Por Percival Puggina
Todos já sabem que o tal “Humaniza Redes” é jogada de
marketing saída da cabeça do João Santana. Ou assemelhado. Resulta em bem
concebida forma de censura a todos que não amam o PT, o petismo, o governo
petista, a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Portanto, é violência
disfarçada. É a “criminalização” do antipetismo.
As organizações,
personalidades e práticas políticas construídas em torno do partido da estrela,
na cabeça dos que conceberam o Humaniza Redes, devem ser objeto de devoção e
reverência nacional. Saudados com “Hasta la vitoria, siempre!”.
A expressão “Vai pra
Cuba!”, aliás, tem sido apontada como sólido indício de ódio contra o PT.
Entretanto, poucas coisas tão ansiosamente desejadas por qualquer petista, da
base ao topo da pirâmide partidária, quanto uma excursão a Cuba. Viajar a
Havana, com ou sem a companhia de Lula, já foi prêmio disputado pela
militância. Toda visita à ilha de Fidel Castro constitui ato litúrgico, uma
espécie de batismo de fogo simbólico. Encontro-me frequentemente, em debates,
com muitos desses “compañeros” que estudaram por lá com aval do partido, ou que
fazem peregrinações periódicas à ilha, de onde retornam como quem transpôs os
umbrais do paraíso socialista.
Portanto, todo
petista que se preze deveria responder a um “Vai pra Cuba!” com um “Se Deus
quiser!”, principalmente porque a expressão poderia substituída por coisa muito
mais desagradável e ofensiva, tipo “Vai pra Miami!” ou “Vai pra Nova Iorque!”.
Mas isso sim, seria coisa de gente mal-humorada, intolerante, do tipo que se
irrita com o Mensalão, o Petrolão, os sucessivos escândalos, as mordomias, as
“pedaladas”, a irresponsabilidade fiscal, as mentiras e mistificações, as
explicações esfarrapadas, a carestia, a inflação, o aumento de impostos e o
crescente desemprego. Para ficar no que se sabe.
Ódio não é um sentimento que se deva cultivar. Por isso,
sugiro um programa “Harmonize PT”, para acabar com a semeadura de ódio que o
partido, há anos, semeia onde quer que a imaginação humana possa vislumbrar uma
fissura em grupos sociais. Foi por esse caminho que o PT foi jogando os
brasileiros uns contra os outros até darem conta do que estava acontecendo.
Mas se o ódio faz mal, tampouco seria benéfica e respeitável
a passividade tolerante que o petismo apreciaria neste momento. O fiapo de
democracia que nos resta está sustentado nos movimentos de rua e nas redes
sociais porque as instituições, bem, as instituições estão com a vida ganha. E
o país tem um governo petista com uma oposição tucana. Pode haver infortúnio
maior?
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Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de
Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de
Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões,
integrante do grupo Pensar.
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