segunda-feira, 25 de agosto de 2014

DIA DO SOLDADO
25 de Agosto de 2014 - ORDEM DO DIA


Hoje, 25 de Agosto, no peito de cada Soldado, o coração do Brasil bate mais forte.

Celebramos, com renovado entusiasmo, a data de nascimento de Luiz Alves de Lima e Silva, o Patrono do Exército Brasileiro, que se imortalizou, no Panteão dos Heróis da Pátria, como o Duque de Caxias, o Pacificador.

De lá, Caxias observa seu Exército marchando alinhado com os valores da nacionalidade brasileira, que ajudou a forjar nas lutas internas para preservar a unidade da Pátria – evitando sua fragmentação – e nas externas, para manter sua soberania e integridade territorial.

De lá, Caxias observa seu Exército, sem alarde, com retidão de propósitos, irmanado com a sociedade brasileira – de onde provém e a quem serve –, na teimosa luta para construir o futuro de grandeza para o qual o Brasil está vocacionado.

De lá, Caxias observa que, transcendendo tempos e conjunturas, a solidariedade do Soldado, sua coerência de atitudes, o sentimento de patriotismo, os predicados de bravura, o amor à legalidade, a desambição pessoal, a humildade, a honradez, o espírito de serviço, a não indiferença e o nacionalismo são os mesmos de sua época, quando serviu ao Império, no passado.

Como herdeiro do legado de Caxias, para prosseguir cumprindo sua missão com acerto, o Exército tem trabalhado arduamente – junto com a Marinha do Brasil e a Aeronáutica, sob a coordenação do Ministério da Defesa, com planejamento, constância e solidez. “O pôr do sol tem marcado apenas o início de mais uma jornada”. A missão continua sendo o nosso farol; os princípios e valores, nossas regras de engajamento nas operações das quais participamos diuturnamente, expondo-nos a riscos e à permanente avaliação da opinião pública.

O Soldado, cedo, desapega-se de regionalismos – serve ao Brasil. Atua em regiões desfavorecidas, carentes da presença do Estado e desejosas de segurança, de ordem e progresso. E faz isso com o mesmo sentimento de solidariedade e afeto de quem está no seio de uma grande família.

Sabemos que contribuir com o esforço de defesa de um país continente, dissuadir intenções hostis insuspeitas, respaldar decisões soberanas, entre tantas outras, não são tarefas para amadores. Conscientes disso, extraindo o máximo dos meios disponíveis, temos investido na capacitação do nosso Exército, particularmente no seu preparo profissional, no adestramento, no exercício da liderança, no respeito aos direitos de cada ser humano e na sólida modelagem do caráter institucional.

Sabe-se que “a Idade da Pedra não acabou por falta de pedras”, mas porque o homem aprendeu com o passado, não se conformou com o presente e desafiou o futuro. Nesse sentido, há algum tempo, estamos vivenciando um profundo processo de transformação, que, em última instância, são mudanças – já em curso – que estão nos transportando da Era Industrial para a Era do Conhecimento.

O foco é a operacionalidade da Força, emoldurada por uma forte gestão orientada para resultados, com contratos de objetivos, extinção do que já cumpriu sua finalidade e não mais justifica sua existência, nova doutrina de emprego, novos materiais e poder de combate preparado por capacidades.

Preserva-se o DNA da Força e dá-se-lhe mais flexibilidade, modularidade, mobilidade e real poder para dissuadir ou para lutar o combate convencional, o das percepções, o da 4ª geração, o nunca visto.

Prontidão é a palavra-chave. Sabemos que, sempre que houver perigo e a situação o exigir, seremos chamados.

Soldados do meu BRASIL, parabéns pelo seu dia maior! Este é o nosso Exército; o Exército Brasileiro do futuro, do presente, de Caxias; que inspira confiança pelos valores que cultua, pela sua forte coesão e pelo comprometimento de cada um e de todos; que aceita desafios, enfrenta o desconhecido, “entrega a mensagem a Garcia”– cumpre a missão.
Parabéns por se inspirarem nos exemplos de Caxias, nosso Patrono!

Continuem determinados, olhando para a frente, fazendo por merecer a confiança que a sociedade em nós deposita e trabalhando “SEMPRE PELO BRASIL”.


Brasília, DF, 25 de agosto de 2014
General de Exército Enzo Martins Peri
Comandante do Exército



Aspectos humanos do Duque de Caxias

Por Manoel Soriano Neto

1. Considerações Iniciais

Muito já se disse a respeito do Duque de Caxias. Entretanto, traços humanos personalíssimos e aspectos singulares da edificante existência do ínclito Soldado merecem ser rememorados. Assim, apresentaremos alguns registros, dignos de nota, relativos ao Homem - Caxias; à sua audácia nos campos de batalha; ao resgate de sua memória e às principais homenagens que lhe foram tributadas.Tal é o objetivo dessas despretensiosas achegas, alinhavadas em apertada e incompleta síntese.

2. O Homem – Caxias

a. Luiz Alves de Lima e Silva pautou a sua vida pela inteireza de caráter, arrojo, acendrado patriotismo, fervorosa religiosidade e inexcedível exação no cumprimento do dever.

Caxias possuía estatura acima da média para a sua época (quando trasladado, em 1949, para o Panteão em frente ao Ministério da Guerra, no Rio de Janeiro, na Ata de Exumação constou que o esqueleto media 1,72m); de compleição atarracada, ombros largos, olhos castanhos, cabelos castanho-alourados, tez clara e rosada, voz suave, sisudo, garboso, austero, de hábitos morigerados, rigorosíssimo no cumprimento do dever, porém humano, saudável, apesar de padecer de uma malária contraída no Maranhão, que lhe causava a inchação do fígado; era orgulhoso de sua formação militar, corajoso, determinado, sedizente fatalista, o que também explica a sua invulgar temeridade, maçon dedicado, pai extremoso e "cristão de fé robusta".

b. O Coronel José de Lima Carneiro da Silva, neto de Caxias, entrevistado, aos 83 anos, pela revista "Nação Armada" (n° 23, Out 1941), disse em certo trecho da entrevista: "O Duque, após o passamento da Duquesa, jamais tirou o luto, mesmo em casa. Era, entretanto, alegre e se alimentava bem, preferindo à mesa, pratos da culinária gaúcha. Apesar de fluminense, o Rio Grande do Sul era a sua menina dos olhos. A toda hora falava das suas coisas, dos seus homens e tinha mesmo um certo sotaque de riograndense do sul. A música encantava-o, como velhas mazurcas e valsas, tocadas ao piano por sua comadre Maria José, que ele ouvia em silêncio, fumando grandes e perfumados charutos. Era um inveterado fumante de charutos, consumindo vários por dia."

c. Caxias trouxe do Paraguai, três cavalos: "Moleque", "Douradilho" e "Aedo". Um dos biógrafos do Duque, o Dr.Vilhena de Moraes, nos dá conta da seguinte reminiscência: "Ao fogoso "Douradilho", da ponte de Itororó, Caxias, já velho e enfermo, costumava melhorar a ração na data do aniversário daquele combate (6 de dezembro)"...

d. Quando da concessão da anistia aos vencidos, ao término da Revolução Farroupilha, aflorou, sobejamente, o sentimento de generosidade do "Pacificador". Ele concedeu a liberdade aos cativos farroupilhas, incorporando os que assim desejassem ao Exército Imperial, e tratou com extrema bondade os derrotados, sendo escolhido, pelos próprios gaúchos, para Presidente da Província e por eles indicado para Senador pelo RGS. Não apenas por isso, o saudoso jornalista e acadêmico Barbosa Lima Sobrinho, concedeu-lhe a notável honorificência de "Patrono da Anistia" e o eminente historiador militar, Coronel Cláudio Moreira Bento, o cognominou de "Pioneiro Abolicionista".

