“O Brasil não quer voltar atrás” – ideia força na primeira
peça de propaganda reeleitoral partidária do PT, veiculada desde ontem no rádio
e na televisão, demonstra, claramente, que os estrategistas da Presidenta Dilma
Rousseff admitem o alto risco de uma derrota na eleição presidencial. Elaborado
pela equipe do sempre idolatrado marketeiro João Santana, o anúncio é um
verdadeiro “Harakiri baiano” (para quem conhece o significado da expressão tão
escrota e preconceituosa quanto às intenções autoritárias da
nazicomunopetralhada).
Pior que a mensagem-ordem “Não podemos voltar atrás” da
propaganda petista foi o discurso retrógrado do Presidentro Luiz Inácio Lula da
Silva na abertura do II Congresso de Diários do Interior do Brasil. Lula voltou
a defender a regulamentação da mídia, colocando a autoritária proposta – que o
eufemismo petista chama de “democratização dos meios de comunicação” - no meio
de outras propostas: “No Brasil de hoje é preciso garantir a complementariedade
de emissoras privadas, públicas e estatais. Promover a competição e evitar a
contaminação do espectro por interesses políticos. Estimular a produção
independente e respeitar a diversidade regional do país. Uma regulação
democrática vai incentivar os meios de comunicação de caráter comunitário e
social, fortalecer a imprensa regional, ampliar o acesso à internet de banda
larga”.
Lula aproveitou o evento para mandar um recado àqueles que
considera, atualmente, seu principal inimigo: a imprensa britânica, controlada
pela Oligarquia Financeira Transnacional que abandonou o PTitanic, e vem
crescendo no tom das críticas ao desgoverno do Partido dos Trabalhadores. Lula
esculachou os jornais e revistas ingleses, segundo ale reproduzidos de forma
acrítica no Brasil, recomendando que se preocupem mais com a imagem interna da
Inglaterra: “O país deles tem uma dívida de mais de 90% do PIB, com índice
recorde de desemprego, mas eles escrevem que o Brasil, com uma dívida líquida
de 33%, é uma economia frágil. Não conheço economia frágil com reservas de US$
377 bilhões, inflação controlada, investimento crescente e vivendo no pleno
emprego”.
Lula também bateu em outro inimigo: a chamada grande
imprensa brasileira. O chefão Lula reclamou que os grandes jornais dão destaque
exagerado a pequenos problemas e deixam de lado importantes avanços. Por isso,
o Presidentro voltou a defender uma mudança de critérios na divisão da verba
publicitária do governo federal. Lula recordou que, em 2002, quando venceu as
eleições presidenciais, a verba publicitária do governo era distribuída para
240 empresas de comunicação. Em 2009, o bolo publicitário era repartido entre
4.692 empresas.
Traduzindo o Lulês
O governo petista foi eficiente no aparelhamento da mídia
injetando dinheiro público em uma mídia amestrada que, em troca da verba
oficial, tende a falar bem – ou, na pior hipótese – menos mal do governo.
O uso indevido da chamada “publicidade oficial”,
confundindo-a com “propaganda politiqueira”, em uma espécie de “mensalão para a
mídia”, foi o jeitinho encontrado por Lula e sua equipe de marketeiros para
garantir sua hegemonia midiática.
O azar dos estrategistas petralhas é a venalidade da mídia
tupiniquim – que vive no jogo de morde e assopra com o governo, para obter cada
vez mais verbas públicas, por falta de competência e de um modelo de negócio
para captar a verba publicitária privada que lhe garantiria independência
financeira e, consequentemente, maior liberdade editorial.
Copa das Corjas
Fantasmas do Presente
Acabará virando piada propagandística o vídeo idealizado
pelo marqueteiro João Santana – claramente plagiando o famoso discurso do medo da
campanha tucana de José Serra, em 2002, com atriz Regina Duarte, ou imitando as
propagandas de 1988 do General Augusto Pinochet, no Chile.
“Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e
levem tudo o que conseguimos” e “não podemos dar ouvidos a falsas promessas” –
dois trechos bem destacados na locução do ator petista Antônio Grassi – deixam
claro o medo petista com as agressivas campanhas de Aécio Neves e Eduardo
Campos.
No trecho sobre a “volta dos fantasmas do passado” só faltou
mostrar um General fardado, em um semáforo, saltando da viatura militar para
dar um chute na bunda de uma criancinha que vive escravizada pela indústria da
esmola tão estimulada pelos petistas.
Compare as propagandas
Abaixo, a propaganda do PT, que imita a mensagem do PSDB, em
2002.
