Ai, ai, ai… Vamos lá: conheço, sim, a Lei de Godwin, cuja
síntese poderia ser esta: “Apelou ao nazismo, perdeu”. Segundo o advogado Mike
Godwin, num debate esganiçado, a probabilidade de alguém fazer uma analogia com
o nazismo ou Hitler é igual a 1 — ou seja, de 100%. Fazê-lo, diz, significa não
ter mais argumentos. Huuumm… O que não me falta — o arquivo está aí — são
argumentos para contestar as ideias, ou o que seja o que ela diz, de Marina.
Mas não será Godwin a me impedir de evidenciar que certas ideias têm
paternidade. Ora se têm!
Querem ver?
Leio (post anterior) que, indagada sobre se permaneceria ou
não no PSB, Marina, como sempre, não respondeu o que lhe foi perguntado e se
saiu com esta:
“Eu me comprometo a governar o Brasil, nós não devemos
tratar o presidente como propriedade de um partido. A sociedade está dizendo
que quer se apropriar da política. E as lideranças políticas precisam entender
que o Estado não é o partido, e o Estado não é o governo”.
Então tá. Em 1920, o Partido Nazista lançou em Munique o seu
programa-manifesto com 25 itens — a maioria das propostas, diga-se, era de
esquerda. Lê-se no item 6:
“O direito de decidir sobre o governo e a legislação do
Estado só pode pertencer ao cidadão. Por conseguinte, exigimos que toda função
pública, seja ela qual for, tanto ao nível do Reich como do Land ou da comuna,
só possa ser ocupada por quem é cidadão. Combatemos o sistema parlamentar
corruptor por atribuir postos unicamente em virtude de um ponto de vista de
partido, sem consideração do mérito nem da aptidão.”
É inescapável constatar que a pegada é, sim, a mesma:
prega-se, o que parece bom num primeiro momento, a apropriação do estado pela
“sociedade” — no caso de Marina — ou pelo “cidadão”, no caso dos nazistas. Em
ambos, notem, há um repúdio à política, aos partidos, às instituições
tradicionais da democracia.
“Está chamando Marina de nazista?” Não! Se eu achasse, chamaria.
Estou, isto sim, evidenciando, com um exemplo histórico, que ela tem uma visão
autoritária da política, embora simule o contrário — como, aliás, simulavam os
nazistas. Isso quer dizer que, se ela for eleita, vai tentar fundar um partido
nazista? A pergunta é, obviamente, ridícula. Mas quer dizer que, dada a fala,
vai tentar governar acima dos partidos, o que nunca deu certo no Brasil e em
nenhum lugar do mundo.
Figuras como ela, diga-se, só se robustecem quando
instituições vivem uma fase de descrédito. Há os que tentam recuperar o
prestígio desses entes para que a sociedade continue a avançar no caminho da
democracia representativa. E há os que exploram a crise, buscando aprofundá-la,
em benefício de seu próprio projeto de poder.
Eu acho que Marina é do segundo tipo. É isso aí. Godwin não
vai me impedir de dizer o que tem de ser dito.
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