terça-feira, 6 de maio de 2014

Assassinatos de Militares - Convenientes Coincidências

Recebido por email - Autor desconhecido

Na noite de 1º Set 2012 foi assassinado o Coronel Reformado do Exército Julio Miguel Molina Dias, quando chegava em sua residência, em Porto Alegre.

Curiosamente, na residência da vítima foram encontrados alguns documentos da época da dita-mole, que serviram para dar folego à ação da Comissão Nacional da Verdade.

Digo curiosamente por que o militar foi morto na rua mas, contrariando a prática, foi feita uma "busca" de indícios dentro de sua casa. Tal busca deveria ter sido feita pelo delegado chefe da investigação, seus assistentes imediatos e peritos do IGP (Instituto-Geral de Perícias), mas a ação foi praticada por ninguém menos que pelo Chefe de Polícia Civil e um Delegado.

O isolamento do local deveria ter sido feito pela Brigada Militar e ninguém mais deveria ter acesso ao mesmo, a não ser depois do trabalho legal ser encerrado. Na ampla divulgação que a imprensa fez sobre a apreensão de documentos na casa do coronel, nem brigadianos nem peritos são citados. Também não se sabe onde estavam exatamente tais documentos, se num cofre, se numa pasta preta, se numa prateleira, se numa gaveta chaveada, se no armário da cozinha, se em meio a um álbum de recordações. Nada disso está definido. Mas ficou claro que um repórter, possivelmente convidado especial folheou os documentos, junto com o delegado, sem a presença de peritos. Reforçando o ineditismo da "busca" em que foram encontrados os documentos comprometedores, cerca de vinte armas existentes no imóvel não foram confiscadas, tendo a "apreensão" se limitado aos documentos. Posteriormente, o Exército realizou o recolhimento das armas e dois policiais-militares foram presos, acusados pela morte atribuída a um assalto mal sucedido - e não se falou mais no assunto.

Dos documentos supostamente recolhidos na casa do militar assassinado, o destaque maior foi dado aos que tratavam sobre o desaparecido deputado Rubens Beyrodt Paiva e ao incidente ocorrido no Riocentro, em maio de 1981.

Coevos a esse crime, houve pouca divulgação de alguns outros fatos curiosos:

1. Dois “assessores” da chamada comissão da verdade, se achavam na cidade com a missão de “observar e levantar dados”, sobre a vítima do atentado. É de se acrescentar para não deixar dúvidas, que os “assessores”, são membros da Comissão.

2. São desconhecidas a identidade do Juiz que assinou o mandato para a busca no lar da família do Coronel Molina, dos peritos que a acompanharam, e o relatório sobre o que chamaram de "apreensão", feita na casa da vitima. Não há necessidade de ser criminologista para saber que a investida à residência da vítima, nenhuma relação tinha com o seu assassinato. Mas o resultado da “busca”, sem testemunha e sem relatório de apreensão, ocupou mais espaço na imprensa do que as notícias referentes ao crime. A morte do Cel Molina passou a segundo plano e, quando autoridades se referiam a ele, era para incrimina-lo por mortes que se deram antes mesmo dele ter assumido cargo no DOI/CODI/II Ex, numa acintosa manipulação da verdade, que por sinal já é comum neste país.

3. Naturalmente, o Chefe de Polícia, autoridade maior presente, na incursão ao lar do Coronel Molina, deveria entregar o material “apreendido” à autoridade de Polícia Judiciária responsável pela apuração dos fatos. Mas NÃO! O subserviente cidadão correu célere para entregar o fruto de sua arrecadação ao vergonhoso Governador do RGS, político de péssimos antecedentes e sem competência alguma em investigação policial. Que de súbito, mas nem tanto, para não levantar suspeitas de envolvimento, levou alegre a fagueiro o produto advindo (dizem) da casa do Cel Molina para… quem? e porquê? Para os protagonistas citados no início dessas considerações: a dupla de “assessores da 'comessão' das verdades”.
 
Esse encaminhamento inusitado dos documentos "encontrados" ou "apreendidos" em nada resultou além da intensa gritaria na imprensa, e mais recentemente, serviu para reforçar a acusação de que o incidente do Riocentro foi planejado por militares.

No final de março, em depoimentos à Comissão da Verdade, o Coronel Reformado Paulo Malhães afirmou que o deputado Rubens Paiva foi morto em uma dependência clandestina no Rio de Janeiro, colocando um ponto final ao drama da família do desaparecido. Em dois depoimentos, o militar também relatou outras mortes de militantes adversários do governo então vigente.

No passado dia 25 de abril (sexta-feira), três bandidos invadiram o sítio em que o Coronel Paulo Malhães morava, em Nova Iguaçu, enquanto ele estava fora. Ao chegar com sua esposa, o casal e o caseiro teriam sido dominados pelos malfeitores que permaneceram por várias horas no local. Ao saírem, levando joias, cerca de R$ 700,00 e algumas armas (uma pistola 9mm, um revólver .38, espingardas, e até uma submetralhadora) o militar estava morto.

O laudo preliminar do exame determinante da causa da morte do militar indicou que ele morreu por  "edema pulmonar, isquemia do miocárdio, miocardiopatia hipertrófica e evolução de estado mórbido (doença)", isto é, o Coronel Malhães não foi morto, mas morreu por causa de seus problemas de saúde.

Durante o tempo em que os meliantes estiveram dominando o casal, teriam feito referências ao passado dele como agente da repressão. A viúva teria relatado, ainda, que os bandidos comunicavam-se por rádio com alguém que cobrava a morte de Malhães.

Em uma sinistra coincidência, no dia seguinte, um sábado, acionado sabe-se lá por quem, um juiz federal autorizou a apreensão de documentos e mais provas na casa do militar assassinado.

Já na terça-feira, dia 29, a polícia dava o caso por resolvido, com a acusação contra o caseiro, dois irmãos deste e mais um comparsa a ser identificado.

Se fizermos um exercício de imaginação, podemos inferir que se há alguém imbuído da missão de vingar os tão propagandeados crimes da ditadura, seus métodos estão sendo aperfeiçoados. As falhas detectadas no episódio de Porto Alegre estão sendo corrigidas.

O local do crime foi determinado no interior da casa do morto, evitando a estranheza de uma busca extemporânea por documentos.

A morte já não ocorreu com uso de armas de fogo, o que pode juridicamente fazer com que os assassinos respondam somente pelo crime de roubo, já que a vítima simplesmente morreu por causas naturais.

A "busca" realizada por ordem judicial poderá render o surgimento de muitos novos documentos incriminadores contra os "terríveis e sanguinários torturadores" que evitaram a libertação "deçepaíz" das garras do capitalismo fascista e opressor ainda no século passado.

Abstraindo-se opiniões vinculadas a crenças políticas, penso que o ideal é o total esclarecimento desse fato, mas isso deve ocorrer de forma minimamente lógica e honesta.

Por enquanto, só resta recomendar aos possíveis alvos de algum revanchismo violento - além de se desfazerem de todo e qualquer material que os possam incriminar ou a seus colegas de luta - que redobrem a vigilância e usem radicalmente seu direito de legítima defesa. Se alguém deve chorar, que sejam as mães dos bandidos!



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