, o mero fato de um sujeito ser "imigrante", independentemente de qualquer outro aspecto do "ente real", habilita esse sujeito a construir o melhor hospital do país. Basicamente tal raciocínio confere poderes mágicos às fronteiras: alguém que nasça de um lado delas, ao passar para o outro lado, ganha, sem mais delongas, capacidades e habilidades extraordinárias e, até mesmo, sobrenaturais. Raciocinando dessa forma, dá até para esperar que um haitiano, uma vez tenha adentrado o território nacional brasileiro, crie a empresa que vai desbancar a Apple. Assim, de fato, seria uma perda muito grande não acolher todo e qualquer imigrante, tendo ele saído de qualquer buraco que tenha saído. É uma pena que, no mundo real, as fronteiras não tenham esses poderes fantásticos. Ou seja, se o imigrante for um zé-ruela no país de origem dele, vai continuar sendo um zé-ruela no Brasil e, — porca miséria! — nenhum hospital de ponta vai brotar do chão.

Prossigamos:

"Economistas estão cansados de dizer que imigrantes não são um problema, mas a solução. Em maioria adultos jovens, contribuem mais em impostos do que gastam em serviços públicos. Ao ocupar vagas de baixa qualificação, liberam os brasileiros para trabalhos mais produtivos".

Vamos por partes, porque o bagulho tá frenético:

01) "Economistas estão cansados de dizer que"

Fico compadecido pelo exaurimento das forças físicas desses economistas, mas, desafortunadamente, não basta repetir uma alegação até a exaustão para que ela se torne verdadeira. É preciso provar a alegação através de um raciocínio lógico ou, pelo menos, oferecer um simulacro de prova através de um fato empírico que exemplifique a tese que se quer afirmar; o que é exatamente o que vamos fazer a seguir...

02) "contribuem mais em impostos do que gastam em serviços públicos"

Oh! Really? Vejamos: se essa alegação é verdadeira, então por que cargas d’água o governo petista do Acre que abre as pernas para os imigrantes não se esforça para manter essas "usinas de geração de valor econômico" em seu próprio estado, preferindo, no lugar disso, usar dinheiro público para bancar milhares de passagens de ônibus para enviar esses "pagadores de impostos" para São Paulo? Se os haitianos fossem um "ativo" será que a petralhada do Acre mandaria de presente para Geraldo Alckmin para enriquecer ainda mais o estado mais rico do Brasil? Não respondam ainda, vamos dar uma lida nos jornais paulistas em busca de dados factuais: "Folha de São Paulo", 4 de dezembro de 2014, "Estrangeiros vão poder receber Bolsa Família em São Paulo". Iiiiiii... ‘tá parecendo que essa tese do haitiano-geração-de-valor vai fazer água... Será? Vejamos outra matéria: "O Globo", 5 de dezembro de 2014, "Prefeitura de SP inclui estrangeiros no programa Bolsa Família". É! Foi conforme parecia que iria ser. É aquela coisa: de onde menos se espera é daí que não sai nada mesmo. 

03) "Ao ocupar vagas de baixa qualificação, liberam os brasileiros para trabalhos mais produtivos"

Como se sabe, o Brasil é um país com uma mão de obra extremamente qualificada e capacitada, que está presa a serviços de limpeza e não consegue preencher todas as vagas que abundam na nossa também pujante indústria aeroespacial, causando um problema de falta de mão de obra em todos os postos de trabalho (acaso alguém seja displicente a ponto de não ter notado: ironic mode “on”). Tivéssemos ao menos alguns imigrantes pouco capacit... mas... ‘péra... ele disse "ocupar vagas de baixa qualificação"??? Confere, produção? E aquele papo de "melhor hospital do país"??? (Em matéria de dialética erística, esse Narloch está me saindo melhor do que a esquerda). Em se tratando de “ocupar vagas” e “liberar brasileiros para trabalhos mais produtivos”, surge um dos pontos mais frágeis da tese de Narloch: Será que esses imigrantes estão vindo realmente em busca de trabalho? Para além da capacitação ou falta de capacitação dos imigrantes (que foi abordada acima), ainda há dois pontos a serem estudados: 01) a realidade do país que está recebendo os imigrantes e 02) a expectativa deles ao migrarem.

Sobre o primeiro ponto, percebam que quando Narloch discorre sobre os chineses e irlandeses que prosperaram nos EUA, ou mesmo sobre imigrantes que no passado prosperaram no Brasil (tanto os europeus, quanto os sírios responsáveis pelo Hospital Sírio-Libanês) ele ignora uma abissal diferença entre as duas situações. Tais pessoas prosperaram em países cuja mentalidade dominante era a do “self-made man”, ou seja, o homem construído pelo esforço próprio. Décadas de ocupação esquerdista nos centros formadores de opinião (imprensa e sistema de ensino), disseminaram no Brasil uma mentalidade para a qual o Estado deve ser o provedor de TODAS as necessidades dos cidadãos. Refletindo essa mentalidade que já se transformou em um câncer, chegou ao poder um partido que formatou a economia para privilegiar não quem quer produzir (como era na época em que foi erigido o Hospital Sírio-Libanês), mas aqueles que querem receber do Estado segurança, saúde, educação, transporte, diversão, preservativo (e, caso o preservativo falhe, aborto); tudo público-gratuito-e-de-qualidade.

O Brasil, enquanto nação, está mais do que falido, está DOENTE, e o pior que pode nos acontecer é recebermos uma massa de miseráveis para engrossar as fileiras dos movimentos (ditos) sociais que o petê conduz na coleira (ou já nos esquecemos das fotos que a própria Veja mostrou de tantos haitianos participando dos “protestos em favor” do governo, financiados pelo BNDES e movidos a pão com mortadela?). Estamos passando pela pior crise da História do nosso país. As fábricas estão fechando, os investidores estão indo embora, o desemprego real (não aquele maquiado pelos números do governo) já atinge mais de 40% da população em idade produtiva, exatamente porque o empreendedorismo foi moralmente criminalizado no Brasil. É utopia e até mesmo devaneio comparar o que aconteceu no passado com o que acontece agora, ignorando a diferença de mentalidade e o contexto geral no qual cada uma das situações se circunscreve. Mesmo que os imigrantes estivessem chegando ao Brasil com gana para trabalhar, não encontrariam aqui um ambiente apropriado. O que nos leva à segunda questão: será que eles querem trabalhar?

