Levantamento mostra que 61 filiados a PSOL, PSTU e PT ocupam
cargos de dirigentes do Sindipetro, do Sepe e do Sindsprev no Rio
Um levantamento realizado pelo site de VEJA nos registros
partidários do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que 61 dirigentes
filiados a PSOL, PSTU e PT comandam sindicatos responsáveis pelo financiamento
de manifestações que tiveram participação de black blocs no Rio de Janeiro. A
ajuda financeira dessas organizações sindicais foi relatada por testemunhas e
investigados na Operação Firewall da Delegacia de Repressão aos Crimes de
Informática (DRCI).
Os sindicatos foram associados pela polícia a 23 black
blocs, que respondem na Justiça por associação criminosa. São eles: o Sindicato
dos Petroleiros do estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), o Sindicato
Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe-RJ) e o Sindicato dos
Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social (Sindsprev-RJ). Todos
negam ter patrocinado atos criminosos e afirmam que a polícia tenta
criminalizar o movimento sindical.
Após ser presa no RS, Sininho embarcou para o Rio na tarde
de sábado
(TV RBS/Reprodução/VEJA)
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Dirigentes por partido
- PSOL 34
- PT 14
- PSTU 13
- PCdoB 7
- PDT 3
- PRP 1
- PSC 1
- DEM 1
Dos 40 dirigentes do Sindsprev, pelo menos 18 são filiados
ao PSOL, o que inclui os três sindicalistas no comando da secretaria de
finanças. E recursos do sindicato já foram utilizados em campanhas do partido,
de acordo com gravações de conversas telefônicas flagradas da deputada estadual
Janira Rocha (PSOL), ex-diretora do Sindsprev. Janira, aliás, nunca pareceu se
preocupar com sua ligação com os vândalos mascarados. Há duas semanas, ela
ajudou a advogada Eloisa Samy, uma das ativistas com mandado de prisão
preventiva expedido por organizar atos violentos, a fugir de cerco policial no
Consulado do Uruguai no Rio de Janeiro. Outros cinco dirigentes do Sindsprev
são do PCdoB.
No Sindipetro, cinco diretores são filiados ao PT e outros
cinco ao PSTU – entre eles Claiton Coffy, secretário do diretório regional do
PSTU no Rio de Janeiro. Já o Sepe, que representa professores, possui 16
diretores filiados ao PSOL, outros 9 ao PT, e sete ao PSTU.
Desde a morte do cinegrafista Santiago Andrade, a polícia
investiga se partidos contribuíram com dinheiro para estimular quebra-quebra em
manifestações. A suspeita foi mencionada em depoimento de Caio Silva de Souza,
preso por lançar o rojão que matou o cinegrafista. A hipótese voltou à tona com
a Operação Firewall, porque os investigadores reuniram evidências de ajuda financeira
fornecida por sindicatos a manifestantes violentos.
O diretor de finanças do Sindipetro-RJ, Francisco Soriano de
Souza Nunes (sem partido), diz que o sindicato, que tem cerca de 5.500 filiados
e arrecadação superior a 11 milhões de reais em 2013, precisa contribuir para
reivindicações populares legítimas por um "compromisso moral".
"Se eu fizer campanha entre filiados e pedir mais recursos para apoiar o
avanço social do Brasil, conseguirei. É um compromisso moral que nós
temos", afirmou Nunes.
Mas Nunes não sabe explicar como evitar que a contribuição
do sindicato acabe ajudando manifestantes interessados em promover a destruição
do patrimônio público e privado. A Polícia Civil do Rio de Janeiro sustenta que
23 acusados na Operação Firewall participavam de maneira violenta de protestos
e planejavam crimes na data da partida final da Copa do Mundo, em 13 de julho –
alguns deles foram presos na véspera.
No inquérito da operação policial, a testemunha Rosângela de
Brito Ferreira relatou à polícia que obteve dinheiro no Sindipetro "para
compra de quentinhas, passagens e material para confecção de cartazes".
Ela disse que os recursos eram entregues diretamente para Elisa Quadros, a
Sininho, considerada pela polícia uma das líderes dos baderneiros. A polícia
suspeita que Elisa e o ex-namorado Luiz Carlos Rendeiro Júnior, o Game Over,
eram responsáveis pela contabilidade dos manifestantes. De acordo com
Rosângela, durante invasão da Câmara Municipal do Rio de Janeiro no ano
passado, foram compradas 300 quentinhas para o almoço e 300 para o jantar. Ela
disse ainda que Jair Seixas Rodrigues, o "Baiano", era ligado ao
Sindipetro e recrutava pessoas para manifestações em troca de pagamento.
"Baiano" foi investigado pela polícia e, em
depoimento, afirmou que pediu e recebeu quentinhas do Sindipetro-RJ para
manifestantes. De acordo com as investigações, ele recebeu dinheiro do
sindicato para arregimentar manifestantes e transportar black blocs no violento
protesto contra o leilão do campo de Libra, maior reserva de petróleo da camada
pré-sal do país.
Já se sabe também que houve ajuda no fornecimento de
refeições pelo Sepe, sindicato com mais de 30.000 filiados, para os
manifestantes, de acordo com conversa telefônica de Sininho, gravada com
autorização judicial. Em 9 de junho deste ano, ela menciona que fez contato com
sindicatos como Sindipetro e Sepe para obter cem "quentinhas" para
índios da "Aldeia Maracanã". Outro investigado marcava reuniões no
Sindsprev.
Christiane Gerardo Neves, uma das integrantes da diretoria
de finanças do Sindsprev, defende o fornecimento de refeições para
manifestações. Ela acusa a polícia de ser responsável por atos violentos em
manifestações e chama de "peça tragicômica" o processo originado pela
Operação Firewall. "Só vejo baderna com participação dos policiais. Esse
processo é uma peça tragicômica de extremo mau gosto", afirmou. O
sindicato tem mais de 24.000 filiados e arrecada cerca de 1 milhão de reais por
mês, de acordo com Christiane.
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