Por Walcyr Motta
Exmo Sr. General Ex
Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, Comandante do Exército Brasileiro:
Preliminarmente,
solicito a V. Exa que aceite minha apresentação: CelIntRef WALCYR MONTEIRO DA
MOTTA (AMAN Tu69), vinculado ao Cmdo 1ª RM.
Encheu-nos de
esperança a nomeação de V. Exa para o comando da Força; afinal, seu antecessor
era homem de apenas duas expressões: “sim senhora” e “permissão para me
retirar”.Subserviência total. Esqueceu-se de uma das máximas do General Manuel
Luís Osório, o patrono da Cavalaria: “o soldado é obedientemas não é servil”.
Todavia, General,
estas esperanças começam a esmorecer. O 31 de março passou e V. Exa nada disse.
Ordens de cima? Medalhas continuam a reluzir no peito de marginais condenados a
prisão pela Justiça, com sentença transitada em julgado, e providências visando
sua cassação não são tomadas, mesmo amparadas e, até, determinadas pela
legislação em vigor; sua ordem do dia no Dia do Exército foi, usando nosso
jargão castrense, uma ordem do dia M1.
Esperávamos,
General, algo mais, uma observação, um recado velado, uma insinuação de que o
Exército, o Exército Brasileiro, o Exército de Caxias não aguenta mais ser
enxovalhado, achincalhado, vilipendiado, recebendo missões de polícia,
sofrendo um revanchismo injustificável, um revanchismo torpe, por aqueles que
não se conformam terem sido derrotados na luta armada, tratado pior que os
triários, a última linha das legiões romanas depois das quais a História nada
mais fala.
Esperávamos,
General, algo como a circular do Gen Castello Branco em 1964. E note-se que,
quando a escreveu, o General Castello era oficial general da ativa, Chefe do
Estado-maior do Exército. Recordemos alguns trechos: “Os meios militares
nacionais e permanentes não são propriamente para defender programas de
Governo, muito menos a sua propaganda, mas para garantir os poderes
constitucionais, o seu funcionamento e a aplicação da lei... Não sendo milícia,
as Forças Armadas não são armas para empreendimentos antidemocráticos.
Destinam-se a garantir os poderes constitucionais e a sua existência”.Embora, à
época, V. Exa provavelmente cursasse o ginasial (eu era aluno do 2° ano
colegial do CMRJ) aposto ter tomado conhecimento deste texto.
O General Paulo
Chagas, em seu artigo “O ’Exército de Sempre’ e o Caminho do Dever, publicado
no site “Ternuma” (www.ternuma.com.br/index.php/art/2499-o-exercito-de-sempre-e-o-caminho-do-dever-gen-bda-paulo-chagas)
tece comentários sobre o silêncio das Forças Armadas. Um trecho merece
transcrição:“infelizmente entendo que, se as Forças Armadas continuarem
silenciosas em relação aos atos e fatos que interferem em sua missão
constitucional, ocorridos interna ou externamente, mantendo-se, por inação,
coniventes com os projetos de poder do governo da ocasião, elas verão surgir,
rapidamente, a cizânia e a quebra de coesão entre seus quadros e se
transformarão (...) em milícias manipuladas pelo interesse corrupto dos
políticos, mal equipadas, despreparadas e, principalmente, mais preocupadas em
sobreviver do que em servir! Considero que a omissão é a mais destrutiva das
atitudes de um soldado, e que será tanto mais destrutiva quanto mais alto seja
seu posto ou graduação.”
Durante a luta
armada (da qual não participei – as unidades em que servi não foram engajadas
naquele combate) companheiros nossos receberam missão de exterminá-la.
Cumpriram a missão! De armas nas mãos, com risco da própria vida e, pior, com
risco de suas mulheres e filhos que ficavam expostos à sanha dos terroristas.
General, o que o nosso Exército faz, hoje, por estes homens? Nada, General!São
xingados,chamados de assassinos, torturadores, denunciados por comissões da
verdade totalmente espúrias e revanchistas. Sofrem processos judiciais
absurdos.