Antes de escrutinarmos as intenções de quem para cá está vindo, cabe uma observação: Em um programa de televisão (se não me engano, o de Danilo Gentili), Narloch se auto definiu como “libertário”, uma vertente política que prega a liberdade econômica absoluta até o nível da supressão do Estado. Como as fronteiras são mantidas pelo Estado, o raciocínio de Narloch foi o de que “se o Estado deve acabar, a extinção de todas as estruturas que são mantidas por ele deve preceder essa apoteose de liberdade, quando finalmente não mais haverá nenhum tipo de coerção estatal”. Ocorre que os maiores expoentes do libertarianismo no mundo possuem um raciocínio bem diferente do nosso libertário tupiniquim, a exemplo do muso libertário Hans-Hermann Hoppe. Mais que isso, Peter Schiff e Stefan Molyneux — dois nomes do primeiro panteão libertário — são paladinos da “Welfare magnet hypothesis”. E é nesse ponto que eu queria chegar:

A “Welfare magnet hypothesis” aponta com evidências empíricas que há uma relação direta entre a quantidade de benefícios sociais oferecidos por um país e o tipo de imigrantes que este país atrai. Países sem benefícios atraem imigrantes que realmente querem trabalhar, produzir e crescer por conta própria. Países com sistema de saúde público, escolas públicas, sistema habitacional que dá de presente casa para quem precisa (ou para quem frequenta com assiduidade os “protestos em favor” organizados pela CUT & MST) e que oferecem auxílios como bolsa para quem faz filho; bolsa para quem vai para a escola; bolsa para quem não vai para a escola; bolsa para quem assalta, assassina e estupra; (será que alguém conhece algum país que se encaixe nessa descrição?) etc atraem pessoas interessadas nessa miríade de “direitos” do público-gratuito-e-de-qualidade.

Os Estados Unidos são um país ímpar. Sendo muito rico, consegue oferecer alguns benefícios sociais sem com isso minar as possibilidades de empreendedorismo. Assim, a América consegue tanto atrair imigrantes que querem se fazer no “american dream”, buscando a terra para crescer por esforço pessoal — a exemplo de cubanos, venezuelanos e brasileiros — , quanto aqueles que são oriundos de realidades tão miseráveis que o mero acesso a um prato de comida por dia já os torna “milionários” em relação às expectativas de vida que nutrem para si mesmos — haitianos e paquistaneses vão para os EUA não em busca da liberdade para trabalhar, mas apenas para viver sustentados pelo Food Strap e pelo Obama Care.

Os pontos expostos acima provam três fatos:

01) O Brasil atual não favorece o empreendedorismo, nem do ponto de vista legal, nem do ponto de vista moral, de sorte que quem aqui chega como imigrante — MESMO QUE QUEIRA — não vai encontrar condições favoráveis para se sustentar e produzir riquezas.

02) A imagem que a atual política brasileira projeta no mundo faz com que o país se torne um imã para todos que NÃO QUEREM trabalhar, mas apenas querem passar o resto de suas vidas mamando nas tetas dos benefícios sociais, conforme explica a “Welfare magnet hypothesis

and, last but not least,

03) Ainda que possa haver exceções, de uma maneira geral os haitianos estão SIM em busca de onde possam parasitar — pode ser politicamente incorreto falar isso, mas o autor da série “História Politicamente Incorreta” não deveria se sentir desconfortável em adentrar o território do que não é considerado de “bom tom” pelo “beautiful people”.

Conclusão sobre os aspectos econômicos da imigração:


Se o leitor acompanhou com atenção a argumentação acima, não vai poder se furtar ao entendimento de que é um absoluto disparate afirmar que a chegada de diferentes levas populacionais a um país projeta sempre o mesmo impacto sobre a economia levando em consideração apenas o fato de se tratar de “imigrantes” e desconsiderando aspectos tais quais “de onde vieram”, “quais habilidades trouxeram consigo”, “quais expectativas nutrem em seu novo lar”, “de que forma está o cenário econômico e social do país que os recebe” etc.

II. Aspectos políticos

Não bastassem todos os aspectos econômicos negativos que foram apontados acima, a imigração de pessoas miseráveis causa, a médio e longo prazo, sérias consequências políticas, que são até mesmo evidentes para quem entende minimamente do assunto. Essas consequências foram explicadas de forma brilhante pelo economista americano Thomas Sowell (o qual, para quem não conhece, é NEGRO e um dos maiores inimigos das chamadas “Afirmative Actions”, ou seja aquelas medidas que dão aos negros, entre outras vantagens ilícitas — e IMORAIS — , o direito de burlar o sistema de seleção por mérito para adentrar em universidades, concursos públicos etc — as famigeradas cotas raciais), em seu artigo “The Past and Future of the Refugee Crisis” (O Passado e o Futuro da Crise de Refugiados), publicado a 8 de setembro de 2015, no realclearpolitics.com (link para o original http://goo.gl/nNxAnJ):

“[...] a crise atual não pode ser tratada como se não tivesse passado nem futuro. O futuro é de fato uma das maiores restrições sobre o que pode ser feito no presente. Qualquer pessoa com um senso de decência e humanidade iria querer ajudar aqueles que já passaram por experiências angustiantes e chegaram, exausta e desesperadamente, nas margens da Europa. Mas a história não termina aí, se o fizerem. A atual geração, com refugiados, como com todos os outros seres humanos, vai passar. Aqueles que podem ser gratos por terem encontrado um refúgio contra os horrores do Oriente Médio terão uma nova geração de crianças na Europa, ou em qualquer outro lugar de refúgio, que não terão memória do Oriente Médio. Tudo o que a nova geração vai saber é que eles não estão se saindo tão bem quanto as outras pessoas no país onde vivem. Eles também saberão que os valores de sua cultura entram em confronto com os valores da cultura ocidental em torno deles. E não haverá falta de "líderes" para dizer-lhes que eles foram enganados, incluindo alguns que os incitarão a jihad”.

