Por Nivaldo Cordeiro
Hoje eu li a coluna do Pasquale Cipro Neto, na Folha de São
Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/158415-quero-inventar-o-meu-proprio-pecado.shtml),
exaltando a vitória das esquerdas contra o movimento cívico-militar de 1964.
Tomou como mote a música Cálice, de Chico Buarque. Toda a esquerda, e o
Pasquale também, exalta a suposta resistência como o prolegômeno da vitória
política que se completou com a eleição de Lula e do PT.
O que me chamou a atenção é que essa música – um lamento
para os malucos guerrilheiros encarcerados –, não apaga outras músicas que são
verdadeiros cantos guerreiros e ânsia revolucionaria, uma exortação à ação
letal contra o povo e o Estado. Peguemos outra música do Chico Buarque,
Baioque, da mesma época, como exemplo.
As duas primeiras estrofes não dão margem a dúvida alguma. É
uma ameaça, um estímulo à matança. A faca que já não corta estava mesmo na mão
guerrilheira, não na mão dos militares. A desonestidade dos artistas engajados
na propaganda revolucionária é total. Eles, os guerrilheiros, não foram
atacados; a Nação, representada pelas Forças Armadas, é que se defendeu.
Vejamos os versos:
“Quando eu canto, que se cuide quem não for meu irmão
O meu canto, punhalada, não conhece o perdão
Quando eu rio
Quando eu rio, rio seco como é seco o sertão
Meu sorriso é uma fenda escavada no chão
Quando eu choro”
Outra música de Chico Buarque convocando para a vingança é a
notável Apesar de Você:
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Vejam que a promessa de vingança foi cumprida. Basta ler os
jornais do dia, que anunciam que velhos militares retirados da ativa estão
senso achincalhados, humilhados e colocados sob falsos julgamentos apenas para
afirmar a vitória da guerrilha, agora pelas urnas.
“Quando chegar o o momento/esse meu sofrimento/vou cobrar
com juros”. Estão cobrando também de outras formas. Na roubalheira; na
incompetência; no escárnio contra os valores estabelecidos; no esforço
cotidiano para construir o novo homem dos novo tempos.
O “amor” reprimido estava nas balas traiçoeiras dos
guerrilheiros, que mataram um monte de gente inocente. Um canto de ódio.
A alegria de Pasquele Cipro Neto ao comentar a canção
contrasta com o luto vivido pelas pessoas de bem. O ano de 1964 é para ser lembrado
como marco da nacionalidade, que se impôs à potência estrangeira que se amigou
com os nefandos guerrilheiros para exercer o seu poder por aqui. Agora a data
está servindo para o escárnio dos mentirosos que chegaram ao poder.
Eu realmente espero que a alegria de Pasquale Cirpo Neto
seja breve. A dele e as de seus companheiros revolucionários. Não creio que o
pesadelo esquerdista que nos governa vá durar muito. São incompetentes demais,
são gananciosos demais, são corruptos demais. Estão destruindo o Brasil.
Posso até dizer, com o Chico Buarque, que de novo vai passar
na avenida um samba popular, não esse canto nefando do fim dos tempos.
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