Por Nivaldo Cordeiro
Observar a cena política brasileira nesse ano eleitoral tem
sido surpreendente. Ninguém, ao virar do Ano Novo, poderia afirmar com alguma
chance de sucesso que poderia haver alternância de poder. Certo: tirar
socialistas radicais e pôr no lugar os socialistas fabianos não parece grande
coisa à primeira vista. Resta a pergunta: qual a alternativa? A direita não tem
candidato, nem mesmo o centro, representado pelo PMDB, tem candidato. Mais uma
eleição de triunfo total da esquerda se desenha.
Não obstante, penso que a alternância será muito positiva.
Primeiro, porque será a garantia de que o processo democrático vai continuar,
sem que a tentação golpista do PT possa se consumar. Eu sempre me lembro que
Hitler, até 1933, era quase inofensivo. Depois que empolgou o poder terminou em
genocídio. O mesmo aconteceu nas experiências socialistas em toda parte, a
mesma que o PT que fazer por aqui, ao abrigo e na liderança do Foro de São
Paulo. Então não é possível descansar enquanto a opção do puro e simples
continuísmo for a maior possibilidade. Nenhum brasileiro informado e
responsável poderá querer tal coisa.
A alternativa viável é Aécio Neves, um legítimo
representante das oligarquias regionais que, pragmaticamente, pratica discurso
à esquerda. Mas bem vimos as suas últimas declarações, muito corajosas, falando
que a realidade nacional poderá exigir medidas duras. Aécio, como membro da
elite tradicional, não quer ver o circo pegar fogo. Provavelmente faria um
governo a meio do caminho do que faria o seu avô e o que fez Fernando Henrique
Cardoso.
A agenda contrarrevolucionaria seria retardada um pouco se
ele ganhasse. Acho que Aécio daria prosseguimento a ela, ainda que em ritmo
mais lento. Mesmo que pessoalmente queira, não conseguiria segurar os
socialistas do PSDB e seus aliados na marcha da revolução. E não tem como
segurar o STF, que tomou o freio nos dentes e desandou a legislar. Viveremos
mais, pelo menos, dez anos de revolução Fabiana com Aécio. Rever o processo
exige que o centro e a direita se unam para produzir um candidato viável diante
dos socialistas. Essa realidade precisará ser construída.
Não penso que chorar o leite derramado resolva alguma coisa.
Não adianta anular voto e nem esbravejar contra a realidade nua e crua. Ela é o
que é. A direita não tem nome algum. Nem o centro político. Penso ser do
interesse de todos os brasileiros a alternância agora, mesmo que entre pares
socialistas. O totalitarismo ameaçará a Nação se houver continuísmo.
A possibilidade de alternância do poder, tirando o PT e
adiando qualquer tirania, é precisamente o racha no PMDB. No Rio de Janeiro,
terceiro maior colégio eleitoral, já foi consumado. Na Bahia, quarto maior
colégio, também. Minas Gerais tem o candidato da terra, que naturalmente poderá
ser o mais votado. Em Pernambuco igualmente, com Eduardo Campos tirando votos
do campo petista. Esses movimentos enfraqueceram para valer a candidatura
oficial. Nisso se funda o que estou aqui dizendo. O eleitorado paulista, o
maior colégio eleitoral, sempre deu seu voto contra o PT, em maioria.
Pior do que a queda de popularidade de Dilma Rousseff em
todos os institutos de pesquisa é o racha nas elites, para o PT. Vimos que o
empresariado está quase na oposição, porque oposição não pode ser. Mas é
evidente que rachou. O reflexo está nas decisões do PMDB, de não apoiar o PT em
colégios importantes. Fica cada dia mais evidente a desintegração das
instituições no Brasil. E também da economia, posto que os petistas, ao
contrário da gente do PSDB, aposta no desenvolvimentismo, não dando bola para
os perigos da inflação e lutando convictamente para engrandecer ainda mais o
Estado todo poderoso. A economia brasileira está ficando inviável e isso
custará muito em termos de crescimento econômico e desordem na atividade
produtiva. A situação já está de difícil correção e o empresariado acordou para
o drama. O jeito é tirar o PT.
De qualquer modo, tudo indica enfraquecimento do
PT diante do eleitorado. Essa é a maior notícia política dos últimos tempos.
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