Ou seja:

Hoje, você acolhe e dá uma oportunidade de vida para pessoas que estão em situação calamitosa. Amanhã, os filhos dessas pessoas, não entenderão que nasceram em uma situação infinitamente mais favorável do que teria sido se seus ancestrais não tivessem tido a oportunidade que lhes foi concedida pelo país de destino. No lugar de verem o que lhes foi dado por caridade, enxergarão apenas o fato de que sua situação está aquém da situação daqueles cujos ancestrais trabalharam para construir a riqueza daquele país há várias gerações. Estes indivíduos serão presas fáceis nas mãos de populistas que farão escada nas velhas bobajadas da luta-de-classes, da dívida histórica, e todas as outras idiotices inventadas pela esquerda com o único objetivo de fomentar a inveja entre os menos providos (ou, o que acaba acontecendo na maioria das vezes, com o objetivo de convencer os ressentidos e invejosos de que seu infortúnio fora causado por usurpação alheia), ao mesmo tempo que canalizam a energia gerada por esses sentimentos para que lhes forneçam ganhos políticos.

A predição acima foi feita por um economista americano, referindo-se à situação do país dele, no qual o pensamento “de direita” segue resistindo firme e forte. Imaginem quão pior não seria no Brasil, país no qual o câncer esquerdista está em estado avançado de metástase? Mais de 90 por cento dos brancos que hoje estão vivos no Brasil jamais tiveram um único ancestral que possuísse escravos, mesmo assim, pela lógica podre dos defensores das cotas raciais, qualquer pessoa de tez branca está, por força de sua cor de pele, em dívida com os negros. Os haitianos (país no qual a quase totalidade da população é negra) passarão a ser herdeiros de um “capital de sofrimento histórico”, sem ao menos terem um único ancestral que tenha sido escravizado no Brasil.

Mesmo que essa seja uma consequência inescapável do quadro que hoje se traça, o duro é que Narloch está convencido do exato oposto. Como era de se esperar, a área de comentários do blog de Narloch ficou coalhada de comentários negativos ao texto. Por conta disso, ele se viu na obrigação de publicar outro texto (“A livre imigração é uma bandeira da esquerda ou da direita?”, de 25 de setembro de 2015), no qual ele afirma:

“A imigração em massa sabota diversas bandeiras da esquerda. Aumenta a estatística de desigualdade, pressiona para baixo o salário de trabalhadores pouco qualificados, enfraquece os sindicatos e diminui a aceitação do povo a políticas de transferência de renda.
O economista Erzo Luttmer mostrou em 2001 que, nos Estados Unidos, o valor dos programas de redistribuição de renda é menor nos estados onde a população é mais diversa. “Se indivíduos preferem contribuir para sua própria raça, etnia ou grupo religioso, eles optam por menos redistribuição quando membros de seu grupo constituem uma parte menor dos beneficiários”, diz ele. Quer diminuir o peso do Estado? Diversifique a população”.

Alguém poderia me fazer a caridade de explicar de que forma, em um país cujo sistema de ensino assedia há décadas estudantes em fase de formação intelectual, incutindo-lhes, de forma enviesada, a mentalidade esquerdista, um “aumento da estatística de desigualdade” sabotaria bandeiras da esquerda? Percebam o erro lógico de usar exemplos americanos IGNORANDO as diferenças entre cada uma das situações. Se o povo de determinados estados dos EUA reage à diversificação da população diminuindo a aceitação de programas de transferência de renda, isso se deve a três fatores:

01) Nos EUA, há debate político e confronto de ideias. No Brasil, dizer-se “de direita” é motivo para ostracismo social e econômico. O sujeito que comete esse despautério simplesmente fica impossibilitado de participar de áreas econômicas dominadas pelos sindicatos controlados, ou por qualquer um dos outros inúmeros braços da Nomenklatura petista. Dizer-se contrário a programas de transferência de renda é garantir que o sujeito seja visto como um monstro sem coração, carrasco dos pobres, membro da elite branca burguesa que aplica golpes políticos para manter os privilégios dos quais se beneficia há 500 anos. Pergunta: qual político venceria uma eleição no Brasil incluindo nas promessas de campanha o fim do Bolsa-Família? Até aquele que é considerado pela petralhada como o ápice da extrema-direita golpista, o próprio Jair Bolsonaro, já deu declaração para entrevista de televisão dizendo que jamais cortaria tal programa. Imagine a situação entre os políticos “main stream”! Imagine um Aécio Neves ou uma Marina Silva explicando em horário eleitoral que vê o fim do Bolsa-Família e o corte dos benefícios sociais como o caminho para levar o Brasil ao desenvolvimento.

02) Nos EUA, em comparação com o que aconteceu no Brasil, a população manteve-se estratificada. Embora a situação tenha mudado muito de alguns anos para cá, casamentos multirraciais sempre foram uma raridade. A cultura do povo americano e a própria forma como se desenrolou o processo histórico daquele país mantiveram a população com raças bem definidas (o cantor Caetano Veloso critica isso na canção intitulada “Americanos”, na qual os versos dizem “Para o americano, branco é branco, preto é preto, e a mulata não é a tal”). No Brasil, por outro lado, houve um processo profundo de miscigenação: a índia fugia da tribo para “dormir” com o filho bastardo do senhor de engenho branco com a escrava negra. Alguém poderia me explicar como um povo composto em sua quase totalidade de MESTIÇOS poderia se deixar influenciar politicamente por um processo de “diversificação da população”?

E, por fim:

03) Os EUA são uma federação. Cada estado possui suas próprias leis, que tendem a refletir as opiniões e a mentalidade daquele estado específico. É por isso que nas regiões em que a população tem menor aceitação aos programas de transferência de renda esses programas têm menos relevância ou são inexistentes. Para a organização política do Brasil, muito longe do modelo federativo, a composição étnica da população de cada estado simplesmente é irrelevante, porque os programas de transferência de renda são uma imposição que vem pronta de Brasília e é aplicada da mesma forma tanto em estados que possuem uma população relativamente mais segregada, como Rio Grande do Sul (cuja maior parte da população possui nas veias maior quantidade de sangue europeu) e Bahia (cuja maior parte da população possui nas veias maior quantidade de sangue africano), quanto em estados cuja população, na prática, desconhece completamente o que seria os significados dos termos “caucasiano” e “negroide”.

