Por Aluízio Amorim
A coordenação da pré-campanha do presidenciável Eduardo
Campos demonstra preocupação com trechos do manifesto do Partido Socialista
Brasileiro (PSB) que defendem a "socialização dos meios de produção"
e limites à propriedade privada.
Para tentar anular ataques, a coordenação propõe alterar o
documento de fundação do partido. Uma mensagem já circula na internet com
críticas ao manifesto do PSB, a fim de atingir Campos.
O tema foi exposto em e-mail enviado ontem pelo coordenador
de comunicação da pré-campanha, Alon Feuerwerker, ao próprio Campos. A mensagem
foi flagrada pela Folha durante evento do pessebista com a Juventude do PPL
(Partido Pátria Livre), no Rio.
No e-mail, Feuerwerker reencaminha uma mensagem enviada por
um colaborador que descreve o ataque ao partido que circula na internet. O
coordenador questiona Campos, presidente nacional do PSB, se é possível alterar
o manifesto do partido na convenção em junho.
"Tem como mexer nisso na convenção de junho?", diz
o e-mail do coordenador.
O evento será o mesmo em que Campos será oficializado
candidato à Presidência, tendo como vice Marina Silva.
A sequência de fotos não mostra a resposta de Campos.
Feuerwerker confirmou o envio do e-mail, mas não quis se
estender em relação à preocupação da campanha com o documento. "Apenas
reencaminhei um e-mail que recebi. Ele não respondeu."
Procurada, a assessoria de Campos não respondeu às ligações
da reportagem.
O manifesto do PSB --partido extinto pela ditadura militar
em 1965-- é datado de abril de 1947. Em seu item 7, afirma: "O objetivo do
Partido no terreno econômico é a transformação da estrutura da sociedade,
incluída a gradual e progressiva socialização dos meios de produção, que
procurará realizar na medida em que as condições do país a exigirem".
O programa diz que "a socialização realizar-se-á
gradativamente, até a transferência, ao domínio social, de todos os bens
passíveis de criar riquezas, mantida a propriedade privada nos limites da
possibilidade de sua utilização pessoal, sem prejuízo do interesse
coletivo".
Após a refundação da legenda, em 1985, o manifesto foi
mantido.
DISCURSO PADRÃO
A troca de e-mails também traz um texto classificado de
"discurso padrão" de Campos, de ataque à política econômica do
governo federal. O mote é mostrar que "o Brasil vinha melhorando, e parou
de melhorar".
O documento expõe a estratégia do pessebista em apontar o
que considera retrocessos da gestão Dilma Roussef no combate à inflação, à
desigualdade social e no crescimento do país.
"Achávamos que tínhamos derrotado a inflação, e vemos a
inflação bater à porta dos assalariados. É um Brasil que achava que havia
terminado o tempo de crescer pouco, e o país volta a crescer menos que a
América Latina e o mundo", disse Campos à Juventude do PPL, reproduzindo
roteiro. O pessebista afirmou que o país perdeu "o rumo estratégico".
"Em 2010, saímos da crise usando os remédios
keynesianos clássicos que animaram a economia. Talvez ali não fizemos um debate
de profundidade, de ter uma pauta estratégica além de ganhar a eleição. Parecia
que a presidenta ia fazer isso em 2011, mas não fez. Houve o contrário. Cresceu
a sensação de que as mudanças para melhor foram interrompidas", disse
Campos. Ele criticou o controle do preço da gasolina para segurar a inflação.
Da Folha de S. Paulo desta segunda-feira
MEU COMENTÁRIO: Deve-se assinalar que Alon Feurwerker, o
coordenador de comunicação de campanha de Campos é jornalista e já trabalhou na
Folha de S. Paulo.
Sobre o fato de que o PSB é socialista já está no nome. E,
como o programa do partido de Eduardo Campos defende a "socialização dos
meios de produção", indústrias, fábricas, agronegócio, e coloca
"limites" na propriedade privada, deve ser descartado liminarmente
por todos os brasileiros que desejam a democracia, a liberdade econômica e
política. Chega de comunismo!
Essa história de Campos afirmar que estava tudo bem nos
tempos de Lula, é no mínimo uma afronta. Só para começo de conversa, foi
naqueles malfadados tempos é que se consumou o esquema do mensalão. E tem ainda
o famoso caso dos aloprados, dos cartões corporativos e mais um tonelada de
corrupção. Campos foi ministro de Lula. Sem esquecer que foi o governo Lula, a
que serviu Campos, que trouxe a Copa do Mundo para o Brasil. Enquanto todos
sabem que Lula continua manipulando todo o esquema do PT, que inclui obviamente
o Palácio do Planalto.
Se Campos realmente pretende ser alternativa ao desgoverno
do PT tem de fazer uma expiação pública. Tem de renegar a vagabundagem
socialista.
Deve-se ainda notar que Aécio Neves subiu na última pesquisa
depois que bateu de frente contra o governo do PT, posicionando-se muito
claramente no episódio da CPI da Petrobras, por exemplo.
Outra infeliz afirmação de Eduardo Campos, que o iguala de
cima a baixo, aos tarados ideológicos do PT, foi afirmar que não concorda com a
diminuição maioridade penal.
E o desastre do desastre de Eduardo Campos é quando mantém
aquele discurso ambíguo, ao lado da bruxa ecochata, espécie de caboclo
tranca-rua. Parece que Campos está absorvendo o discurso marinista por osomose.
O atraso fenomenal do Brasil se deve a essa visão de mundo
canhestra pautada por um sistema político e econômico que nunca deu e nunca
dará certo em nenhum lugar do mundo, que é o socialismo.
Outro assunto que os candidatos de oposição têm de abortar
diz respeito a tal "bolsa-família". Trata-se de um debate bizarro,
completamente idiota. Não se trata de acabar com esse programa social. Mas
convenhamos, não se pode fazer dele o vértice de uma campanha eleitoral
presidencial num país de 200 milhões de habitantes, quando se sabe que as
carências existem justamente pela prevalência desse debate obtuso. Inclusão
social ocorre em grande escala pelo dinamismo econômico. O estatismo, o
bolsismo, cotas disso e daquilo, de política de gênero, terceiro-mundismo e
bobagens assemelhadas constituem o gargalo que impede o Brasil de sair desse
atoleiro do atraso.
Não há até hoje nenhum exemplo concreto de que ajutórios
estatais variados transformaram um país paralítico numa potência econômica. O
que leva a prosperidade geral é o fortalecimento da economia e isso se deve
fundamentalmente na diminuição do tamanho do Estado. Gigantismo estatal é o
primeiro passo para o comunismo. Decididamente não funciona.
Se o Eduardo Campos entrou para valer nessa empreitada tem
de pegar o programa do PSB e jogar no lixo. Não sem antes espicaçá-lo.
E para finalizar, fica uma indagação: caso haja segundo
turno e Aécio Neves dispute com a Dilma, que fará Eduardo Campos? Volta para o
colo de Lula ou apoia Aécio?
Se o pernambucano não definir isso hoje mesmo, pode enfiar a
viola no saco.
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