Por José Carlos Sepúlveda da Fonseca*
A Petrobras não apenas financiou projetos do governo
petista, mas nela se instalou uma imensa máquina de corrupção, que envolve
inexplicados negócios bilionários.
A primeira foto que encabeça este post é da época em que
Luiz Inácio Lula da Silva, embalado pela farsa das grandes descobertas de
petróleo do pré-sal, proclamava a autossuficiência do Brasil em matéria petrolífera,
usava e abusava do petróleo como arma publicitária e da Petrobras como máquina
para a consecução de seu projeto ideológico de poder.
Suas mãos sujas de petróleo – imitando o gesto do populista
Getúlio Vargas – tornaram-se um símbolo da imensa teia de corrupção com que o
PT envolveu a empresa, outrora tão prestigiada nacional e internacionalmente
por sua competência e eficiência tecnológica.
Na foto seguinte, vemos Lula assentar suas mãos sujas de
petróleo no dorso de Dilma Rousseff. O gesto significava a passagem de
testemunho à candidata que Lula alçaria ao poder; mas também a continuidade do
aparelhamento da Petrobras, que o PT iniciara com o primeiro mandato de Lula.
Aparelhamento da Petrobras pelo PT
O País assiste, nestes dias, estupefato, ao desvelar dos
esquemas de corrupção que minaram o prestígio e a credibilidade da Petrobras.
No início de 2014 a dívida da Petrobrás elevou-se a 300 bilhões de reais, com
negócios desastrosos – para dizer apenas isso – como a compra da refinaria de
Pasadena, aprovada por Dilma quando presidia o Conselho de Administração da
empresa. A autossuficiência em matéria de petróleo revelou-se uma mentira, já
que o déficit da conta petróleo em 2013 foi de US$ 20,277 bilhões. Em
reportagem, o jornal Financial Times destacou a impressionante queda da
Petrobras, que desceu no ranking das maiores empresas do mundo, do 12º para o
120º lugar.
Há onze anos a estrutura da Petrobras está sob controle do
partido do governo, o PT. O aparelhamento político da empresa pelo partido e
seus aliados de coligação, transformou a Petrobras num instrumento a serviço de
um projeto político-ideológico, de conotação socialista e autoritária,
lembrando, aliás, muito o modo pelo qual o caudilho Hugo Chávez utilizou a
PDVSA (Petróleos de Venezuela S.A.) para o financiamento do seu “socialismo do
século XXI”.
Como bem comentou Eliane Cantanhêde, na Folha de S. Paulo
(15.abr.2014) “estava demorando, mas um dia ficaria clara uma das heranças
malditas de Dilma: Lula tratava estatais e órgãos federais como se fossem dele,
do PT e dos aliados” (Quem “fere” as nossas estatais?).
Consórcio criminoso - escândalo explosivo
A Petrobras não apenas financiou projetos do governo
petista, mas nela se instalou uma imensa máquina de corrupção, que envolve
inexplicados negócios bilionários.
A prisão de Paulo Roberto Costa, ex-executivo mais poderoso
da empresa – que dirigiu a área de Abastecimento da Petrobras, o setor perfeito
para gerir negócios bilionários – começa a trazer à tona o conteúdo explosivo
de um escândalo, com um bilionário esquema de lavagem de dinheiro, que pode
deixar o Mensalão para trás.
De acordo com a reportagem da revista Época, assinada por
Diego Escosteguy e Marcelo Rocha, Paulo Roberto Costa “era bancado no cargo por
um consórcio entre PT, PMDB e PP, com o aval direto do ex-presidente Lula, que
o chamava de ´Paulinho´. Paulo Roberto Costa detém muitos dos segredos da
República” (Ele não destruiu as provas..., 7.abr.2014).
Segundo as primeiras análises das agendas, planilhas e
outros documentos apreendidos com o ex-executivo da Petrobras, “a Polícia
Federal descobriu que Paulo Roberto, um doleiro, políticos e prestadores de
serviços estão interligados em um consórcio criminoso montado para fraudar
contratos na Petrobras, enriquecer seus membros e financiar políticos e
partidos” (O objetivo é o caixa dois, Rodrigo Rangel e Hugo Marques, Veja,
16.abr.2014).
Distorções e mentiras
Não é meu objetivo traçar aqui as grandes linhas deste
imenso esquema de corrupção.
O que me leva a escrever estas linhas é o impressionante
grau de cinismo e o nível de mentiras a que o PT é capaz de submeter o Brasil.
Hoje, ao abrir o jornal Folha de S. Paulo, um título choca: Oposição quer
destruir Petrobras, diz Dilma. Na cerimônia de entrega dos dois navios
petroleiros no porto de Suape (PE), a Presidente afirmou que não assistiria
“calada” à campanha negativa contra a Petrobras, classificou as suspeitas como
fatos isolados e se disse comprometida a apurar com o máximo rigor as
denúncias. A Presidente parece esquecer-se que o governo tenta barrar a todo o
custo a CPI da Petrobras; que as denúncias não são contra a Petrobras, mas contra
os esquemas corruptos do PT e de seus aliados, enquistados na empresa; e que a
Polícia Federal continua a executar dezenas de mandados de prisão.
