Por ucho.info
Bolsa-ereção – Deputado federal pelo PT do Paraná e
vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas foi flagrado pela Polícia
Federal fazendo lobby em favor da Labogen, laboratório que, apesar de ostentar
capital social de apenas R$ 28 mil, conseguiu fechar contrato com o Ministério
da Saúde no valor de R$ 150 milhões. O contrato prevê o fornecimento de citrato
de sildenafila, o princípio ativo do Viagra, medicamento utilizado no
tratamento da disfunção erétil e que o Ministério da Saúde pretende distribuir
a reboque de uma espécie de “bolsa-ereção”.
Como o Labogen não tem planta industrial, a encomenda seria
produzida por outro laboratório, o EMS, por R$ 60 milhões. Ou seja, nada menos
que R$ 90 milhões seriam embolsados pelo doleiro Alberto Yousseff e pelos
facilitadores do negócio na seara do governo federal e do parlamento.
Questionado sobre seu papel nesse estranho negócio, Vargas disse que estava
apenas tentando agendar um contato, atendendo a pedido do doleiro preso pela PF
na Operação Lava-Jato.
O Labogen, oficialmente, não pertence a Youssef, o amigo de
longa data de André Vargas, que até outro dia alegava ser conselheiro
econômico-financeiro do doleiro. Contudo, a empresa enviou ilegalmente ao
exterior US$ 37 milhões, quantia que corresponde ao valor que seria pago pelo
Ministério da Saúde ao Labogen, já descontada a parte do EMS, que nesse confuso
processo realmente fabricaria o Viagra genérico. O contrato foi assinado pelo
ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São
Paulo.
Entre os políticos citados como possíveis elos do doleiro
estão o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério,
Carlos Gadelha, o deputado André Vargas (PT-PR) e o diretor de produção
industrial e inovação da Saúde, Eduardo Jorge Oliveira.
Por conta de situação semelhante à de André Vargas, o então
senador Demóstenes Torres perdeu o mandato parlamentar no rastro de sua
nebulosa relação de amizade com Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, conhecido empresário da jogatina. Em matéria publicada na edição de
quarta-feira (2), o ucho.info questionou as razões que levam a Câmara dos
Deputados a não dispensar a Vargas o mesmo tratamento dado a Demóstenes.
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