Por João Vinhosa*
Apesar de discordar de diversos outros aspectos tratados no
“Pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff a respeito do Dia do Trabalho”,
limitar-me-ei a criticar os que dizem respeito à Petrobras.
Não só venho criticar as palavras de Sua Exª, mas também
desafiá-la a, em busca da verdade, processar-me judicialmente.
Desafio Dilma a processar-me, para que eu possa provar
perante a Justiça a veracidade das denúncias que lhe encaminhei sobre a Gemini
– espúria sociedade da Petrobras com uma empresa privada, arquitetada no
período em que ela acumulava os cargos de Ministra de Minas e Energia e
presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
Desafio Dilma a processar-me, depois de já ter prestado
depoimento à Polícia Federal, e já ter apresentado denúncia ao Ministério
Público Federal, conforme relatado a seguir.
Em 29 de setembro de 2011, prestei depoimento ao Delegado
Gilvan Cleófilas Garcia de Paula na Delegacia da Polícia Federal de Campos dos
Goytacazes (RJ). Na oportunidade, apresentei um relatório contendo 11 páginas e
21 anexos. Acontece que nunca fui questionado sobre minhas comprovações, nem
mesmo sobre minha acusação segundo a qual o criminoso Acordo de Quotistas
datado de janeiro de 2004 possibilita que a sócia majoritária da Gemini
superfature eternamente contra a Petrobras.
Na denúncia por mim feita ao MPF em 19 de outubro de 2010,
detalhei oito fortes evidências da prática de tráfico de influência no caso
Gemini. Ao arquivar minha denúncia, o Procurador da República Paulo Roberto
Galvão de Carvalho mudou o foco da mesma. Sem nem mesmo comentar qualquer das
evidências por mim detalhadas, referido Procurador, praticamente, me acusou de
estar caluniando a presidenta Dilma, chegando a afirmar que: 1 – “O objeto
destas peças informativas é, exclusivamente, o suposto tráfico de influência
imputado à Presidenta da República”; 2 – “A alegação de tráfico de influência
praticado pela então Ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, foi mera
ilação”; 3 –“Aprovação da formação da sociedade pelo CADE, ilícito este que
teria sido praticado pela Presidenta da República, Dilma Rousseff”.
Naturalmente, no esperado processo que Dilma moverá contra
mim será apurado que fim levou o depoimento que prestei à Polícia Federal, e
se, de fato, eu imputei a Dilma o crime de tráfico de influência.
A seguir, serão apresentadas as declarações (contidas no
pronunciamento de Dilma) que provocaram minha indignação, e as minhas acusações
não contestadas por Dilma.
Declarações de Dilma
Garantindo ter força para continuar na sua luta para
“aumentar a transparência”, Dilma declarou: “não podemos permitir, como
brasileiros que amam e defendem seu país”, a tentativa de “destruir a imagem da
nossa maior empresa”.
Além disso, a atual presidente da República foi categórica:
“O que envergonha um país não é apurar, investigar e mostrar. O que pode
envergonhar um país é não combater a corrupção, é varrer tudo para baixo do
tapete”.
Mais: Dilma afirmou que não ia “ouvir calada” a campanha
negativa para ferir a imagem da Petrobras – “empresa que o trabalhador
brasileiro construiu com tanta luta, suor e lágrimas” (palavras de Dilma, bem
ao estilo do admirável Churchill, autor da histórica frase “Só tenho para
oferecer sangue, sofrimento, lágrimas e suor”).
Mais ainda: enfatizando que o que tiver de ser apurado vai
ser apurado com o máximo rigor, Dilma afirmou que “não transigirei, de nenhuma
maneira, em combater qualquer tipo de malfeito ou atos de corrupção, sejam eles
cometidos por quem quer que seja”.
O silêncio de Dilma
Indignado com o fato de a então presidente do Conselho de
Administração da Petrobras, Dilma Rousseff, não se manifestar diante de minhas
comprovadas denúncias de atos lesivos à empresa, dirigi-me a ela em 3 de
novembro de 2009, protocolando um duro documento, no qual pode ser lido o
trecho a seguir transcrito:
“Não é pelo sádico prazer de aporrinhar V. Exª. que volto,
mais uma vez, à sua ilustre presença. Faço-o, porque a arrogância e a
prepotência de administradores públicos que imaginam estarem dispensados de
prestar contas de seus atos à sociedade agridem a minha cidadania de maneira
insuportável. V. Exª. há de convir que o caso que ora nos ocupa deveria – mesmo
se fosse única e exclusivamente por mera questão de pudor – merecer um mínimo
de atenção da alta administração da Petrobras. Afinal, o procedimento de seus
administradores foi colocado sob suspeita de ter ocasionado um ato altamente
lesivo ao interesse público”.
E aquela que garantiu ter força para continuar na sua luta
para “aumentar a transparência” não se manifestou, tornando lícito supor que
ela admitia “ouvir calada” denúncia com o potencial de ferir a imagem da
“empresa que o trabalhador brasileiro construiu com tanta luta, suor e
lágrimas”.
Para evitar que importantes detalhes sejam desconsiderados,
e para municiar eventual processo contra minha pessoa, ao final, será
apresentado uma relação de links da íntegra de vários documentos. Entre tais
links se encontram o do depoimento à Polícia Federal, o da denúncia ao MPF, o
de denúncias protocoladas para Dilma, o da série de vídeos “Saia do armário,
Dilma!” e o do site “Maracutaias na Petrobras”, onde se encontram outras
denúncias feitas por “brasileiros que amam e defendem seu país”.
Conclusão
Depois que Dilma confessou que autorizou a compra da
refinaria de Pasadena porque lhe omitiram duas determinadas cláusulas
contratuais, é absolutamente inadmissível que ela não determine providências no
sentido de apurar quem é o responsável pela cláusula 3.2 do Acordo de Quotistas
da Gemini firmado em 29 de janeiro de 2004. Tal cláusula deixa a Petrobras
indefesa, passível de ser submetida a uma rapinagem consentida, conforme
expliquei didaticamente à Polícia Federal e ao MPF.
Confiando que, de fato, Dilma continuará sua luta para
“aumentar a transparência”, os “brasileiros que amam e defendem seu país” ficam
na espera para saber o que aconteceu com o citado Acordo de Quotistas, e quem é
o culpado pelo prejuízo que ele já causou, está causando e continuará causando
até que providências sejam tomadas.
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*João Vinhosa é Engenheiro - joaovinhosa@hotmail.com
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