sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Resultados de identificação de vítimas de acidente saem amanhã, diz IML

 
A identificação dos primeiros corpos do acidente com avião em Santos (SP) que matou o candidato à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB), e de seis membros de sua comitiva deve sair amanhã (16), informou o Instituto-Médico Legal (IML) na capital paulista. Na manhã de hoje (15), chegou ao instituto o material genético dos parentes da última vítima que ainda faltava, do piloto Geraldo Cunha.

Os outros perfis genéticos, incluindo o de Eduardo Campos, já estão traçados, segundo o IML.

As partes dos corpos que chegaram de Santos foram limpos e catalogados para que possam passar pelo exame de DNA. Segundo a assessoria do IML, assim que os perfis genéticos das vítimas e de seus parentes forem confrontados, o instituto emite o laudo e os corpos serão liberados para as famílias.

Eduardo Campos não pôde ser reconhecido pela arcada dentária

Por Carlos Rollsing, de Recife

Eduardo Campos não pôde ser reconhecido pela arcada dentária Cristiano Mariz/EspecialDe acordo com dentista do ex-governador, a única opção é coletar restos do corpo e fazer exames de DNA

Dentista de Eduardo Campos há 25 anos, Fernando Cavalcanti chegou a residência da família em Recife (PE) na manhã desta sexta-feira e informou aos jornalistas que foi impossível fazer o reconhecimento do corpo do ex-governador de Pernambuco pela arcada dentária. O exame foi impossibilitado porque a violência do acidente aéreo dilacerou os corpos.

— O estrago e a explosão foram muito grandes. Ficaram apenas restos, não foi possível fazer o reconhecimento pela arcada dentária. Não sobrou nada. Dessa forma, a única opção é coletar o material que restou e fazer exames de DNA — disse o dentista.

Segundo Cavalcanti, os restos mortais estavam em tamanho estado de destruição que não era possível determinar quem era Eduardo Campos e os outros seis passageiros da aeronave. O dentista ainda afirmou que, em Santos, as estimativas apontavam a necessidade de 72 horas para a finalização do trabalho de reconhecimento dos restos mortais, contando a partir de quarta-feira. Isso indica que esta etapa poderá ser concluída até sábado. Depois, os restos mortais devem ser levados a Recife, onde ocorrerá o velório e o enterro.

Acidente aéreo matou sete pessoas

Candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos morreu na manhã de 13 de agosto, em um acidente de avião em Santos, no litoral paulista. A queda da aeronave, que ia do aeroporto Santos Dumont (RJ) ao aeroporto de Guarujá (SP), matou outras seis pessoas — dois assessores, um fotógrafo, um cinegrafista e dois pilotos.

Nascido em Recife (PE) em 1965, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Henrique Accioly Campos era o terceiro colocado na corrida presidencial, atrás de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Campos era neto e herdeiro político de um dos mais influentes líderes da esquerda nacional, o também ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes. Casado há mais de 20 anos com a economista Renata Campos, o candidato deixa cinco filhos, com idades entre 21 anos e cinco meses.

Com a morte de Campos, o nome da vice em sua chapa, Marina Silva (PSB), despontou como favorito. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em caso de falecimento de candidato, o partido do substituído tem de pedir o registro da nova candidatura em até 10 dias. O prazo conta a partir do fato que motivou a substituição.



Fonte: Zero Hora

William Bonner reage a internautas e diz que pergunta o que candidato não quer ouvir: será?