Tem que custear
advogados para a sua defesa com seus próprios recursos; ainda bem que o nosso
excelente nível remuneratório permite que tais despesas sejam suportadas. O que
fizeram para merecer tal tratamento? Cumpriram a missão! Os terroristas, como
já disse, não se conformam de terem sido derrotados e, mesmo anistiados, fazem
de tudo para infernizar a vida daqueles que os derrotaram e, pior, com o
beneplácito, a conivência, a cumplicidade, o incentivo do governo constituído
que, “mutatis mutandis”, é terrorista. E, tal qual o poema de Maiakowski, não
dizemos nada! E não fazemos nada!
Preocupa-nos ainda,
General, o atual estado de penúria da Força. Circula na Internet boatos de que
o combustível do Exército esgotar-se-ia em julho; que a munição estocada seria
suficiente para uma hora de combate; que seria adotado o regime de meio
expediente nos quartéis em virtude de restrições de rancho. Consta que no PDC
(Palácio Duque de Caxias), no Rio de Janeiro, torneiras teriam sido retiradas
dos banheiros para economizar água e que não se estaria ligando os aparelhos de
ar condicionado para economizar energia. A maior preocupação, General, consiste
em, num quadro desses, como barrar forças e situações adversas caso venham a
ocorrer (e, com certeza, ocorrerão).
Vivemos dias
preocupantes e sombrios. A tentativa de tomada do poder (tal qual em 1964 eles
já têm o governo) desta vez, não será, numa primeira etapa, pela força. Basta
ler Gramsci. O Gen Coutinho, Sérgio Augusto de Avellar Coutinho, recentemente
falecido, brindou-nos com “A Revolução Gramscista no Ocidente”, onde, num
fantástico poder de síntese, conseguiu resumir os não sei quantos volumes dos
“Cadernos do Cárcere”, de Antonio Gramsci, em um pequeno livro de 135 páginas.
Lê-lo (acredito que V. Exa já o tenha feito), fazendo um paralelo do que ali
está escrito com o que acontece atualmente no Brasil, é mergulhar fundo na
situação do Brasil de hoje, é muito mais que uma radiografia do momento
nacional, é uma verdadeira ressonância magnética deste momento. Iniciamos a
“fase estatal”, a transição para o socialismo. E o que fazemos? Nada!
E o decálogo? V. Exa
se lembra do decálogo? Decálogo para tomada do poder pela via pacífica? Tomei
conhecimento do decálogo quando cadete, quando na AMAN estudávamos Guerra
Revolucionária. Acredito que V. Exa também o tenha feito embora não sejamos
contemporâneos na Academia.
Recordemos:
- controlar politicamente o Judiciário;
- desmoralizar o Congresso Nacional;
- amordaçar o Ministério Público;
- arrochar a coleta de impostos;
- valer-se de dossiês para impor a vontade a banqueiros, empresários e adversários políticos;
- direcionar a produção artística e cultural e controlar a imprensa (e, hoje, a INTERNET)
- instalar núcleos de ativistas em todos os órgãos da administração pública;
- promover a instabilidade no campo;
- desmoralizar e desmantelar as Forças Armadas, inclusive com a criação de forças paralelas e
- desarmar a população.
Como V. Exa pode
notar, o que acontece hoje, no Brasil, não é mera coincidência; é um processo
pensado, planejado, com execução acompanhada em seus mínimos detalhes.
Ademais, o que vemos
no nosso dia a dia? Vemos uma incitação à luta de classes, quando se joga
brancos contra pretos, patrões contra empregados, ricos contra pobres. Vemos
uma total degradação moral com a televisão mostrando comportamentos sexuais
esdrúxulos, principalmente se levarmos em consideração a hora em que são
apresentados, quando as crianças ainda estão acordadas, tudo de acordo com a
doutrina marxista-leninista; vemos um ex-presidente da república (sem erro de
ortografia, com minúsculas mesmo) conclamar milícias ilegais e assassinas para
uma guerra civil, vemos o líder dessas milícias, nada mais que um bandido,
solicitar apoio a governos estrangeiros, parceiros no Foro de São Paulo, para
combater nessa guerra civil; vemos organizações narcoterroristas estrangeiras
treinando e instruindo gente dos chamados movimentos sociais para o combate. E
que faz o nosso Exército, o que fazem as nossas Forças Armadas para neutralizar
este quadro? Nada!
