Por Percival Puggina

Sob vários aspectos,
o documento é uma resoluta declaração de guerra. Lá pelas tantas diz assim,
referindo-se à campanha recém finda: "A oposição, encabeçada por Aécio
Neves, além de representar o retrocesso neoliberal, incorreu nas piores
práticas políticas: o machismo, o racismo, o preconceito, o ódio, a
intolerância, a nostalgia da ditadura militar". Não importa que nada disso
tenha acontecido. É da mera afirmação que os resultados são colhidos. Também
assim é o petismo. E, mais adiante: "A oposição, ressentida, insiste na
divisão do país".
Claro que a nação resulta dividida! É uma divisão feia,
fruto de retórica maligna, como a do vociferante Lula e como a que explodiu na
Resolução mencionada acima. No entanto, se a divisão entre grupos sociais é
indesejável, a divisão para o jogo político se faz necessária. A superação dos
conflitos fantasiosos produzidos pelo marketing da tal hegemonia exige que se
estruture e consolide o antipetismo. Havendo o petismo, o antipetismo torna-se
uma imposição da racionalidade política. As redes sociais servem à construção
de uma oposição, mas não dispensam a oposição parlamentar, com
representatividade, mandato, tribuna e voto. Por isso, a defesa da democracia
clama por unidade suprapartidária oposicionista, compondo, nos parlamentos,
frentes que restabeleçam o democrático e indispensável papel da oposição.
O fracionamento dos partidos pelo poder de compra do governo
da República precisa ser vencido por uma força política organizada e coesa que
expresse o que metade dos brasileiros manifestou com seus votos e prossegue
reafirmando em sua mobilização nas redes sociais e nas ruas. Que haja, enfim,
governo e oposição atuantes no país. E que nunca mais tenhamos que votar num
sistema no qual poucos ainda insistem em confiar cegamente.