Confira a famosa propaganda tucana, com Regina Duarte, que
passou a ser patrulhada pela petralhada, por ter instilado o medo com a eleição
de Lula, em 2002 – que acabou acontecendo:
Também lembra a linha da propaganda de 2002, feita pelo
publicitário Duda Mendonça, com a mesma ideia de usar a miséria e a desgraça
para intimidar quem não vive em tal estágio, vendendo o conceito de que “se
você pensa assim, no fundo, você também é um pouco PT”:
Imitando Pinochet?
Reportagem de O Globo lembra que o uso do discurso do medo
em campanhas políticas não é algo novo e não é exclusividade do Brasil.
No Chile, em 1988, a campanha pela manutenção da ditadura de
Augusto Pinochet também utilizava essa estratégia.
A campanha do SIM, pela continuidade de Pinochet no poder,
afirmava que os chilenos não podiam deixar que se repetisse o que acontecia no
país antes daquele governo, e mostrava pessoas dizendo que não queriam a volta
da inflação, pobreza, desemprego e da fome.
Quando a marketagem petista começa a evocar até os fantasmas
que faziam a propaganda do Pinochet, é sinal de que a coisa anda desesperadora
para o lado deles...
Queimando grana na campanha
O juiz Marlon Reis, do Movimento de Combate à Corrupção
Eleitoral, para comprovar que o Brasil gasta mais em campanha eleitoral que os
Estados Unidos da América.
O magistrado Reis destacou para O Globo que, em 2012, o
gasto eleitoral no Brasil em relação ao PIB (US$ 2,3 trilhões) foi de US$ 0,89
por eleitor, enquanto nos Estados Unidos (com PIB de US$ 16,5 trilhões) chegou
a apenas US$ 0,38.
Os números citados pelo juiz são de um estudo feito pelo
professor Geraldo Tadeu Monteiro, do Iuperj.
É dando que se recebe
Para cada R$ 1 doado para campanhas, as empresas obtêm de volta
R$ 8,50 em obras públicas.
O cálculo é de Gil Castelo Branco, do site Contas Abertas,
que classifica as doações eleitorais no Brasil como uma relação promíscua entre
políticos e grandes empresas.
Castelo Branco calcula que as eleições custaram ao País, em
quatro anos (de 2010 a 2014), um total de R$ 9,5 bilhões.
É bem mais do que será gasto com 45 obras de mobilidade para
a Copa – a maioria que nem ficará pronta a tempo, e com alto risco de ter um
superfaturamento de contrato para ser terminada (ou não) depois.
Ato falho
Aos amigos... tudo
A coluna “Raio Laser”, do jornal Tribuna da Bahia de ontem,
confirma como funciona Luiz Inácio Lula da Silva com seus amigos de fé e irmãos
companheiros:
“Em conversa reservada com o governador Jaques Wagner, o
ex-presidente Lula disse que jamais deixaria na mão o aliado de toda hora José
Sérgio Gabrielli, que dirigiu a Petrobras em seu governo e, naquela condição,
foi o principal patrono da polêmica compra de Pasadena. Por esse motivo, Lula
fez questão de prestigiar Gabrielli e defender o negócio, objeto agora de uma
CPI no Congresso”.
No atual estilo Lula, vale uma reinterpretação deu m velho
ditado político:
“Aos amigos, tudo... Aos inimigos... nem a lei...”
Corrente que funciona
Vibrando com Toffoli
O Presidentro Luiz Inácio Lula da Silva, que estava em
Brasília, foi a ausência mais sentida na prestigiada posse do ex-advogado do PT
e ministro do Supremo Tribunal Federal, o jovem José Antônio Dias Toffoli, na
presidência do Tribunal Superior Eleitoral.
Os três principais candidatos à Presidência da República,
atual Presidenta Dilma Rousseff (PT), Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves
(PSDB), fizeram questão de participar do beija mão ao novo comandante do TSE,
que já se comprometeu a não criar obstáculos para aquilo que pode parecer
“propaganda eleitoral antecipada”:
“A campanha antecipada para mim é aquela onde há explícito
pedido de voto. Os debates, as discussões, são próprios da democracia. O que não
pode nesse período antecipado é pedir voto e fazer campanha explícita, dizer:
eu sou candidato, vote em mim. O País passou 20 anos na penumbra da época em
que não havia eleições para a Presidência da República. Não há como se colocar
o debate democrático no cercadinho de três meses. Isso só beneficia quem está
no poder. Se só puder haver atuação de partidos e candidatos em três meses, só
beneficia a reeleição. Quem está no poder tem visibilidade natural, os meios de
comunicação divulgam os atos de governo. Os debates são próprios de uma nação
democrática. Não se pode por um torniquete no debate político”.
Quem levanta a mão por último...
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