Dilma precisa se benzer. Eu, no lugar dela, faria até uma
novena. Neste quinta-feira, Rui Falcão, presidente do partido, resolveu mandar
dois recados, tudo embalado numa espécie de ameaça — além de dizer uma porção
de barbaridades. Vamos lá.
De saída, Falcão fez de conta que o eleitor não existe e que
eleições são desnecessárias. Segundo disse, Luiz Inácio Lula da Silva, “se
quiser”, pode voltar “com tranquilidade” em 2018. Fosse um democrata convicto,
Falcão diria “voltar a ser candidato”. Mas não! Ele se refere à Presidência
mesmo, sem escalas. Até parece que Lula tem mandato vitalício. Ainda que as
pesquisas, hoje, possam indicar eventual vitória no primeiro turno se candidato
fosse, quem disse que seria assim em 2018?
Mas esse não foi o centro da sua fala, não. Indagado se a
candidatura da presidente Dilma é irreversível, com aquele ar peculiarmente
sinistro, afirmou: “Irrevogável, irreversível, só a morte, mas não há nenhuma
razão para supor que ela não será nossa candidata”. Ou, dito de outro modo, o
PT trabalha, sim, com a possibilidade de que Dilma possa não se candidatar.
Acrescente-se, de resto, o mau gosto de uma fala como essa referindo-se a
alguém que se tratou de um câncer bastante grave não faz muito tempo. Poderiam
dizer: “Ah, mas o Lula também!”. É verdade! Só que a presidente, no momento, é
ela, não ele. Mais um pouco, e Falcão lamenta o bom estado de saúde da
presidente.
Curiosamente, no mesmo dia em que ficou jogando urucubaca na
presidente, Falcão se referiu ao caso Petrobras, depois de uma reunião com
jovens, alguns deles envolvidos com os protestos de junho. Chamou de
“impatriótica” o que considerou uma “campanha contra a Petrobras”. Vale dizer:
o presidente do PT parece achar que a apuração de lambanças é falta de…
patriotismo. Cumpre lembrar que a Polícia Federal, não a oposição, abriu três
inquéritos para apurar operações suspeitas na estatal.
Falcão afirmou ainda: “É um ataque à Petrobras. São os
mesmos que colocaram um ‘x’ na Petrobras para torná-la palatável ao mercado;
que foram contra o regime de partilha”.
Vamos esclarecer. No governo FHC, fez-se um estudo para que
a Petrobras passasse a se chamar “Petrobrax”. Considerava-se, não entro no
mérito, que isso reforçaria o seu caráter de empresa de alcance global. O PT
inventou a mentira deslavada de que isso era parte de uma operação para
privatizá-la. Nunca aconteceu. Tanto é assim que a estatal criou, em 1976, a linha
de produtos “Lubrax”, não “Lubras”. Esse, definitivamente, não é o “x” da
questão. Quanto ao regime de partilha, a oposição é e tem de ser crítica mesmo!
Está se revelando ruinoso para a estatal brasileira.
O “x” mesmo da questão é outro. Ao ligar os dois temas — a
não irreversibilidade da candidatura de Dilma e a investigação das lambanças na
Petrobras —, Falcão manda um recado tanto a Dilma como às oposições. Está
dizendo a ela: “Não pense que nós a manteremos candidata caso seja grande o
risco de derrota”. Aos adversários: “Não insistam no assunto Petrobras, ou a
gente chama o Lula de volta”.
Bem, dizer o quê? Quem será o candidato do PT,
convenham, é problema do PT. Lula e Dilma que se entendam. Que existe muito
lulista vibrando com o calor que Dilma está passando com a Petrobras, ah, isso
existe. O lulismo finge ignorar que a empresa se transformou na casa de
horrores justamente no governo… Lula.
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