Por Nivaldo Cordeiro
quinta-feira, 10 de março de 2016
Nomeação de Lula como ministro só depende dele, diz Berzoini
BRASÍLIA (Reuters) - O governo da presidente Dilma Rousseff
vê com bons olhos a eventual participação de Luiz Inácio Lula da Silva no
ministério, embora o ex-presidente, alvo da mais recente fase da operação Lava
Jato, resista à ideia.
O ministro da Secretaria de Governo,Ricardo Berzoini,
afirmou nesta quarta-feira que o ex-presidente pode assumir um ministério, em
meio a notícias sobre essa possibilidade. Segundo Berzoini, uma nomeação
depende apenas “de ele (Lula) querer”.
“A bola sempre esteve com ele”, disse Berzoini, ao ser questionado
sobre o assunto. “Para o governo é bom. Qual governo não vai querer pôr o Pelé
em campo?”, comparou.
Caso assuma um ministério, o ex-presidente passará a ter
foro privilegiado junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Lula foi o principal
alvo da 24ª da Lava Jato, deflagrada na sexta-feira, e foi obrigado a prestar
depoimento à Polícia Federal após mandado de condução coercitiva expedido pelo
juiz federal Sérgio Moro, que cuida das ações da operação na primeira
instância.
O ato de Moro acendeu a luz vermelha no PT e no governo, que
passou a ver chances reais de o ex-presidente ser preso.
Até agora, a alternativa mais provável para Lula na
Esplanada seria o Ministério das Relações Exteriores, com o qual o
ex-presidente tem uma grande afinidade e seria bem recebido pela maior parte
dos diplomatas - dentro do Itamaraty, os tempos da pasta durante o governo Lula
ainda são lembrados com saudade.
Outra possibilidade seria a Secretaria de Governo,
responsável pela articulação política e a cargo hoje de Berzoini.
No entanto, de acordo com duas fontes próximas ao
ex-presidente, Lula ainda resiste a voltar ao governo, mas a pressão do PT tem
aumentado e estaria surtindo efeito.
De acordo com uma dessas fontes, um advogado amigo de Lula
analisou as informações disponíveis no processo da Lava Jato e sinalizou ao
ex-presidente que, da forma como a investigação está sendo feita, há indícios
de que a intenção é realmente prendê-lo.
"A melhor chance seria ele (Lula) assumir um ministério
para o processo ir ao STF e ter um julgamento justo", disse a fonte ligada
ao ex-presidente. Ela reconheceu, no entanto, que Lula continua resistindo à
ideia por achar que seria uma confissão de culpa e um ato de covardia.
Uma fonte palaciana disse à Reuters que Dilma deixou claro a
Lula que o governo está aberto para que ele ocupe o cargo que achar mais
adequado e que não é preciso convite, apenas a decisão do ex-presidente.
A ideia de levar Lula para o ministério de Dilma já havia
surgido no ano passado, durante a reforma ministerial, justamente para dar foro
privilegiado ao ex-presidente, mas não prosperou porque Lula recusou essa
possibilidade acreditando que não seria necessário.
O governo sabe que enfrentará enormes críticas se nomear
Lula para um ministério com o claro intuito de protegê-lo da Lava Jato, mas
avalia que ainda assim é um movimento necessário.
"Seria bom para ele, mas bom para o governo também, que
precisa de um apoio na área política", disse a fonte palaciana, que pediu
anonimato. "Seria um desgaste para o governo, mas depois passa",
acrescentou.
Se virar ministro, Lula perde discurso de vítima e pode ter imagem manchada de vez
SÃO PAULO (Reuters) - A notícia de que Luiz Inácio Lula da
Silva pode assumir um ministério da presidente Dilma Rousseff para garantir
foro privilegiado e se ver livre das garras do juiz Sérgio Moro é um movimento
que pode trazer muito mais prejuízo do que ganhos para o ex-presidente e ainda
mais para o atual governo.
Se a entrada de Lula no primeiro escalão pode livrá-lo
efetivamente de uma suposta pretensão de Moro vê-lo atrás das grades, sua
consumação tiraria do ex-presidente o discurso de vítima e indignação que usou
tão bem na semana passada, após ser levado pela Polícia Federal para prestar depoimento
sob condução coercitiva.
Alvo da fase da operação Lava Jato lançada na última
sexta-feira, Lula disse ter se sentido "ofendido",
"magoado", "ultrajado" e "prisioneiro". Disse que
teria prestado depoimento voluntariamente caso fosse chamado por Moro, como já
tinha feito antes.