e. Ainda com referência à grandeza de espírito de Caxias, observe-se, em seu Testamento, como está expressa uma de suas vontades: "Declaro que deixo ao meu criado Luiz Alves, quatrocentos mil réis e toda a roupa de meu uso". Diga-se que esse criado era um índio que ele trouxera, ainda jovem, do Maranhão, após a Balaiada, adotando-o e dando-lhe o próprio nome; ressalte-se que ele foi a primeira pessoa lembrada, no dito Testamento, no qual, somente ao depois, são mencionados familiares e amigos íntimos do venerando Marechal...

f. Seria despiciendo falar-se do exacerbado patriotismo do Duque de Caxias. Mas gostaríamos de encerrar essas breves considerações atinentes à figura humana desse exponencial personagem de nossa História, relembrando um trecho de uma carta por ele escrita ao Visconde do Rio Branco, ao tempo da "Questão Christie", de dolorosa memória, e que bem evidencia o seu acrisolado amor ao Brasil: "Não se pode ser súdito de nação fraca. Tenho vontade de quebrar a minha espada quando não me pode servir para desafrontar o meu País, de um insulto tão atroz".

3. A audácia de Caxias nos campos de batalha

a. A intrepidez de Caxias revelou-se em inúmeros episódios, nos quais o intimorato Comandante não se furtou a correr o "risco calculado". A sorte, entretanto, sempre o acompanhou nos momentos de alta periculosidade. É que ele "tinha estrela", tanto que a "grande estrela de Caxias" apareceu com fulgurante brilho, nos céus do Rio Grande do Sul, quando de uma de suas ofensivas noturnas contra os farroupilhas (era, na realidade, o cometa "Brilhante"), a respeito da qual dizia Caxias, em tom zombeteiro, mas alimentando, com sagacidade, a crendice popular em torno de sua pessoa: "É, eu nasci na Vila de Estrela, no Rio de Janeiro"...

b. Caxias era, de fato, extremamente arrojado, como se pode constatar em várias oportunidades de seu historial castrense, desde Tenente a General. Extraordinária foi a sua valentia na Guerra da Independência e na Campanha da Cisplatina, tendo o jovem Tenente e Capitão recebido encomiásticas referências por sua coragem e desprendimento. Saliente-se, outrossim, a sua ousadia, quando do combate de Santa Luzia (MG); no reconhecimento, em 1852, do porto de Buenos Aires e, máxime, na Guerra do Paraguai. Quando do maior conflito bélico de que participamos, o Generalíssimo executou audaciosas manobras como a de envolvimento e cerco, em conjunto com a Marinha, e que redundou na queda da "inexpugnável" Fortaleza de Humaitá; como a "marcha de flanco" empreendida pelos nossos três Corpos de Exército através de uma estrada, de cerca de 11 km, construída sobre o Grão-Chaco e as operações da "Dezembrada", no começo das quais se travou a memorável batalha de Itororó. No fragor dessa refrega, o Marquês de Caxias, aos 65 anos de idade, parte em direção à ponte sobre o arroio Itororó, sabre em punho e a galope de carga, após bradar: "Sigam-me os que forem brasileiros!" (consigne-se que o marcial apelo do Comandante-em-Chefe era tão-somente anímico, ao sentimento de brasilidade, posto que apenas tropas brasileiras participaram da batalha).

4. O memorável resgate da memória do Duque

a. Quando da trasladação dos restos mortais de Caxias e de sua esposa, em 25 de agosto de 1949, para o "Pantheon Militar", defronte ao hoje Palácio Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, ocorreu um fato histórico singular, muito pouco lembrado, infelizmente. É que, naquela data, se deu o definitivo resgate da memória do Duque de Caxias, que tantos e tamanhos serviços prestara à Pátria Brasileira, na paz e na guerra. Mas tal resgate foi apenas um magnífico epílogo de um justo desagravo e da recuperação da imagem do Duque, o que já vinha ocorrendo, especialmente a partir de 1923, como adiante faremos referência.

b. Caxias morreu, no ano de 1880, triste e magoado. A tristeza se devia ao falecimento, em 1874, de sua amantíssima esposa, tendo ele usado luto completo, desde então até morrer, seis anos depois. Três pungentes mágoas o afligiram no final da vida e diziam respeito ao Imperador, à Maçonaria e à Igreja Católica.

O Duque encontrava-se agastado com o Imperador, desde quando concedera, com a relutância de D. Pedro II, em 1875, a anistia aos Bispos de Pernambuco e do Pará, solucionando, de forma magnânima, a chamada "questão religiosa". Após o retorno de uma longa viagem à Europa, o Monarca destituiu o Gabinete Conservador, presidido por Caxias, nomeando um outro, com membros do Partido Liberal. O velho Soldado, assaz desgostoso, recolheu-se à Fazenda Santa Mônica, de propriedade de uma de suas filhas, onde viria a falecer, em 8 de maio de 1880, afastando-se, definitivamente, da vida pública.

O Decreto de anistia aos Bispos, nunca foi aceito pela Maçonaria. O Visconde do Rio Branco, Grão-Mestre da Ordem, solicitou demissão do Conselho de Ministros, a fim de não assinar o dito Decreto, rompendo com o seu grande amigo Caxias, "Irmão que se tornou altamente impopular entre os da Arte Real", pelo que o Marechal deixou de freqüentá-la.

Ademais, a Igreja Católica exigiu que o Duque, provecto e doente, cumprisse os ditames de uma bula papal e abjurasse a Maçonaria. Como ele não obedeceu àquela determinação religiosa, foi expulso, por ser "maçon pestilento", da Irmandade da Cruz dos Militares, da qual fôra Provedor...

Acrescente-se que a figura de Caxias, desde os últimos anos da Monarquia, vinha sofrendo duras críticas, desferidas por profitentes do Positivismo. Os positivistas, que tiveram decisiva participação na proclamação da República, eram pacifistas e, por isso, menosprezavam os gloriosos feitos marciais do Império, dos quais o nosso "Soldado-Maior" foi o expoente máximo.

c. Porém, naquele agosto de 1949, toda a Nação Brasileira reparou as injustiças e ingratidões perpetradas contra o Duque, quando do traslado de seus despojos e os da Duquesa. A histórica Solenidade cívico-militar, presidida pelo Presidente da República, Marechal Eurico Gaspar Dutra, revestiu-se de superlativo brilhantismo, sendo o presidente da Comissão de Trasladação, o Dr. Nereu Ramos, Vice-Presidente da República, que era um fiel maçon. Membros da Família Imperial Brasileira e o Marechal Rondon, tradicional positivista, estiveram presentes à cerimônia, que se encerrou com um monumental desfile militar. Aduza-se que a Igreja Católica velou os restos mortais de Caxias e os de dona Ana Luíza, na Igreja da Irmandade da Cruz dos Militares, que o havia expulso, em 1876, sendo concelebrada uma Missa por 18 Bispos e Arcebispos, de todos os rincões brasileiros, presenciada pelo Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Jaime de Barros Câmara. E mais: houve um dobre de sinos, em todas as igrejas católicas do Brasil, na hora da trasladação....
Destarte, em 25 de agosto de 1949, ocorreu, de fato, uma memorável reparação histórica da altaneira imagem de um dos maiores filhos desta Pátria, o Duque de Caxias.

