Dilma e Maduro: é isso que queremos para o Brasil?
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Em resposta ao artigo em que o citei aqui com base em um
texto publicado no GLOBO, o ex-presidente nacional da OAB Reginaldo de Castro
me enviou uma carta que segue abaixo, após meu pedido de autorização para
publicá-la por considerar seu teor e seu alerta muito importantes no momento em
que vive o Brasil:
Caro Rodrigo Constantino
Leitor assíduo de seu blog, só agora me manifesto a respeito
do que escreveu sobre o artigo que publiquei em O Globo, em 06.07 passado, “Por
onde anda a OAB?”.
Agradeço a atenção que me dispensou, com seus comentários,
que endosso, lamentando apenas que o teor do que publiquei não expresse por
inteiro a realidade brasileira.
O quadro é pior. Nossa frágil democracia corre riscos
efetivos e, embora parte substantiva de nossa sociedade já comece a se dar
conta disso, não está efetivamente organizada e articulada para barrar a marcha
dos insensatos.
O que se convencionou chamar de sociedade civil – e que tão
decisivo foi para propiciar a redemocratização do país – transmudou-se em
“movimentos sociais”, financiados pelo Estado brasileiro para perpetuar no
poder o partido que o comanda.
Das instituições que se insurgiram contra o regime militar,
só subsiste parcela da CNBB, em manifestações isoladas, como as recentes de dom
Leonardo Steiner, protestando contra o uso inadequado de recursos públicos. As
demais tornaram-se células do partido hegemônico, dissociadas da sociedade que
se arvoram em representar, oferecendo apoio logístico a uma estratégia de
dominação, que tem em Antonio Gramsci sua inspiração.
O decreto 8.243 consolida a ocupação do Estado brasileiro e
precisa ser revogado pelo Congresso. Creio que o será, mas ele apenas formaliza
algo que ocorre há muito tempo, pois esses movimentos já estão incrustados na
máquina administrativa e a comandam, sem qualquer transparência.
O debate político está cerceado. A censura se exerce
informalmente, haja vista a recente insurgência do governo contra uma análise
técnica do Banco Santander, dirigida a seus clientes, exigindo a demissão dos
analistas econômicos que disseram apenas o óbvio: o mercado teme uma eventual
reeleição de Dilma Rousseff.
Temo-a eu também e, creio, todos os que querem preservar e
consolidar a democracia. Presidi o Conselho Federal da OAB no triênio
1998-2001, no início da redemocratização. Acompanhei – e acompanho – o clássico
processo de usá-la para destruí-la.
A tentativa de estigmatizar os que se opõem, a partir de
rótulos pejorativos como “fascista” ou “reacionário”, silencia alguns, mas não
os melhores. Entre “esquerda progressista” e “direita reacionária”, há uma
profusão de ideias e propostas para este país, que precisam se articular – e,
nesse sentido, louvo sua atuação na mídia nacional.
Em outubro, teremos uma eleição diferenciada, pois seu
resultado não apenas definirá os novos governantes: há de determinar o destino
do país pelas próximas gerações.
Receba o abraço fraterno deste seu leitor e admirador,
Reginaldo de Castro
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