Por ucho.info
Sem sossego – Os crescentes indícios do envolvimento do
ex-ministro Alexandre Padilha com o esquema Labogen (laboratório ‘fake’ criado
pelo doleiro Alberto Youssef para lavar dinheiro e lesar o Ministério da Saúde)
reforçaram o pânico do deputado André Vargas diante da possibilidade de ser
preso. Hipertenso, claustrofóbico e com excesso de peso, Vargas confidencia a
amigos que teme morrer se acabar na cadeia. Tal pavor levou Vargas a se
desfilar do PT, como forma de reduzir as pressões e ameaças que vinha sofrendo
por parte da cúpula petista. Esse temor em relação ao cárcere também o levou a
tomar a decisão de não renunciar ao mandato de deputado federal, porque seus
advogados avaliam que a condição de parlamentar dificulta a prisão.
Outra providência que o deputado vem tomando com
regularidade é mandar recados, cada vez mais ameaçadores, para a senadora
Gleisi Hoffmann, candidata do PT ao governo do Paraná. “Você não vai me
transformar em um novo Gaievski”, repete Vargas como se fosse um mantra.
Trata-se de uma referência ao ex-assessor de Gleisi na Casa Civil, Eduardo
Gaievski, preso desde agosto de 2013 em uma penitenciária no interior do Paraná
sob a acusação de praticar 28 estupros contra menores, sendo 14 deles contra
vulneráveis (menores de 14 anos). A avaliação dentro do PT paranaense é que
Gaievski foi abandonado pelo partido e por Gleisi que, após a prisão do
ex-assessor, passou a fingir que conhecia muito mal Gaievski, apesar de ter
levado o pedófilo para trabalhar na Casa Civil, em Brasília, a poucos metros da
presidente da República.
Gaievski mandou vários recados exigindo socorro e ameaçando
contar o que sabe sobre Gleisi Hoffmann. O delinquente sexual ainda revelou
seus segredos, mas está prestes a receber uma sentença que a maioria dos
advogados que acompanham o caso avaliam que poderá ser muito longa. O recado de
Vargas para a senadora – e também para seu marido, o ministro Paulo Bernardo da
Silva (Comunicações) – ao reafirmar que “não será um novo Gaievski” mostra que
o ex-petista não repetirá o “erro” de se manter calado.
A caixa de ferramentas de André Vargas já foi aberta para a
revista Veja, tendo revelado que tem elementos de sobra para provar a relação
de Paulo Bernardo com o Grupo Schahin, associado à Camargo Corrêa (empreiteira
grande doadora das campanhas de Gleisi), e da própria senadora com uma agência
de publicidade de Curitiba que detém a melhor fatia das contas de publicidade
do governo federal.
Não por acaso, a Camargo Corrêa vem ganhando destaque nas
bombásticas revelações sobre os meandros da Operação Lava-Jato, da Polícia
Federal. Não se descarta, inclusive, que a PF realize incursões em algumas
empreiteiras para averiguar os repasses feitos à MO Consultoria, empresa de
fachada de Alberto Youssef. A primeira “visita” da PF deve ser justamente à
Camargo Corrêa, que fez os maiores repasses (R$ 26 milhões) à consultoria do
doleiro.
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