5. Principais homenagens tributadas a Caxias

a. Caxias, "Nume Tutelar da Nacionalidae", foi tudo! Marechal do Exército, Conselheiro de Estado e da Guerra, Barão, Conde, Marquês, Duque, Presidente e Pacificador de Províncias, Senador (pelo RS), Deputado (pelo Maranhão, eleito, mas não empossado), três vezes Ministro da Guerra e três vezes Presidente do Conselho de Ministros! E o Brasil soube reconhecer os beneméritos serviços por ele prestados à Pátria – "nossa Mãe-Comum". Por esses "brasis" existem incontáveis monumentos, logradouros públicos, escolas, etc, que ostentam o augusto nome do maior vulto militar da História do Brasil. Dentre essas honrarias, sobrelevam-se as denominações de duas importantes cidades: a de "Duque de Caxias", no Rio de Janeiro, e "Caxias do Sul", no Rio Grande do Sul (diga-se, por ilustrativo, que a cidade de Caxias, no Maranhão, onde o então Coronel Luiz Alves venceu o último foco dos rebeldes, quando da "Balaiada", deu origem ao seu primeiro título nobiliárquico – o de Barão de Caxias).

b. Caxias foi instituído, no ano das festividades do duocentenário de seu nascimento, mediante a Lei n° 10.641, de 28 Jan 2003, "Herói da Pátria". Por isso, o nome do Herói foi inscrito no "Livro dos Heróis da Pátria" (é um grande livro de aço que se encontra no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília), por ocasião de bela cerimônia ocorrida em frente ao Quartel-General do Exército, na Capital Federal.

c. No Exército Brasileiro, a impoluta memória de Caxias começou a ser reabilitada de um semi-anonimato (ao qual foi relegada pelo sectarismo positivista-republicano), em 1923, pelo Ministro da Guerra, General Setembrino de Carvalho. Ele instituiu, pelo Aviso n° 443, de 25 de agosto de 1923, a "Festa de Caxias". Posteriormente, por meio do Aviso n° 366, de 11 de agosto de 1925, o mesmo Ministro criou o "Dia do Soldado", também a ser comemorado na data natalícia do Duque. Naquele ano de 1925, sob o influxo das diretrizes do Ministro da Guerra, a Turma de Aspirantes-a-Oficial da Escola Militar do Realengo escolheu a denominação histórica de "Turma Duque de Caxias" (aliás, a Turma de 1962, da Academia Militar das Agulhas Negras, à qual pertence o atual Comandante do Exército, General de Exército Enzo Martins Peri, também ostenta, com muita ufania, a denominação de "Turma Duque de Caxias").

Outro momento histórico de grande relevância no enaltecimento de Caxias, pela Força Terrestre, se deu por ocasião do comando do então Coronel José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, na Escola Militar do Realengo (1931/4). Este militar, de elevadíssimos méritos, implantou, naquela Escola, várias místicas alusivas a nosso glorioso passado, sendo as maiores delas a instituição do título de "Cadete", para os então alunos da Escola, e a criação do espadim, réplica do invencível sabre do "Condestável do Império' e "Unificador da Pátria".

O Duque de Caxias foi proclamado "Patrono do Exército", consoante o Decreto n° 51.429, de 13 de março de 1962.

O glorioso e invicto Exército do qual ele é Patrono, possui as seguintes Organizações Militares que exibem o seu venerável nome, com indescritível orgulho, em suas denominações históricas: "Forte Duque de Caxias", no Rio de Janeiro (RJ); "Batalhão Barão de Caxias", que é o 24° Batalhão de Caçadores, de São Luís (MA); "Grupo Conde de Caxias", que é o 3° Grupo de Artilharia Antiaéreo, de Caxias do Sul (RS); "Companhia Praça Forte de Caxias", que é a 13ª Companhia de Comunicações, de São Gabriel (RS) e o "Batalhão Duque de Caxias", que é o Batalhão da Guarda Presidencial, de Brasília (DF).

6. À guisa de Conclusão

Impende lembrar, por derradeiro, neste breve escorço referente a aspectos pouco lembrados da mui grandiosa gesta e da personalidade do Duque de Caxias, de que certa e recerta é a intemporalidade das inúmeras lições que ele nos legou!

Finalmente, desejaríamos trazer à lembrança, como corolário de tudo o que até aqui foi expendido, uma expressão, - "caxias" -, cunhada pelo saudoso e emérito sociólogo Gilberto Freyre, que bem retrata o caráter adamantino e as peregrinas virtudes de nosso insigne "Soldado e Pacificador". Tal expressão, uma metáfora caída na consagração popular, bem caracteriza aqueles que cumprem, integral e rigorosamente, os seus deveres. Disse Gilberto Freyre: "Caxiismo não é conjunto de virtudes apenas militares, mas de virtudes cívicas, comuns a militares e civis. Os "caxias" devem ser tanto paisanos como militares. O caxiismo deveria ser aprendido tanto nas escolas civis quanto nas militares. É o Brasil inteiro que precisa dele"...




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Manoel Soriano Neto, Cel Ref, Historiador Militar, ex-Chefe do CDocEx.

Seguindo o exemplo de Caxias

Por José Gobbo Ferreira

O Brasil vive tempos bolivarianos e caminha a passos largos para o socialismo.

Quanto a esse fato, a sociedade brasileira está dividida em quatro grupos: aquele ansioso por desfrutar das benesses de ser dirigente em um regime que os torna milionários, e adere ao partido no poder; os que não tem a mínima condição cultural para entender o que está acontecendo, recebem algumas moedas e votam pela continuidade do circo e das migalhas de pão que lhes são lançadas; aqueles alquebrados espiritualmente, comodamente acovardados em seus cantos e, finalmente,  os que levantam a cabeça, enfrentam as ameaças e lutam, cada qual com as armas a seu alcance, para que não se esvaia a liberdade neste pedaço de chão em que vivemos.

Hoje é o Dia do Soldado. Um dia perfeito para escolher como queremos ser lembrados por nossos filhos e netos.

O inimigo imagina que pode dividir nossas defesas. Humilha a classe média esclarecida rotulando-a de “zelites”. Exacerba o patrulhamento ideológico e excomunga todos aqueles que não pensam como eles exigem que se pense. Cria um mega-factóide chamado “politicamente correto” e o atulha com comportamentos favoráveis a seus intentos malignos, elegendo-os como aqueles que todos os cidadãos devem obedecer.

Ele bem sabe que as Forças Armadas são a única instituição organizada que pode fazer frente às suas ideias totalitárias, e cujos exemplos a tornam aquela que goza de mais prestígio junto à sociedade brasileira. Para desmoralizá-las,  desencadeia uma tremenda campanha orquestrada na mídia amestrada, nas ONGs pelegas e nos diversos institutos que cria com o dinheiro do povo. Denigre sua imagem com informações forjadas; inventa situações absurdas seguindo o princípio de Mário Lago, que recomendava a mentira como a mais eficaz das ferramentas para demonizá-las, e tenta reescrever a história, seguindo em tudo os ensinamentos de Antonio Gramsci.

Semeia a cizânia procurando fazer crer que existem dois Exércitos, o de 1964 e este de nossos dias. Classifica como monstros uns, e “do bem” os outros, como fez recentemente o Sr. Cláudio Humberto. Insinua que existe uma divisão entre os que ainda militam no serviço ativo e aqueles já despidos do uniforme. Tudo em vão. O Exército, repito, é um e um só: o Exército de Caxias, uno, coeso e indivisível. E o repito exatamente hoje, no dia do nascimento daquele ínclito Chefe.

Em entrevista à revista Fórum, o Sr. João Pedro Stédile deixou explícito que, caso o Senador Aécio Neves seja eleito Presidente, o MST declarará uma guerra - Stedile: “Se Aécio ganhar, será uma guerra”

Essa é a democracia que essas criaturas professam: ou se obedece ao que eles mandam, ou eles incendeiam o país!

