Por Ucho.Info
Luz vermelha – A presidente Dilma Rousseff solicitou a seus
ministros petistas que encontrassem alternativas para conter a crise política
até o próximo dia 16, quando protestos contra o governo estão convocados em
todo o País. Três ministros defenderam que a presidente faça uma declaração
pública reconhecendo erros cometidos durante sua gestão.
O pedido da petista foi feito durante reunião de emergência
convocada por ela na quinta-feira (6). Dilma acredita que se nada for feito
antes dos protestos há risco de a situação tornar-se irreversível. Porém, não
se sabe até agora o que poderia ser feito.
Uma das alternativas citadas foi a de diminuir o tamanho da
equipe ministerial. Entretanto, reduzir cargos também significa diminuir o
poder de barganha que o governo tem para negociar apoio no Congresso Nacional
junto aos partidos da chamada base aliada.
De acordo com relatos de quem participou do encontro,
ministros não falaram abertamente sobre o risco de um pedido de impeachment,
contudo, nos bastidores, nenhum deles descarta o cenário.
Na quinta, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
tornou regimentalmente possível a apreciação das contas de Dilma de 2014,
aprovando as contas de Collor, FHC e Lula. Vale ressaltar que as contas da
petista deverão ser rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União. Diante desse
cenário “sombrio”, Dilma convocou uma nova reunião, provavelmente no próximo
domingo (9).
A reunião da presidente com os ministros ocorreu um dia
depois de o vice-presidente Michel Temer admitir a gravidade da crise
publicamente e manter o apelo por um esforço conjunto contra o agravamento dos
problemas.
Além disso, pesquisa Datafolha publicada nesta quinta mostra
que Dilma é a presidente mais impopular da história, desde o início da
avaliação, em 1990. Apenas 8% aprovam o seu governo.
Para piorar a situação, o governo sofreu derrota acachapante
na Câmara na madrugada desta quinta, quando até seu próprio partido votou em
favor de uma “pauta bomba” que prevê aumento de gastos com servidores.
Antes do encontro com os ministros, Dilma recebeu Temer, que
na quarta telefonara a ela antes de dar a declaração pública dizendo que alguém
precisaria reunificar todos. No telefonema, ele disse que iria pedir “união de
todos”. Dilma concordou, porém, para ministros, a fala acabou “passando do
ponto”.
Na reunião emergencial, Temer reiterou a Dilma que seu
objetivo era o de transferir responsabilidade da crise para o Congresso. O
comando do PMDB e os demais líderes aliados já avisaram o governo que as
bancadas estão incontroláveis na Câmara.
A aposta, por isso, deverá se concentrar na tentativa de
aproximação com o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), que se encontrou com
Dilma nesta quinta. Ele e Cunha culpam o governo pelo que chamam de influência
sobre o Ministério Público, que os investiga na Operação Lava-Jato. (Danielle
Cabral Távora)
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