A coisa realmente é de uma graça sem fim. O Labogen, o tal
laboratório-fachada de Alberto Youssef, que está em nome de laranjas, importava
joias italianas, vinhos, instrumentos musicais etc. É o que apontam documentos
revelados pela Polícia Federal. Atenção! Os documentos apontam a importação de
insumos para a fabricação de remédios. Que mimo! A empresa servia para remeter
dinheiro ilegalmente para o exterior e para operar uma sofisticada forma de
contrabando. Os “clientes” de Youssef compravam suas “mercadorias finas”,
repassavam para ele dinheiro em reais, ele adquiria os produtos no exterior,
falsificava a importação de remédios e pronto! Tudo chega aqui sem imposto.
Até aí, vá lá. Coisa típica da bandidagem. Ocorre que esse
dito “laboratório” havia fechado uma parceria com o Laboratório da Marinha e
com a gigante EMS para a produção de remédio. Sabe-se que essa biboca não tinha
condições de fabricar coisa nenhuma. Como é que o dois outros laboratórios, um
privado e outro público, fizeram o acordo?
Sim, um ex-assessor de Alexandre Padilha, que ele trata por
“Marcão”, foi contratado para dirigir um suposto laboratório que servia à
remessa de recursos para o exterior, contrabando e, provavelmente, lavagem de
dinheiro. O deputado André Vargas (PR) disse a Youssef que “Marcão” era uma
indicação de Padilha. Agora nega. Mais do que isso: o então ministro serviu de
testemunha do acordo entre as três empresas. Como é que um grupo criminoso atua
dentro do poder com esse desassombro?
A parceria já firmada era de R$ 31 milhões, mas poderia
chegar a R$ 150 milhões. E o cliente era o Ministério da Saúde.
Estamos diante de uma evidência: o crime
organizado já se infiltrou no Estado brasileiro e opera dentro do poder.
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