Porém, outros temerários já pronunciaram palavras parecidas no passado. Foram desentocados às margens do Araguaia. Fugiram os mais astutos e se renderam outros, covardes delatores, como por exemplo, o bravo guerrilheiro José Genuíno, o Geraldo. O restante desapareceu no decorrer da batalha.

Sejam bem-vindos ao campo de combate, Sr. Stédile. É aí que nos sentimos mais à vontade.

Por sua vez, o Comandante do Exército Brasileiro, Gen Enzo Martins Peri, cansado de tanta ignomínia contra a Força que comanda, chama a si a responsabilidade de centralizar sua defesa. Isso demonstra a aventureiros de todos os matizes que o Exército está atento e que saberá intervir quando os ataques ao Estado de Direito ultrapassarem limites que ameacem as instituições democráticas.

Meus patrícios, Civis ou militares, da Ativa ou da Reserva. Somos todos soldados desta Pátria maravilhosa que nos viu nascer. Mais que nunca ela precisa de nossa luta. Os tentáculos do petismo tentam nos amedrontar por todos os meios, entre os quais  atacando um de nossos direitos democráticos mais sagrados, que é o de votar livremente, tentando colocar cabrestos sobre nós, como já fazem com nossos irmãos menos favorecidos.

As eleições se aproximam, e nelas temos que mostrar que somos livres, e ninguém nos dirá como devemos votar: Ah, não pode ser escravo, quem nasceu no solo bravo da brasileira nação (Castro Alves). Nenhuma outra atitude será digna deste povo que teve a felicidade de contar com o Duque de Caxias como exemplo de cidadão e de soldado.
Hoje é o aniversário dele. Saibamos homenageá-lo, agindo como sabemos que ele agiria nas mesmas circunstâncias.


Fonte: Alerta Total


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José Gobbo Ferreira é Coronel na Reserva do EB. Visitem Movimento Nacional de Ação Democrática

RECONSTITUINDO A HISTÓRIA DO BRASIL - A Guerra contra o Paraguai

Por Jarbas Passarinho
Especial para “O INCONFIDÊNCIA”

Os livros didáticos de História do Brasil adotados nas escolas públicas brasileiras se revelam odientos e mentirosos acusando o Brasil de haver se apossado de parte do território paraguaio. Indício claro de que o ressentimento dos derrotados por 3 vezes recua, na História, à guerra contra o Paraguai, de 1865 a 1870. Seus editores e autores são energúmenos como historiadores e ignorantes como brasileiros, pois melhor deveriam conhecer os fatos históricos, mesmo os sonegados pela cátedra revanchista, marxista e incompetente.

Quando o ditador Solano Lopez iniciou as hostilidades, os aliados concertaram o Tratado da Tríplice Aliança (Argentina, Brasil e Uruguai) que se propunha a “respeitar a independência, a soberania e a integridade territorial do Paraguai”. O Brasil tinha, de fato, velha pendência territorial com a República paraguaia, herdada dos tempos coloniais, proveniente do Tratado de Madri de 1750 e do de Santo Ildefonso, de 1777. Com a independência de nossos países, não se logrou logo a eliminação da discordância quanto à linha da fronteira. No tratado de Madri, Portugal se arrimou no princípio do uti possidetis, o direito de propriedade do Paraguai à faixa de terra entre o rio Igureí e o Salto das Sete Quedas, no Tratado Preliminar de Paz, de 1872, desde que a Argentina igualmente abandonasse o direito à posse de todo o Chaco araguaio, que o Tratado da Tríplice Aliança lhe atribuía.

Como a Argentina não concordasse, o Brasil negociou em separado com o Paraguai. E mais: empenhou-se em defender os interesses do vencido, junto ao presidente norte-americano Hayes, árbitro da disputa do Paraguai com a Argentina, do que decorreu a manutenção do Chaco como território paraguaio. É verdade que, em 1872, ao ceder a linha do rio Igureí ao Paraguai, no traçado da fronteira, assegurávamos a divisa pelo rio Apa, encerrando uma divergência centenária, o que acabou definitivamente ao construirmos a usina hidrelétrica de Itaipu, com a submersão total das Sete Quedas.

Fui testemunha de uma cerimônia comovente, no transcorrer do governo João Figueiredo. Em 1980 acompanhei-o em viagem a Assunção. O presidente brasileiro levava ao presidente Ströessner a espada do marechal Solano Lopez, retirado do acervo do Museu Histórico brasileiro. Nem mesmo foi feita uma réplica, para manter em seu lugar no museu, lembrando a vitória na guerra. Os generais paraguaios, ao verem a espada, abraçaram-se lacrimejantes. O gesto de amizade parecia varrer resíduos de animosidade ainda persistentes. Não devolvemos terras porque não a usurpamos. O Brasil nunca fez guerras de conquistas. Nossas fronteiras decorrem de laudos arbitrais internacionais, respeitados mesmo quando prejudicados fomos pelo rei da Itália, árbitro da pendência com a Inglaterra, nos limites com a então Guiana Inglesa. Ele deu aos ingleses a depressão do Pirara, mais que os britânicos pediam... O Acre, o adquirimos da Bolívia, não sem antes o presidente Campos Sales haver garantido a soberania boliviana sobre as terras virgens, que foram povoadas por seringueiros nordestinos vítimas das secas, sublevados por Plácido de Castro. Isso, certamente, os autores dos livros didáticos adotados pelo MEC e pela Secretaria de Educação de Minas Gerais desconhecem. Deformam a História Pátria e têm servido para professores, em suas aulas nos estabelecimentos de ensino médio, inocularem na mente dos nossos adolescentes que a guerra contra o Paraguai foi um crime que fizemos para servir ao imperialismo inglês. Dizem, ainda, a serviço de uma ideologia fácil de identificar, que praticamos um deliberado genocídio do povo paraguaio. Revoltante embora, esses supostos mestres vão fazendo prosélitos nos jovens. A falsificação histórica tripudia sobre os cadáveres de milhares de brasileiros, nos cinco anos de luta. Desde o sacrifício de Antônio João, ao imolar-se em Dourados, até o epílogo nas cordilheiras paraguaias.

Preferindo à desonra de render-se às tropas inimigas enormemente superioras, o simples guia Antônio João morreu no combate desigual, não sem antes deixar escrita a mensagem que escrevera para a retaguarda:

Sei que morro, mas o meu sangue e o dos meus camaradas servirão de protesto solene contra a invasão do solo de minha pátria. Para os nossos imberbes estudantes, Antônio João era um desprezível peão no tabuleiro imperialista, Mato Grosso nunca foi invadido, Alfredo D’Escragnolle Taunay inventou a narrativa da Retirada da Laguna e o Rio Grande do Sul nunca foi atacado e parcialmente ocupado, nas ações ofensivas que nos tomaram de surpresa.

Enquanto Solano Lopez, ao nos impor a guerra, pôde mobilizar, desde logo, setenta mil combatentes, D. Pedro II tinha apenas pouco mais de quinze mil, dispersos no nosso território. O ditador paraguaio, sentindo-se forte, invadiu a Argentina, que lhe negou permissão para atravessá-la com as tropas que visavam chegar a Uruguaiana, e declarou-lhe guerra e ao Uruguai. Só isso basta para caracterizar o agressor.
Na guerra, a vitória exige a conquista de dois objetivos: o político, a ocupação da capital do inimigo, e o militar, a derrota total da capacidade de luta das suas tropas. Conquistada Assunção, o Marquês de Caxias regressou à capital do Império em 19.01.1869 e recebeu o título de Duque em 23 de março do mesmo ano. Sem a menor possibilidade de resistir, o marechal Lopez levou suas últimas reservas, mínimas aliás, a Cerro Corá. Repeliu a derradeira intimação da vanguarda brasileira, já ferido mortalmente:

Não me rendo. Morro por minha pátria. É cultuado como um herói. Mas é de convir que foi ele o grande responsável pela dizimação de seu povo, na medida em que jamais aceitou negociar a paz e, uma vez destroçadas as tropas regulares, recompletou-as recrutando adolescentes e crianças. Só com a sua morte em 01.03.1870, a guerra acabaria. Sua bravura, sem pensar no sacrifício imposto ao seu próprio povo, só aos paraguaios diz respeito. A nós, cabe respeitar nossos mortos honrando seus feitos e não omiti-los ou desmerecê-los como fazem certos autores e professores brasileiros que deturpam a verdadeira História do Brasil.

