“Forçada a enfrentar a crise, Dilma imita Lula e a procissão
de bravatas recomeça”, resumiu o título do post publicado em março de
2012. O texto tratou de mais um surto de
soberba da doutora em nada que se imagina especialista em tudo: caprichando
na pose de quem concluiu aquele curso de
doutorado na Unicamp que nem começou,
Dilma Rousseff resolveu dar conselhos a países europeus castigados pela
crise de dimensões planetárias. Conseguiu apenas ampliar o acervo de cretinices
acumulado desde 2008, quando Lula abriu o cortejo de falácias, fantasias,
mentiras e falatórios sem pé nem cabeça produzidos pelos fundadores da Era da
Mediocridade.
Nesta quinta-feira, o país (ainda) conduzido por farsantes
soube que encalhou no atoleiro. Depois de encolher 0,2% no primeiro trimestre,
o Produto Interno Bruto diminuiu mais 0,6% de abril a junho. Confrontados com a
esqualidez do pibinho, os tripulantes da nau dos insensatos trataram de caçar
justificativas para o fiasco histórico. Dilma desconfiou que não bastaria dar
outro pito no vilão de sempre — a crise internacional que seu padrinho jurou
ter derrotado. E então incluiu entre os culpados pela “recessão técnica”a Copa
dos 7 a 1.
“Por causa da Copa do Mundo, tivemos a maior quantidade de
feriados na história do Brasil, nos últimos anos, nesse trimestre”, fantasiou a
presidente que, convencida de que a vadiagem coletiva melhora o trânsito,
decretou a maior quantidade da história do Brasila. A Copa das Copas começou a
semana na relação das proezas federais que aceleraram o crescimento econômico.
Terminou-a acusada pela presidente de ter acentuado o raquitismo do pibinho.
Haja cinismo.
A explicação é tão veraz quanto o palavrório costurado por
Lula em 27 de março de 2008, quando a crise nascida nos Estados Unidos já
contaminara vários países. “Um dia acordei invocado e liguei para o Bush”,
gabou-se o então presidente. “Eu disse: ‘Bush, meu filho, resolve o problema da
crise, porque não vou deixar que ela atravesse o Atlântico’”. Como Lula só fala
português, Bush decerto não entendeu o que ordenara o colega monoglota. E a
crise navegou sem sobressaltos até desembarcar nas praias do Brasil.
O presidente invocado voltou ao tema só depois de seis meses
─ para comunicar que livrara o país do perigo. “Que crise? Pergunte ao Bush”,
recomendou em 17 de setembro. “O Brasil vive um momento mágico”, emendou no dia
21. No dia 22, pareceu mais cauteloso: “Até agora, graças a Deus, a crise
americana não atravessou o Atlântico”, ressalvou. Uma semana depois, a ficha
enfim começou a cair. “O Brasil, se tiver que passar por um aperto, será muito
pequeno”, disse em 29 de setembro.
A rendição pareceu iminente no dia 30: “A crise é tão séria
e profunda que nem sabemos o tamanho. Talvez seja a maior na História mundial”.
Em 4 de outubro, o otimista delirante voltou ao palco para erguer com poucas
palavras o monumento à megalomania: “Lá nos Estados Unidos, a crise é um
tsunami. Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar”.
No dia 8, conseguiu finalmente enxergar o tamanho do buraco.
A anemia dos índices registrados de lá para cá mostrou o que
acontece a um país governado por quem se nega a ver as coisas como as coisas
são, e enfrenta com bazófias e bravatas complicações econômicas de dimensões
globais. Essa espécie de monstro é impiedosa com populistas falastrões. Mas o
bando de reincidentes não tem cura: três anos depois, a estratégia inaugurada
pelo Exterminador do Plural começou a ser reprisada em dilmês. Se Lula acordava
invocado com George Bush, Dilma passou a perder a paciência com uma entidade
que batizou de “tsunami monetário”.
Em março de 2012, numa discurseira de espantar napoleão de
hospício, a presidente atribuiu a paternidade da criatura a “países
desenvolvidos que não usam políticas fiscais de ampliação da capacidade de
investimento para retomar e sair da crise que estão metidos e que usam, então,
despejam, literalmente, despejam quatro trilhões e setecentos bilhões de
dólares no mundo ao ampliar de forma muito… é importante que a gente perceba
isso, muito adversa, perversa para o resto dos países, principalmente aqueles
em crescimento”.
Lula vivia recomendando aos americanos que se mirassem no
exemplo do Brasil. Dilma se promoveu a conselheira da Europa. “Eu acho que uma
coisa importante é que os países desenvolvidos não só façam políticas
expansionistas monetárias, mas façam políticas de expansão do investimento”,
ensinou em 5 de março de 2012. Concluiu a lição no dia seguinte: “Somos uma
economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger”.
Quatro anos depois de reduzido por Lula a marolinha, o
tsunami foi desafiado por Dilma a duelar com o Brasil Maravilha. “Nós estamos
100% preparados, 200% preparados, 300% preparados para enfrentar a crise”,
avisou. Como o padrinho em 2008, a afilhada despejou outro balaio de medidas de
estímulo ao consumo.Ficou mais fácil comprar automóveis, os congestionamentos
de trânsito ficaram maiores nos dois anos seguintes. E o governo acabou
obrigado a decretar durante a Copa os feriados que, segundo a presidente,
acentuaram o raquitismo do pibinho.
Lula jurava que o país do carnaval foi o último a entrar na
crise e o primeiro a sair. Dilma vinha repetindo de meia em meia hora que o
resto do mundo inveja o colosso tropical. Conversa de 171, prova o infográfico
no blog Impávido Colosso. Pouquíssimas nações fazem companhia ao Brasil no
pântano do crescimento zero. A saúde da economia nativa não será restabelecida
tão cedo. E pode piorar até o fim do ano.
Já na eleição de outubro, contudo, deverão ser extirpados os
tumores lulopetistas, em expansão há quase 12 anos. Se continuassem sem
controle por mais quatro, o Brasil democrático deixaria de existir.
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