Após a primeira entrevista da série com presidenciáveis no Jornal Nacional, começando com o tucano Aécio Neves, o apresentador William Bonner recebeu uma enxurrada de críticas e ataques nas redes sociais, pois teria sido extremamente truculento e mesmo agressivo com o convidado. O apresentador reagiu, publicando um em seu perfil particular um desabafo. Eis um trecho:

“Enquanto aguardamos que o tempo nos permita decolar, vejo com espanto como as paixões eleitorais momentâneas podem alimentar a intolerância de um tipo de eleitor que se considera suficientemente informado sobre os candidatos – e que nega às outras pessoas o direito de se informar. É aquele que não quer saber mais nada. Não quer ouvir explicação sobre nenhuma questão polêmica. E é um direito dele. O problema é quando não quer que ninguém mais tome conhecimento daquelas questões. E, por isso, insulta quem pensa de forma diferente, insulta quem cobra aquelas explicações de candidatos a cargos públicos. Isso se chama obscurantismo. Tenho 30 anos de profissão e me orgulho de ter entrevistado candidatos à presidência do Brasil em 2002, em 2006, em 2010 e neste ano. Em todas as entrevistas, fiz e farei as perguntas que os candidatos prefeririam não ter que ouvir. Assuntos que lhes são desconfortáveis, incômodos.”

O que acho disso? Talvez minha opinião incomode um pouco meus leitores. Acho, sim, que os ataques tanto a Bonner como a Patrícia Poeta foram precipitados. Em qualquer país sério, o jornalista deve confrontar o candidato com firmeza, cobrando explicações sobre os temas mais delicados e polêmicos, expondo contradições se existentes.

O que pode – e deve – ser absolutamente condenada é uma postura diferenciada, que trata um com dureza e outro com suavidade, que bate firme em um e levanta bolas para o outro. Mas calma! A presidente Dilma ainda não foi entrevistada. Logo, a crítica é apressada. Os críticos deveriam ter aguardado a última entrevista para verificar se houve preferência, se os entrevistadores apelaram para o velho “um peso, duas medidas”.

Particularmente, acho que não vão aliviar muito para o lado de Dilma. O Brasil todo estará de olho. Sabemos como muitos amam odiar a TV Globo, mas eu teria mais cautela no ataque. É verdade que já fizeram uma concessão indevida, ao marcar a entrevista em Brasília, com a “montanha” indo a Maomé, e não o contrário. Sabemos que o candidato fica mais à vontade em “casa”, e julgo isso um privilégio equivocado. Mas vamos esperar…

E, para ajudar, seguem algumas sugestões de perguntas que poderiam ser feitas por Bonner e Poeta a Dilma:
Vixe! Mas isso aqui eu não sei responder não, sô…

1. A senhora quebrou uma loja de bugigangas, e agora é a economia brasileira toda que começa a ratear. O que lhe deu na cabeça para achar que era uma boa gestora?

2. A fama de “faxineira ética” não é completamente absurda, uma vez que vários autores de “malfeitos”, eufemismo que a senhora usa para corrupção, permanecem em seu governo?

3. Quem a senhora pretendia engambelar com os tais “malabarismos contábeis”, truques rudimentares para ocultar a enorme deterioração das contas públicas, mas que não enganam ninguém?

4. A senhora não acha que foi uma sacanagem com todos os brasileiros, em especial os mais pobres, despertar o dragão da inflação novamente, que já vinha sendo domado desde o Plano Real feito pelos tucanos e rejeitado pelo PT?

5. Por que o PT “acusa” tanto os tucanos de “privatistas”, como se privatizar fosse coisa do Capeta, se a senhora mesma realizou privatizações também?

6. Em pleno século 21, “presidenta”, a senhora não considera nefasto importar escravos cubanos para atuarem como enfermeiros e financiar, com isso, a ditadura mais cruel do continente?

7. Por que tanta dificuldade em finalizar um raciocínio que tenha sentido e lógica? Há algum problema cognitivo do qual os eleitores precisem saber?

8. Recentemente, seu governo soltou nota condenando Israel e deixando de mencionar o Hamas. A Autoridade Palestina chegou a receber verbas de seu governo no passado, que podem até ter sido usadas para construir os milionários túneis dos terroristas para atacar inocentes judeus. Por que sempre se aliar ao que há de pior no mundo?