(Publicado no Inconfidência nº 43 de 30/11/2001)


Fonte: Jornal Inconfidência nº 205, Pg. 5


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Jarbas Passarinho é Coronel Reformado, e presidente da Fundação Milton Campos. Foi ministro de Estado, governador e senador pelo Pará.

General Marco Felício é candidato a Deputado Federal por Minas Gerais


Aos prezados Amigos e Camaradas:

Abaixo uma introdução à campanha de minha candidatura a Deputado Federal por Minas Gerais. Se for possível, solicito que difundam para familiares e amigos e respectivas redes sociais, tendo como objetivo, "por tabela", atingir Minas. 

Abraços do Marco Felicio.

MINHA CANDIDATURA

“Contribuir para a defesa da Democracia e da liberdade, traduzindo um País com projeção de poder e soberano, deve ser o nosso NORTE"   
                                                
ELES QUE VENHAM. POR AQUI NÃO PASSARÃO!

General Marco Felicio

Com o apoio do GRUPO e JORNAL INCONFIDÊNCIA, de associações de militares, de policiais, de ex-combatentes da FEB, de maçons e de outros segmentos atuantes da população mineira aceitei e registrei minha candidatura a Deputado Federal por Minas Gerais pelo Partido Democratas e coligação respectiva.

Caso eleito, em matéria de Política Interna, focarei a minha ação em prol da melhoria da qualidade de vida do nosso povo, prioritariamente com ênfase na Educação, Saúde, Ciência e Tecnologia e na Segurança Pública. Nesta última, lutaremos pela valorização dos policiais civis e militares, dando-lhes condições materiais e psicológicas para o exercício da profissão com dignidade e qualidade de vida.

Em se tratando de Política Externa, trabalharei para que o País projete perfil político-estratégico consentâneo com o seu desenvolvimento. Para tal objetivo, lutarei para que tenhamos Política Externa sem viés ideológico, fiel aos princípios de autodeterminação e de não intervenção, apoiada por Forças Armadas a altura de tal perfil,  respaldando as decisões diplomáticas na defesa dos interesses nacionais.

Não adianta estigmatizarmos políticos e o exercício da Política, embora permeados por intensa corrupção e outros descalabros. É por meio deles e dela, políticos e política, que mudanças ocorrem no regime em que vivemos, influenciando fortemente nossas vidas. Ninguém mais do que nós, militares, nesses últimos 30 anos, têm sentido na própria pele tal realidade. Vencimentos defasados, humilhante salário família de 0,16 centavos, uma pretensa LRM que castrou direitos e a menor remuneração média entre todos os funcionários públicos do Poder executivo.

A decisão de enfrentar esse desafio, sabedor das dificuldades implícitas, incluso a da falta de recursos financeiros, foi tomada por coerência com a minha posição, tornada pública por artigos difundidos nos principais jornais do País, desde a minha passagem para a Reserva e, principalmente, após a criação do Ministério da Defesa. Entre eles, enfatizo o manifesto “ALERTA À NAÇÃO”, subscrito por mais de 4000 militares e civis, e aqueles em prol da formação de bancada, no Congresso Nacional, constituída por militares da Reserva e de reformados.

A razão maior é possibilitar, num contexto político no qual a classe política está desacreditada e desmoralizada, a renovação do Congresso, buscando uma nova mentalidade política de servir a Nação e não dela se servir, traduzindo  a defesa do povo brasileiro, das Forças Armadas e do País, estes vilipendiados por uma corja e asseclas que se apossaram do governo e que tratam da coisa pública como se propriedade deles fosse. O atual assalto à Petrobras é um claro e gritante exemplo.

Assim, há que ressaltar o valor do voto responsável e consciente, O SEU VOTO, seja Você militar ou civil, para mudar a atual situação, dependendo apenas de nossa união, de nossa decisão e de nossa vontade, buscando a eleição de bancada de militares para o Congresso Nacional.

Solicito o seu voto, consciente, pois, sem ele, a vontade e a ação consequente para mudar não existirão!!!!!


P/ DEPUTADO FEDERAL/MG VOTE 
GENERAL MARCO FELICIO   2560

Gen Marco Felício - Palestra sobre o Foro de São Paulo  
Realizada em Belo Horizonte no dia 28/05/2013 no Círculo Militar de Belo Horizonte, organizado pelo Grupo Inconfidência.
O Foro de São Paulo é um organismo supranacional criminoso que pretende implantar o Comunismo na América Latina.

Paulo Eduardo Martins é processado pelo PT por seu vídeo de campanha anti-petista


Paulo Martins é processado pelo PT por seu vídeo de campanha anti-petistaPaulo Eduardo Martins, jornalista, ferrenho crítico do governo petista resolveu se lançar na política ao cargo de deputado federal pelo Paraná.

Em seu primeiro vídeo de campanha o jornalista fala acerca da luta contra as mazelas petistas

“Corrupção generalizada, mensalão, Petrobras saqueada. Enquanto os brasileiros agonizam, mandam o nosso dinheiro pra Cuba, pra ditadores, pra companheirada, falam até em controlar a mídia. Não podemos permitir que eles transformem o nosso país numa Venezuela. Precisamos parar o PT, me ajude a enfrentar essa gente …”

Quem parece não ter gostado nada da campanha publicitária do candidato Paulo Martins foi Gleisi Hoffmann, candidata petista ao governo do Paraná, que entrou com uma representação junto ao STE, contra Paulo, conforme o próprio jornalista relatou em sua página no facebook.
 
Na noite da ultima sexta-feira (22), Paulo postou em sua página pessoal no facebook acerca da notificação que acabara de receber do TSE:

Começou: Acabei de receber uma notificação do TRE. A coligação da candidata do PT, Gleisi Hoffmann, entrou com uma representação contra mim. Não gostaram da minha propaganda eleitoral, disse o jornalista


Assista o vídeo que causou a revolta dos petistas contra Paulo Martins:








JUÍZES DO UNIVERSO

Por Olavo de Carvalho

Tempos atrás comentei aqui o trecho de Hegel que enaltecia a capacidade humana de suprimir mentalmente todo dado exterior ou interior, a capacidade, em suma, de negar o universo inteiro e fazer da consciência de si a única realidade, entrando na "irrestrita infinitude da abstração absoluta ou universalidade, o puro pensamento de si mesmo" (ver “Uma lição de Hegel”).

Faltou dizer que isso é a condição sine qua non para operar seja a "crítica radical de tudo quanto existe" proposta por Karl Marx, seja a "derrubada de todos os valores" almejada por Nietzsche.

Também é evidente que tanto Marx quanto Nietzsche varreram para baixo do tapete a advertência de Hegel de que essa capacidade, exercida precisamente com os poderes irrestritos que essas duas propostas exigiam, só podia levar a uma sucessão de catástrofes: "O que essa liberdade negativa pretende querer nunca pode ser algo em particular, mas apenas uma ideia abstrata, e dar efeito a essa ideia só pode consistir na fúria da destruição."

