Por Percival Puggina
Na mesma semana em
que um assessor de imprensa do Palácio Piratini tentou impedir que a Rede
Bandeirantes de Porto Alegre divulgasse o resultado de uma pesquisa eleitoral
desfavorável à candidatura do governador Tarso Genro, novos fatos ocorrem em
São Paulo. Aqui no Rio Grande o escrito ficou pelo não escrito e tudo se passou
como se nada tivesse acontecido. Em São Paulo, o PT perdeu o juízo e entrou em
Juízo para exigir - imaginem só a pretensão! - que a Rede Globo dedique em seu
noticiário mais espaço à candidatura de Alexandre Padilha ao governo paulista.
Padilha é candidato nanico em São Paulo, com apenas 5% das intenções de voto.
São apenas as mais
recentes iniciativas de uma infindável série de medidas de toda ordem na mesma
direção. A primeira foi a tentativa de empacotar e vender à opinião pública a
Ancinav, uma certa Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual, que iria
"regular" o setor e seus conteúdos. Em seguida, foi uma ideia que
mataria de inveja Hitler, Stalin, Mussolini, Getúlio e outros tiranos: a
criação de um Conselho que daria à Federação Nacional dos Jornalistas, órgão
controlado pelo petismo, o direito de, em nome da luta pelo politicamente
correto e contra o neoliberalismo, cessar a atividade dos colegas incômodos.
Depois, todos haverão de lembrar, veio a recorrente tentativa de estabelecer um
Marco Regulatório da Imprensa, proposta que tem tudo a ver com o movimento
totalitário ao qual se filiam, sem exceção, os parceiros do PT na geopolítica
mundial (você não encontrará entre eles qualquer governo comprometido com a
democracia e seus valores).
O que pretende o PT junto à Justiça Eleitoral é uma ordem
para que a Rede Globo deixe de exercer seu discernimento sobre o que é e o que
não é notícia, sobre o que interessa e o que não interessa ao seus leitores, ou
seja, sobre o be-a-bá de qualquer edição, em qualquer redação, onde quer que
haja jornalismo.
Há alguns meses, debatendo em programa de tevê com um
deputado petista, ouvi dele que era desigual a centimetragem dedicada aos
diversos partidos políticos no noticiário da imprensa escrita. Aproveitei a
oportunidade para mostrar o quanto o igualitarismo cantado em prosa e berro
pelo PT nada mais é do que puro totalitarismo, pretendendo impor, até em
centímetros quadrados, a igualdade dos desiguais.
Os telespectadores certamente entenderam. Meu interlocutor e
seu partido, não.
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* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor,
titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais
e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da
utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.
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