Conclusão sobre os aspectos políticos:

Com a explanação acima, fica provado que, ao contrário do que é alegado por Narloch, a chegada de miseráveis ao Brasil jamais poderia sabotar qualquer bandeira da esquerda, mas na verdade as reafirmaria. Isso significa que além dos aspectos econômicos negativos que foram explicados na primeira parte do texto, os impactos negativos em relação aos aspectos políticos também se reverteriam em aspectos econômicos negativos, uma vez que dar mais força à esquerda é o caminho certo para criar mais miséria.

III. Aspectos Culturais

Para explanar sobre as consequências culturais da imigração indiscriminada, vamos destacar uma passagem extremamente elucidativa do mesmo texto de Thomas Sowell ao qual nos referimos anteriormente (o destaque em caixa alta, a seguir, é meu):
 “Nenhuma NAÇÃO tem uma capacidade ilimitada para absorver imigrantes, de qualquer tipo, e especialmente imigrantes cujas culturas não são simplesmente diferentes, mas antagônicas para os valores da sociedade em que se estabelecem”.

Por que eu destaquei o sintagma “nação”? Quem quer que conheça o significado dessa palavra percebe de pronto: “Nação; substantivo masculino, do latim “natio” (particípio passado de “natus” [nascido]), é uma comunidade ESTÁVEL, historicamente constituída a partir de um agregado de indivíduos que, com base em aspirações materiais, CULTURAIS e espirituais comuns, estabeleceu-se como um povo”. As palavras destacadas em caixa alta resumem o âmago da ideia de nação: um POVO que alcançou a ESTABILIDADE (ou seja, a relativa ausência de conflitos, guerras) através da confecção e partilha de uma mesma CULTURA.

Isso significa que cada povo tem seu conjunto de hábitos, sua forma de se comportar, sua cosmologia, sua forma de reagir às adversidades e vicissitudes da existência. Quando um grupo de indivíduos oriundos de outro povo adentra uma nação, ele traz consigo, óbvio, sua própria cultura. Se o número de indivíduos que chegam ao novo país não ultrapassar uma determinada quantidade em relação à população daquele país, esses indivíduos acabam criando uma mescla de suas tradições (que eles trazem consigo) com as tradições locais (às quais eles são obrigados a absorver por mera imposição numérica). Essa mescla de culturas, por fim, acaba enriquecendo a cultura do país que recebe os imigrantes, pois esta passa a dispor de um repertório simbólico maior. As pessoas do país receptor passam a ter acesso a novas tradições, novas formas de pensar, novos hábitos, nova culinária etc. Se os imigrantes ganham um novo lar, os cidadãos da nação que os acolheu ganham de presente um enriquecimento cultural.

Tudo isso é verdade. Mas percebam que essa situação de riqueza cultural é expressa em um parágrafo cujo cerne é uma oração subordinada adverbial CONDICIONAL: “Se o número de indivíduos que chegam ao novo país é PEQUENO EM RELAÇÃO à população daquele país”. “SE”. Nos casos em que essa relação numérica de “imigrantes x tamanho da população do país que os acolhe” ultrapassa essa quantidade “segura”, o que acontece é que passa a permear a sensação, entre os imigrantes, de que eles não precisam “negociar” com a cultura do país que os recebe. Assim, eles passam a IMPOR a própria cultura. Por exemplo: na China é hábito comer carne de cachorro. O Brasil recebeu um número considerável de imigrantes chineses, grande parte dos quais montaram, como forma de sobrevivência, restaurantes nos quais são servidas iguarias que supostamente seriam aquelas consumidas na cultura de onde eles vieram. Inobstante, não é possível encontrar no cardápio do China in Box um número referente a um suculento guisado de Totó, porque a população sino-brasileira sabe que esse costume em específico é INACEITÁVEL para a mentalidade média do cidadão do país que o colheu.

Mas, se o limite que separa o “enriquecimento cultural” da “fagocitose cultural” é uma proporção entre a quantidade de imigrantes em relação à população do país acolhedor, quantos imigrantes o Brasil poderia aceitar, sem que tal processo desandasse em degeneração da nossa própria cultura? Não é possível estabelecer o número preciso, pois ele se dá em função de variáveis completamente subjetivas, tais quais “quão forte é a cultura do país de onde partiram os imigrantes”, “quão forte está a cultura do país que os recebe” e “quão semelhantes ou auto excludentes são as duas culturas uma em relação à outra”. O que se sabe é que permitir que massas oriundas de outras culturas adentrem as fronteiras nacionais e aqui se instalem não é um oba-oba, não é uma festa, não é uma rave. Há aspectos positivos e negativos que devem ser pesados na balança, levando em consideração as condições próprias de cada caso específico de fluxo migratório.

Somente a título de ilustração, vamos usar como exemplo a situação hipotética na qual grupo de chineses (grande o suficiente para ter relevância político-cultural) decidisse que não precisam se submeter à limitação auto imposta pelos brasileiros de não consumirem carne de cachorro, eles poderiam tentar se organizar socialmente para transformar isso em uma AGENDA POLÍTICA. Em um país dominado pelo câncer da mentalidade esquerdista — o qual consegue, com intuito de colher dividendos políticos, transformar até um pirulito em símbolo de opressão — esse grupo certamente seria amparado por uma parte considerável da população do país que os acolheu (mesmo essa parte não sendo grande, ela está aboletada nos centros de decisões políticas e nos centros formadores de opinião). Em pouco tempo, um brasileiro que declarasse publicamente não conseguir comer a carne de um animal cuja a espécie ele tem uma relação profunda de afeto seria acionado juridicamente acusado de cometer “crime de sinofobia” e acabaria atrás das grades. Em última instância, a cultura do país que acolheu os imigrantes seria CRIMINALIZADA por uma minoria de imigrantes associada às pessoas que tiram vantagens espúrias de um processo como esse. Esse exemplo pode parecer surreal à primeira vista, mas a verdade é que eu nem deveria estar dando a ideia, pois ela pode cair em alguma cabecinha fértil esquerdista e aflorar como realidade cotidiana em questão de uma década.