9. A Petrobras, maior empresa do país e outrora motivo de “orgulho nacional”, é hoje uma das mais endividadas do mundo e já perdeu metade de seu valor durante sua gestão, além de virar palco de infindáveis escândalos. Quando a senhora cai nas pesquisas, as ações da estatal disparam. Podemos esperar um pedido de falência caso a senhora seja reeleita?

10. Seu governo é o responsável por uma das piores taxas de crescimento da história de nossa República, e não adianta culpar os astros ou alguma crise internacional, pois quase todos os países emergentes crescem bem mais, e com bem menos inflação. Por que pedir mais quatro anos aos eleitores? Para transformar nosso país em uma Argentina ou Venezuela de vez?


Espero ter ajudado, Bonner!

A candidata à reeleição fingiu que estava de luto para fugir da luta contra a verdade



No começo da tarde de 13 de agosto, o alto comando da campanha de Dilma Rousseff reuniu-se com a candidata à reeleição para tratar da morte de Eduardo Campos. Em poucos minutos, ficou decidido que a presidente deveria:

1. Num pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, elogiar o adversário morto, caprichar na cara de viúva e decretar três dias de luto oficial.

2. Aproveitar o luto oficial para decretar três dias de luto particular e suspender por 72 horas todas as atividades eleitorais.

3. Aproveitar o luto eleitoral para marcar o gol de placa: adiar a entrevista que concederia ao Jornal Nacional na mesma noite para outra data, de preferência depois da eleição e, com isso, livrar-se do perigoso desfile de explicações indecifráveis, falatórios sem pé nem cabeça, álibis de punguista em começo de carreira, contas aritméticas de 171, obras imaginárias, escândalos impunes e vigarices de variado calibre, fora o resto.

Imediatamente, um dos Altos Companheiros comunicou à TV Globo que Dilma estava enlutada demais para usar a voz durante 15 minutos. Conversa fiada, atesta o vídeo acima. Na véspera, sem acidentes aéreos a evocar, a turma havia fugido do encontro com Renata Lo Prete no Jornal das Dez, da Globonews, que nos dias anteriores recebera os principais adversários da presidente. Dilma cancelou a aparição no Jornal Nacional não em sinal de respeito a Eduardo Campos. Fingiu que estava de luto para fugir da luta contra a verdade.

A reeleição e a Petrobras

Por Rogério Furquim Werneck - O Globo

Dilma em coletiva de imprensa no Palácio do Alvorada (Foto: Felipe Néri)A presidente Dilma Rousseff agora acha que a empresa deve ser preservada da campanha eleitoral

Voltas que o mundo dá. A presidente Dilma agora acha que a Petrobras deve ser preservada da campanha eleitoral. “Se tem uma coisa que tem que se preservar, porque tem que ter sentido de Estado, sentido de nação e sentido de país, é não misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país. Não é correto, não mostra qualquer maturidade.”

Quem agora diz isso é a mesma candidata que, a partir de 2009, transformou a partidarização do papel da Petrobras no pré-sal em plataforma de lançamento de sua candidatura à Presidência. É difícil que alguém já tenha se esquecido da sua campanha eleitoral em 2010, saturada por cenas em que a candidata aparecia, em sondas, plataformas e navios, com mãos lambuzadas de petróleo, envergando indefectíveis capacetes e macacões da Petrobras.

O problema é que, desde então, a Petrobras converteu-se em inesgotável poço de temas espinhosos, que a presidente preferiria não ter de tratar na campanha da reeleição. O Planalto tem boas razões para estar preocupado. O potencial de desgaste político é, de fato, grande.

