Por Ipojuca Pontes*
Na sua guerra incessante para fechar o cerco sobre a
sociedade democrática, os comunistas, através dos tempos, em suas distintas
siglas (entre elas, o PT), se tornaram especialistas na fabricação de falsos
mártires, que são venerados como heróis mitológicos “sacrificados” em combate
pela criação de um “mundo melhor”. Feitos semideuses por força da atuação de
uma máquina de propaganda colossal, eles são exaltados em prosa e verso como
figuras exemplares que imolaram suas vidas em defesa “da justiça e da
liberdade”.
Na prática, dentro do sujo contexto da guerra cultural que
os comunistas travam pela perpetuação do poder, tais heróis, depois de mortos,
são explorados até os ossos como instrumentos da mais pura mistificação
psicossocial, cujo objetivo tem sido confundir as massas e estabelecer no seio
da sociedade, como medida de valor, o reino da mentira – ou, na imagem de
Fernando Pessoa a propósito da fabricação do mito, no “nada que é tudo”.
Para sustentar em escala industrial a fabricação de tais
mártires, a militância vermelha parte, quase sempre histérica, para a absoluta
manipulação do aparato do mundo universitário, parlamento, igreja, editoras,
ongues e meios de expressão como o teatro, cinema, etc. – e, claro, a mídia
amestrada.
Mas é preciso dizer o seguinte: examinados com o mínimo de
isenção, verifica-se que os mártires do exército comunista, entoados em prosa e
verso, não são mártires de coisa alguma, antes pelo contrário: são perfeitos
exemplares de ativistas políticos fanatizados, impostores, assassinos,
traidores e até inocentes úteis a serviço da guerra vermelha.
O caso mais eloquente do falso mártir é o do guerrilheiro
“Che” Guevara, assassino psicopata que fracassou miseravelmente em tudo que meteu
a mão: na órbita familiar, à frente de ministério e banco, atuando como
diplomata e comandante. Nas selvas do Congo, por exemplo, em 1965, seu
prestígio de guerrilheiro foi totalmente destruído pelos mercenários do Coronel
Mike Hoare, irlandês que pôs o “Che” a correr, entre desmoralizantes evacuações
de diarréia, do território africano – prenúncio, de resto, de sua morte
acachapante na Bolívia imposta pelos soldados do capitão do exército Gary
Prado.
Outro herói cultuado pelas esquerdas, Simon Bolívar,
inspirador da Revolução Bolivariana promovida por Hugo Chávez, tido como
“libertador visionário”, não passava, segundo o próprio Karl Marx, de reles
milico oportunista, cuja única ambição, a pretexto de unificar a América
Hispânica, era se tornar ditador da América do Sul. Num célebre artigo
publicado em 1858 no “New York Daily Tribune”, em que traçava o perfil de
Bolívar, o “Pai do Socialismo Científico” (outro charlatão inigualável)
afirmava, com riqueza de dados, que o herói venezuelano não passava de um
escroque vulgar, mero contrabandista de armas a serviço do governo britânico –
enfim, um sujeito que, além de covarde, traía os comparsas a três por quatro.
Em solo pátrio, temos o caso do paraibano João Pedro
Teixeira, um “quadro” do Partido Comunista tornado líder e mártir das Ligas
Camponesas da cidade de Sapé, nos anos 1960. João Pedro, segundo Antonio
Dantas, dissidente da direção do PCB na região, era assalariado da KGB, via
STB, o Serviço de Inteligência da Polícia Secreta Comunista Tcheca que repassava
a grana de Moscou para Cuba, Argentina (Instituto Morazon), Brasil e outros
países da América Latina cooptados para manter acesa no campo a “guerra
revolucionária”. Aliás, muitos desses “quadros” do Partido Comunista,
sub-heróis da guerra financiada no Nordeste pela KGB, entre eles Nego Fubá e
Pedro Fazendeiro, eram catequizados para fazer a reforma agrária “na lei ou na
marra” e tinham livre trânsito em Havana e Pequim.
Na minha modesta opinião de jornalista que escrevia à época
no Correio da Paraíba, João Pedro é mais um caso manifesto da hagiolatria
vermelha: depois de manipulado e jogado conscientemente às feras, foi
transformado em mártir obedecendo à estratégia comunista de escrever a história
segundo seus parâmetros.
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* Ipojuca Pontes, ex-secretário nacional da Cultura, é
cineasta, destacado documentarista do cinema nacional, jornalista, escritor,
cronista e um dos grandes pensadores brasileiros de todos os tempos.