E que vemos mais,
General? Vemos um quadro de corrupção institucionalizada. O mensalão foi um
escândalo. Resultou na cúpula do partido do governo condenada a prisão, com
sentença transitada em julgado, ou seja, sem mais possibilidade de recurso. O
mensalão, porém, comparado ao PTrolão, deveria ser julgado num Juizado Especial
de Pequenas Causas. Imagine V. Exa quando abrirem a caixa preta do BNDES. Por
muito menos, Getúlio suicidou-se. Por uma Fiat Elba Collor renunciou para não
sofrer impechment. O povo, General, já percebeu e já disse “não” a esta
situação com marchas quelotaram as principais cidades brasileiras. A presidente
está acuada. Não aparece em público, se o fizer, sabe que receberáuma uníssona,
estrondosa e retumbante vaia. A Nação, bem como o Estado, estão a deriva.
Constituímos, nós,
Exército Brasileiros, nós Forças Armadas, a “Grande Barreira”, a ultima
ratioregis”. O povo brasileiro confia em nós e nós, ainda, confiamos em nossos
comandantes. Não nos decepcionem.
Antes de encerrar,
General, um fato novo. Leio no blog Alerta Total carta de uma mãe de aluna do
CMRJ. Narra aquela senhora que, os livros de História e Geografia adotados no
Colégio, antes escritos por historiadores militares e publicados pela BibliEx
estão sendo substituídos, por pressão do governo, por outros, de cunho marxista
leninista. Isto é fato General? V. Exa tinha conhecimento
disto? Estamos “jogando a toalha”? Estamos sucumbindo à sanha vermelha? Estamos
permitindo que nossas crianças, nossos “curumins”, sejam “catequizados” por
esta corja? Leia o artigo “Colégio Militar do RJ com orientação comunista?”, de
Percival Puggina. Como já disse foi publicado no blog “Alerta Total”, neste
domingo, 10/05/2015.
Finalmente, deixo a
V. Exa uma expressão do Mal Deodoro da Fonseca que, mesmo sendo amigo do
Imperador e apesar da crise de asma e dos 39° de febre, montou em seu cavalo
baio para dar vivas à República: “o Exército é um leão que dorme e que um dia
pode acordar raivoso.”
Queira aceitar Gen
Villas Bôas (e merecer) a nossa admiração, os nossos respeitos e a nossa
continência.
SELVA!
BRASIL ACIMA DE
TUDO!
Walcyr Monteiro da Motta é Coronel reformado do EB. Carta
escrita e enviada em 10 de maio de 2015.
General Vilas Boas, traidor das origens e da Pátria Brasileira!
ResponderExcluirLevantem-se Generais do nosso Brasil, pois um unico general não é o dono das forças armadas, precisamos de um comandante que tenha punho forte e caragem o suficiente para comandar esse levante.
ResponderExcluirAcabo de ler está carta e imagino como deve estar se sentindo o militar que a escreveu agora após este 15 de Novembro tenebroso, onde toda a população clamava pelo exercito e pelas forças armadas e foi duramente decepcionado. Brasileiros de todos os cantos do país acampados na esplanada, ou nas estradas enfrentando esta cambada de corruptos que estão esgotando não só os recursos mas as esperanças do nosso povo. Já passou da hora senhor general, não sabemos se a falta de iniciativa a intervenção militar é covardia ou se o senhor espera liderar o próximo exercito comunista. Reage FORÇAS ARMADAS.
ResponderExcluirACORDA FFAA !
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