Tendo em mente o “modus operandi” do processo, acrescentamos à situação outro fator de complicação. A base mais elementar de qualquer cultura é a religião. As duas grandes religiões monoteístas do mundo são o cristianismo e o islã. A perseguição do islã a cristãos remonta às origens do próprio islã. Muito sangue precisou ser derramado para livrar a Europa das INVASÕES mouras que aconteceram mais de cem anos antes das Cruzadas. Qualquer pessoa que tenha pelo menos dois neurônios em funcionamento sabe que a “jihad” (guerra com objetivo de impor o islã) está hoje mais forte do que nunca. Entre os jihadistas, há aqueles que agem de forma bélica, como os integrantes do Daesh (os autointitulados “Estado Islâmico”), mas também uma grande parte que deseja impor o islã ao ocidente apenas pelo expediente da superioridade numérica. Enquanto os povos ocidentais possuem dois filhos por casal, às vezes um, tantos casais sem nenhum filho, os islâmicos adentram os países ocidentais e fazem 20 filhos ou mais — todos criados com o dinheiro do contribuinte daquele país (Na Dinamarca, por exemplo, apesar de serem apenas 4% da população, os muçulmanos representam 40% dos gastos do sistema de assistência social — Percebam que as questões econômica, política e cultural, na prática, estão entrelaçadas e foram separadas no artigo somente como ferramenta retórica). Como ilustração do que está sendo dito, tomemos o caso da França: Em 1945, havia 100 mil muçulmanos naquele país. Hoje, em números oficiais, são 6 milhões, o que significa 10% da população. Na Bélgica e na Holanda, a população de muçulmanos já soma 10% e 15% do total, respectivamente. Esses números não param de crescer. Estima-se que, associada à baixa fertilidade dos casais autóctones, a alta taxa de fertilidade da comunidade islâmica causará, em uma década ou duas, um cenário no qual a população islâmica terá ultrapassado a metade do total populacional desses países. Vocês sabem qual a implicação prática desse fato? Mais um ponto de entrelaçamento entre aspectos culturais com aspectos políticos: de um total de 48 países com maioria muçulmana, 44 são ditaduras.

E vocês lembram daquela alegoria do guisado de Totó que usei para exemplificar o choque cultural? Agora vamos deixar as alegorias de lado e passemos aos dados empíricos: Na França, 95% das condenações por estupro são de muçulmanos. Na Itália também os muçulmanos perfazem 95% das condenações por estupro, além de 85% das condenações por assassinato (Observação: todos os dados numéricos citados nessa parte do texto foram retirados do livro de Peter Hammond, “Slavery, Terrorism and Islam”, de 2013). Imaginem o impacto de um povo “educado” para tratar as mulheres dessa forma em um país em que as mulheres possuem liberdade para andar de roupas curtas. E o que dizer dos gays, os quais estão sempre chorando pitangas e se dizendo vítimas de homofobia nas culturas ocidentais, as quais lhes têm dado tanta liberdade? Vejamos como o homossexualismo é tratado em alguns países islâmicos — Bangladesh: prisão perpétua; Serra Leoa: prisão perpétua; Emirados Árabes: multa ou morte; Arábia Saudita: flagelação ou morte; Afeganistão: prisão ou morte; Iêmen: flagelação ou morte; Irã: prisão ou morte; Mauritânia: morte. Como conciliar essa cultura com as paradas gays tão comuns nos países ocidentais? Acho que depois desses dados ficou mais claro o início dessa seção do texto que dizia: “POVO que alcançou a ESTABILIDADE através do confecção e partilha de uma mesma CULTURA”. Não?

Conclusão sobre os aspectos culturais:

O contato entre duas culturas distintas pode ser muito enriquecedor, mas também pode ser muito traumático; esse caráter traumático sempre flagela apenas a cultura mais acostumada às liberdades individuais (um rinoceronte destrói uma orquídea com um único movimento, já a orquídea não dispõe de nenhum atributo que possa afetar o rinoceronte). Negar esse fato é enfiar a cabeça em um aquário de político-corretismos, é colocar um óculos cor-de-rosa e viver em uma realidade paralela de faz-de-conta. E é exatamente nessa direção que o “pensamento” de Narloch vai. Essa é uma forma delirante de lidar com a realidade. Uma parcela da esquerda foi chancelada de “esquerda festiva” exatamente por raciocinar dessa forma, ignorando a realidade, apegando-se a supostos “bons sentimentos” e favorecendo, por inabilidade de lidar com o raciocínio lógico, toda sorte de atrocidades.


IV. O segundo texto de Narloch, em resposta aos apontamentos feitos por Olavo de Carvalho

Tendo entendido as considerações acima sobre o primeiro texto de Narloch, o leitor agora tem clareza de raciocínio para lidar com os embustes que a esquerda (não vou mais me referir aos libertários, conforme fiz no início desse artigo, porque, conforme foi dito no corpo da refutação, os maiores expoentes do libertarianismo não são favoráveis à supressão do controle sobre o fluxo migratório. Assim, ainda que Narloch se diga “libertário”, a verdade é que na questão da imigração suas palavras fazem eco das bobagens perpetradas por esquerdistas da grei de Leonardo Sakamoto e Cynara Menezes) e com as trapaças que Narloch tentou montar para responder a Olavo.

Narloch escreve:

“Olavo afirma que estou raciocinando a partir de similitude de palavras (imigrante = escória). “Acontece”, diz ele, “que os japoneses, italianos e alemães nunca foram chamados como escória; ao contrário, eles foram chamados porque vinham elevar o nível técnico da nossa população. ” / Não é verdade. Ou melhor: a afirmação de Olavo vale para os alemães, talvez também para os italianos do norte (e aqui eu admito o descuido ao afirmar que os alemães eram considerados escória). / Mas a afirmação não vale para todos os outros povos que imigraram ao Brasil: japoneses, italianos do sul, poloneses, ucranianos, quase todos famintos, miseráveis e discriminados quando chegaram aqui
Os japoneses, que para Olavo de Carvalho também foram chamados ao Brasil “para elevar o nível técnico da população”, são um belo exemplo. Oliveira Vianna dizia que “o japonês é como enxofre: insolúvel”. A revista O Malho publicava charges ridicularizando os imigrantes japoneses. “O governo de São Paulo é teimoso. Após o insucesso da primeira imigração japonesa, contratou 3.000 amarelos”, diz uma charge de 1908. “Teima pois em dotar o Brasil com uma raça diametralmente oposta à nossa”.
Nos debates da Assembleia Constituinte de 1946, a expressão “aborígenes nipões” é frequente. Por muito pouco os deputados não aprovaram a emenda 3.165, que proibia “a entrada no país de imigrantes japoneses de qualquer idade e de qualquer procedência”. A emenda teve apoio de Luís Carlos Prestes e os demais deputados comunistas. / Vejam só que informação deliciosa: quando o assunto é proibir a entrada de povos considerados escória, Olavo de Carvalho e Luís Carlos Prestes se aproximam. Quem diria”.