A recusa de Marx de elaborar o plano detalhado da futura sociedade socialista, ou mesmo de descrevê-la em linhas gerais, já continha em germe a promessa de que as coisas se passariam exatamente assim. Quanto mais vago e nebuloso o ideal a ser atingido, mais se pode adorná-lo de qualidades excelsas ao mesmo tempo que se conserva o direito de cometer em nome dele toda sorte de crimes e iniquidades.

E não é só a experiência histórica das tiranias soviética e chinesa que o comprova. Quando hoje em dia o sr. Lula proclama: "Não sabemos qual o tipo de socialismo que queremos", ele deixa claro de que não se sente nem um pouco chocado de que o caminho para essa meta indefinível tenha de passar pelo Mensalão, pelo dinheiro na cueca, pelo florescimento inaudito do comércio de tóxicos, pela roubalheira da Petrobras, pelos setenta mil homicídios anuais, pela redução dos nossos universitários a um bando de analfabetos funcionais, pelo controle ditatorial da opinião pública, pela gastança obscena da Copa do Mundo e por mais uma infinidade de capítulos deprimentes. Tudo pela causa, que não precisa nem dizer qual é.

Mutatis mutandis, a figura do Super Homem que "cria os seus próprios valores" é tão vaga e adjetiva que pôde ser usada para inspirar desde o nazismo e o anticristianismo militante até as agitações estudantis de maio de 1968, o anarquismo, os clubes de sadomasoquistas, a pedofilia, o crime organizado e desorganizado, a indústria do aborto e o uso de tatuagens e piercings nos órgãos genitais – enfim, qualquer coisa.

É incrível como marxistas e nietzscheanos permanecem confortavelmente inconscientes de que, para realizar o que prometem, têm de operar a "abstração absoluta" de que fala Hegel, colocando-se portanto imaginariamente acima do universo, julgando-o e condenando-o. Diríamos que se fazem de deuses? Não, porque os deuses são incluídos nesse universo e julgados com ele, o que faz do autor dessa singela operação mental uma espécie de super-deus, superior ao "maximamente grande" de Sto. Anselmo.

Também não é preciso dizer que, ao efetuar esse giro, levam o idealismo subjetivo até às suas últimas conseqüências no momento mesmo em que imaginam estar absorvendo e superando o idealismo objetivo de Hegel.

Mas tanto marxistas quanto nietzscheanos não podem dar-se conta disso, senão teriam de perceber que seu julgamento do universo é apenas uma fantasia individualista, destinada, seja a encerrar-se num solipsismo inconsequente – o que seria a menos letal das hipóteses –, seja a espalhar-se entre as massas como epidemia psicótica e descambar na 'fúria da destruição", como de fato veio a acontecer.

Se os inspiradores dessa maravilha não sentem nenhuma culpa pelo que produziram, se, ao contrário, continuam discursando com aqueles ares de superioridade sublime de juízes do universo, não é porque lhes falte apenas a consciência moral: antes disso já destruíram a sua própria consciência intelectual, no momento em que recusaram a enxergar a índole radicalmente subjetivista, a fuga desabalada da realidade, que era o centro da estratégia cognitiva que adotaram.

Depois de ter jurado não entender nada, o sujeito não pode nem mesmo entender que não entende. Resta-lhe a saída infalível: a pose, o fingimento, a inconfundível empáfia de quem olha tudo desde cima, com cara de nojinho.

Será de espantar que o século que se inspirou em Marx e Nietzsche tenha sido o mais violento, o mais assassino de toda a história humana? No entanto, ainda há, nos meios acadêmicos, um número suficiente de idiotas que acreditam piamente nas virtudes da "destruição criativa", negando a experiência histórica de que a única coisa que se cria com a destruição é mais destruição. Agora mesmo, em 2013, a Editora Boitempo, do indefectível dr. Emir Sader, promoveu um seminário internacional denominado "Marx: a criação destruidora". Isso não tem mais fim.



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Olavo de Carvalho é Jornalista, ensaísta e professor de Filosofia - www.olavodecarvalho.org

MARINA E DILMA SÃO BRAÇOS DO MESMO CORPO


Como cidadão que acompanha o movimento na esquina desta eleição, permitam-me enviar um conselho ao candidato Aécio Neves. Meu caro Aécio, ou você faz como era usual na minha Santana do Livramento dos anos 50 e dá um risco com o pé no chão, estabelecendo os limites do seu campo político, definindo qual é o seu lado e o que ele significa, ou vai beber água suja nessa eleição. O senhor enfrenta neste pleito duas adversárias com posições radicais e elas não podem ser enfrentadas com luvas de pelica e punhos de renda, como já disse alguém.

O programa de governo assumido por dona Marina Silva tratou de deixar claro que também é favorável à ideia contida no "decreto dos sovietes", ou seja, que irá amarrar as decisões políticas e a gestão pública aos pareceres dos movimentos sociais. Alguns se surpreenderam com isso. No entanto, a candidata do PSB entrou na disputa riscando o chão, explicitando o seu quadrado. E por isso, crescendo. O PSDB de Aécio Neves tem, no próprio programa que é favorável ao parlamentarismo, muito mais a dizer sobre mudanças institucionais. Tem muito maior contribuição a oferecer para sustar a marcha da democracia brasileira para os braços de um projeto totalitário.

Ao assumir compromisso programático com os conselhos populares, assim como ao negar contato com o PSDB em São Paulo, Marina Silva deixa claro que ela e Dilma têm um inimigo comum. Ou seja, têm um inimigo que está acima das atuais diferenças de projeto político. Por quê? Porque ambas vão na mesma direção. Ou esquecemos o jogo pesado de Dilma para implantar o seu projeto de Código Florestal? O verde de Marina e de Dilma é vermelho por dentro.

A democracia popular, que está na base filosófica do projeto dos sovietes, se distingue da "democracia burguesa" ou liberal, deu nome a várias repúblicas comunistas da Ásia e do Leste Europeu antes do desfazimento da URSS. A partir da observação histórica, democracia popular sempre equivaleu a "ditadura do proletariado". E ditadura do proletariado sempre foi pura e refinada ditadura das elites partidárias.


Não há, portanto, ilusões com as quais nos iludirmos. Marina e Dilma são galhos da mesma árvore, braços do mesmo corpo político. E se Aécio Neves persistir na conversa mole do melhorar o que está bem, ainda que acresça um "mudar o que está mal", verá o imenso contingente de eleitores liberais e conservadores bandearem-se em desalento para um dentre dois males. Se é que isso já não aconteceu.

O que espera Aécio para reapresentar o vídeo que desmonta a vigarice franciscana?



Pouco antes de oficializar a candidatura à Presidência da República, o senador Aécio Neves usou o horário reservado na TV à propaganda partidária para escancarar o estelionato eleitoreiro reprisado desde 2006. O vídeo de 34 segundos, de janeiro deste ano, mostra que a transposição das águas do São Francisco é conversa de 171. A obra só avança nos cronogramas fictícios do PAC e imaginação dos embusteiros, que  prometem concluir o monumento à inépcia logo depois da próxima eleição.

Na semana passada, Dilma resolveu inaugurar de novo o colosso reduzido a ruínas sem ter existido. O que espera Aécio Neves para reprisar o vídeo que desmoraliza a vigarice franciscana?

A Hora dos Petralhas Mortos-Vivos

 
A Operação Lava Jato torna ainda mais assustador para a cúpula do PT o imortal fantasma de Celso Daniel – Prefeito petista hediondamente sequestrado, torturado e assassinado em janeiro de 2002, só Deus sabe por ordem de quem. Agentes federais descobriram uma prova que embasa a denúncia feita em 2012 pelo “operador do Mensalão”, Marcos Valério Fernandes de Souza, segundo a qual Lula da Silva, Gilberto Carvalho e José Dirceu foram chantageados por Ronan Maria Pinto. Trata-se do conhecido empresário de ônibus em Santo André, que nega as suspeitas de ligação com a morte brutal do petista que comandaria as finanças da primeira campanha presidencial vitoriosa de Lula.

