Por Jorge Alberto Forrer Garcia, Coronel Reformado
Prof. Franck D. McCann |
Assunto: Coice muito bem dado no Sr. Prof. Franck D. McCann
Tomado apenas o trecho final da entrevista que o Sr. Prof.
Franck D. McCann deu ao jornal O Estado de São Paulo em 1° de abril de 2014.
Prezado amigo, cordiais saudações.
É triste ver um estudioso como esse, de quem li os três
livros sobre os militares do Brasil...(lágrimas)
Comecei a preparar essa resposta e fui tomado pela raiva.
Ira, na verdade. Sei que são sentimentos menores, burrice mesmo, mas, preciso
de várias reencarnações para chegar a um estado de evolução que me permita não
mais sentir as coisas dessa forma.
Esse estudioso, que, até ler no jornal sua entrevista, eu
tinha como um conhecedor dos militares do Brasil atreve-se a, hoje, tratar-nos
dessa forma. Justamente ele que teve o mais amplo acesso que o Exército lhe
poderia dar para a execução de suas pesquisas. Eu mesmo, como tenente, participei
de uma demonstração de ataque de carros de combate especialmente realizada para
ele no 4° RCC, em Rosário do Sul. Até no tiro de M41 ele participou como
atirador do Carro. (“A Nação Armada”, Franck D. McCann, 1982, Editora
Guararapes, Recife/PE) Tenho fotos. Entrevistou-se com vários oficiais. Ele
fora até lá como convidado do Estado-Maior do Exército e amigo do Comandante.
Hoje, sou obrigado a ler tais palavras e pensar que ele, que tanto se serviu do
Exército, foi levado na "onda" do "politicamente correto"
e, agora, se expressa dessa maneira. Para ficar só nas questões finais de sua
entrevista ao Estado de São Paulo, tento argumentar como se segue.
Como evitar que tudo aconteça de novo?
Basta que os Poderes da República e as instituições
nacionais tomem vergonha na cara e cumpram com seus deveres...Retomem seus
compromissos com a Nação e o Povo brasileiros. Quando me refiro à vergonha na
cara quero dizer que voltem a se fazer respeitadas pelo cumprimento de suas
missões constitucionais, e não mais se sirvam do Brasil e voltem a servi-lo.
É bom que a Presidente Dilma tenha proibido os militares de
comemorar 1964 e o regime posterior...
Que parte de seus estudos Sr. Franck lhe deu autoridade para
tratar de assuntos internos do Brasil assim com essa desfaçatez? Seria a
amizade que o Sr. sempre cultivou nos altos círculos do Exército e que foram
fontes para seus estudos? Militares morreram em consequencia desse evento. Por
que não podemos cultuá-los dentro dos quartéis? Eles estavam fardados,
enquadrados e com, missões definidas. Não eram um “bando armado”. Tinham
comandantes, famílias...Por que não se poder homenageá-los?
As escolas militares deveriam estar ensinando sobre tudo
isso como um exemplo do que os militares brasileiros não devem fazer....
Pôxa! Sr. McCann. Pelo fato de o Sr. nos ter estudado tanto
isso lhe dá a suprema sabedoria para nos dizer como conduzir o ensino nas
nossas escolas militares? Logo o Sr.! Que deve conhecer mais escolas militares
brasileiras do que eu mesmo. Gostamos de cultuar aquele ditado militar que diz
que numa Força Armada são preferíveis os leões aos cordeiros. Então posso
concluir que o Sr. preferiria que nossas escolas estivessem formando cordeiros?
A melhor proteção para as Forças Armadas é ver o golpe como
um erro grave....
Sr. Franck! Tenha a santa paciência. Proteção contra quem
e/ou contra o quê? E o que lhe dá o direito de vir apontar erros das Forças
Armadas de um país que – até onde eu sei – é soberano? O Sr. é um historiador,
logo, não serei eu a lhe dizer o que é conjuntura de uma época. O Sr. percebe
que vivíamos uma conjuntura específica ou, com tanto estudo, o Sr não percebe?
Se o “golpe”, como por V. Sa. tratado, não tivesse acontecido não há dúvida de
que hoje seríamos um país comunista ou posso concluir que o Sr. preferiria que
o país que tão bem o acolheu – e lhe permitiu sucesso por isso – fosse uma
imensa Cuba?