Nesse trecho, além dos erros de pontuação (talvez para fazer jus à comparação com Sakamoto e Cynara Menezes não só no conteúdo, mas também na forma, Narloch tem o estranho hábito de quebrar parágrafos onde não é cabido. Para facilitar a leitura, eu substituí na reprodução as quebras de parágrafos impróprias do texto original por uma barra [/]), Narloch comete três erros terríveis de raciocínio:

01) Ele continua confundindo “riqueza” com a posse de bens materiais, conforme foi explicado na refutação do primeiro texto.

02) O que salta aos olhos aqui é outra confusão de raciocínio que fica mais clara no parágrafo em que ele aborda os japoneses. O mea culpa que ele encena fazer por ter considerado alemães como escória no primeiro texto é ridículo, pelo simples motivo de que Olavo demonstrou que os imigrantes que vieram para o Brasil no passado NÃO ERAM escória, Narloch agora volta argumentando para provar que os italianos (do sul, que seja) e japoneses eram CONSIDERADOS escória pelos jornalistas da revista “O Malho” e por parte dos políticos que integravam a Assembleia Constituinte de 1946. Ou ele não entendeu o que Olavo explicou (deficiência de compreensão de texto) ou ele está deliberadamente incorrendo na falácia do espantalho, ou seja, fazendo de conta que Olavo fez uma afirmação que ele não fez e refutando a afirmação que não foi feita como se ela o tivesse sido. Repetindo: Olavo nunca disse que não tenha havido opositores aos fluxos de imigração que aconteceram no passado; o que ele disse foi que aqueles imigrantes NÃO ERAM escória.

03) O fato de João, Joaquim, Antônio e Luis Carlos Prestes, há cem anos, terem se oposto aos imigrantes japoneses por motivos fúteis (mero preconceito, exposto ao chancelá-los de “aborígenes nipões”) em hipótese alguma torna fúteis os motivos levantados por José, Manoel, Jair Bolsonaro e Olavo de Carvalho para que a imigração, que hoje ocorre, de haitianos e sírios seja rechaçada. Não há relação de continuidade entre os fluxos migratórios de japoneses com os de haitianos, não ficou comprovado na argumentação de Narloch que haja relação de continuidade entre os argumentos de Luis Carlos Prestes e os de Olavo de Carvalho. O único elemento que constrói a ponte necessária para que toda a exposição verbal de Narloch funcione é um “desejo” dele de que assim seja. Na verdade, Narloch está incorrendo na chamada “falácia das más companhias”. Este embuste argumentativo consiste em “atacar a posição de outrem baseando o ataque no fato de que tal posição já foi sustentada por alguém obviamente mal e parvo e, assim, concluir que se faz necessário ser igualmente mal e parvo para sustentar aquela posição” (Imagine um livro de álgebra ensinando que 2+2 é igual a 4. Daí basta localizar no Mein Kampf uma passagem em que Hitler tenha afirmado que 2+2 é igual a 4 para chegar à brilhante conclusão de que o autor do livro de álgebra era nazista).

O ponto alto do simulacro de raciocínio de Narloch vem em seguida:

“Quem passar os olhos pelo Guia Prático da Cidade de São Paulo, editado entre 1906 e 1934, verá diversos anúncios de italianos padeiros, alfaiates, donos de lojas de sapatos — mas nenhum de engenheiros, advogados ou médicos. Entre os operários italianos do Bom Retiro, em São Paulo, 70% eram analfabetos. Não me parece que a maior parte desses imigrantes tinha um “elevado nível técnico”, como sugere Olavo”.

Com tal parágrafo, Narloch quer fazer entender que os imigrantes que vieram para o Brasil no passado chegaram aqui em situação análoga aos haitianos e sírios que estão vindo hoje. Não sei se ele não leu o que ele próprio escreveu, mas é incrível que ele não tenha conseguido perceber que ele consegue provar justamente o contrário: alguém aí já ouviu falar de padarias, alfaiatarias ou lojas de sapato criadas na cidade de São Paulo pela horda de haitianos que invade o Brasil sob os auspícios do Partido? Ninguém que tenha capacidade para fazer montar uma padaria, uma alfaiataria ou praticar o comércio pode ser considerado um indigente. Que houvesse italianos analfabetos (em uma época em que a maior parte da população, mesmo nos países mais ricos, não tinha o acesso que temos hoje à instrução) é simplesmente IRRELEVANTE. Usar essa irrelevância como argumento torna-se ridículo no contexto de que se pelo menos 1 em cada 10 italianos tivesse alguma sofisticação intelectual, tal fato seria suficiente para estabelecer um diferencial entre os imigrantes italianos do passado e os atuais haitianos, entre os quais 10 em cada 10 são analfabetos. Sendo que ainda resta aos outros 9 italianos a disposição e habilidade para o trabalho demonstrada no parágrafo redigido pelo próprio Narloch: “diversos anúncios de italianos padeiros, alfaiates, donos de lojas de sapatos”. E percebam que estou dando essa proporção de 10% somente como exemplo limite. Eu não tenho os números. Narloch também não tem. Ele escreve no texto “70% eram analfabetos”, mas não cita a fonte, talvez porque a fonte seja a velha “assim eu quero que tivesse sido” (a mesma fonte usada em toda a historiografia praticada por esquerdistas). Não obstante, é muito pouco provável que apenas 30% dos italianos fossem letrados (até porque essa estatística necessariamente seria uma média aritmética do número de italianos de regiões mais desenvolvidas com o número de italianos oriundos de locais como a Calabria).