O fantasma de Celso Daniel assombra a cúpula petista em toda véspera de eleição, pelo menos a cada dois anos. Mas, agora, a Lava Jato lança novas sujeiras sobre o escandaloso crime até hoje sem solução concreta e punição para o verdadeiro mandante. O Estadão noticiou que a Polícia Federal apreendeu no escritório da contadora do doleiro Alberto Youssef um contrato de empréstimo de R$ 6 milhões que liga as empresa 2S Participações, de Marcos Valério, com a Expresso Nova Santo André, de Ronan Pinto, e a Remar Agenciamento e Assessoria. Assinado em outubro de 2004, o acordo chama atenção por ter as inscrições “Enivaldo” e “Confidencial”.

A PF suspeita que “Enivaldo” seja uma referência direta a Enivaldo Quadrado, envolvido no escândalo do Mensalão, que trabalhava para o doleiro Youssef – apontado, junto com Paulo Roberto Costa, ex-diretor de “abastecimento” da Petrobras, como o suspeito de comandar um esquema de lavagem de mais de R$ 10 bilhões. O negócio fica mais suspeito porque o achado do contrato empresta ares de prova ao depoimento prestado por Marcos Valério a duas procuradoras do MPF, em setembro de 2012. Valério revelou que o PT lhe pediu R$ milhões emprestados para que Ronan parasse de chantagear Lula, Carvalho e Dirceu sobre o caso Celso Daniel.

Não fosse agora ser ressuscitado pela Lava Jato, tal depoimento voltaria a cair no esquecimento público ou ficaria restrito à papelada processual do pós-Mensalão. Além evocar o fantasma de Daniel, Valério botou Lula (que nega tal versão) no meio do Mensalão. O publicitário garantiu às procuradoras Claudia Sampaio e Raquel Branquinho que teve um encontro rápido com Lula, em 2003, no Palácio do Planalto, quando o então presidente havia endossado um acordo financeiro firmado entre José Dirceu (na época ministro da Casa Civil) e Delúbio Soares (naquele tempo tesoureiro do PT). Trata-se do famoso repasse de R$ 7 milhões da Portugal Telecom para o grupo, segundo Valério, com total aval de Lula.

No momento em que Paulo Roberto Costa negocia uma delação premiada, o processo da Operação Lava Jato se aproxima, perigosamente, da cúpula do Partido dos Trabalhadores e da caixa preta dos gestores petistas em fundos de pensão. O Ministério Público Federal já investiga negócios feitos pelo doleiro Alberto Youssef com João Vaccari Neto, secretário nacional de finanças do PT, umbilicalmente ligado ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É por isso que a nova defensora de Paulo Roberto Costa, a advogada criminalista Beatriz Catta Preta, adverte que, “pessoalmente, seu cliente está em um momento difícil”.

O caos está formado. Preso desde março pela Operação Lava Jato, o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, apontado como laranja de Youssef na empresa CSA Project, sediada em São Paulo, é quem relaciona Vaccari com o esquema que lavou mais de R$ 10 bilhões. Em depoimento no último dia 15, Carlos Costa revelou haver indício de que Vaccari estaria intermediando negócios de fundos de pensão (principalmente a Petros) com a CSA e uma outra empresa ligada ao doleiro Youssef, a GFD Investimentos, na qual Paulo Roberto Costa também figuraria como sócio. Carlos Costa apontou o ex-gerente de Novos Negócios do Petros, Humberto Pires Grault, sindicalista ligado ao PT, como um dos beneficiários de R$ 500 mil, que teriam sido pagos como “comissão” para que o fundo de pensão adquirisse, entre 2005 e 2006, uma cédula de crédito bancário de R$ 13 milhões.

O momento é dificílimo... Esta semana, na Polícia Federal em Curitiba, Paulo Roberto Costa terá um novo encontro com sua defensora para ratificar a decisão de partir para a “delação premiada” – que pode gerar reações imprevisíveis na cúpula petralha. A advogada Preta ainda não garante que Costa queira colocar o preto no branco: “Ele ainda não está decidido. Esta é uma escolha muito pessoal, muito subjetiva. Tem que partir da pessoa. A delação tem um ônus grande, apresenta prós e contras. O colaborador busca benefícios. Por outro lado, tem que apontar pessoas, fatos, é uma decisão que só o réu pode tomar”.

Não querendo se transformar em um novo “Celso Daniel”, na realidade, Paulo Roberto Costa e sua família acenam com a delação premiada para acuar os petistas. Afinal, não dá para conceber que ele tenha comandado sozinho ou apenas com o doleiro Youssef um esquema bilionário de lavagem de dinheiro, envolvendo vários contratos da Petrobras – empresa na qual ele controlava, estranhamente, 1832 contas correntes, embora não fosse o diretor financeiro, mas apenas o de “abastecimento”. Paulo Roberto era tão poderoso que, entre 2005 e 2012, foi o substituto eventual de José Sérgio Gabrielli, assumindo a presidência da Petrobras por 24 vezes, ou 95 dias na função.

A história é tão clara que nem precisa desenhar. Nada na Petrobras se resolve sem a interferência, o conhecimento ou o aval direto da Presidência da República, junto com a diretoria executiva e o conselho de administração da empresa. Portanto, a sujeira descoberta na lava Jato atingirá, em cheio, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora Dilma Vana Rousseff. O caso da “presidenta” é complicadíssimo. Se não sabia de nada, pode ser taxada de “ignoranta”. Se sabia e deixou correr frouxo, pode ser classificada, no mínimo, de “incompetenta”.

Como os bebês de colo sabem, desde o início do primeiro governo Lula, Dilma acumulou as funções de Ministra de Minas e Energia e Presidente do Conselho de Administração da Petrobras (cargo que ocupou durante quase oito anos). Assim, desde janeiro de 2003, Dilma tinha o poder de agir e acionar os instrumentos para determinar investigações sobre fatos que tivessem sido praticados em prejuízo da Petrobras. E, obviamente esse poder se tornou ainda maior quando ela passou a exercer a presidência da República.

Por isso, é espantoso constatar que só agora, passados mais de doze anos, Dilma cometa a imprudência de lançar suspeitas sobre a falta de investigações em dois fatos prejudiciais à Petrobras ocorridos no governo FHC (o afundamento da plataforma P-36 e a troca de ativos com a Repsol). Por que ela, como poderosa ministra de Lula, chefona do Conselho da Petrobras e, depois, Presidenta da República, não mandou apurar o que viu de errado? Certamente, contaminada pelo ambiente emocional gerado pelo risco de não se reeleger, a coitadinha da Dilma acabou jogando contra si mesma...

Porém, o mais espantoso é ver que a suposta “oposição” não questiona o caso Gemini – um crime de lesa-pátria que tem o potencial de aniquilar qualquer resquício de credibilidade que, porventura, ainda exista nas duas mais decantadas qualidades de Dilma: “gerente eficiente” e “administradora transparente”. O engenheiro João Vinhosa já cansou de denunciar este escândalo que pode ser um modelo repetido em várias caixas-pretas das “Sociedades de Propósitos Específicos” firmadas pela Petrobras com empresas parceiras.