Uma tal arrogância, um tal desaforo à verdade, fazem
recordar as imensas máquinas de propaganda de regimes nazistas ou comunistas,
em que a realidade era triturada impiedosamente, à semelhança dos opositores
torturados nos campos de concentração.
Rodrigo Constantino escreveu um lúcido artigo no jornal O
Globo (15.abr.2014), intitulado A infiltração vermelha na Petrobras, cuja
leitura recomendo aos leitores.
“A Petrobras, a maior empresa industrial do país, a que
detém a maior soma de recursos, a que deveria dispor dos melhores técnicos,
encontra-se hoje numa situação lastimável, reduzida à função de órgão atuante
na comunização do Brasil. Seus índices técnicos e financeiros são, atualmente,
dos mais baixos, e os escândalos se sucedem, sem que o governo se anime a dizer
um ‘Basta!’ a esse estado de coisas.
“O único diretor não comunista, [...] foi demitido por
pressão dos sindicatos controlados pelos vermelhos. Era o único técnico na
diretoria, seus serviços sempre foram considerados valiosíssimos, mas
excomungado pelas forças da subversão, que com ele não contam, teve de dar
lugar a outro, julgado mais dócil e cooperativo.
“A diretoria não se reúne, os processos se acumulam, nada se
resolve. Ou melhor, só se resolve aquilo que tem sentido político. Paga-se, por
exemplo, rapidamente a divulgação de manifestos do CGT, alugam-se veículos para
transportar figurantes em comícios políticos, custeia-se com o dinheiro do
povo, a campanha de agitação e subversão.
“Até quando persistirá tal panorama? Quando será a Nação
satisfeita pela verificação de que o governo resolveu tomar uma atitude,
expulsando da Petrobras aqueles que a transformaram num instrumento de
sovietização do país e entregando a companhia a uma direção de técnicos
apolíticos, que possam fazê-la progredir?”
Quem escreveu isso? Seria Jair Bolsonaro acusando o PT de
utilizar a Petrobras como instrumento bolivariano? Seria Olavo de Carvalho com
alguma “teoria conspiratória” sobre a infiltração comunista na maior empresa do
país?
Nada disso. Trata-se do editorial do GLOBO, publicado em 7
de setembro de 1963, data adequada por representar o Dia da Pátria (espero que
o jornal não se arrependa desse editorial também). Era um grito patriótico
contra a infiltração comunista na estatal, sob a conivência do presidente João
Goulart.
Reparem como o Brasil parece andar em círculos. Hoje, a
Petrobras continua financiando uma “campanha de agitação e subversão”, ao
bancar os invasores do MST, por exemplo. Continua aparelhada politicamente,
usada por petistas como propriedade particular. Petrodólares usados para
disseminar o marxismo, enquanto o endividamento da empresa se avoluma por
incompetência ou corrupção.
Alguns gostam de repetir, com ar de superioridade, que a
Guerra Fria acabou, tentando, com isso, pintar anticomunistas como seres
ultrapassados, gente parada no tempo. Há só um detalhe: tem que avisar aos
próprios comunistas que a Guerra Fria não só acabou, como foi com a derrota dos
comunistas!
Tem uma turma que ainda não sabe disso. E pior: essa turma
está no poder! Basta ver a própria Venezuela, mergulhada em uma tragédia
justamente porque insistiu no modelo socialista fracassado. Mas não é só lá.
Aqui tem um pessoal bolivariano doido para transformar o Brasil em uma nova
Cuba, o sonho (pesadelo) perdido na década de 1960. Se a PDVSA foi útil ao
projeto de Chávez, a Petrobras é útil aos planos de perpetuação do PT no poder.
Como evidência de que os comunistas, infelizmente, ainda não
desapareceram da cena política nacional, a deputada Luciana Santos, do PCdoB,
encaminhou ao Congresso projeto de lei que cria o Fundo de Desenvolvimento da
Mídia Independente. Só mesmo um comunista poderia falar em “mídia independente”
criando uma total dependência dos recursos estatais!
Talvez esteja ficando escancarado demais financiar
indiretamente a imprensa chapa-branca com recursos das estatais, e os
vermelhos, ligados ao governo do PT, pretendam oficializar logo a criação de
seu exército de “jornalistas” sustentados por nossos impostos. Essa coisa de
imprensa independente é muito chata, fica expondo os infindáveis escândalos da
Petrobras...
Para concluir, o editorial de 1963 diz: “Deveria o
presidente João Goulart iniciar pela Petrobras a purificação de seu governo.
Afaste, imediatamente, os diretores comunistas, faça voltar os técnicos, ponha
a empresa à margem da política, e a decepção que ele vem causando ao povo
brasileiro se transformará em novas esperanças. Ao mesmo tempo dará Sua
Excelência à Nação — se assim proceder — uma cabal demonstração de seus
propósitos, provando que deseja governar afastado dos extremos, cujo
facciosismo tantos males vem causando ao Brasil.”
Fonte: Mídia Sem Máscara
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*José Carlos Sepúlveda da Fonseca edita o blog Radar da Mídia.
*José Carlos Sepúlveda da Fonseca edita o blog Radar da Mídia.
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