Há outro erro de raciocínio grave embutido no parágrafo: o fato de Narloch não ter localizado, ao “passar os olhos pelo Guia Prático da Cidade de São Paulo, editado entre 1906 e 1934”, anúncios de engenheiros, advogados ou médicos é prova irrefutável de que não havia engenheiros, advogados ou médicos entre os imigrantes italianos? Pior! É prova irrefutável de que nenhuma dessas classes de profissionais estivesse presente nos fluxos migratórios que o Brasil recebeu no passado e de que todos imigrantes que para cá vieram eram tão infaustos quanto os haitianos que vêm agora? Sim, porque no primeiro artigo Narloch havia citado como exemplo “No Brasil, imigrantes sírios e libaneses construíram o melhor hospital do país”. Então o melhor hospital do país foi construído por analfabetos, desdentados e aziagos do mesmo jaez dos haitianos? Pior ainda! Percebam que nesse segundo texto Narloch continua apostando (mesmo após ter sido “chamado à atenção” por Olavo de Carvalho) na tese das linhas fronteiriças com poderes mágicos (conforme expliquei no item “01. Aspectos econômicos”). O sujeito nasce e vive 20 anos como indigente na Síria. Daí um dia ele migra para o Brasil e, ao adentrar o solo nacional, ganha poderes que lhe conferem a capacidade de criar, ex nihilo, o hospital Sírio Libanês.

A cereja do bolo Narloch guardou para o final do parágrafo:

“Não me parece que a maior parte desses imigrantes tinha um ‘elevado nível técnico’, como sugere Olavo”.

O que é um “elevado nível técnico”? Mais uma vez, Narloch incorre na falácia do espantalho. Olavo nunca disse que todos os imigrantes do passado tivessem um “elevado nível técnico”. Até porque, dizendo dessa forma, fica parecendo que Olavo se referia a um transatlântico lotado de físicos nucleares e engenheiros mecatrônicos, saindo da Itália e aportando no Brasil. O que Olavo disse foi que os imigrantes foram chamados para “elevar o nível técnico da população brasileira”, mas: [01] Para elevar o nível técnico de “caiçaras cheios de bicho de pé” não precisa ser nenhum físico nuclear, se os imigrantes calabreses foram capazes de criar “padarias, alfaiatarias e lojas de sapatos”, o Brasil já estava no lucro. Ou será que o liberal Narloch não é capaz de perceber que “padarias, alfaiatarias e lojas de sapatos” dinamizam a economia? (Vou repetir a pergunta — e, admito, é escárnio: alguém aí já ouviu falar de padarias, alfaiatarias ou lojas de sapato criadas em São Paulo pela horda de haitianos que invade o Brasil?) [02] No vídeo (que pode ser conferido em https://goo.gl/W4faa5), Olavo fala em DISPOSIÇÃO PARA O TRABALHO. A elevação de nível técnico não se refere a imigrantes ensinando para os brasileiros os fundamentos teóricos da física clássica newtoniana, mas exatamente ao processo de ensinar aos brasileiros como montar uma padaria, uma alfaiataria, uma loja de sapatos.

Vejam que mimosa a forma como Narloch conclui seu petardo:

“Ao se voltar contra os imigrantes só porque o PT os apoia, Olavo joga fora uma grande bandeira: a cultura de trabalho. É dela que eu saio em defesa. Estou pouco me lixando para a cultura haitiana, boliviana ou síria. Defendo os imigrantes haitianos, bolivianos e sírios por sua cultura de trabalho. É ela que vence o preconceito dos nativos e torna escória elite”.

Ele definitivamente é entusiasta do espantalho:

01) “voltar contra os imigrantes só porque o PT os apoia”

Ele finge ignorar todos os argumentos que pesam contra os imigrantes e saca da manga que “é contra só porque o PT apoia”. A questão não é o fato de o PT apoiar, a questão é o motivo pelo qual o PT apoia essas correntes migratórias. Quem leu o texto até aqui percebe com clareza o que está por trás dessa agenda. Mas eu vou dar de brinde três palavrinhas para Leandro Narloch: “Estratégia Cloward&Piven”. Quem primeiro recomendou o aumento infinito da dívida pública com a finalidade de falir o Estado, como estratégia revolucionária, foi o próprio Karl Marx. Em sua "Mensagem da Direção Central à Liga dos Comunistas", de março de 1850, ele dizia: 

"Se os democratas propuserem o imposto proporcional, os operários exigirão o progressivo; se os próprios democratas avançarem a proposta de um [imposto] progressivo moderado, os operários insistirão num imposto cujas taxas subam tão depressa que o grande capital seja com isso arruinado; se os democratas exigirem a regularização da dívida pública, os operários exigirão a bancarrota do Estado".


Contudo, quem realmente fez essa tática proposta por Marx se popularizar no repertório de ideias da extrema esquerda contemporânea foram os autores Richard Cloward e Frances Fox Piven, no artigo “The Weight of the Poor: A Strategy to End Poverty” (“O Peso dos Pobres: Uma Estratégia para acabar com a pobreza”), publicado no The Nation, a 2 de maio de 1966 (é possível comprar uma cópia do artigo original ao preço de 3 dólares no site da publicação, ou conferir o teor do texto nesse resumo em português http://goo.gl/3A65Ls). Popularizada pelo estrategista de extrema-esquerda Saul Alinsky, a chamada Estratégia Cloward&Piven continha todos os passos para como executar a ordem de Marx dentro de um Estado liberal capitalista transformando-o em um Estado previdenciário pré-socialista, cuja falência (justamente por ser insustentável) seria anunciada como uma crise do capitalismo.


02) “Olavo joga fora uma grande bandeira: a cultura de trabalho. É dela que eu saio em defesa”.

