Nos anos 1960 e 1970,a Guerra Fria importou o conflito
ideológico, chamado "guerra suja", para toda a América Latina.
Caracteriza-se pela extrema e mútua brutalidade, cenário favorável à ação de
extremistas à direita e à esquerda. A descentralização, amplitude e dinâmica
das ações dificulta seu controle na ponta da linha em ambos os lados.
Guerrilhas começam fracas, mas sempre violentas. Se
conquistar o apoio da população, se fortalece, escala a violência e pode
estender o conflito por décadas. Ao final, se o socialismo tomar o poder
patrocinará um banho de sangue como foi nos países onde venceu.
Em todos os casos históricos, a guerra contrarrevolucionária
foi violenta, mas nenhuma foi menos traumática do que a brasileira. Mesmo
assim, se desfiarmos o novelo de maldades de ambos os contendores, o quadro
será constrangedor.
A Comissão da Verdade, ao investigar os crimes hediondos
apenas dos agentes públicos, esconde as atrocidades cometidas pela luta armada,
e isso não é justo nem legítimo.
Não defendo crimes hediondos de nenhum dos dois contendores,
mas sim a Lei de Anistia e o conhecimento imparcial da verdade dos fatos.
No Brasil havia um "centrão democrático" onde
estavam o governo e a oposição legal, ambos querendo paz e redemocratização.
À direita do governo e à esquerda da oposição havia
extremistas que cometeram violações.
Existe uma orquestração socialista para que as Forças
Armadas peçam desculpas à nação por violações cometidas por militares na defesa
da lei, da ordem e das instituições, como se fossem norma institucional e não
desvios individuais.
Luta armada
E o que dizer da esquerda armada, cujo propósito era
implantar um Estado totalitário e, incoerente com o que orquestra, empregava
terrorismo, sequestro, tortura e execuções? Ela não tem legitimidade para fazer
essa cobrança de quem a derrotou e a anistiou, em vez de promover o banho de
sangue como ela faria, e como os socialistas fizeram em Cuba, na URSS e na
China.
Os socialistas intensificaram a luta armada quando o governo
Costa e Silva ensaiou a abertura democrática. A resposta de Marighela no Manual
do Guerrilheiro Urbano foi: "atacando de coração essa falsa eleição e a
chamada solução política, o guerrilheiro urbano tem que se fazer mais agressivo
e violento, girando em torno da sabotagem, terrorismo, expropriações, assaltos,
sequestros e execuções".
Pois esse falso herói é o ícone da esquerda e vem dando o
nome a locais públicos em todo o Brasil. Portanto, os socialistas não
evoluíram.
Essa esquerda, mestra da hipocrisia e falsidade, jamais
pedirá as devidas desculpas por retardar a redemocratização, criar o conflito
que enlutou muitas famílias, cometer crimes hediondos e tentar liquidar a
democracia.
Acusa os adversários por aquela que é a sua maneira
violenta, totalitária e liberticida de ser e agir. Por que as vítimas, se
militantes da luta armada, são casos emblemáticos? Com certeza porque defendiam
a revolução comunista e pertenciam a uma pretensa elite intelectual
marxista-leninista.
Lamento pelas famílias dos militantes mortos ou
desaparecidos, mas lamento muito mais pelas vítimas de seus crimes e famílias,
pois muitas ficaram com sequelas e outras nem souberam por que morreram.
Os torturados e assassinados pela luta armada, e suas
famílias, nunca são lembrados nem indenizados. A mídia não mostra os dramas de
famílias como as de: José Conceição (fazendeiro em SP)– torturado emorto a
tiros pela ALN de Marighela; João Pereira (guia do Exército no Araguaia) –
torturado e assassinado pelo PCdoB na frente dos pais. Cortaram suas orelhas,
dedos e mãos, antes de enfiar-lhe uma faca.
E também de Edson de Carvalho (jornalista) e Nelson
Fernandes (almirante), ambos assassinados pela AP no atentado à bomba no
Aeroporto de Guararapes, com 17 feridos.
Fui observador militar da ONU em El Salvador, onde em 12
anos de luta armada houve 70 mil mortos, 400 mil deslocados de suas terras e um
milhão de refugiados nos EUA. Na Colômbia, são mais de 50 mil mortos em décadas
de conflito inacabado.
Alguém preferiria estar na situação da Colômbia? Preferiria
ter vivido o drama de América Central, Peru, Argentina, Uruguai e Chile? Todos
com milhares ou dezenas de milhares de mortos?
Já pensaram que seus filhos poderiam estar convocados para
combater ao invés de estar estudando ou vivendo em paz com suas famílias? A
violência do Estado não era por simples paranoia, pois o risco de uma
sanguinária guerra civil revolucionária não permitia relaxar na segurança.
Ao cortar o mal na raiz, o Brasil escapou desse
destino infeliz. Foram cerca de 520 mortos em confrontos nas áreas urbanas e
rurais, sendo 400 da esquerda armada. Um alto custo para poucos, mas muito
baixo para a Nação. E ainda acusam o regime militar de genocida!
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