Para começar, é preciso ter em mente que, por impressionantes que sejam, as perdas decorrentes das trapalhadas de Pasadena são incomparavelmente menores que as envolvidas no faraônico projeto da Refinaria Abreu e Lima, imposto pelo Planalto à Petrobras. E, como já tive oportunidade de destacar em artigo publicado neste mesmo espaço, em 4 de julho, sob o título “Desperdício em grande escala”, Dilma Rousseff é a figura chave para esclarecer como essa imposição de fato se deu, pois ocupava posições centrais em cada um dos principais elos da cadeia de comando com que o Planalto controlava os investimentos da Petrobras. Era, ao mesmo tempo, ministra-chefe da Casa Civil da Presidência, coordenadora do PAC e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

Mas as dificuldades com as duas refinarias são apenas parte dos espinhosos problemas que vêm aflorando na empresa. O irresponsável represamento de preços de combustíveis vem não só impondo grande desgaste ao governo, como exigindo dotes de malabarista para tentar manter um discurso que faça sentido sobre a questão. A rápida deterioração das contas da Petrobras, na esteira da “queima de caixa” decorrente desse represamento, vem reforçando expectativas de que o governo não terá como deixar de aumentar preços de combustíveis logo após as eleições. Mas, empenhado em vender a ideia de que a inflação voltará a ficar abaixo do teto de tolerância da meta no fim do ano, o governo não quer dar alento a expectativas de um “tarifaço” pós-eleitoral. É o que explica as manifestações desencontradas sobre correção de preços dos combustíveis que vêm sendo feitas pelo governo e pela Petrobras.

Em entrevista ao “Valor” de 11 de agosto, Rui Falcão, presidente do PT, preocupado com a questão, apresenta a melhor racionalização que conseguiu articular para a política de represamento de preços de gasolina: “...Você tinha que fazer uma escolha entre remuneração de acionistas e o poder aquisitivo da população. E a Petrobras, além de ter acionistas, é um patrimônio do povo brasileiro.”

A racionalização revela visão confusa e deturpada do problema. O povo brasileiro, através do Tesouro, é o acionista controlador da Petrobras. Manter preços de gasolina irrealistas é uma política pervertida que subsidia proprietários de automóveis à custa do povo brasileiro. O governo só teve de apelar para esse represamento populista de preços porque não soube conduzir a política macroeconômica. Agora, só lhe resta tentar evitar na marra que a inflação fique ainda mais alta do que já está.

Sobram razões para o Brasil lamentar o desaparecimento prematuro de Eduardo Campos, um dos políticos mais talentosos e promissores de que o País dispunha. Como bem mostrou sua entrevista ao “Jornal Nacional”, na véspera do acidente que lhe foi fatal, o candidato do PSB à presidência tinha visão extremamente lúcida da urgência de se dar encaminhamento mais consequente às grandes questões que hoje afligem o país.




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Rogério Furquim Werneck é economista e professor da PUC - Rio

Projeto torna ilegítimas as eleições presidenciais da ditadura militar


Dep. Jandira Feghali
Jandira: o AI-1 violou a Constituição da época, que estabelecia 
eleições diretas, pelo voto popular, do presidente da República.
A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Resolução 246/14, da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que declara ilegítimas as eleições presidenciais indiretas realizadas durante o período da ditadura militar (entre 1964 e 1985). A proposta, assinada pelos parlamentares da bancada do PCdoB, também declara a ilegitimidade dos mandatos dos presidentes militares delas resultantes.

Para a deputada, a aprovação da proposta seria “um ato de respeito ao Estado de Direito constitucional e um veemente protesto contra a ditadura militar que se instalou por 21 anos no Brasil, rasgando a Constituição.”

Eleições indiretas

As eleições foram realizadas pelo Colégio Eleitoral do Congresso Nacional, criado por meio do Ato Institucional nº 1 (AI-1), em 9 de abril de 64, por uma junta militar formada pelo general Arthur da Costa e Silva, o tenente-brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo e o almirante Augusto Hamann Rademaker Grünewald.

Em 11 de abril de 64 foi eleito, indiretamente, por esse colégio, o general Humberto de Alencar Castelo Branco. Ele foi sucedido pelos presidentes-generais Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo.

