terça-feira, 29 de abril de 2014

PR pede "volta, Lula" e PSD acena com "volta às origens".

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Dois partidos que controlam ministérios e apoiam o governo no Congresso criaram constrangimento para a presidente Dilma Rousseff nos últimos dias, lançando dúvidas sobre sua capacidade manter a coalizão partidária montada para sustentar sua campanha à reeleição.

Ontem, a bancada do PR na Câmara lançou um manifesto com um apelo para que o ex-presidente Lula entre na corrida presidencial como candidato no lugar de Dilma, argumentando que ela não é preparada como ele para fazer a economia do país voltar a crescer com vigor. Durante entrevista coletiva, após ler uma carta aberta assinada por 20 dos 32 deputados do PR, o líder da bancada, deputado Bernardo Santana (MG), levantou-se e pendurou na parede um quadro com a fotografia oficial de Lula quando presidente.

Em São Paulo, o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), que em novembro declarou apoio à reeleição de Dilma, reuniu domingo num jantar em seu apartamento o pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), o ex-governador paulista José Serra, derrotado pelo PT em duas eleições presidenciais, e outras lideranças tucanas. O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) quer atrair Kassab para sua campanha à reeleição e também participou do evento. Ontem, Aécio afirmou que o jantar foi um "encontro de amigos" e disse que o PSD estará junto com os tucanos em Estados como Goiás e Minas Gerais.

Dilma espera ter 11 partidos a seu lado na campanha à reeleição e, com isso, dispor de cerca de 12 minutos em cada bloco de 25 minutos da propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Juntos, o PR e o PSD asseguram à petista 21% desse tempo. Na cúpula do PT, a movimentação dos dois partidos preocupa porque expõe a fragilidade da presidente e estimula os defensores da volta de Lula à disputa eleitoral, num momento em que a popularidade da presidente está em queda e a insegurança da população com os rumos da economia está crescendo.

Em entrevista a uma rede de televisão portuguesa, Lula reafirmou no fim de semana que apoia a reeleição de Dilma e não pretende disputar as eleições deste ano. Em dezembro, o PT pediu aos partidos aliados que formalizassem o quanto antes o apoio à reeleição, mas até agora só o PDT fez isso. A presidente foi pessoalmente ao escritório do PSD em Brasília em novembro, quando Kassab declarou apoio à sua reeleição.

O PR só deverá definir sua posição sobre a presidente na convenção do partido, provavelmente em junho. Os 20 deputados que apoiaram o manifesto divulgado ontem têm cerca de 75% dos delegados com poder de voto na convenção, segundo Santana. O manifesto afirma que somente o ex-presidente Lula pode "inaugurar um novo ciclo virtuoso de crescimento pela via da conciliação nacional". Santana disse que o partido apoiará Dilma se Lula não atender ao apelo dos deputados. "Não estamos contra a Dilma, nem vamos sair do governo", afirmou.

Santana é ligado ao grupo do ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), que foi condenado à prisão no julgamento do mensalão e hoje cumpre pena em regime semiaberto em Brasília, trabalhando de dia num restaurante em que continua mantendo contatos políticos, como a Folha revelou em março. (Folha de São Paulo)

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