Não foi uma vitória sobre o comunismo...
Em seu livro “Soldados da Pátria – História do Exército
Brasileiro 1889-1937” (Frack D. McCann, 2007, Editora Companhia das Letras, São
Paulo/SP) V. Sa. gasta um bom números de páginas discorrendo sobre os
acontecimentos de 1935. Então posso entender que também lá quando o Exército
respondeu com armas à tentativa de tomada do poder pelos comunistas, a
Instituição não os derrotou? Claro, o Sr. pode vir com aquele ponto de vista de
que as ideias não se podem derrotar. Mas, acho que não vem ao caso. Não vamos
agora discutir se trocamos uma ditadura por outra, pois isso também não vem ao
caso. Se 1964 - num contexto de Guerra Fria - não foi uma vitória sobre o
comunismo o que foi então? Talvez, se nos tivéssemos tornado aquela
"Grande Cuba" o Sr. não tivesse tido a oportunidade de ter realizado
tantas pesquisas com os militares brasileiros. Mas a História não aceita
"talvez" e o Sr. bem sabe do perigo que o Brasil corria em 1964. Em
1965 o Sr. era professor na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de
Janeiro. Como historiador e pesquisador o Sr. não auscultava o que a população
dizia daqueles anos? E depois, entre 1976 e 1977, quando o Sr. lecionou da
Universidade de Brasília (UnB) não percebeu a ação deletéria das esquerdas
sobre a vida acadêmica brasileira? Afinal, que historiador o Sr. me saiu?
Mas um ataque à democracia e ao Brasil como um país
livre....
Para qual democracia o País estava indo? É como dizem:
"O Brasil não é para principiantes!", ou o Sr. - que tanto nos
estudou e, por isso, nem principiante pode ser considerado - não sabe da
infiltração comunista no governo João Goulart? Das Ligas Camponesas? Da atuação
de Prestes? Do apoio financeiro de Cuba? Isso tudo o Sr. não sabia?
Devo lembrar que as Forças Armadas de hoje não são as mesmas
que as de 1964....
Novamente nos jogam essa cunha ideológica para, noutra
tentativa divisionista, tentar dissolver o amálgama que une as gerações de
militares brasileiros. Como podem as Forças Armadas serem instituições
permanentes e a cada momento serem tratadas como as de "ontem" e as
de "hoje"?. Esta é uma das variadas formas de romper o compromisso da
juventude militar das tradições históricas de cada uma das Forças Armadas.
Verdadeira quimera buscada incessantemente pelas esquerdas.
As instituições militares de hoje no Brasil são politicamente
neutras e totalmente engajadas na sua missão de defesa nacional....
e de garantia da Lei e da Ordem! O Sr. esqueceu dessa parte
da missão? Cabe às Forças Armadas defender o Brasil dos próprios brasileiros.
Como não? Veja o que o que diz a missão de países tidos como muito
desenvolvidos: defender a nação contra todos os tipos de inimigos, mesmo os
domésticos. Ou o Sr. considera que estes não existem? Forças Armadas totalmente
engajadas na defesa nacional? E as Forças Armadas de outros tempos não o foram
igualmente? O Sr. que tanto nos estudou poderia citar uma oportunidade em que
as Forças Armadas furtaram-se à defesa do Brasil por serem menos profissionais?
Quanto a elas serem politicamente neutras aí eu concordo com o Sr. pois, toda a
vez em que os militares brasileiros meteram-se com políticos deram-se mal. Não
se trata de um juízo de valor É uma constatação histórica. Bem fazia Caxias.
Quando o Império lhe dava poder militar sobre uma região ele logo pedia também
o poder político local, pois bem sabia o que podia acontecer se assim não
fosse.
Portanto Sr. Franck D. McCann, desça do pedestal a que o Sr.
foi levado por essas mesmas Forças Armadas às quais ousa agora dar lições de
moral e use o amplo conhecimento que tem de nós não para nos ser gratos, mas
para ser honesto em seus propósitos de acadêmico e historiador.
Jorge Alberto Forrer Garcia
Coronel Reformado
Fonte: A Verdade Sufocada
Nenhum comentário:
Postar um comentário