Por ucho.info
Muito estranho – Mãe do dançarino Douglas Rafael, o DG,
morto durante tiroteio entre policiais e traficantes do Morro do
Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul carioca, a auxiliar de enfermagem Maria de Fátima
da Silva é especialista em quase tudo. Uma espécie de Aladim de saias, tamanho
é o seu conhecimento sobre os mais variados assuntos.
Vivendo os quinze minutos de fama a que todos os mortais têm
direito, segundo o finado artista plástico norte-americano Andy Warhol, Maria
de Fátima é uma celebridade que emergiu da um cenário de tragédia que se
alastra pelo País. Tão logo soube da morte do filho, a auxiliar de enfermagem
afirmou que o bailarino fora torturado e assassinado por policiais, sem ao
menos aguardar o resultado da perícia criminal. Uma declaração irresponsável,
como já afirmou o ucho.info em matéria anterior, sem desconsiderar o fato de
que DG foi vítima. Restando apenas saber de quem.
Horas depois do sepultamento do filho, Maria de Fátima rumou
para São Paulo, onde contratou peritos estadunidenses para apurar o assassinato
do bailarino. De volta ao Rio, a mãe de DG participou de manifestações contra a
violência nas comunidades carentes, sem ao menos exibir um semblante de dor por
conta do trágico caso. Douglas Rafael não mais vivia no Pavão-Pavãozinho, mas
voltava com frequência ao morro onde cultivava amizades pouco ortodoxas. O que
não justifica a sua morte, caso tenha sido provocada propositalmente por
policiais.
Maria de Fátima recebeu um convite do governador do Rio,
Luiz Fernando Pezão, para um encontro em palácio, mas a mão do dançarino de
chofre recusou, alegando que não participaria de nenhum ato político-eleitoral
tendo a morte do filho como pano de fundo. Ou seja, a auxiliar de enfermagem
mais uma vez mostrou ao universo uma nova especialidade: a clarividência.
Na segunda-feira (28), Maria de Fátima da Silva declarou que
foi ameaça de morte. Disse a mãe de DG que caminhava pela ciclovia da Lagoa
Rodrigo de Freitas quando um carro que supostamente a acompanhava reduziu a
velocidade e, de repente, o carona abaixou o vidro e apontou-lhe uma arma de
fogo, dizendo que calaria sua voz se continuasse a insistir na repercussão do
caso.
“Vim caminhando, cabeça meio avoada por conta das
consequências, e vim andando devagarzinho e quando percebi tinha um carro
diminuindo a marcha perto de mim. Eu vi que ele abaixava o vidro e vi que de
dentro saía um braço com uma tatuagem, uma tatuagem sombreada em forma de
dragão, eu vi metade do rosto do rapaz e ele tinha uma pistola 360. Ele botou o
braço para fora e eu fui, corri e me escondi atrás do poste. Eu vou calar a sua
boca. Se você não calar eu vou calar. A pessoa era branca, deu para ver bem o
rosto, e o olho era castanho claro. Forte, tinha um corpo marombado”, disse a
mãe de DG, que agora mostrou-se especialista em armas de fogo.
É no mínimo estranho o relato tão detalhado. Uma pessoa que
caminha sem destino, com a “cabeça meio avoada”, não tem reação cognitiva
imediata para conseguir reparar em tantos detalhes de uma cena. Maria de Fátima
conseguiu identificar o tipo de arma, viu que o sujeito que a ameaçou tinha uma
tatuagem sombreada no braço em forma de dragão e que era “marombado”. Ora, não
foi ela mesma quem disse que só conseguiu ver metade do rosto do carona? Como
foi possível, então, reparar detalhes, como, por exemplo, o porte físico do
sujeito que a ameaçou?
Revelada a ameaça, o governo do Rio de Janeiro sugeriu a
Maria de Fátima que ingressasse no programa de proteção a testemunhas, mas a
proposta foi igualmente recusada. A comunidade do Morro do Pavão-Pavãozinho vem
cobrando imediata saída da UPP local, enquanto a mãe do bailarino recusa as
ofertas do governo fluminense. No momento em que rejeita a oferta de participar
do programa de proteção a testemunhas, a mãe de DG simplesmente vira as costas
para a comunidade, que continuará refém do crime organizado.
É preciso investigar com calma e muito afinco esse episódio,
pois há por trás dessa gazeta de encomenda muitos interesses escusos,
principalmente por parte dos traficantes e de alguns partidos políticos que
trabalham nos bastidores para tumultuar o processo sucessório no Rio de
Janeiro, onde o PT insiste em fazer do polêmico senador Lindbergh Farias o
próximo governador do Estado.
Essa epopeia está apenas começando e há pelo
menos uma boiada na linha. Tudo muito estranho! O editor do ucho.info dedica-se
ao jornalismo investigativo há trinta anos e vê com muita desconfiança o
desenrolar dos fatos envolvendo a morte de Douglas Rafael, ex-dançarino do
programa “Esquenta!”, de Regina Casé.
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