Por General da Reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva
O envolvimento de um país na política interna de outro
sempre existiu. Os EUA e a URSS o faziam com seus serviços de inteligência e
diplomacia. Alguém é ingênuo para pensar que o Brasil não o faça?
Os EUA apoiavam financeiramente institutos, partidos e
políticos anticomunistas brasileiros. Acompanhavam a situação e, com a ameaça
de uma guerra civil revolucionária, preparavam-se para apoiar a oposição a
Jango ou mesmo intervir militarmente. Não aceitariam passivamente a queda do
Brasil na esfera da URSS, pois, ao contrário de Cuba, seria fatal para sua
liderança continental ao arrastar toda a América do Sul (AS) para o socialismo.
A URSS apoiava organizações ligadas ao movimento comunista
internacional. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) não era nacional e sim um
vassalo subordinado ao Partido Comunista da URSS, seguindo sua orientação para
a tomada do poder. As Ligas Camponesas e os Grupos dos Onze eram financiados
por Moscou para lançar-se à luta armada, caso a subversão e infiltração não
lograssem êxito. A KGB, órgão de informações da URSS, infiltrara-se nos
ministérios, estatais, Forças Armadas (FA), mídia e instituições científicas e
educacionais. O golpe comunista era real e estava em andamento.
Os socialistas
alimentam a teoria de que os EUA autorizaram e dirigiram o Movimento de 31 de
Março. Distorcem descaradamente atividades normais de diplomacia, relações
internacionais e inteligência, apresentando-as como sendo articulações com
lideranças nacionais para a execução de um golpe de Estado. As famosas cartas
do Embaixador Lincoln Gordon não mostram nenhuma participação dos EUA na
preparação nem no Movimento. Para o Embaixador: “O autor do golpe contra
Goulart foi o próprio Goulart. Se ele fosse mais habilidoso, teria pressionado
por suas reformas dentro do âmbito constitucional, em vez de ceder à tentação
de seguir os modelos de Getúlio Vargas e Perón”. A historiadora Phyllis Parker
publicou o livro “1964: O Papel dos EUA no Golpe de Estado de 31 de Março”,
entrevistando os principais personagens do episódio e acessando a
correspondência secreta. Disse não ter encontrado provas da participação direta
dos EUA naquele evento, embora reconheça que apoiaram o desenlace da deposição
de Jango, acompanharam a evolução dos acontecimentos e tinham um plano para o
caso de uma guerra civil. Uma esquadra iniciara deslocamento dos EUA para o
sul, no final de março de 1964, mas retornou após o rápido sucesso do Movimento
(pg. 99 a 116).
Melhor assim, pois se a esquadra desembarcasse no Brasil
mudaria todo o quadro. A massa das FA certamente reagiria contra a violação de
nossa soberania e do sagrado solo da Pátria. Problemas brasileiros são
resolvidos entre brasileiros.
Além disso, o livro “A KGB e a Desinformação Soviética” de
Ladislav Bittman, do Serviço de Desinformação da Tchecoslováquia, confirmou ser
fictícia a “Operação Thomas Mann” para derrubar governos latino-americanos. Foi
forjada pela KGB.
E a Operação Condor? Ora, assim como hoje existem a
Conferência dos Exércitos Americanos e as Reuniões Bilaterais e Regionais para
tratar de assuntos de pessoal, operações, ensino, logística, doutrina e,
também, inteligência (inclusive antiterrorismo), naqueles anos havia reuniões
para tratar de diversos assuntos militares, intercambiar informações,
experiências e, também, cooperar no combate à ameaça vermelha. Por que não?
Os socialistas condenam uma ilusória participação dos EUA no
Movimento de 31 de Março, mas aceitam como normal os comprovados financiamentos
e orientação soviética, cubana e chinesa na subversão e na luta armada. No
início dos anos 1960, havia a Organização Latino-Americana de Solidariedade
(OLAS), exportando a guerra revolucionária a partir de Cuba. Hermógenes P. de
Arce, em “Terapias para Cerebros Lavados” (Cap. VII; p.277), diz: “En 1974, se
fundó en París una Junta de Coordinación Revolucionaria integrada pelo Ejército
de Libertación Nacional de Bolívia, Ejercito Revolucionário del Pueblo de
Argentina, el Movimiento de Libertación Nacional Tupamaros de Uruguay y el
Movimiento de Izquierda Revolucionária de Chile (---) y junto com ellos luchará
por fortalecer y acelerar el processo de coordinación de la izquierda
revolucionária latinoamericana y mundial”.
Portanto, nada mais lógico do que os governos agredidos se
aliarem para neutralizar a guerra revolucionária de âmbito internacional, que
procurava implantar ditaduras de partido único em toda a AS. Os socialistas,
mestres da hipocrisia e falsidade, condenam os regimes militares por violações
como supostas trocas de prisioneiros, mas se calam quando o governo petista
devolve refugiados cubanos à ditadura de Fidel Castro, sanguinário ícone de
nosso governo e da liderança socialista tupiniquim.
Fonte: A Verdade Sufocada
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