Presidência vaga

O presidente João Goulart estava em pleno exercício de seu mandato presidencial em 1964, quando o cargo foi declarado vago. O Projeto de Resolução 4/13 do Congresso Nacional tornou nula a declaração de vacância da Presidência da República, feita pelo então presidente dessa Casa, o senador Auro de Moura Andrade, no dia 2 de abril de 64.

A deputada afirma que o AI-1 violou frontalmente a Constituição da época, que estabelecia eleições diretas, pelo voto popular, do presidente da República. Segundo ela, “a farsa dos atos institucionais não pode ser argumentada frente à Constituição. Essa figura jurídica, forjada pelos golpistas, é evidentemente inconstitucional e ilegítima”.

Tramitação

O projeto, assinado pelos integrantes da bancada do PCdoB na Câmara, foi encaminhado à Mesa Diretora e será relatado pelo 1º vice-presidente. Depois, será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania; e pelo Plenário.



Íntegra da proposta: PRC-246/2014

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Nota do Blog:
O que se pretende com o projeto é antes de tudo um absurdo histórico. Não se muda a HISTÓRIA por decreto. Se fosse possível tal abominação, simplesmente poderíamos esquecer todas as lembranças das guerras, e de todas as desgraças passadas pela humanidade até chegarmos ao nosso estágio atual. 
A história faz parte da consciência do homem, não pode ser apagada da memória da raça humana. O que aconteceu, aconteceu, e ponto! Não tem como voltar atrás. O que importa é a visão do futuro, e as lições aprendidas com os erros e acertos, para que não voltemos a repetir os mesmos erros. 


Avião não poderia decolar com gravador de voz desligado, diz Anac

 
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou hoje (15) que a aeronave em que viajava o candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, não poderia decolar sem o gravador de voz ativado. Segundo a agência, embora não seja um item de segurança, o equipamento deve ser obrigatoriamente checado pelo comandante antes do início do taxiamento, conforme manual de operação do fabricante da aeronave.

O manual também estabelece que o cockpit voice recorder (CVR) deve ser verificado a cada 150 horas de voo ou 24 meses, o que ocorrer primeiro. Mais cedo, a Aeronáutica informou que o gravador de voz do jato que caiu quarta-feira (13) não registrou as conversas ou sons ambientes em seu o último voo. As duas horas de áudio gravadas e já analisadas por peritos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) não correspondem ao voo em que Campos e mais seis pessoas morreram.

A Anac reiterou que o avião PR-AFA, modelo Cessna Aircraft 560XL, estava com a Inspeção Anual de Manutenção e o Certificado de Aeronavegabilidade válidos e que a última verificação anual completa das manutenções foi executada em fevereiro deste ano.

A aeronave, com capacidade para nove passageiros, de propriedade da Cessna Finance Export Corporation, era operada pela empresa privada AF Andrade, por meio de arrendamento operacional (leasing), conforme Registro Aeronáutico Brasileiro. A Anac pediu apoio à Polícia Federal para localização do operador, com o objetivo de verificar informações veiculadas pela imprensa sobre eventual venda da aeronave, ainda não comunicada à agência.

Marina: já está em curso a construção da “ungida” que não negocia… Isso é péssimo!


Tudo aquilo de que o Brasil não precisava está em curso. Que coisa! Sou religioso, mas não místico. Não acredito em conjunção de fatores ditados por alguma força ou ente que nos empurrem para certo destino. Mas, às vezes, quase cedo à tentação. Logo, felizmente, passa. O misticismo é sempre uma forma de trapaça: ou as pessoas estão se enganando ou estão enganando os outros. Bem depressa, sou convocado pela razão.

