O total de dinheiro emprestado pelos bancos parou de
crescer. Para ser mais preciso, de um ano para cá cresceu 0,3%, se descontada a
inflação. Quer dizer, praticamente nada. Como o total da renda tem caído
também, assim como a confiança dos consumidores no futuro, percebe-se o tamanho
do problema. Com renda, confiança e crédito em queda, não há como o consumo
crescer.
Na outra recessão mais recente, a de 2009, a renda caiu
rapidamente depois do estouro da crise de 2008, nos Estados Unidos. Houve muita
demissão. Mas a economia brasileira em geral estava em boa forma. O crescimento
crédito dos bancos privados mergulhou para zero também, mas os bancos públicos
emprestaram mais, pois também tinham o colchão do governo para arrumar dinheiro
extra para emprestar.
Agora, o governo está na pindaíba, e o crédito nos bancos
públicos, BNDES, Caixa e Banco do Brasil, cresce ainda, mas cada vez mais
devagar, não o suficiente para compensar a retranca dos bancos privados. O
total de crédito na economia não recuava tanto assim desde 2003.
As taxas de juros também estão além da lua. Em 2008, os
juros básicos estavam tão altos como agora. Mas caíram rapidamente, em seis
meses, ajudando a atenuar a recessão de 2009, que foi rápida e pequena. Agora,
os juros vão continuar a subir até pelo menos o início de 2016.
As taxas para o consumidor estão ainda mais assustadoras. Os
juros no cheque especial estão em 247% ao ano, na média. Não estavam tão altos
assim desde 1995, quando o país ainda saía da hiperinflação. Faz 20 anos. Com
juros de 247% ao ano, quem toma emprestado 1.000 reais no cheque especial, em
um ano estará devendo quase 3.500. Não dá nem para pensar. Quem entrou no
cheque especial, tem de tentar arrumar um empréstimo consignado, mais barato,
ou até familiar, para sair disso, que é desgraça certa.
Se o crédito não cresce e os salários no total caem, como se
sai deste buraco? A queda da inflação pode ajudar um pouco, a partir do final
do ano. O real desvalorizado pode ajudar a gente a produzir mais aqui, em vez
de comprar importados. Mas o mais importante mesmo é que venha um aumento de
investimento das empresas, que depende muito da arrumação da confusão política
e das contas do governo na pindaíba. Ainda está longe de acontecer.
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