Quero deixar registrado que duas ou três semanas após a publicação do texto no qual Narloch retruca a fala de Bolsonaro, foi ao ar pela TV Globo, no programa dominical de nome “Fantástico”, uma reportagem especial sobre a vida dos haitianos que entraram — frise-se — ILEGALMENTE no Brasil. Nesse programa, ficamos sabendo que o Estado brasileiro paga para esses criminosos (A esquerda pode chorar à vontade, mas nenhum dilúvio de lágrimas esquerdosas vai mudar o fato de que imigração ilegal é crime) desde curso de português até o aluguel da casa onde vivem. E vocês pensam que isso os torna gratos ao Brasil? Não. Todos eles reportavam (com a ajuda de uma música de fundo calculada milimetricamente pela produção da Globo para causar comoção e empatia com a “dor” dos haitianos) as agruras que têm por viverem em nosso país. A grande maioria ainda não tinha trabalhado em solo brasileiro. Um dos poucos que já tinham tido uma experiência empregatícia estava acusando uma empresa de construção civil por ter-lhe demitido, segundo ele, pelo fato de ele ser haitiano. A reportagem informava que a assessoria de comunicação da empresa explicou por meio de nota que o sujeito houvera sido contratado junto com outras dezenas de brasileiros para um trabalho temporário, uma vez terminada a obra em questão, todos foram demitidos; que nenhum brasileiro entrou na justiça contra a empresa (até porque não havia o que alegar, uma vez que todos sabiam desde o começo se tratar de uma ocupação provisória); mas o haitiano alegou discriminação, acionou a justiça brasileira contra uma empresa brasileira e, de quebra, conseguiu que o Estado brasileiro pagasse as custas processuais e advocatícias do caso. Cabe ressaltar nesse ponto que, ao tratar da nota emitida pela construtora, a rede Globo usou de todos os recursos subjetivos que estavam a seu alcance para fazer com que o espectador de inteligência medíocre (95% ou mais da audiência do programa) inferisse que ela era mentirosa e que o haitiano, de fato, havia sido vítima de “discriminação”. Além de tudo isso, todas as falas dos imigrantes entrevistados tinham em comum lamentações sobre discriminação racial, o que me fez entender que tais pessoas estavam repetindo um enredo que lhes fora passado por agentes ocultos com interesses sub-reptícios e escusos. Assistindo ao programa, tomando conhecimento de como é cruel a vida que têm levado no Brasil, sofrendo discriminação no trabalho por serem haitianos, na sociedade por serem negros, não encontrando quem queira lhes remunerar à altura de suas excelsas habilidades e aptidões, além de tantas outras lamúrias e queixumes (todos devidamente endossados pela trilha sonora melodramática inserida na edição do vídeo) uma única pergunta me vinha à mente: por que cargas d’água não voltam para o Haiti?

Enfim, muitas considerações ainda poderiam ser feitas sobre o segundo texto de Narloch, mas meu artigo já está maior do que a importância dele. Tudo que pode ser dito sobre a argumentação do blogueiro pode ser sintetizado no seguinte enunciado: Para que a tese que ele traçou no primeiro artigo funcione, ele precisa reduzir todos os imigrantes do passado a uma massa de imprestáveis equivalente aos que hoje adentram nossas fronteiras; para tal, ele vira as costas à realidade e passa a praticar a arte esquerdista da prestidigitação semântica. Faltam a Narloch capacidade de interpretação dos dados da ordem da realidade, eficiência na demonstração de relações de causa e efeito nos raciocínios que ele erige, além de embasamento argumentativo, escopo intelectual e um mínimo de verve, sem a qual a labuta com as palavras se torna mera macaquice. Mas... o que esperar do sujeito que advogou o plantio de MACONHA como solução para a pobreza do sertão nordestino?

V. Conclusão Geral

Narloch finalizou o texto em que retruca a Bolsonaro aconselhando ao deputado a se “inspirar” nos versos de autoria da poetisa americana Emma Lazarus. Do meu lado, eu tenho sempre o pé atrás em relação a esse deslocamento do debate político do campo intelectual, strictu senso, para um campo permeado de caráter emotivo, representado pela esfera da arte (Emma Lazarus pode ser muito boa em criar sonetos, mas quando o que está em questão depende de aptidões nas áreas da economia e da filosofia política, penso que é mais apropriado “fechar” com Thomas Sowel). Na quase totalidade das ocorrências, artistas são seres que entendem lhufas de política, mas optam de forma arrogante por se utilizar de sua popularidade e suas habilidades retóricas para influenciar seu séquito de admiradores, disseminando assim (às vezes por burrice, às vezes por má-fé) a própria ignorância. Qualquer brasileiro medianamente informado sabe a extensão nefasta que artistas — precisa citar nomes? Chico Buarque, Tico Santa Cruz, José de Abreu, Emicida, Daniela Mercury, Caetano Veloso, Leandra Leal, Wagner Moura et caterva — exercem, patrocinados pela famigerada Lei Rouanet, sobre a mentalidade de toda uma massa incapacitada de compreender minimamente o funcionamento do mundo no qual está inserida.


Assim, gostaria de ressaltar que, para mim, não é fortuito o fato de Narloch encerrar o texto dele com um poema. Poemas, por definição, existem para extrapolar a capacidade de significação da linguagem. No texto que eu redigi, tive que tratar a linguagem com chibatadas, para que ela não se desviasse da função para a qual eu a designei, a de tentar refletir, com menos imprecisão possível, o que realmente importa, que é o caráter ontológico real do fato/circunstância/objeto. Narloch fez o percurso contrário (o qual é, sem dúvida, muito mais divertido, afinal "ladeira abaixo, todo santo ajuda"), ele pegou a realidade e foi retirando dela as partes que não combinavam com a tese, até que ela (a realidade), ceifada de alguns detalhes inconvenientes, tratada à torniquete, finalmente coubesse no discurso "do bem" que ele nutre, por ser uma pessoa boa, interessada na união do povos, na paz universal, no respeito ao próximo (mesmo quando esse próximo não está tão próximo ainda) etc. Ora! Se a linguagem não precisa se submeter à realidade dos fatos, por que ela precisaria conter-se em si mesma? Melhor explodir em sonhos e imaginações diversos, coloridos, vibrantes, simpáticos, alegres, festivos e deixar para os conservadores o trabalho sujo: a antipática tarefa de lidar com o mundo REAL.

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Pérsio Menezes, jornalista, é editor do blog Meu professor de História mentiu pra mim.