Marina Silva ainda não é a candidata à Presidência da República da frente integrada pelo PSB. Mas, parece-me inescapável, será. Percebo todos os aspectos deletérios de sua figura pública conjugados nestes dois dias. E com que incrível saliência para o momento! Mais do que nunca, vemos sobressair a figura da ungida, daquela que parece ter sido enviada com uma missão que os mortais ainda ignoram, da eleita para trazer uma mensagem do além. O terreno onde se dissolvera o corpo de Eduardo Campos ainda fumegava, e ficamos sabendo, momento depois do acidente, que Marina deixara de embarcar no voo por alguma razão misteriosa. Seus adoradores costumam exaltar não seus dotes de visionária, mas as suas certezas de intuitiva. Que medo!

Hoje, sabemos ainda mais. Ela está realmente consternada — e por que não estaria? — e teria passado a noite em claro, em vigília, embora não em companhia da família, com quem ainda não havia conseguido falar. Por que Marina não chegou nem mesmo a ressonar, o que certamente fizeram os familiares de Campos, moídos pela dor e pela exaustão? Porque, supõe-se, ela mantinha um diálogo com um ente que só se manifesta aos escolhidos. Até Caetano Veloso vem a público expor a sua dor e nos recomendar: entreguemo-nos aos desígnios de Marina.

O país vive um momento delicado. Hoje, só as incertezas se adensam. Não precisamos de mais indefinições. No terreno nada místico, da “carnadura concreta” das coisas, como diria o poeta João Cabral de Melo Neto, somos informados de que Marina vai impor algumas condições para ser candidata. Uma delas é ter um vice de sua confiança. Dadas as circunstâncias e as diferenças de ideário entre ela e o PSB, o normal seria que acontecesse o contrário. Mas o ser político cuja reputação se avoluma quanto mais repudia a política sabe, sim, travar uma dura disputa no solo, embora pareça vinda do céu. Ou é como ela quer, ou não é de jeito nenhum!

Vou além: considerando que Marina Silva não é do PSB e que tem, é evidente, a chance de se eleger, o mais prudente seria que se comprometesse a permanecer no PSB os quatro próximos anos se eleita. Afinal, vai para uma campanha eleitoral sem que a esmagadora maioria dos eleitores saiba que está prestes a migrar para outro partido, cujo ideário é ainda desconhecido. Para quem diz prezar uma “nova política”, lamentando os vícios da “velha”, seria uma atitude bastante decorosa, não é mesmo?

Desde a redemocratização, o país passa por um dos momentos mais delicados de sua história. Infelizmente, percebo amplos setores da sociedade, inclusive da imprensa, tocados por certo “desejo de mudança”, ainda sem conteúdo. E isso, acreditem, por si, não é bom. O momento pede que Marina ofereça algumas certezas, não que cobre certezas de seus pares, o que só reforça o caráter olímpico de sua personalidade. Até porque esse distanciamento em relação aos mortais pode ser tudo, menos compatível com a democracia.


Fiquemos atentos!

Marina sinaliza ao PSB que aceita ser candidata

Carlos Siqueira, Milton Coelho, Roberto Amaral, Luiza Erundina, e Walter Feldman, da cúpula do Partido Socialista Brasileiro (PSB), realizam visita à Marina Silva, em sua residência no bairro Vila Nova Conceição, em São Paulo - 15/08/2014
COMITIVA – (Da esq para a dir) Carlos Siqueira, Milton Coelho, Roberto Amaral, Luiza Erundina, e 
Walter Feldman, na entrada do prédio de Marina Silva, no bairro Vila Nova Conceição, em São Paulo 
(Felipe Rau/Estadão Conteúdo)
Ex-senadora recebeu comitiva do PSB em sua casa, em São Paulo, e autorizou o partido a realizar consultas internas para lançar seu nome na disputa

A ex-senadora Marina Silva deu aval nesta sexta-feira ao comando do PSB para realizar uma consulta interna no partido sobre sua entrada na disputa à Presidência da República, em substituição ao ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo na última quarta-feira. Nesta sexta, lideranças do PSB estiveram na casa de Marina, em São Paulo, para uma visita informal. A cúpula do partido agendou uma reunião para oficializar o futuro da sigla na próxima quarta, em Brasília.

