O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência,
Gilberto Carvalho, foi recebido sob vaias e protestos na reunião em que esteve
no Rio para falar a movimentos sociais e sindicatos sobre a realização da Copa
do Mundo no Brasil. O encontro, que reuniu cerca de 200 pessoas no auditório do
Sindicato dos Bancários, integra o "Diálogos Governo-Sociedade
Civil". Criado para divulgar os benefícios trazidos pela Copa, o evento
recebeu da plateia o mesmo tratamento da última edição, ocorrida em São Paulo,
e chegou a ser interrompido por conta de uma confusão entre manifestantes
contrários à Copa e estivadores ligados ao sindicato dos trabalhadores do porto
do Rio.
O ministro foi confrontado por parte do auditório. Houve
reclamações sobre remoções de áreas urbanas, preconceito racial, violência
contra os pobres, corrupção e falta de melhorias para educação e saúde. A
primeira manifestação em repúdio à Copa aconteceu após um integrante do
movimento de moradores da comunidade do Horto, que fica dentro do Jardim
Botânico, cobrar do governo federal a resolução da situação de famílias que
estão há cerca de dois anos vivendo sob a iminência de serem removidas. Em
apoio à manifestante, a plateia entoou o coro "não vai ter Copa".
Constrangido, Carvalho respondeu que "as manifestações
fazem parte da democracia", mas avisou que o governo federal trabalha com
governos estaduais para evitar excessos da polícia durante protestos futuros. A
reunião já havia começado quando manifestantes e índios que participaram da
ocupação do antigo museu do índio estenderam uma faixa atrás do ministro com a
frase "não vai ter Copa".
Carvalho chegou a se alterar quando, em certo ponto, alguns
militantes debocharam de sua fala, segundo a qual "o encontro reafirmava a
democracia". "Quem está debochando da democracia deve ser amante da
ditadura militar", afirmou Carvalho, em tom elevado.
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