Valdemar da Costa Neto, presidente do PR, direto da Papuda,
retoma o Ministério dos Transportes, que havia sido faxinado por Dilma em 2011.
Tudo em nome dos segundos do partido no horário eleitoral da
"presidenta".
Após ameaçar romper com o governo ao aderir ao blocão
formado em março no Congresso, o Partido da República (PR) está recompondo seu
poder no setor de Transportes, encolhido após a “faxina” da presidente Dilma
Rousseff em 2011. Na quarta-feira, o então presidente do partido no Pará,
Anivaldo Vale, pai do deputado Lúcio Vale (PR-PA), foi oficialmente nomeado
para a secretaria executiva do ministério, com o apoio da bancada. A pasta é
comandada pelo ministro César Borges.
Outros nomes já indicados para o Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit) e enviados pelo ministério à Casa Civil
para a diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) também
passaram pelo crivo do partido e de seu ex-presidente Valdemar Costa Neto.
Preso por envolvimento no mensalão, Valdemar continua influente no partido: ele
vem se encontrando com o líder Bernardo Santana (MG) e outros caciques da
sigla. Desde o início do ano, o PR já exerce interferência na diretoria da
Valec.
Ministro “da presidente Dilma"
Parte da bancada do PR se insurgiu contra o ministro Borges,
queixando-se de que ele não tem atendido aos pedidos da sigla. Os insatisfeitos
dizem que ele “não é um ministro do partido, mas, sim, da presidente Dilma”. A
interlocutores, líderes do PR dizem que o baiano Borges foi colocado na pasta
mais por influência do governador da Bahia, o petista Jacques Wagner, do que
pelas bancadas do partido.
Pressionado a colaborar mais com o partido no mês passado, o
ministro chegou a pôr o cargo à disposição do PR, que estava votando
repetidamente contra o governo, com a formação do blocão no Congresso.
Satisfeito com os resultados do ministro à frente da pasta, o Palácio do
Planalto saiu em defesa dele. Após um acordo envolvendo a nomeação de novos
indicados pelo partido a cargos no governo, a maioria do PR voltou à base.
Segundo um parlamentar do PT, Dilma também aconselhou Borges a se fortalecer
junto aos deputados do PR aliados do governo.
Contrários à sua relação com o partido, alguns integrantes
do PR comparam Borges ao ex-ministro do Trabalho Brizola Neto, que não teve
apoio da bancada do PDT e acabou deixando o cargo. O sentimento de parte dos
deputados do PR é o de que o partido não deve apoiar a reeleição de Dilma.
Muitos vêm defendendo, nos bastidores e nos encontros com aliados de outros
partidos, o “volta, Lula”.
Anivaldo Vale substituiu Miguel Masella, que estava no
ministério desde o governo Lula e que agora deve seguir para a Empresa de
Projetos e Logística (EPL). Vale foi deputado pelo PR e vice-prefeito de Belém.
Outros três novos diretores foram indicados ao Dnit no início deste mês, em
cargos que eram pleiteados pelo partido. Os nomes ainda deverão ser sabatinados
pelo Senado. Apesar de serem três técnicos, o PR tem buscado “apadrinhá-los”,
segundo fontes a par da nomeação.
O Ministério dos Transportes enviou à Casa Civil, nos
últimos dias, quatro nomes para compor a diretoria da ANTT. Servidores e
empresas do ramo temem uma pressão por aparelhamento político da agência,
principalmente depois de o governo ter retirado nomes já indicados para o órgão
ano passado, sob risco de reprovação no Senado. A recondução do atual
diretor-geral, Jorge Bastos, foi aprovada em março, com o apoio de senadores do
PMDB.
O temor entre servidores e empresas do ramo é o de que uma
maioria de indicações políticas à ANTT, entre os cinco membros da diretoria
colegiada, possa reduzir o nível técnico das decisões da agência, que está no
centro do ousado programa de concessões do governo federal. A agência também
tem lidado com temas polêmicos, como a nova licitação de linhas de ônibus
interestaduais. (Informações de O Globo)
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