Embora não tenha afirmado taxativamente que quer encabeçar a chapa, Marina deu o sinal mais claro até agora de que está disposta a entrar na corrida eleitoral. Desde a última quarta-feira, ela tem dito que não fará nenhum anúncio até que o corpo de Campos seja enterrado, no domingo, em Recife.

A comitiva enviada à casa de Marina foi capitaneada pelo presidente do PSB, Roberto Amaral, além da deputada Luiza Erundina (SP), do secretário-geral da sigla, Carlos Siqueira, e de Walter Feldman, conselheiro da ex-senadora e responsável pela "ponte" entre o PSB e os "marineiros" da Rede Sustentabilidade.

Na rápida conversa, Marina autorizou o partido a realizar a consulta interna sobre o apoio à candidatura – e ouviu do grupo que as lideranças majoritárias já manifestaram apoio a ela, classificada como "o caminho natural". Segundo aliados da ex-senadora, ela só aceitará a candidatura se seu nome for aclamado pelo partido. Além disso, faz questão de fechar questão antes com os dirigentes de sua Rede. O principal temor de Marina é que os já complicados arranjos nos palanques estaduais se deteriorem. Nas últimas 24 horas, lideranças regionais do PSB, partido que durante anos orbitou os governos Lula e Dilma Rousseff, foram procuradas por petistas numa tentativa de reaproximação.

Amiga da família de Eduardo Campos, Marina irá a Recife amanhã para o velório e permanecerá até enterro do corpo, no dia seguinte. Durante todo esse tempo, estará cercada pelos dirigentes do PSB, que também contam com um pedido da família de Campos para que ela aceite substituí-lo. Segundo um interlocutor de Marina, ela dificilmente resistirá se isso ocorrer – e a tendência é que retorne de Recife candidata.

Piloto do avião de Campos tentou minimizar impacto da queda, diz delegado

O trabalho de buscas dos corpos das vítimas do acidente com o avião Cessna, que matou o candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, foi recomeçado na manhã de hoje (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Mensagem anônima em homenagem a pilotosTânia Rêgo/Agência Brasil
O delegado da Polícia Civil e diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter) de Santos, Aldo Galeano, disse hoje (14) que, embora a investigação das causas do acidente fique a cargo da Aeronáutica, pela dinâmica da descida do jato, é provável que o piloto estivesse consciente no momento da queda. “O avião caiu num lugar que tinha um certo espaço e ele procurou enfiar o bico no meio do bambuzal para amortecer a velocidade do impacto, talvez tentando salvar alguma vida”, declarou. Segundo ele, após uma observação do mapa da área, repleto de prédios, o jato caiu no único espaço amplo, com alguma condição de pouso.

Galeano declarou que a prioridade da polícia, neste momento, é liberar os corpos de Eduardo Campos, candidato à Presidência da República, e dos seis membros de sua comitiva que morreram ontem (13) em um acidente aéreo em Santos. “A gente quer acelerar essa parte para as famílias terem um conforto de pelo menos velar as pessoas que se vitimaram”, disse ele.

Segundo o delegado, o prazo para liberação dos corpos, que estão no Instituto Médico-Legal (IML) na capital paulista, vai variar de dois a três dias. Os restos mortais serão separados conforme o material genético recolhido. Esse trabalho depende também do tempo de demora da chegada de amostras de DNA dos parentes das vítimas.


Aldo Galeano informou ainda que a Polícia Civil apura se houve homicídio culposo. “[Vamos apurar] se houve negligência, imperícia ou imprudência. Isso pode envolver desde o piloto - se foi uma falha humana, estaria extinta a punibilidade porque ele faleceu no acidente, e pode envolver problemas de manutenção, de defeito da aeronave”, disse.