Por Carlos Alberto Di Franco
Todos sabemos que os governos petistas são tocados pelo
marketing eivado de mentiras e injúrias. Mas alguém, com muita competência,
embora com cuidado, soube com maestria escrever sobre o assunto e abaixo
transcrevo o texto de Carlos Alberto Di Franco, "Dilma-Marketing e
realidade".
A imagem da presidente Dilma Rousseff construída pelo
publicitário João Santana tem dois pilares de sustentação: ética e competência
gerencial. Santana, apoiado em sua fina sensibilidade marqueteira, captou as
demandas da sociedade. Ninguém aguentava mais a roubalheira que terminou na
grande síntese da picaretagem: o mensalão. Mas os brasileiros também queriam um
país melhor administrado, alguém que fosse capaz de dar respostas às demandas
por educação, saúde, logística etc. Vendeu-se, então, a imagem da gerentona.
Dilma, ao contrário de Lula, seria uma administradora focada, competente,
exigente com os resultados da gestão pública.
O marketing, apoiado em fabulosos gastos de propaganda,
continua firme. Mas a imagem real de Dilma Rousseff começa a ruir como um
castelo de cartas. O perfil ético da administradora que combate “os malfeitos”
já não se sustenta. O vale-tudo, o pragmatismo para construir a reeleição, a
irresponsabilidade na gestão da economia, sempre subordinada aos interesses da
campanha (basta pensar no uso político da Petrobras e na postergação do aumento
da conta de energia para 2015), pulverizou os apelos do marketing. Eu mesmo,
amigo leitor, não obstante minhas divergências ideológicas com a presidente da
República, tinha alguma expectativa com o seu governo. Hoje minha esperança é
zero.
Mas o pior estava por vir. A suposta competência de Dilma
Rousseff foi engolida pelo lamentável episódio da compra da refinaria em
Pasadena. A imagem da administradora detalhista e centralizadora simplesmente
acabou. Dilma, então presidente do Conselho de Administração da Petrobras,
autorizou a empresa a comprar 50% da refinaria por valor 8,5 vezes maior que o
pago pela Astra, um ano antes, pela refinaria inteira. Confrontada por
documentos inéditos atestando o voto favorável, ela admitiu, em nota da
Presidência da República, que se baseara em um mero resumo executivo, “técnica
e juridicamente falho”, dos termos da transação. Executivos da Petrobras
disseram que Dilma e todo o Conselho de Administração tinham à disposição, em
2006, o processo completo. Resumo da ópera: aprovou sem ler uma transação que
dilapidou o dinheiro público. Administração temerária é o mínimo que se pode
deduzir. Estarrecedor.
O ex-procurador-geral da República Roberto Gurgel considera
“extremamente grave”o caso em que a Petrobras teve prejuízo bilionário. Se
houver indícios de responsabilidade da presidente Dilma no caso, ela deverá ser
ouvida em Brasília pelo Ministério Público. “A partir do momento em que surjam
indícios do envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro, a investigação tem
de ser deslocada para o procurador-geral da República”, afirmou Gurgel em
entrevista ao UOL.
A imprensa não pode admitir, mais uma vez, que a técnica da
submersão acabe por tirar o foco de um escândalo de grandes proporções. É
preciso empunhar o bisturi e lancetar o tumor da irresponsabilidade com o
dinheiro público. Chega! Boa parte do noticiário de política, mesmo em ano
eleitoral, não tem informação. Está dominado pelo declaratório e ofuscado pelos
lances do marketing político. Dilma Rousseff continua sendo apenas uma
embalagem. Mas seu verdadeiro conteúdo começa a aparecer.
A programação eleitoral é, quando muito, uma
aproximação da verdadeira face dos candidatos. Tem muito espetáculo e pouca
informação. Só o jornalismo independente pode mostrar o verdadeiro rosto dos
candidatos. Sem maquiagem e sem efeitos especiais. Temos o dever de fazê-lo.
Fonte: A Direita Brasileira em Ação
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