No vídeo-texto intitulado “A oposição que Dilma pediu a Deus (III)”, o engenheiro João Vinhosa afirma que, para liquidar com Dilma, basta perguntar: Que providências ela tomou diante das diversas cartas que recebeu sobre a Gemini? As cópias protocoladas, enviadas a ela, podem ser vistas no site www.maracutaiasnapetroroubobras.com


Pelo visto, a Petrobras é uma “arma eleitoral” (usada pelo próprio governo) contra si mesmo. A Lava Jato cai matando. E, agora, que o fantasma de Celso Daniel volta a assombrar a petralhada, o futuro da República Sindicalista do Brazil fica seriamente comprometido. Agosto, o mês do desgosto, ainda deve gerar mais desgraças contra o regime nazicomunopetralha que faz uma hedionda parceria com a governança do crime organizado.

God na defesa


Correria


Luciana Genro, candidata à Presidência pelo PSOL, sofre acidente de carro



Presidenciável dirigia o carro do marido e não teve ferimentos na colisão. Ela falou sobre a batida em seu perfil no Twitter

A candidata à Presidência pelo PSOL Luciana Genro se envolveu em um acidente de trânsito na manhã desta segunda-feira (25) em Porto Alegre. Luciana relatou em seu perfil pessoal no Twitter como aconteceu a colisão e disse que não se feriu na batida. Ela afirmou ainda que tem "pavor de trânsito".

"Antes que a informação saia e gere preocupações: tive um pequeno acidente de carro mas não me machuquei. Estava dirigindo o carro do meu marido e outro carro passou no sinal vermelho e me bateu. Por sorte ninguém se machucou", escreveu a candidata.

Luciana Genro afirmou ainda que o motorista do outro veículo dirigia sem carteira de habilitação e que as consequências poderiam ter sido piores. "Poderia ter sido grave. O carro do meu marido ficou destruído na frente. Graças ao cinto de segurança não me machuquei. Tenho verdadeiro pavor do trânsito!", concluiu.

A candidata cumpre agenda de campanha nesta segunda-feira em Porto Alegre.

Professora tenta suicídio duas vezes após agressões consecutivas de alunos


A professora Liz*, que diz ter sido atacada diversas vezes 
por alunos, pediu para não se identificar por medo de represálias
"Dou aula de porta aberta por medo do que os alunos possam fazer. Não dá para ficar sozinha com eles", diz Liz*, professora de inglês de dois colégios públicos da periferia de São Paulo.

Em 15 anos de aulas tumultuadas e sucessivas agressões (de ameaças de morte a empurrões e tapas na frente da turma), a professora chegou a tentar suicídio duas vezes – primeiro por ingestão de álcool de cozinha, depois por overdose de remédios.

"Me sentia feliz quando comecei a dar aulas. Hoje, só sinto peso, tristeza e dor", diz.

A violência contra professores foi destacada por internautas em consulta nas redes sociais promovida pelo #salasocial, o projeto da BBC Brasil que usa as redes para obter conteúdo original e promover uma maior interação com o público.

Em posts no Clique Facebook e no Clique Twitter, leitores disseram que a educação deveria merecer mais atenção por parte dos candidatos a cargos públicos.

A pedido da BBC Brasil, internautas, entre eles professores, compartilharam, via Clique Facebook, Clique diferentes relatos sobre violência cometida contra profissionais de ensino. Houve também depoimentos feitos via Clique Google+ e Clique Twitter.

VIOLÊNCIA CONTRA PROFESSORES

Segundo a Prova Brasil, do Ministério da Educação (MEC), um terço dos professores que responderam ao teste em 2011 disse ter sido agredido verbalmente por alunos. Um em cada dez afirmou ter sofrido ameaças e aproximadamente um a cada 50 disse ter sido agredido físicamente por estudantes.À reportagem, o MEC afirmou que promove o projeto "Escola que Protege", cujo objetivo é "prevenir e romper o ciclo da violência contra crianças e adolescentes no Brasil. A intenção é que os profissionais sejam capacitados para uma atuação qualificada em situações de violência identificadas ou vivenciadas no ambiente escolar".A secretaria da educação do Estado de São Paulo disse entender "que o enfrentamento à violência no ambiente escolar deve ocorrer em diversas frentes, que englobam polícia, comunidade escolar e família. A pasta desenvolve desde 2009 em todas as 5 mil escolas paulistas o Sistema de Proteção Escolar, programa que orienta as equipes gestoras e apoia professores e alunos envolvidos em situações de vulnerabilidade".

Segundo o psiquiatra Lenine da Costa Ribeiro, que há 25 anos faz sessões de terapia coletiva com educadores no Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual, o trauma após agressões é o principal motivo de licenças médicas, pânico e depressão entre professores. "Mais do que salários baixos ou falta de estrutura", ressalta.

O problema, de acordo com especialistas consultados pela BBC Brasil, seria resultado da desvalorização contínua do professor, do descompasso entre escolas e expectativas dos alunos e de episódios de violência familiar e nas comunidades.

Lápis afiado

A primeira tentativa de suicídio aconteceu assim que Liz descobriu que estava grávida.

"Quando vi que teria um filho, fiquei desesperada. Eu não queria gerar mais um aluno", diz a professora, que bebeu álcool de cozinha e foi socorrida pela mãe.

A segunda aconteceu em abril do ano passado, após agressões consecutivas envolvendo alunos da primeira série de uma escola municipal e do terceiro ano do ensino médio de um colégio estadual, ambos na zona sul de São Paulo.

"Começou com um menino com histórico de violência familiar. Ele atacava os colegas e batia a própria cabeça na parede. Um dia, para chamar minha atenção, ele apontou um lápis bem apontadinho e rasgou o rosto de uma 'aluna especial' que sentava na minha frente", relata.

Ela conta que o rosto da aluna, que tem dificuldades motoras e intelectuais, ficou coberto de sangue.

"Violência gera violência", diz Liz, ao assumir ter agredido, ela mesma, o menino de 6 anos que machucou a colega com o lápis.

"Empurrei ele com força para fora da sala. Depois fiquei destruída", conta.

Na semana seguinte, diz Liz, um aluno de 16 anos a "atacou" após tentar mexer em sua bolsa.

"Ele disse que a escola era pública e que, portanto, a bolsa também era dele. Eu tentei tirar a bolsa, disse que era minha e então ele pulou em cima de mim na frente de todos", relata.

O adolescente foi suspenso por seis dias e voltou à escola. O mesmo não aconteceu com Liz, que pediu licença médica e se afastou por um ano.

"Não me matei. Mas não estou convencida a continuar vivendo", diz.

Quadro negro e giz

A professora de inglês diz que a gota d'água para buscar ajuda de um psiquiatra foi quando percebeu que estava se tornando "muito severa" com a própria filha, de 6 anos. "Ali eu vi que estava perdendo a vontade de viver", diz. "A violência na escola é física, mas também é moral e institucional. Isso acaba com a gente", afirma.

A educadora diz que, nas duas oportunidades, não procurou a polícia por "saber que nada seria feito e que os policiais considerariam sua demanda pequena perto das outras".

Para a educadora, o modelo atual das escolas estaria ultrapassado, o que tornaria a situação mais difícil. "Na sala de aula, eu dou aula para as paredes. E se o aluno vai mal, a culpa é nossa. Essa culpa não é minha, eu trabalho com quadro negro e giz. Enquanto isso os alunos estão com celular, tocando a tela", observa.
Em comentário enviado via Facebook, Jorge Marcos Souza 
foi um dos internautas que destacou o problema
Em tratamento contínuo, ela diz que está, aos poucos, se afastando do ensino na rede pública.

"Dou aulas particulares também. E estes alunos eu vejo crescendo, progredindo", diz.

Abandonar a escola, diz a professora, seria o caminho para resgatar sua autoestima.

"A alegria do professor é ver o progresso do aluno. É gostoso ver o aluno crescer. A classe toda tirar 10 é o maior prazer do mundo, vê-los entrando na faculdade é a nossa alegria", diz. "Mas não é isso o que acontece".

*A pedido da professora, o nome real foi mantido em sigilo.