Ao mesmo tempo que se colocou como vítima, também estimulou
a militância petista e seus apoiadores, dizendo que a partir daquele momento
estava disposto a "andar este país".
"Se tentaram matar a jararaca, não bateram na cabeça,
bateram no rabo, a jararaca tá viva como sempre esteve", disse Lula,
deixando clara a intenção de concorrer novamente à Presidência.
Depois disso, o ex-presidente teria dito a interlocutores:
"A partir de agora, se me prenderem, eu viro herói. Se me matarem, viro
mártir. E, se me deixarem solto, viro presidente de novo”.
Virar ministro a essa altura dos acontecimentos jogaria por
terra praticamente todo esse discurso. Com o cargo, qualquer investigação ou
ação judicial contra Lula teria que passar pelo Supremo Tribunal Federal (STF),
tirando de Moro a competência para o caso.
Ainda que Lula pudesse falar em arbitrariedades e
perseguição da Lava Jato, o movimento seria visto como um sinal claro de
desespero e, para seus adversários e não só eles, como uma forma de assunção de
culpa.
Se fosse para assumir um ministério, Lula deveria ter feito
isso em agosto do ano passado, quando essa possibilidade veio à tona. Na
ocasião, a justificativa oficial era de que sua entrada formal na administração
Dilma, provavelmente no Ministério das Relações Exteriores, seria uma forma de
fortalecer a coordenação política do governo.
Não se escondia mesmo naquele momento que o óbvio ganho do
foro privilegiado seria de certa forma um embaraço, mas pelo menos a Lava Jato
ainda se encontrava relativamente distante de Lula, embora muitos de seus aliados
já dissessem que o alvo real da operação era o petista.
Agora não se trata mais de simples discurso petista. A Lava
Jato está efetivamente investigando Lula e há quem diga que sua condução
coercitiva na última semana não passou de um teste para a força-tarefa de
Curitiba no caso de uma futura prisão do ex-presidente.
Para o Palácio do Planalto, o estrago não seria menor com
Lula ministro. Combalido por uma baixíssima popularidade em um cenário de
desemprego em alta, inflação elevada e enfrentando um processo de impeachment
contra Dilma, o governo passaria mais uma imagem de desrespeito com a coisa
pública ao usar a nomeação para o ministério como uma forma de fuga da Justiça.
No caso de Lula, o movimento não seria uma garantia
definitiva. Primeiro porque se Dilma sofrer o impeachment, Lula perderia o
ministério.
Mais do que isso, se afinal houver provas mesmo contra o
ex-presidente, não há por que imaginar que o Supremo deixaria de condená-lo,
ainda que num ritmo processual muito mais lento do que o de Moro.
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Alexandre Caverni é
editor de Front Page do Serviço Brasileiro da Reuters. As opiniões expressas
são do autor do texto.
Lula pode ser MINISTRO, com foro privilegiado
Nossos amigos que andam pelos corredores o Palácio nos
contaram que por lá só se fala na possibilidade de Luiz Inácio, o jararaca, o
tribom, assumir um ministério, de preferência o das Relações Exteriores.
Isso tornaria o ex-presidente imune ao processo em Curitiba,
pois lhe daria foro privilegiado. Dilma reluta, Lula no governo inevitavelmente
ocuparia o protagonismo que por direito seria seu.
LULA nega e diz que não foi convidado por DILMA, o que em
parte é verdade, já que DILMA não concorda, a ideia partiu de membros da
assessoria da Presidente. Contudo, isolada e prestes a cair, a presidente
aceita todas as ordens de qualquer um que diga que pode salvá-la.
É obvio que Luiz Inácio diz que não quer. Mas, já pensa SIM
na possibilidade de aceitar o cargo. Ele não acredita que seria chamado de
covarde ou coisa do TIPO e, se aceitar, vai dizer que o fez porque o Brasil o
chamou de volta ao trabalho e que o fez porque não poderia deixar a democracia
ruir.
Eles têm confiança que a cabeça da militância já foi feita a
ponto de todos acreditarem que há uma conspiração universal contra o PT. Não
foi a toa que os MILITARES foram citados em todas as publicações chapa branca
durante essa semana.
As redes sociais e militância serão observadas no sentido de
descobrir qual será opinião e consequente reação da sociedade se LULA se
“esconder” no Ministério das Relações Exteriores.
A Sociedade Militar acha que Moro e o Ministério Público
federal devem se apressar.
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