O Jornal Nacional acaba de levar ao ar uma reportagem sobre
a compra da refinaria de Pasadena que endossa o post das 16h23. E vocês verão
por quê. O JN teve acesso a dois documentos relativos à operação.
O primeiro é o resumo executivo que foi fornecido aos
conselheiros. Desse documento, de fato, não constam as duas cláusulas
polêmicas: 1) a Marlim, que garantia ao grupo belga Astra Oil uma lucratividade
de 6,9% ao ano independentemente das condições de mercado; 2) a Put Option, que
obrigava a empresa brasileira a comprar a outra metade da refinaria caso os
dois grupos se desentendessem.
Um segundo documento é o depoimento de Alberto Feilhaber à
Justiça americana. Quem é ele? Trata-se de um ex-executivo da Petrobras, que
deixou a empresa em 1995 e se transferiu justamente para o escritório da Astra
Oil, nos Estados Unidos. Foi ele quem negociou com a empresa brasileira em nome
do grupo belga.
Feilhaber contou que, já em 2005, a Petrobras demonstrou
interesse em comprar 70% da refinaria de Pasadena, oferecendo nada menos de US$
332,5 milhões por essa fatia. Nota: naquele mesmo ano, os belgas haviam
adquirido 100% do empreendimento por meros US$ 42,5 milhões. A proposta foi
recusada. Em dezembro, a direção da Petrobras mandou bala: propôs US$ 359
milhões por apenas 50% da refinaria. Ponderando tudo, no prazo de alguns meses,
a estatal brasileira elevou a sua oferta em 50%. Como os belgas nunca tinham
encontrado antes brasileiros tão bonzinhos, toparam na hora. Em fevereiro de
2006, efetivou-se a compra.
Parou por aí? Não! Em novembro de 2007, a Petrobras ofereceu
mais US$ 700 milhões pelos outros 50%. Notem: antes mesmo de a questão ir parar
na Justiça americana, a Petrobras já havia aceitado pagar mais de US$ 1 bilhão.
Aí, sim, o conselho vetou a operação, teve início a disputa
judicial e o que já se sabe. O custo final para a Petrobras foi de US$ 1,3
bilhão. Então vamos às constatações:
1: De fato, quase todos os conselheiros decidiram sem saber
da existência das cláusulas;
2: José Sérgio Gabrielli, presidente da empresa e
conselheiro, este sempre soube de tudo; acompanhou cada etapa do processo;
3: a direção executiva da Petrobras, igualmente, estava
ciente da operação;
4: tudo indica que Dilma ficou sabendo da existência das
cláusulas bem antes de 2007. Fez o quê? Nada! Era a chefe do setor energético;
5: como presidente da República, permitiu que Cerveró
assumisse a direção financeira da BR Distribuidora.
O ex-diretor diz que quer falar ao Congresso. Tem de falar
mesmo! Mas eis um depoimento que precisa ser visto com muito cuidado. Na
Petrobras, ele integrava a turma que estava sob o comando de José Sérgio
Gabrielli, que pertence à tropa de choque de Lula. Digamos que conselheiros
possam requisitar este ou aquele documentos oficiais e coisa e tal. Ocorre que,
em situações assim, parte-se do princípio de que a direção executiva da empresa
tomou as devidas medidas prudenciais. Não dá para ele usar essa possibilidade
para se proteger: Cerveró tem de explicar por que omitiu as cláusulas e quem,
com ele, tomou as decisões.
E, mais importante do que tudo, é preciso que Dilma explique
por que se omitiu e ainda recompensou depois o ex-diretor. Tudo isso se deu,
insisto, no ano eleitoral de 2006, quando há uma busca desesperada por recursos
de campanha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário